sexta-feira, 19 de julho de 2019

Miguel Gameiro à conversa com António Jorge


À conversa com Antonio Jorge - Navegantes de Ideias

“As mulheres têm sido de facto as grandes timoneiras deste mundo, pelos vários papeis que desempenham e pela forma como cuidam. Ainda se vivem tempos sombrios no que toca ao seu desrespeito.”




A ida ao restaurante “https://www.facebook.com/alegriabymiguelgameiro/” foi por mim várias vezes adiada devido a lugares mais comuns e menos simpáticos do tipo, “Miguel para a semana é que é” ou ainda “desculpa, tenho andado a correr”. Mas hoje foi dia - ali no Estoril, com vista para o emblemático Casino local. À hora marcada o Miguel Gameiro lá estava e, para não variar, tinha consigo (como sempre) o contagiante sorriso, que felizmente não é imagem de marca – é naturalmente dele.

 - Miguel, como é que se cozinha uma boa canção?

Da mesma forma que se cozinha um bom prato. Com os ingredientes certos para despertar sentimentos

- Estar na cozinha do “Alegria” a preparar iguarias para quarenta pessoas ou estar no palco perante quarenta mil pessoas. Qual destes dois desafios exige mais de ti?

Ambos são momentos de partilha de emoções. O que difere é apenas o local e o número de pessoas. Também se partilham emoções num prato.




- Esta tua mais recente missão de nos acarinhar o estômago e a mente é uma paixão recente?

Não. Já conta com alguns anos mas só tem sido conhecida do público mais recentemente.

- “Maria”, o teu mais recente disco é claramente um tributo às mulheres? São elas as grandes timoneiras do mundo?

As mulheres têm sido de facto as grandes timoneiras deste mundo, pelos vários papeis que desempenham e pela forma como cuidam. Ainda se vivem tempos sombrios no que toca ao seu desrespeito. E não estamos a falar somente de países pouco desenvolvidos. Continua a existir um machismo perigosamente silencioso entre as sociedades mais desenvolvidas com desfechos profundamente tristes.

À conversa com Antonio Jorge - Navegantes de Ideias

- Foste desafiado a escrever uma canção (uma canção fantástica) para a Mariza. Contaram-me que atendeste o telefone disseste imediatamente que sim desligas-te e, pensaste “e agora?”. Lembraste desse momento?

Lembro-me perfeitamente. Encontrava-me a gravar os videoclips do meu segundo disco a solo. Foi um misto de euforia, orgulho e de responsabilidade.





- Parte dos lucros  do álbum “Maria” revertem para a Associação EVITA – cancro hereditário https://pt-pt.facebook.com/evitacancro/ . Sempre que podes é para ti ponto de honra estar ao lado de nobres causas?

Existirão poucas coisas que façam mais sentido do que dar e fazer pelos outros. Tirando isso não poderemos existir apenas para procriar e fazer carreiras.

- Duas boas razões para eu vir esta noite jantar ao “Alegria”?

Bons momentos à mesa e comida boa;)
- Obrigado Miguel, abraço grande e até já.
AJ

Outros escritos do autor: À conversa com António Jorge



Quarto incêndio na Cidade de Sines

Sines - Navegantes de Ideias

Hoje, pelas 15 h, mais um incêndio deflagrou na cidade de Sines. Em frente ao quartel, junto ao estacionamento dos autocarros que servem o Festival do FMM (a decorrer), numa área de mato, nas proximidades do incêndio que ocorreu há uma semana. A pronta intervenção dos bombeiros impediu que, o mesmo, atingisse dimensões preocupantes.



Este é o quarto incêndio que ocorre, em curto espaço de tempo, na cidade. O primeiro e o segundo ocorreram junto ao mar, em condições de humidade e temperatura pouco propícias para a sua deflagração; entre os dois,  umas escassas horas. O terceiro e o quarto ocorreram no interior da cidade, também, próximos geograficamente; entre  eles, uns escassos dias.

Sines - Navegantes de Ideias

A ser fogo posto: será ocasionado pela insatisfação do mato na cidade? Será ocasionado pela insatisfação do estado ser o único a não cumprir com a legislação relativa às limpezas das matas?????

Sines - Navegantes de Ideias

A ser fogo posto está errado: pôr em risco vidas humanas, bens e património não é a forma correta de dizer basta à nossa insatisfação.  A ser "fogo posto" é crime bárbaro.
Sim, o mato devia estar limpo, não se percebe a sua existência no interior de uma cidade.
Sem sorrisos
Guida Brito



quinta-feira, 18 de julho de 2019

Adivinhe se for capaz

Vera Cruz - Guida Brito - Navegantes de Ideias


Amanhã, às 20 h, é dia de António Jorge nas letrinhas dos Navegantes de Ideias. Num dos cantos mais doces, nas proximidades de Lisboa - ali onde a mulher é a timoneira deste mar - esteve à conversa e traz consigo o meu músico preferido.



um abraço maravilhoso, quer aprender a soletrar o teu nome e pretende soltá-lo aos quatro ventos porque ele é melodia e perfeição; quem é?

Os escritos do autor: À conversa com António Jorge

Sorrisos
Guida Brito


Idade da reforma de professores



Caderno de duas linhas - Helena Canaria - Navegantes de Ideias


Sondagem a decorrer no CM on line: 11h , 18 de julho
(ainda a decorrer)


Educação: Idade da reforma dos professores deve baixar?
SIM                          NÃO
71,3%                      28,7%





Claro que a grande maioria dos votantes não são professores. Os professores com 60 ou mais anos estão exaustos. Necessitam urgentemente de sair da escola. As medidas paliativas, tipo apoio e projetos, já não são suficientes. As pessoas precisam de se desvincular do local de trabalho para viverem com alguma qualidade a sua velhice.

No caso dos professores do 1° ciclo o aumento da idade da reforma foi de 11 anos. O seu contrato com o ME da educação não foi cumprido, as suas expectativas foram goradas  de forma ultrajante.

Não queríamos acreditar que fosse possível tal injustiça. Falámos mil vezes que os sindicatos iriam encetar lutas contra esta medida do governo PS.

Outros governos vieram e ignoraram as pretensões destes professores nas sucessivas petições que foram apresentadas na Assembleia da República.
Os partidos de esquerda esgueiraram-se , não responderam diretamente mas foram adiantando que a haver alguma antecipação da idade da reforma teria que ser para todos. Os nossos sindicatos seguiram a mesma perspetiva. Ignoraram, todos, a especificidade da monodocência embora a conheçam muito bem.



Os partidos não quiseram arriscar uma perda de votos por parte de outros funcionários públicos e os sindicatos não arriscaram a perda de sócios de professores de outros setores de ensino.

Posto isto, tudo continua igual. Os anos vão passando e os 55 já lá vão, os 60 já lá vão também e não se perspetiva , vindo deste governo nem do próximo, nada de novo.
Perde a escola, perdem os alunos, perdem os pais que muitas vezes levantam as suas vozes contra as reivindicações dos professores dos seus próprios filhos.

Quem trabalha não se une, os professores não são unidos e o poder serve- se deste brinde com oportunismo.
Nesta situação ninguém esteve bem. Os professores não lutam o suficiente, os sindicatos não apoiam como seria desejável, o governo ignora e desrespeita os professores, a população não apoia as lutas dos outros...

Quem tem agora 60 anos, vai certamente , injustamente , aposentar- se aos 65 ou 66 anos. Os nossos colegas ,mais velhos 4 ou 5 anos ,conseguiram sair com tempo para gozar o tempo. Os próximos colegas irão certamente usufruir de uma lei que os beneficiará mais , pois é impossível e contraproducente continuarmos a trabalhar com crianças e jovens em  idade de avós.

É por isso que lamento tanto a situação dos professores sexagenários! Servimos de exemplo em tempos de crises, troikas e afins para justificar a baixa de défice e promoções de centenos.

Helena Canaria
Consultar todos os escritos da autora: 



domingo, 14 de julho de 2019

Incêndio na cidade de Sines


Incêndio na cidade de Sines - Navegantes de Ideias

Ao início da noite, um incêndio deflagrou no centro da cidade de Sines, junto ao Centro de Saúde. Embora muito próximo de habitações apenas ardeu uma zona de mato. 





A prontidão dos bombeiros evitou que o mesmo colocasse  casas e vidas humanas em perigo.





Guida Brito


A minha Escola Primária (1955/1958)



É exactamente aquela foto como era o edifício da minha Escola na aldeia Vale da Senhora da Póvoa, a uns 14 kms de Penamacor. Hoje é a sede da Junta de Freguesia, mas modernizada.
O meu Professor chamava-se José Maria Ladeira era natural da Moita, aldeia a 5 kms já no concelho do Sabugal.




O interior da Escola tinha na parede á nossa frente a foto de Salazar e um crucifixo. A cadeira e a escrivaninha do Professor era no fundo da sala, no canto esquerdo. Nós, alunos, dividíamo-nos em frente ao professor em filas de carteiras, cada uma para dois alunos. Éramos só rapazes, a Escola das Raparigas era no fundo do Povo, lado oposto da nossa, que era no Cimo do Povo. Fora da Escola mas dentro do espaço com gradeamento à volta havia uma grande árvore que nós subíamos nos recreios e era vulgar darmos trambolhões com os empurrões lá em cima entre nós. Fazer as necessidades ou "baixar as calças" era fora, detrás da Escola, a uns 200 metros de distância onde foi há muitos anos o cemitério da aldeia. Limpávamos o rabo a uma pedra, sempre com cuidado não tivesse ela já sido usada antes. 


O Professor era mau, ruim e uma besta. Um selvagem.
Por tudo e por nada, à mais pequena falha, asneira ao ler ou a fazer uma conta era no mínimo duas reguadas, sempre dadas com força, parecia ter-nos ódio. Até a régua, pesada e grossa, com buracos, tinha cor amarela encardida do suor das nossas mãos. 

Com a dor chorávamos, soluçávamos com descrição senão levávamos mais. Púnhamos as mãos doridas entre as pernas, com o calor aliviava. Mas a dose de reguadas podia-se repetir durante o dia.


Se um aluno não levava pelo menos um par de reguadas, nesse dia respondia tudo certo, o professor chamava-o e dizia-lhe:
- Tu hoje não as levaste, pois não? Dá cá as mãos. - E levava só duas reguadas, uma sorte.

Levei muitas reguadas sempre por não saber a tabuada, outras por brincadeira. Lembro-me de uma vez estalar os dedos das mãos e o professor levanta se com a régua e pergunta:
- Quem é que partiu a pedra ? 

Pedra, a ardósia.Todos se riram e o professor sentindo-se gozado arreou-me e com força.

Além da palmatória, havia as varas de marmeleiro. O Professor gostava delas ainda verdes porque não partiam com as caroladas nas cabeças dos alunos. Onde ele as arranjava, essas varas? As raparigas das nossas idades - entre os 7 e os 10 anos - ao domingo iam longe da aldeia onde havia marmeleiros, escolhiam uma vara forte e comprida e metiam-na no domingo à noite por baixo da porta de entrada da nossa Escola.
O Professor quando as via, os olhos brilhavam de satisfação, fazia-as zunir e dizia, vitorioso:
- Esta é das boas, vai durar.

Ele era mau, ruim que nem cornos.
Os pais não queriam que os filhos fossem à Escola. Porque nas suas courelas sempre ajudavam a tocar o burro à volta da nora, apanhar fruta, essas coisas miúdas. Mas o Professor Ladeira exigia que fossem à Escola então lá iam.
Mas diziam normalmente ao professor sobre o filho, quando o encontravam na rua:
- Casque-lhe que ele é mandrião só quer é jogar à bola na eira, é um bardino, dê-lhe, só se perdem as que caiem no chão.

Um dia. ele, após sair à tarde da Escola, viu ali perto um homem zangado a bater no seu burro.
- O' Ti Joaquim, não faça isso, qu' inda mata o burro!
E levou resposta, esse professor malvado:
- Pior faz vossemece todos os dias a bater nos mocinhos, até mete dó.

Para terminar.
Há tempos fui fazer a minha árvore genealógica. Então não é que fui descobrir que a besta daquele Professor era meu parente? A mãe dele era prima direita do meu Avô !

José Jorge Cameira
Beja, 10 Julho 2019
Outros escritos do autor, em: Recuperemos a nossa terra!



quinta-feira, 11 de julho de 2019

Alunos na grelha (salvo seja)



Existem os programas, as metas, as competências essenciais e as orientações para exame disponibilizadas pelo Ministério da Educação. Há quem diga que é tudo o mesmo. Então, se é tudo o mesmo qual a finalidade da sua existência?
Ok. Não interessa: existe, existe. Passemos à frente.




Vou lecionar ao 4º ano, o que preciso fazer antes dos meus pirralhitos entrarem em modos saltitantes e sorridentes pela porta da sala? Adivinhem?

As planificações (planificar é colocar o programa nas grelhas – digam lá o que disserem) de português, de matemática, de estudo do meio, de oferta complementar, de apoio ao estudo, de expressões, da educação física,  de dança, de patinagem, de música… e do ai caramba que a minha memória já tem muitas mais que as cinquenta primaveras. Então, se já existem porque tenho que as fazer?
Ok. Não interessa. Tenho que fazer faço. Passemos à frente.

Lembram-se das competências essenciais? Eu também já me tinha esquecido, reli o texto.
Pronto: lá vêm mais umas grelhas e o escreve escreve. Arrumadinhas e escritas em tons do já não posso com esta #$%&&&&, saem as  de português, as de matemática, as de estudo do meio, as de oferta complementar, as de apoio ao estudo, as de expressões, as da educação física,  as da dança, as de patinagem, as de música… e do ai caramba que me doem as costas. Então, se já existem porque tenho que as fazer? Certo.  Faço.




Trabalho prontinho? Não.
Pego nas planificações e nas competências essenciais (de português, de matemática, de estudo do meio, de oferta complementar, de apoio ao estudo, de expressões, de educação física,  de dança, de patinagem, de música… do reticências, ponto e vírgula) e coloco em cada um dos itens (são centenas e centenas) o ai caramba que me dói o olhar.

O que é o ai caramba que dói o olhar? – Perguntam vocês.
Em cada um destes itens (centenas) coloco várias destas palavras:  Conhecedor / Sabedor / Culto / Informado; Criativo; Crítico / Analítico; Leitor; Indagador / Investigador Respeitador da diferença/do outro; Sistematizador / organizador; Questionador; Comunicador; Auto avaliador; Participativo / colaborador; Responsável/autónomo; Cuidador de si e do outro.  
E depois aquilo não bate nada certo: quando a gente pensa que deviam saber, têm que cuidar de si e do colega do lado; se é para investigar, avaliam-se de pernas para o ar… vi lá de tudo menos o fazedor e o já sou capaz. 
Para o que é que servem? Sei lá, já nem tenho pensar.

Achais vós que está prontinho… mentira.  As letrinhas? Não. Não são essas, as que vós pensais são as que os meninos deviam saber e não interessam nada. 
A cada um dos itens das competências essenciais, das planificações e das palavras correspondem várias   letrinhas: A - Linguagens e textos; B - Informação e comunicação; C - Raciocínio e resolução de problemas; D - Pensamento crítico e pensamento criativo; E - Relacionamento interpessoal; F - Desenvolvimento pessoal e autonomia; G - Bem-estar, saúde e ambiente; H - Sensibilidade estética e artística… Saber científico… técnico … tecnológico…

Chega? Não. "Atão" e o significado do não satisfaz, satisfaz, bom, muito bom e ai que não que não posso de português, de matemática, de estudo do meio, de oferta complementar, de apoio ao estudo, de expressões, da educação física,  da dança, da patinagem, da música… e do ai caramba?




Mais umas grelhas, mais umas viagens e a Guida amarela.

Estás tudo feito? Não. Desculpem, eu já não sei se participo, se questiono, se comunico, se informo, se raciocino… uma coisa eu sei: já não tenho bem-estar, saúde ou ambiente, sou verde com vontade de ser cor-de-rosa. 

Não consigo cuidar de mim nem da outra desgraçada que, a meu lado, vai gritanto, enchendo-me os ouvidos e os pensamentos com palavras menos sãs: escreve A; escreve B, escreve criativo, escreve H, escreve conhecerdor; escreve… ai, ai, Santa Barbatana. 
Educação - Sem Sorrisos - Navegantes de Ideias

Verdes, amarelas, carecas e por vezes desbotadas vamos pensando na #”%&$ em que transformaram o professor e na #$%& mor virá quando tiver que aplicar cada A, cada raciocínio, cada B, cada criativo… cada raio que os parta a cada um dos nossos meninos. 

Nós, professores, assistimos de forma preocupante à substituição das tarefas que deviam ser inerentes ao ser professor: o conhecer a criança; o responsabilizá-lo,  o atuar nas suas lacunas, o desenvolver a sua  autonomia, o esclarecer dúvidas, o incentivá-lo, ensiná-lo, o ver as suas produções… Avalia, avalia, avalia, avaliapapéis, papéis, papéis, papéisexames, exames, exames, ex…  Um ensino sem Futuro. É para fazer? Eu faço. 

Ai que vontade de ir para a Austrália, como no ano passado. O ano passado também não fui e ando nisto há tantos anos.
Sem sorrisos
Guida Brito



quarta-feira, 10 de julho de 2019

Violações nas praias alentejanas, num Alentejo inseguro para a mulher?





Para a mulher, o Alentejo deixou de ser um lugar seguro: uma das graves consequências das monoculturas que proliferam na região. Ir à praia, ir às compras ou ao ginásio já não é o aconselhado para a mulher o fazer só. No Alentejo Litoral, além de outras ocorrências gravosas sem queixa registada, segundo informações a que tive acesso, inúmeras denúncias de assédio e de tentativas de violação, ocorridas nas praias, são formalizadas  junto das autoridades competentes. As queixas referem pessoas aparentemente ligadas ao fluxo migratório.




Em minha opinião, as ilegalidades (destruição de património, uso de produtos químicos proibidos, gastar pouco e ganhar muito, exigência de trabalho que não respeita a nossa lei laboral…) que se verificam por todo o Alentejo levam à contratação de mão-de-obra estrangeira; uma vez que os empresários sabem que os trabalhadores portugueses podem denunciar práticas que violam a lei, o ambiente e a vida. 

Num negócio que gera milhões (aos empresários que os integram nas suas produções agrícolas e aos grupos organizados que praticam o tráfico humano) perderam-se os números reais de imigrantes presentes no país. 

Na atualidade, o conhecimento é algo a evitar: quem não sabe, não reclama - os interesses financeiros não são amigos do bem-estar. No Alentejo, em muitas povoações, o número de escravos (vulgarmente, assim designados) é superior ao número dos locais.

Milhares de pessoas oriundas (sobretudo) de outros continentes, são abandonadas em território português,  alguns meses depois da sua entrada no país, sem dinheiro para regressar às origens - é mais económico trazer nova remessa. Explorados e abandonados constituem um problema social de grande dimensão.




Provenientes de culturas fortemente enraizadas onde a mulher é pouco valorizada e alvo de violações (mesmo dentro da própria família), é natural que pratiquem (alegadamente), em solo Alentejano, as vivências e modos de estar da cultura do seu país de origem.


Junto das autoridades portuguesas, muitas mulheres têm apresentado queixa por graves assédios e tentativas de violação.
Segundo as informações que obtive,  embora sem queixa registada, muitas outras mulheres referem ser frequente o desrespeito que está na origem de conflitos nas lojas, nos supermercados, nos ginásios, nas ruas… Normalmente, as mulheres são empurradas para sair das filas ou ultrapassadas e ignoradas; no ginásio, vozes fortes comandam a sua saída dos aparelhos; nos parques infantis, no final da tarde, aquando da hora de brincadeira das crianças, são, por prática comum, assediadas, olhadas e incomodadas…  quase sempre que há um grupo de homens, a mulher vê limitados os seus direitos. São muitas as vozes que se fazem ouvir.

Um problema social, de tão grande dimensão, que está a ser ignorado pelo governo português. No início da revolução agrícola (depravação – digo eu) as questões que se colocavam remetiam para questões de higiene; com o aumento do número de pessoas oriundas de civilizações onde, como prática comum, os cidadãos diferem em ser e em regalias, as questões remetem-nos para a negação dos direitos à mulher e para a perigosidade da sua  circulação sem a companhia de um elemento do sexo masculino.




O sistema de estratificação de alguns países, de onde são oriundos, é muito complicado, com milhares de castas e subcastas, diferenças regionais, etc. Nem a lei, consegue evitar a grande descriminação para com a mulher e para com as castas consideradas mais baixas.  

À margem dessa estrutura social, ainda, há os “Intocáveis” – qualquer elemento de outra casta pode fazer o que quiser com eles. É de relembrar que muitas noivas são assassinadas devido ao dote e a violação da mulher é um ato público (nos autocarros, nas ruas…), privado (no seio da família) e recorrente. Uma realidade que dista do que era, até há pouco, a do povo português e do ser alentejano mas que está a ocorrer de forma assustadora.
Ao não interferir neste fluxo migratório, Portugal permitiu que estas pessoas fossem escravizadas, usadas e abandonadas. Sem qualquer apoio, sós, refugiam-se nos amigos, amparam-se uns aos outros e de forma inconsciente (não propositada) vivem como sempre viveram, praticam a sua cultura. O problema é que esse não é o nosso modo de estar na vida e o alto número de imigrantes está a alterar-nos. Um choque cultural e de diferentes formas de estar na vida que carecia de uma resposta imediata de forma a proteger e a inibir quaisquer atos racistas ou xenobos (que nunca caracterizaram o Alentejo). 



É este o novo Alentejo? É este o custo do desenvolvimento?  Estamos dispostos a trocar a nossa liberdade e a qualidade de vida a troco dos cheios bolsos de não sabemos quem? Haverá lugar para todos e não para nós? 
Se houvesse controlo do estado  nos sectores associados a este fluxo migratório: certamente, cabíamos todos; certamente, teríamos recursos, desenvolvimento e vida para as gerações vindouras. É o descontrole, a ganância, os interesses, a falta de planeamento e a carência de ações consertadas que visem o bem-estar e a qualidade de vida  que têm matado o Alentejo.
Sem sorrisos
Guida Brito




terça-feira, 9 de julho de 2019

Jair Bolsonaro podia ter dito quase tudo; menos o que disse

À conversa com António Jorge


Vivemos e continuamos a produzir tempos em que vale quase tudo – e cada vez mais  a palavra “vale” tem um papel ora de intruso ora de alívio de consciência – mas vale o que vale. E depois existe o gosto (não me refiro ao popular like digital, mas ao sabor da coisa) e a ignorância.  E, se o primeiro não se discute, dizem, já a segunda não devia ser permitida.






Jair Bolsonaro podia ter dito quase tudo; menos o que disse.

Podia ter dito por exemplo que, com João Gilberto nasceu toda uma nova maneira de fazer música. Que João deu modernidade à música, que criou a sua filigrana e, que Caetano e Chico são o que são porque houve João. Que o autor de “Chega de Saudade” tirou as gorduras à Bossa Nova e a espalhou mundo fora e que, de alguma forma representava a generosidade em toda a sua plenitude.

O recém eleito presidente do Brasil podia inclusivamente ter ido mais longe: muito mais longe e dizer que “o seu violão era uma verdadeira orquestra” e que João Gilberto deu toda uma nova identidade ao Brasil. 

Se tudo isto falhasse, como falhou,  porque quase tudo vale o que vale, podia  ter citado Caetano Veloso “ninguém com tão pouco transformou tanto” ou mais institucionalmente  Marcelo Rebelo de Sousa, presidente das republica portuguesa – “quem viveu essa época, e mesmo quem não a viveu, não esquece a novidade de João Gilberto, nem o seu legado”.

Jair Bolsonaro podia ter dito quase tudo, menos o que disse – “era uma pessoa conhecida. Nossos sentimentos à família, tá ok?”.
Vale o que vale é certo, mas é que os ignorantes também têm um coração.
AJ
Outros artigos do autor:

Bruno Ferreira (Levanta-te e ri) sentado à conversa com António Jorge, na Lagoa de Santo André