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sábado, 1 de fevereiro de 2025

Quantos planetas quer comprar?

 


 

Relembro, com saudade, a minha infância; na sua simplicidade: do não tenho nada, mas tenho tudo. A convivência cúmplice com a Natureza, refletia-se no meu olhar e na pureza do meu sorriso.                                                                                                                                                       Vivia dos recursos da Mãe Natureza, com total respeito pela sua existência. Lá em casa, sem contar o Jolie (um cão inexplicável), éramos 4 e dormíamos no único quarto, em duas camas: o mano dormia com o pai e eu com a mãe. A cozinha tinha dois metros quadrados e o restante espaço estava equipado com a mercearia e a taberna. Os produtos comprados eram embrulhados em papel manteiga (no qual, se efetuavam os cálculos) ou colocados, diretamente,  nos talegos do cliente.

  

Nessa época, chamavam-nos país subdesenvolvido. Já em tenra idade questionava essa palavra (assim como outras). Lembro-me de ser eu, um eu solitário: não conseguia duvidar do que sentia, do que pensava e que tanto distava dos que me rodeavam. Em dias de excelência, caminhávamos ao encontro da ribeira, na qual obtínhamos tudo o que necessitávamos: lavávamos a roupa, com sabão azul, que regressava a casa meticulosamente dobradinha e divinalmente cheirosa; ali, na ribeira, tinha lugar o tradicional banho semanal; o pai apanhava o peixe para o jantar; a mãe, enquanto as roupas secavam, recolhia as ervas que o aromatizavam. Se o dia se rasgava em sorriso, a noite… a noite adormecia em puro deleite. Completamente para lá da minha existência, em transe, deitava-me na cama de colchão de lã de ovelha, bem afofadinho, adornado pelos lençóis lavados na água da ribeira. O seu cheiro impregnava-me os sentidos e garantiam uma noite bem dormida. 

Num uso correto, a ribeira, a flora, a fauna… seguiam o seu caminho e, rapidamente, recompunham-se, renovando-se em vida rejuvenescida.

Sempre soube que aquele correto, era, normalmente, nomeado como pobreza.

Hoje, não há vida nem banhos na ribeira; as noites são corriqueiras, enjoadas pelos produtos que contaminam o que nos é vital e tentam imitar a doçura do inigualável: Cheiro da ribeira.

Quando caminhámos, a passos que se queriam largos e rápidos (pura ganância e excesso do que tanto sobeja e já não sei onde colocar), na rota do desenvolvimento e em nome da economia, quebrámos o elo com a mãe Natureza e, cada vez mais, a velocidades inimagináveis, destruímos tudo o que é inimitável para a sobrevivência dos seres vivos.

Hoje, constatando a crescente influência das ações humanas, insustentáveis para a biodiversidade, é de extrema urgência: intensificarmos os esforços de conservação, para revertermos os impactos ecológicos negativos e evitar a extinção da vida (tal como a conhecemos) no planeta terra. Para isso, é necessário a conscientização da necessidade de agir, de legislar e desenvolver ferramentas que permitam lidar, de forma eficaz, com as questões ambientais.

Em primeiro lugar, devemos entender a biodiversidade: não só como a grande variedade de formas de vida (animais e vegetais) que são encontradas nos mais variados ambientes e a sua interação; mas também a diversidade genética que cada indivíduo transporta no ADN. Nesse contexto, seres da mesma espécie podem ser imunes a determinadas doenças que para outros são fatais. Se pensarmos no Alentejo, é fácil perceber que estamos a escassas unidades de tempo da desertificação total; as culturas hiperintensivas ocupam milhares de quilómetros quadrados, tendem à exploração  exorbitante do território e dos seus recursos. O mais problemático, é o facto de todas as plantas serem clonadas; ou seja, não existe variedade genética nos indivíduos da mesma espécie; perante qualquer fungo ou doença que atinja um indivíduo, fará com que todos os indivíduos morram; deixando milhares de quilómetros quadrados sem qualquer tipo de vida; após a sobeja utilização  de químicos, na tentativa de travar a caminhada da doença, que poluem os solos e as reservas de água nos lençóis freáticos.

Aliado à clonagem, deparamo-nos, além de outros, com dois problemas que são igualmente amigos da desertificação do planeta: os fertilizantes utilizados nestas culturas e o plástico.

Os fertilizantes são usados em excessiva abundância, escorrendo para os cursos de água e para os oceanos; permitindo, além da ocorrência de doenças graves nos seres vivos (por contacto direto), a morte por falta de oxigénio. Devemos pensar no que ocorre numa grande zona do Oceano Pacífico: o excessivo uso de fertilizantes, ditou a fácil reprodução do fitoplâncton, de forma absurda. Na busca de alimento fácil  ocorreram,  a essa zona, demasiados seres vivos que o consomem e, por consequência, os seus predadores. O aumento brutal de indivíduos, na mesma zona, esgotou o oxigénio e ditou a morte de todos os seres vivos presentes.  O mesmo ocorre nos rios, ribeiras, lagos…

O plástico, uma substância não-natural, resultou de pesquisas e experiências químicas; surgiu com a finalidade de substituir outros recursos que já estavam a tornar-se escassos na natureza, ou inviabilizaram a produção em escala industrial.

O plástico substituiu com vantagens uma série de matérias-primas utilizadas pelo homem há milhares de anos, como o vidro, a madeira, o algodão, a celulose e os metais.  

Hoje, o plástico é indispensável para a evolução de qualquer segmento e para a economia dos países.

Não consigo esquecer a minha visita ao Nepal: milhares e milhares de sacos, cheios de plástico, formam muros e amontoados, difíceis de entender pela sua dimensão. Além disso, são as fogueiras de plástico  que aquecem, os que vivem numa pobreza dolorosa, e lhes permitem realizar algumas refeições.

Na Somália, os vendedores de rua pagam 50 dólares por cada saco de roupa, gentilmente doados, principalmente, pelo povo americano. Basta olhar as diferenças corporais, dos habitantes dos dois países, para perceber que a Somália recebe lixo - que poluí o seu país e é responsável por graves reflexos na biodiversidade. Um povo é fruto do excesso alimentar e o outro fruto da carência alimentar.

Todo o plástico que já foi produzido, continua presente no Planeta, a grande maioria transformou-se em microplásticos que, ao entrarem na cadeia alimentar, ameaçam, gravemente, a vida marinha e os seus predadores. Como não é digerido, fica retido nos organismos e os indivíduos sucumbem por fome.

A pressão industrial sobre os governos, ditou a resolução, deste gigantesco problema, para o consumidor final: os 3R’s (reduzir, reutilizar e reciclar). Algum de vós pensa que esta é uma medida suficiente, que irá diminuir a quantidade inimaginável de plástico, no nosso planeta? O plástico continua a ser produzido a uma velocidade astronómica. Será que a política dos 3R’s é suficiente para exterminar este produto? Não me parece. As medidas apropriadas têm que reeducar todos os governos, toda a indústria e todos os consumidores.

Eu, Guida Brito, mesmo que carregue com cestinho ou talego para comprar os “não tenho plástico”, olho em redor, em qualquer loja ou hipermercado, e não encontro produtos isentos de plástico.

Haverá solução para reverter os efeitos nefastos da forma de agir dos seres humanos? Sim. Há. Temos, no Mundo, alguns bons exemplos de que é possível retroceder o que se advinha inevitável.

Estaremos nós (seres humanos, indústria, governos…) prontos para abdicar da nossa dependência do consumismo e do facilitismo? Não podemos esquecer que estamos a viver a crédito; por exemplo: o Luxemburgo, no dia 24 de fevereiro (de cada ano) já esgotou todos os seus recursos naturais, vitais para a existência de vida; a Europa esgota-os a 4 de maio; os Norte-americanos a 15 de março; os países das “Arabias”, ao imitar, no deserto, a flora dos países tropicais, esgotam os seus recursos nos primeiros dias de janeiro. Para sustentar o nosso estilo de vida, necessitaríamos de 2,8 planetas.

Contrariamente  ao que pensamos, se vivêssemos em Cuba, os recursos esgotar-se-iam a 1 de dezembro, se vivêssemos na Nigéria viveríamos felizes até ao Natal, dia 25 de dezembro…

Se nos queremos salvar, se queremos o abrigo da Mãe Terra, temos, a meu ver, duas soluções: comprar dois ou três planetas; ou utilizar as técnicas ancestrais que permitiam a sustentabilidade.

De facto, muitos países e regiões estão a realizar um excelente trabalho a nível da sustentabilidade, utilizando as técnicas ancestrais. Proibiram os arrastões, a pesca é realizada apenas por pequenas embarcações, pescam menos e vendem os produtos mais caros, desenvolvendo uma economia sustentável; aplicam técnicas de “poisio”, dividem as regiões em 3 partes, só podem pescar numa delas e todos os anos mudam o local de pesca, permitindo que a Natureza se recomponha. Muitas espécies que estavam na lista “em vias de extinção” recuperaram e, hoje, existe um equilíbrio perfeito entre as espécies.

Podia alongar-me muito mais, muito há por dizer e ensinar no que diz respeito à biodiversidade e ao equilíbrio na Mãe Natureza; deixo-vos apenas duas perguntas: terá a minha infância sido pobre?  Acha viável a compra de dois planetas?

PS; a fotografia que ilustra a publicação não é um lugar poluído; foi tirada no Deserto da Namíbia, palco de uma biodiversidade inigualável.                                                   Sem sorrisos

 Guida Brito

 

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Júlio ou Júlia? Orientação Sexual e Identidade de Género

 

 

                               You are just like us                                    

                  Slogan da Parada Gay, em Hamburgo                       “Não. Nós nunca seremos como vós. Cheios de salamaneques, teias de aranha no alto do carapuço e atrás das orelhas: criámos ferrugem nos sentimentos, calcificámos o coração. Inibimos e amachucamos gestos de carinho, mas facilmente vos apelidamos de maricas ou discutimos por causa de um café frio. Com gravata, sem gravata; com calção, sem calção; com músculo, sem músculo; com correia, sem correia: de lábios vermelhos, Hamburgo vestiu-se de amor e perfumou-se de ternura. As ruas pintaram-se de olhares brilhantes, abraços dados com o coração e dedos entrelaçados. O que vi em cada virar de esquina aqueceu-me o coração.”                                                                  Este texto, escrevi-o, há 10 anos. Numa primeira leitura, dá-nos a entender uma mente aberta e de aceitação do outro, mas transmito, exatamente, o contrário: ao utilizar a palavra “maricas” assumo, tal como grande parte da população, que a homossexualidade é uma orientação sexual,   exclusiva dos homens. E o não é. Ao longo do tempo a lei foi-se alterando e a palavra “homossexual” introduziu-se no vocabulário, da maioria das pessoas, sendo cada vez mais aceite, mas excluindo outras formas de orientação sexual, identidade sexual, sexo biológico e expressão de género.    É do conhecimento comum que, a homossexualidade masculina, desde sempre, foi presente, mas calada no quotidiano das relações. Relativamente à mulher, salvo raras exceções, existe uma grande normalidade do abraço, do beijo, do sair juntas ou de dormir juntas… excluindo-as, como se já não bastasse, da forma de ser. Para a sociedade as mulheres são amigas. De contrário, ser-lhe-ão atribuídas frases e gestos muito mais gravosos, que impedem uma vivência mais aberta e mais feliz: “ os homens até entendo, mas o resto…”, como se alguém tivesse culpa por ser quem é.  Em Hamburgo, ignorei, por completo, as letras  garrafais que se faziam sentir, à época: LGBT+; apesar de “Invejar” cada imagem; olhando o homem que me acompanhava e que há muito não sabia percorrer um dos caminhos mais sagrados: o dos afetos (que no fundo não é mais do que sentir e fazer sentir). Quis tanto, naquele momento, um abraço; um afago; um beijo; de fazer sentir e sentir… carinho, afeto, gosto de ti… quis tanto poder, também, demonstrar a minha   heterossexualidade.  Pois… mais uma gafe. Ou não?  A heterossexualidade compreende: cisgénero (o género presente no nascimento); transgénero (não se identifica com o género em que nasceu; “sou mulher mas nasci no corpo de um homem, ou vice-versa”); e, não binário ( não se identifica com nenhum género e não transita entre eles).  Confesso que me perdi, nos milhares de nomes que denominam o tema e decidi apresentar este esquema, da (Enciclopédia Significados)     que simplifica o nosso entendimento. Assim: 

Pelo quadro apresentado, parece-me que a identidade de género,  a orientação sexual e o sexo biológico não são questionáveis: existem. Existem, mas devem-se calar. O maior problema, o que  coloca alguma divergência, é a expressão de género para a sociedade (podes ser, mas fica invisível).  Este artigo, é escrito no seguimento de uma ocorrência numa sociedade masculina. Uma pessoa considerada, pelos seus pares, como homem (chamemos-lhe Júlio), pertencente a uma fração masculina, entrou no local das reuniões, vestido de mulher (chamemos-lhe Júlia), apresentou o cartão de cidadão   para que a empresa/sociedade procedesse às devidas alterações. Ultrapassando o medo “do se o vizinho sabe”, apresentou-se   verdadeira, retirando o capuz da mentira, do medo e da vergonha  “de ser quem sou”. Vamos condenar a coragem de ser a primeira pessoa a levantar-se, dizer ou demonstrar que, há muito, vive incógnita na escuridão? A resposta a esta verdade, a este pequeno/grande passo, pode tornar-nos muito grandes; pode tornar-nos muito pequenos. A verdade é que o Mundo, na mentalidade das suas gentes, se divide em 2 frações: masculina e feminina (ou seja: homens e mulheres). O que significa que não conseguimos aceitar/antever a chegada de um colorido mais alargado e a necessitar de inclusão. Urge, por parte de todos um trabalhar, num esforço constante, para o nosso aperfeiçoamento numa área tão importante e delicada.       Será que a alteração de uma letra e uma cruz no quadrado certo, são de vital importância, se a pessoa continua a ser a mesma? Júlio, já era Júlia antes de se assumir: nasceu Júlia no corpo do Júlio. Seremos os primeiros a incluir ou os primeiros a excluir? Será que o  trabalho, da Júlia, é colocado em causa porque aprendeu o valor da “VERDADE”, Equidade, Liberdade, Igualdade e Fraternidade? Falemos da pessoa, o medo fê-la ocultar a sua transsexualidade (quem assim nasceu, sabe que a mente comum não é empática e pode ser muito violenta, na sua descoberta). A sociedade/empresa que o acolheu não a questionou relativamente a este assunto, nem faria sentido que o fizesse: Júlia iniciou a sua carreira como Júlio (de acordo com o seu sexo biológico). Júlia, numa primeira fase, não se percebeu; numa segunda fase, escondeu-se com medo,   refletiu sobre as suas ações e na interação com o outro, sendo consciente que, as mesmas, são os alicerces fundamentais na construção do seu Eu e  no reflexo com que deve impregnar o Mundo que nos rodeia; numa terceira fase, encarou a verdade (consciente de um penar maior). 

Não sei que outra fase conseguiu ultrapassar, mas, certamente, evoluiu no conhecimento para que a sua verdade e que as suas pegadas impregnassem os que nos rodeiam. Demonstrou atitudes intentas em alterar, na sociedade, posturas menos corretas¸   na tentativa de consolidar uma sociedade perfeita e justa, com fundações profundas e seguras. Expôs, o que não devia ter que explicar, ao Mundo que se quer incluso, livre, fraterno, equitativo…   definiu-se, apresentou a sua verdade, permitindo que os seus pares (minorias) encetassem, também eles, um  caminho verdadeiro, respeitando-se a si próprios.  Esquivou-se ao negrume da solidão, assumiu o seu

Eu e direcionou a sua vontade para propósitos úteis, fomentando a equidade social. Se for expulsa por ser verdadeira, a sua falta, no grupo a que pertence, deixará um buraco, que permitirá um ampliar de ideias contrárias às que defendemos; quebrarão a equidade, a igualdade, a fraternidade e a liberdade; amedrontará minorias que como ela gostariam de ser quem são, sem necessitar da capa que os esconde.  O Mundo já não comporta, apenas, o masculino e o feminino. Que resposta vamos dar à Júlia? Quem terá de se alterar: o grupo a que pertence ou a Júlia? Relembro Rosa Parks que apesar de se encontrar sentada num lugar para negros, foi-lhe dada a ordem de se levantar porque um branco estava de pé. Não se levantou e foi presa, mas a partir desse dia, uma grande maioria de negros, negou sentar-se apenas nos lugares para negros e a levantar-se porque um branco estava de pé.  Rosa Parks foi a primeira.                                                Jesse  Owens   ganhou 4 medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Berlim, demonstrando que as cores não nos definem. Após o seu grande feito, os EUA fizeram um grande jantar em sua homenagem, Jesse foi obrigado a entrar pela porta dos fundos, que servia para os negros. Para existir mudança há que haver o primeiro   que se levanta.  Hoje, é o nosso dia.

 Este meu artigo, não pretende ser uma resposta, mas um contributo  para uma solução justa e perfeita que caminhe em liberdade, fraternidade igualdade e equidade, integrando os que ainda têm que colocar uma capa, para se proteger dos que o não sabem.   Gostaria muito de saber:  quem és tu   para condenar a sexualidade de outro ser humano? Quem és tu para cultivar ideias tão contrárias ao amor, ao carinho, ao respeito e à Paz? E se fosses tu?  Escondias-te ou apresentavas-te verdadeiro? E se for o teu filho ou a tua filha? Que farás? Quem és tu para limitar e intervir na vida do outro?                                                                                                                                                                                                                                   Guida Brito

      

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Arribas de Sines em risco de derrocada

 


Construções e explosões na Pedreira, provavelmente, estão na origem de uma derrocada iminente.


As fortes chuvadas que se fizeram sentir, esta semana, semeou de pedras e blocos rochosos, de grandes dimensões, a marginal, a rotunda a sul e a estrada que desce a arriba. A descomunal proporção do que vi, levou-me a questionar: “Porquê?”. Sempre choveu e nunca tinha visto nada igual.


Decidi visitar o local, após a tragédia que ocorreu.. Não é preciso ser engenheiro para verificar que as fendas verticais e as rochas fragmentadas, desabarão mais dia, menos dia. 

Construção embargada.



Olhei para cima e na beira da falésia encontram-se duas construções:

Edifícios, em construção, na beira da falésia.


- uma foi embargada há alguns anos (mas não demolida) e dista poucos centímetros da arriba; num elevado risco de queda sobre a marginal; temo por quem ali passar;



- mesmo ao lado, foi aprovado (pelo menos está a ser construída), uma obra de grandes dimensões; no local encontra-se uma grua, cujo peso  se situa entre as 60 e 100 toneladas, na sua frente (diria um ou dois metros), na arriba, encontram-se fendas e um enorme buraco; na parte inferior terras, rochas e blocos de grandes dimensões continuam a cair. Uma das fendas evidência que toda a arriba rachou (de alto a baixo).

Arribas de Sines em risco de derrocada

Arribas de Sines em risco de derrocada

A imagem dá a entender que as águas passaram por baixo do edifício.


Os quase 100 000 kg da grua e as inimagináveis toneladas do edifício, na beira de uma arriba instável, deixam antever uma catástrofe gigantesca.

Arriba instável.


A nova construção, no beira de uma arriba instável.


Quando fotografava o local, passou uma idosa, estimo ter mais de 80 anos.


- Já viu isto, vai cair. Se já não era seguro construir ali, agora com as explosões da pedreira (dista cerca de 400 metros, se tanto, do local), isto vai cair tudo. Devia ver a minha casa, desde que a pedreira começou a funcionar: racharam todos os mármores e as paredes da casa.

Rachas verticais


Pois, nem me lembrara da pedreira. Para a construção do grande Porto, é mais fácil utilizar as rochas da cidade. 

Decidi inspecionar o caminho pedestre (desce a arriba) que era uma graça e permitia bons passeios; usado, por muitos, para atividades desportivas; um investimento de milhões. 

Vou cair.

Um dos muros mais altos encontra-se completamente abaulado, dizendo vou cair




Nem queria acreditar:


- um dos muros mais altos encontra-se completamente abaulado, dizendo vou cair;

Caminho pedestre que desce a arriba.


- todos os muros apresentam fendas verticais e as rochas, utilizadas na sua construção, evidenciam querer sair do lugar.

Caminho pedestre que desce a arriba, Sines.

Caminho pedestre que desce a arriba, Sines.




Pergunto-me: será que a proteção civil já inspecionou o local? Será que já encontrou soluções? Vai demolir a construção embargada, que se apresenta em elevada eminência de desabar sobre a avenida? O que vai acontecer com a nova gigante construção à beira do abismo, que apresenta tantas derrocadas e fendas, na sua frente a meio da arriba? 

Marginal de Sines

Racha profunda, na frente do edifício, em construção.




Aquela grua vai manter-se no local? Se ao lado uma obra foi embargada, esta também o vai ser? Vai manter-se? De quem era a construção embargada e de quem é a nova construção, que cresce ali ao lado?  E a pedreira? Terá alguma responsabilidade na desgraça que se adivinha?

Sei que uma das casas, na beira do penhasco está à venda por 490 000€: tem vista de mar.

 

Sem sorrisos;

Guida Brito



sábado, 14 de março de 2020

Coronavírus: a verdade

Coronavírus, Guida Brito, Sem Sorrisos, Navegantes de Ideias


Sempre que escrevo, pesquiso e tenho por base pessoas credíveis: é sempre a verdade que pauta a minha forma de ser e o que transmito nos meus escritos.


 Relativamente ao Covid 19, não é fácil pesquisar, pois os governos omitem os números verdadeiros e são esses, os não reais,  que nos são disponibilizados. 


No entanto, pensemos: é muito estranho que a China se decida a construir um hospital de campanha em 10 dias, quando o número de casos rondava a centena de pessoas infetadas (num país onde residem tantos milhões); assim como, noutros países números pequenos dessem origem a medidas drásticas. Uma pandemia decretada, fecho das escolas em toda a Europa e pelo Mundo fora… mas os números a que temos acesso quase que desacreditam a pandemia e nos descansam no “não deve ser tão grave”. 

Os supermercados esvaziam (o papel higiénico vai na frente – sabe-se lá porquê, o vírus dá febre e não cag#$#%%$) mas as pessoas não perderam os hábitos sociais, apenas brincam com cotovelos e “sim senhores” em modos de cumprimento e em tons de gargalhada.



Por algum motivo, as pessoas confiam na minha escrita e são muitos os que me contactam pedindo que escreva verdades ocultadas aos portugueses.

 Desta vez, não foi exceção, vários profissionais de saúde, com medo e de forma incógnita, relataram-me o que o Governo não veicula e a comunicação social não transmite. Relatos idênticos ao último que recebi. 

Uma voz comovida e de choro (confirmo ser um profissional de saúde) pede-me que alerte todos para ficarem em casa e se por algum motivo saírem, ao chegar a casa, desinfetarem-se, incluindo roupas e calçado. Diz ter acesso aos números reais: há milhares de infetados em Portugal e muitas mortes (informações não transmitidas pelo governo). Diz ter acesso a Tacs e exames e, enquanto profissional de saúde, nunca tinha visto algo assim. Refere que o vírus destrói os pulmões em dois dias e que a situação é muito, mas muito, muito mais grave do que aquilo que está a ser transmitido.

A ser verdade (eu acreditei, considero idóneo o último relator), todos os cuidados são poucos e que se “lixe”a diminuição do vencimento, em primeiro lugar a vida: devo proteger-me e proteger os meus; ficar em casa é o nosso lugar seguro.

A ser verdade, todas as medidas tomadas pelo governo foram muito tardias e diminutas para fazer face à realidade. O fecho das escolas, a análise das pessoas com pneumonias internadas em hospitais (que foram contaminando, contaminando),  o fim das visitas a lares, o fecho de sítios públicos… deviam ter sido adotadas aquando do primeiro caso porque os governos já detinham informações acerca da extrema gravidade do vírus. 




Nos milhares de casos já existentes em Portugal (a crer nos profissionais de saúde que ouvi): duas recuperaram, muitos faleceram e os outros não se sabe quais são as sequelas com que terão de viver.
Desinfete-se e fique em casa: cuide si, dos seus e dos que não conhece. Não faça parte da propagação do vírus e da morte dos seus e dos que tiveram o azar de cruzar com o seu rasto.

Sem Sorrisos
Guida Brito



quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

A discussão da eutanásia não é mais que o desvio do olhar: omitindo o chocante


Sem sorrisos - Guida Brito -  Navegantes de Ideias

É um tema importante, mas de decisão pessoal. Nenhum de nós, seres pensantes e plenos de todas as faculdades, está perante o sofrimento atroz, que fala mais alto do que o estar junto dos tão amados, que ditaria pensar sobre o assunto. Controvérsia pura, sem a experiência não saberemos responder, nem questionar as nossas convenções pessoais ou o perigo do mascarar assassinatos com interesse vital em alguns bolsos (legalizar o impensável).




O tema, surgido como que do nada e de modo a chocar, não quer mais do que ocultar os meandros obscuros da sociedade portuguesa. Ocuparmo-nos, impedindo a visualização do que de facto diminui a nossa qualidade e dignidade de vida.

Cá para mim, eu que sou pequenina e sem peso que pese na mudança da corrupção nunca antes vista na sociedade portuguesa, há assuntos que o estado não quer que sejam vistos ou falados, assim: tomem lá a eutanásia e desentendam-se com ela; enquanto isso ninguém vê:




- o genocídio do povo alentejano:

- a Dona Rosalina Dimas que doente da poluição foi obrigada a sair de casa sem nada, com a roupa do corpo (nem casa ou subsídio mereceu):

- o povo de fortes que está a ser dizimado pela poluição de um azeite que até dizem que é o melhor do mundo;

- o envenenamento dos alentejanos com os químicos dos olivais, estufas, amendoais e afins;

- os milhões da “princesa” que ninguém os percebe;




- a destruição plena do património histórico e ambiental;

- o adeus aos sobreiros;

- os bancos que vão precisar de novas injeções de quantias astronómicas dos dinheiros do estado;

-que a resolução dos Senhores primeiros ministros permite casarios junto ao mar, no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa vicentina, e legaliza a escravidão;

- que as culturas intensivas vão atingir limites tão superiores ao já impensado que todo o Alentejo será desértico;

- que os bebés nascem nas ambulâncias e  que os médicos, em Portugal, são tão raros como os hospitais;

- o lítio ou sabe o seu futuro:

- o aeroporto do Montijo, cujas aves se preparam para fazer cair  quem lá tentar pousar;
- ….
Posso continuar mas vocês deixam de ler, não é fácil aliar os problemas do dia a dia, pela falta de educação, justiça e serviços de saúde, com a preocupação de uma sociedade que quer isso mesmo (não dar conta da nossa vida inibe intervenções nos setores que as resolveriam).




Eu, euzinha que sou pequenina, e sem peso que pese na mudança do fundamental, lamento que a democracia discretamente se tenha transformado em Oligarquia (A oligarquia é caracterizada por pequeno grupo de interesse ou lobby que controla as políticas sociais e económicas em benefício de interesses próprios.[2] O termo é também aplicado a grupos sociais que monopolizam o mercado económico, político e cultural de um país, mesmo sendo a democracia o sistema político vigente- Wikipédia).

O que sei é que nunca houve um governo tão pouco preocupado com as pessoas, com a sua qualidade de vida, num desrespeito profundo pela Constituição Portuguesa.
Sem Sorrisos
Guida Brito


domingo, 5 de janeiro de 2020

Alentejo: o património desaparecido devido às monoculturas

Sem sorrisos: Navegantes de Ideias





- Na Salvada, nove hectares de importantes vestígios pré-históricos (únicos na Europa);





Sem sorrisos: Navegantes de Ideias

- em Beja, Villas Romanas e Celtas, desapareceram;


- em Monsaraz, olival tradicional arrancado;

- no Monte Novo e na Farisoa, olival tradicional arrancado, sítio romano e Antas afetados;

- na Mesquita, Évora, sítio romano afetado;

- na Casa alta, Redondo, olival intensivo arrancado; no seu lugar já brilha o superintensivo;

- em Aldeias de Montoito, olival tradicional arrancado;

- em Alvalade, montado arrancado;

- no litoral, desapareceu quase todo o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina; as culturas chegam a 5 metros do mar; estende-se para a zona do Algarve e para a serra da vigia;

Sem sorrisos: Navegantes de Ideias

- longe das estradas, a leste do olhar humano, todas as árvores desapareceram ou já se iniciou o seu abatimento e, no seu lugar, restam os solos nus. Existem áreas com 10 quilómetros quadrados sem uma única árvore.




Posso continuar mas penso que o cansará (são milhares de ocorrências comprovadas).

No Litoral Alentejano, a área de cultivo é tão imensa que ocupa toda a faixa entre Vila Nova de Milfontes e Odeceixe (tendo já ultrapassado este limites, até Aljejur, estende-se para a Serra da Vigia, parou, em muitas situações, a cinco metros do mar). No entanto, a faixa livre de plantações situa-se, maioritariamente, entre vinte a sessenta metros do mar e já é notório  alterações na orologia das arribas.




Não esquecer que as arribas e as dunas são a nossa defesa contra o avanço do mar e a consequente salinização, erosão e inutilização dos solos. É irónico transmitir, às nossas crianças e aos caminhantes, o dever de caminhar pelos trilhos existentes e o não arrancar plantas destas zonas (pela sua vital importância) e, ao mesmo tempo, consentir a sua total destruição para uso de uma empresa. Penso que os manuais escolares e os programas que abarcam devem ser alterados: transmitir o contrário que ocorre, com o aval do estado, fará de um professor: um tolo não confiável.




Neste caso, a recente Resolução do Concelho de Ministros que regula o aproveitamento das águas do Mira legaliza todo o desbaste e a existência de escravidão humana. Como se fosse insuficiente, inviabiliza a punição de qualquer empresa que não cumpra o estipulado.

Numa dimensão de centenas de quilómetros, estas culturas levaram ao desaparecimento do Parque Natural do Sudoeste Alentejano (resta uma pequena faixa entre Sines e Vila Nova de Mil Fontes).

Sem qualquer planeamento, os nossos sobreiros, protegidos por lei, são abatidos e as oliveiras milenares vendidas a um euro no OLX e Facebook.

Nem falo das vidas humanas, uma boa investigação e análises fidedignas permitiriam provar que muito dos que partiram adoeceram devido à poluição. Não há qualquer estudo em curso, a economia e o dinheiro interessa muito mais que a vida dos habitantes deste pequeno país que tinha tudo para ser próspero e feliz.

Não mais que a minha opinião, baseada em factos que comprovadamente existiram.

Sem sorrisos
Guida Brito

domingo, 22 de dezembro de 2019

As árvores do Alentejo


Guida Brito; Sem Sorrisos; Navegantes de Ideias

As oliveiras milenares: umas vendem-se no OLX, ao desbarato; outras, são certificadas em Espanha e vendidas para Itália; outras, seguem em camiões para destinos europeus.




Despovoamos o Alentejo de árvores centenárias e milenares, espécies resistentes a doenças e que não necessitam de produtos químicos, e plantamos: OMGs (Organismos Modificados Geneticamente). Relativamente aos olivais superintensivos e hiperintensivos, agrava-se a situação tendo em conta a proveniência das espécies implantadas: oriundas de um país (Espanha) onde uma grave doença das oliveiras impossibilita o uso dos solos.


Sim. Não há dúvida, na minha opinião, que se trata de Organismos Modificados Geneticamente:

- o mesmo foi referido, em entrevista, numa rádio de Beja, por um grupo de agricultores, a escolha desta variedade de oliveiras, implantadas no Alentejo, deveu-se às alterações genéticas das plantas, garantindo que eram o que de melhor se adaptava ao terreno:




- o uso de Glifosato, na região, confirma: este produto químico (em tribunal, noutros países, foi provado que é altamente cancerígeno) mata todas as plantas que não sofreram alterações genéticas, assim, se as espécies de oliveiras, amendoeiras, de fruto, de videiras e outras resistem ao seu uso, comprovam que existiram modificações genéticas;

- a proveniência de Espanha das oliveiras implementadas, também, confirma; segundo o que li, para poder exportar e na tentativa de reverter a grave epidemia, os cientistas espanhóis fazem experiências manipulando cerca de 8000 genomas: uma vez que as inicialmente implantadas, neste país, estão contaminadas.

A tratar-se de OMGs, significa que a lei portuguesa não é mais do que um papel com letras escritas para os estrangeiros e para as empresas; a sua utilização, para além de outros, carecia de consulta pública e rotulagem em conformidade: o que não ocorre.

As árvores centenárias, resistentes a doenças e que não necessitam de produtos químicos, são vendidas, arrancadas ou, simplesmente, queimadas e enterradas. Tal como na Amazónia, longe dos olhares, aparece um caminho, uma clareira é aberta e, aos poucos, todas as formas de vida são mitos; dão lugar a um grande círculo, a outro, a mais outro e, num raio de muitos quilómetros, a vida esvai-se na ganância e do quero para mim tudo o que tens.




Nas serras, na planície, é visível (com exceção para dois ou 3 concelhos) que toda a vegetação desaparece. O Montado (azinheiras e sobreiros) seca de um dia para outro; por vezes, é simplesmente arrancado ou queimado. Nem os Parques Naturais são respeitados, a sua vegetação, espécies únicas e a beneficiar de proteção na lei, é simplesmente decepada.

Muitos olivais e montados são arrancados sem qualquer autorização. No caso dos olivais, por vezes, o futuro comprador (ou outro aparentemente alheio ao negócio) vende as árvores antes de adquirir o terreno. 

Após a venda do terreno, não há culpados: o vendedor não sabe o que aconteceu e o comprador adquiriu o terreno sem árvores. Nestes casos, o arranque das árvores fica a cargo do seu comprador, não havendo, assim, prevaricação por parte dos envolvidos no negócio de compra e venda do terreno.

Os novos contratos já assinados, com empresas estrangeiras, dada a dimensão das áreas que abarcam, levam a crer que nada restará do Alentejo e grande parte do Algarve. Além dos milhares ou milhões de árvores milenares e centenárias arrancadas, já é visível, através de fotografias aéreas, o início da queima ou arranque das que sobejaram. 

É a dor e a morte, por todo o Alentejo.
Sem sorrisos;
Guida Brito