segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Viajar com 0 euros da Europa até à Ásia

 


Andava meio agastada, sem poder dar luz aos meus sonhos:  veio o covid, chegaram contas, ultrapassaram-me o excesso do resolve-me… e viajar? Nem um pequeno vislumbre. Mas assim do nada e sem saber como, esvaziam-se 11 ou 12 dias. Boa! Porreiro! Abro o computador e reservei a primeira viagem que vi: a última vaga, num grupo de 12 desconhecidos e como guia um tal de Tiago Brandão. Quando li com atenção descobri que faria o Expresso do Oriente, de Viena até Istambul. A partida estava iminente, atirei umas roupitas para a mochila, separei dinheiros, cartões de crédito, cartão de cidadão, passaporte… prontinha para sair.


Ouvi o som da porta a fechar-se atrás de mim e…não. Não, Guida. Já tens idade para te conheceres:  volta atrás e confere se o cartão de cidadão está na mochila. Bem pensado; bem feito: voltei atrás e abri a mochila. Fiquei feliz, continha tudo o que necessitava. Esqueci o passaporte no fundo e juntei cartões e dinheiro numa só carteira. Arrumei a mochila e saí feliz: pela primeira vez, não faltava nada.

Enquanto todos dormiam, percorri os quilómetros que me separavam do aeroporto; feliz e contente, parei na primeira portagem e procuro a carteira para fazer face ao pagamento… procuro, procuro, procuro… e valha-me tudo o que é sagrado e a Minha Santa Barbatana. A carteira, com a identificação e todos os meios de pagamento, ficara sobre a cama. Comigo tinha 0 euros, 0 formas de pagar o que quer que fosse.

Confesso que nem ouvi as dezenas de buzinadelas dos que não têm tempo para alentejanas; desta vez, nem um beijinho lhes mandei.

- Estou com 0 euros e sem cartões para lhe pagar. – Referi à impaciente senhora das portagens.

- Não faz mal; dou-lhe uma referência e paga por multibanco.

Pequei no papelinho e pensei: “para que quero isto se não tenho multibanco e vou a caminho da Ásia?”

Bem… já que me deixam passar e não posso voltar para trás, sigo em frente e veremos o que sucede na Ponte 25 de Abril.

Pelo caminho, pensei que “não ir” estava fora de questão, mas a solução encontrava-se a 150 km de distância.

Na Ponte 25 de Abril, atiram-me com um papelinho; confesso que nem o li: deixaram-me passar, sem dinheiro, e isso era “ouro sobre azul”.

Bem… o caminho é em frente. Nunca havia viajado nestas condições e os pensamentos ultrapassavam-se a mil à hora; respirei fundo e contei até 10. O passaporte está comigo, a viagem e o alojamento estão pagos, não há dinheiro para comer e beber. Mendigo?

Calminha, pensei que o pior que me podia acontecer era ser repatriada por não ter meios para me sustentar; enquanto isso vou e volto e visito os aeroportos. Vamos em frente.

No aeroporto, ao entregar o carro no parking, achei o preço demasiado elevado… oh! Guida! Tu não tens dinheiro! Caro ou barato não é um problema de força maior. Perguntei ao simpático senhor se o pagamento era efetuado no ato da entrega ou no ato de levantamento.

- Paga quando chegar da sua viagem.

- Ufa! Que bom! Não tenho dinheiro para lhe pagar agora… e, pensando bem, não terei dinheiro quando voltar.

Ele sorriu como quem ouve uma graça, pegou no carro e partiu. Pois, diziam os meus botões: o problema é teu, foste avisado.

Passei por todos os controlos, ninguém questionou a falta de dinheiro; nem quando todo o conteúdo da mochila se espalhou pelo chão e maquinaria. Um grupo de guardas fronteiriços, interrompeu os trabalhos e ajudou a reunir a maioria dos meus pertences (ignorei os cotonetes e o que nem vendido dá uns bons trocos). Agradeci e segui rumo à porta de embarque.

Chegou a hora de me apresentar ao grupo, via Whatsap. Que bom! Ainda não me conhecem e já lhes vou pedir dinheiro.

“Bom dia, estou com um problema. Deixei todo o dinheiro e cartões em casa.”

Silêncio total de todos os que me liam. Pudera! Que rica apresentação!

Não desisto e escrevo mais uma mensagem: “Será que posso transferir dinheiro para a conta de alguém?” (o meu filho, que não dormia preocupado com a mãe que conhecia tão bem, podia fazer isso).

Silêncio. A situação era tão estranha que mais parecia uma burla. Penso que me tornei na pessoa com a qual ninguém quer qualquer tipo de contacto. Tentando criar confiança e demonstrar que, inevitavelmente, sou a vítima perfeita de situações “non sense”; escrevi: “Sei que parece estranho, mas sou alentejana. Vou arriscar e vou para Viena sem um tostão no bolso. Ao chegar, espero que o Tiago possa ajudar.”

Do lado lá, alguém pensava: “Se ela tem um amigo Tiago porque é que ele não a ajuda?” Talvez mais curiosa do que convencida, decide quebrar o eterno silêncio e responde-me. Rapidamente, nos encontrámos e ela percebe que de facto estou numa situação única e inexplicável.

- Quanto precisas?

- Mil euros.

- Mil euros?!!!!! Para que queres tanto dinheiro?

A coisa afinou e o dinheiro cada vez mais longe. Com calma, ponderei, convenci e aceitei os 400 euros que o Rui transferiu no imediato. Nenhum de vós, consegue imaginar a sensação que nos assola nestes momentos. Embora a minha condição financeira continuasse precária: podia comer e beber.

Chegámos a Viena e lá estava o nosso divinal guia.

- Tiago, eu…

- Tiago??? Eu não sou Tiago, sou o Mateus Brandão.

Ui! Ai! Minha Santa Barbatana, terei trocado a viagem? Será este o meu grupo???!!!

Não (ufa), apenas trocara o nome do guia.

- Mateus, preciso de dinheiro – apresentei-me.

 Dinheiro não é problema. – Um doce.

O Rui ia transferindo dinheiro, pagando as contas da mãe, e cinco dias depois era a mais rica do grupo. Emprestava e recebia sem qualquer controle ou resistência: “Precisas? Toma lá!”

No último dia de viagem, encontrei dinheiro nas ruas de Istambul; até na Ásia sabiam que eu precisava de dinheiro. Regressei a casa, rica e com o sorriso de quem vivenciou um dos mais insólitos acontecimentos.

(À Fabi e ao Mateus um Xi coração muito especial e a certeza que encontraram uma amiga para a vida)

Com sorrisos;

Guida Brito

 

 

 


terça-feira, 27 de outubro de 2020

Arribas de Sines em risco de derrocada

 


Construções e explosões na Pedreira, provavelmente, estão na origem de uma derrocada iminente.


As fortes chuvadas que se fizeram sentir, esta semana, semeou de pedras e blocos rochosos, de grandes dimensões, a marginal, a rotunda a sul e a estrada que desce a arriba. A descomunal proporção do que vi, levou-me a questionar: “Porquê?”. Sempre choveu e nunca tinha visto nada igual.


Decidi visitar o local, após a tragédia que ocorreu.. Não é preciso ser engenheiro para verificar que as fendas verticais e as rochas fragmentadas, desabarão mais dia, menos dia. 

Construção embargada.



Olhei para cima e na beira da falésia encontram-se duas construções:

Edifícios, em construção, na beira da falésia.


- uma foi embargada há alguns anos (mas não demolida) e dista poucos centímetros da arriba; num elevado risco de queda sobre a marginal; temo por quem ali passar;



- mesmo ao lado, foi aprovado (pelo menos está a ser construída), uma obra de grandes dimensões; no local encontra-se uma grua, cujo peso  se situa entre as 60 e 100 toneladas, na sua frente (diria um ou dois metros), na arriba, encontram-se fendas e um enorme buraco; na parte inferior terras, rochas e blocos de grandes dimensões continuam a cair. Uma das fendas evidência que toda a arriba rachou (de alto a baixo).

Arribas de Sines em risco de derrocada

Arribas de Sines em risco de derrocada

A imagem dá a entender que as águas passaram por baixo do edifício.


Os quase 100 000 kg da grua e as inimagináveis toneladas do edifício, na beira de uma arriba instável, deixam antever uma catástrofe gigantesca.

Arriba instável.


A nova construção, no beira de uma arriba instável.


Quando fotografava o local, passou uma idosa, estimo ter mais de 80 anos.


- Já viu isto, vai cair. Se já não era seguro construir ali, agora com as explosões da pedreira (dista cerca de 400 metros, se tanto, do local), isto vai cair tudo. Devia ver a minha casa, desde que a pedreira começou a funcionar: racharam todos os mármores e as paredes da casa.

Rachas verticais


Pois, nem me lembrara da pedreira. Para a construção do grande Porto, é mais fácil utilizar as rochas da cidade. 

Decidi inspecionar o caminho pedestre (desce a arriba) que era uma graça e permitia bons passeios; usado, por muitos, para atividades desportivas; um investimento de milhões. 

Vou cair.

Um dos muros mais altos encontra-se completamente abaulado, dizendo vou cair




Nem queria acreditar:


- um dos muros mais altos encontra-se completamente abaulado, dizendo vou cair;

Caminho pedestre que desce a arriba.


- todos os muros apresentam fendas verticais e as rochas, utilizadas na sua construção, evidenciam querer sair do lugar.

Caminho pedestre que desce a arriba, Sines.

Caminho pedestre que desce a arriba, Sines.




Pergunto-me: será que a proteção civil já inspecionou o local? Será que já encontrou soluções? Vai demolir a construção embargada, que se apresenta em elevada eminência de desabar sobre a avenida? O que vai acontecer com a nova gigante construção à beira do abismo, que apresenta tantas derrocadas e fendas, na sua frente a meio da arriba? 

Marginal de Sines

Racha profunda, na frente do edifício, em construção.




Aquela grua vai manter-se no local? Se ao lado uma obra foi embargada, esta também o vai ser? Vai manter-se? De quem era a construção embargada e de quem é a nova construção, que cresce ali ao lado?  E a pedreira? Terá alguma responsabilidade na desgraça que se adivinha?

Sei que uma das casas, na beira do penhasco está à venda por 490 000€: tem vista de mar.

 

Sem sorrisos;

Guida Brito



sábado, 9 de maio de 2020

Reflexão - A Etnia Cigana


A problemática sobre a Etnia Cigana está a incomodar-me.

São Seres Humanos e como tal devem ser totalmente aceites como cada uma das Pessoas Não Ciganas.

O que me incomoda e já me irrita é a quantidade de casos que têm acontecido por todo o País e que envolvem agressões e actos de vandalismo por parte deles com total impunidade. É já em todo o País. Aqui perto de Beja, em Moura, uma Comunidade Cigana recusou-se colectivamente a fazer o Teste de despiste do Covid19. E as Autoridades retiraram-se pura e simplesmente. Não pode ser, é assunto de Saúde Pública. Não é não quererem fazer, é têm de fazer!

O que acontece é que essa Comunidade sente que a Justiça não actua sobre eles. Por isso sentem-se impunes e abusam desmedidamente. A razão destes problemas todos é só e apenas a Justiça. Não age.

Mesmos Direitos, mesmos Deveres!

Sabemos perfeitamente nós, os leigos, que os Agentes de Autoridade, receiam abordá-los porque eles têm armas e bastantes. E disparam, ouve-se. Têm receio e com razão, têm as suas vidas e famílias a protegerem.

Na minha opinião, tem de haver uma solução.

Agir em força e bastante contra situações que alguns deles provocam. Mas tem de ser já, porque a meu haver, está perto de se perder o controle da situação e pode surgir por aí alguma "justiça desesperada" fora da lei.

Tenho dito.

 

José Jorge Cameira.


sábado, 14 de março de 2020

Coronavírus: a verdade

Coronavírus, Guida Brito, Sem Sorrisos, Navegantes de Ideias


Sempre que escrevo, pesquiso e tenho por base pessoas credíveis: é sempre a verdade que pauta a minha forma de ser e o que transmito nos meus escritos.


 Relativamente ao Covid 19, não é fácil pesquisar, pois os governos omitem os números verdadeiros e são esses, os não reais,  que nos são disponibilizados. 


No entanto, pensemos: é muito estranho que a China se decida a construir um hospital de campanha em 10 dias, quando o número de casos rondava a centena de pessoas infetadas (num país onde residem tantos milhões); assim como, noutros países números pequenos dessem origem a medidas drásticas. Uma pandemia decretada, fecho das escolas em toda a Europa e pelo Mundo fora… mas os números a que temos acesso quase que desacreditam a pandemia e nos descansam no “não deve ser tão grave”. 

Os supermercados esvaziam (o papel higiénico vai na frente – sabe-se lá porquê, o vírus dá febre e não cag#$#%%$) mas as pessoas não perderam os hábitos sociais, apenas brincam com cotovelos e “sim senhores” em modos de cumprimento e em tons de gargalhada.



Por algum motivo, as pessoas confiam na minha escrita e são muitos os que me contactam pedindo que escreva verdades ocultadas aos portugueses.

 Desta vez, não foi exceção, vários profissionais de saúde, com medo e de forma incógnita, relataram-me o que o Governo não veicula e a comunicação social não transmite. Relatos idênticos ao último que recebi. 

Uma voz comovida e de choro (confirmo ser um profissional de saúde) pede-me que alerte todos para ficarem em casa e se por algum motivo saírem, ao chegar a casa, desinfetarem-se, incluindo roupas e calçado. Diz ter acesso aos números reais: há milhares de infetados em Portugal e muitas mortes (informações não transmitidas pelo governo). Diz ter acesso a Tacs e exames e, enquanto profissional de saúde, nunca tinha visto algo assim. Refere que o vírus destrói os pulmões em dois dias e que a situação é muito, mas muito, muito mais grave do que aquilo que está a ser transmitido.

A ser verdade (eu acreditei, considero idóneo o último relator), todos os cuidados são poucos e que se “lixe”a diminuição do vencimento, em primeiro lugar a vida: devo proteger-me e proteger os meus; ficar em casa é o nosso lugar seguro.

A ser verdade, todas as medidas tomadas pelo governo foram muito tardias e diminutas para fazer face à realidade. O fecho das escolas, a análise das pessoas com pneumonias internadas em hospitais (que foram contaminando, contaminando),  o fim das visitas a lares, o fecho de sítios públicos… deviam ter sido adotadas aquando do primeiro caso porque os governos já detinham informações acerca da extrema gravidade do vírus. 




Nos milhares de casos já existentes em Portugal (a crer nos profissionais de saúde que ouvi): duas recuperaram, muitos faleceram e os outros não se sabe quais são as sequelas com que terão de viver.
Desinfete-se e fique em casa: cuide si, dos seus e dos que não conhece. Não faça parte da propagação do vírus e da morte dos seus e dos que tiveram o azar de cruzar com o seu rasto.

Sem Sorrisos
Guida Brito



quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

A discussão da eutanásia não é mais que o desvio do olhar: omitindo o chocante


Sem sorrisos - Guida Brito -  Navegantes de Ideias

É um tema importante, mas de decisão pessoal. Nenhum de nós, seres pensantes e plenos de todas as faculdades, está perante o sofrimento atroz, que fala mais alto do que o estar junto dos tão amados, que ditaria pensar sobre o assunto. Controvérsia pura, sem a experiência não saberemos responder, nem questionar as nossas convenções pessoais ou o perigo do mascarar assassinatos com interesse vital em alguns bolsos (legalizar o impensável).




O tema, surgido como que do nada e de modo a chocar, não quer mais do que ocultar os meandros obscuros da sociedade portuguesa. Ocuparmo-nos, impedindo a visualização do que de facto diminui a nossa qualidade e dignidade de vida.

Cá para mim, eu que sou pequenina e sem peso que pese na mudança da corrupção nunca antes vista na sociedade portuguesa, há assuntos que o estado não quer que sejam vistos ou falados, assim: tomem lá a eutanásia e desentendam-se com ela; enquanto isso ninguém vê:




- o genocídio do povo alentejano:

- a Dona Rosalina Dimas que doente da poluição foi obrigada a sair de casa sem nada, com a roupa do corpo (nem casa ou subsídio mereceu):

- o povo de fortes que está a ser dizimado pela poluição de um azeite que até dizem que é o melhor do mundo;

- o envenenamento dos alentejanos com os químicos dos olivais, estufas, amendoais e afins;

- os milhões da “princesa” que ninguém os percebe;




- a destruição plena do património histórico e ambiental;

- o adeus aos sobreiros;

- os bancos que vão precisar de novas injeções de quantias astronómicas dos dinheiros do estado;

-que a resolução dos Senhores primeiros ministros permite casarios junto ao mar, no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa vicentina, e legaliza a escravidão;

- que as culturas intensivas vão atingir limites tão superiores ao já impensado que todo o Alentejo será desértico;

- que os bebés nascem nas ambulâncias e  que os médicos, em Portugal, são tão raros como os hospitais;

- o lítio ou sabe o seu futuro:

- o aeroporto do Montijo, cujas aves se preparam para fazer cair  quem lá tentar pousar;
- ….
Posso continuar mas vocês deixam de ler, não é fácil aliar os problemas do dia a dia, pela falta de educação, justiça e serviços de saúde, com a preocupação de uma sociedade que quer isso mesmo (não dar conta da nossa vida inibe intervenções nos setores que as resolveriam).




Eu, euzinha que sou pequenina, e sem peso que pese na mudança do fundamental, lamento que a democracia discretamente se tenha transformado em Oligarquia (A oligarquia é caracterizada por pequeno grupo de interesse ou lobby que controla as políticas sociais e económicas em benefício de interesses próprios.[2] O termo é também aplicado a grupos sociais que monopolizam o mercado económico, político e cultural de um país, mesmo sendo a democracia o sistema político vigente- Wikipédia).

O que sei é que nunca houve um governo tão pouco preocupado com as pessoas, com a sua qualidade de vida, num desrespeito profundo pela Constituição Portuguesa.
Sem Sorrisos
Guida Brito


domingo, 5 de janeiro de 2020

Alentejo: o património desaparecido devido às monoculturas

Sem sorrisos: Navegantes de Ideias





- Na Salvada, nove hectares de importantes vestígios pré-históricos (únicos na Europa);





Sem sorrisos: Navegantes de Ideias

- em Beja, Villas Romanas e Celtas, desapareceram;


- em Monsaraz, olival tradicional arrancado;

- no Monte Novo e na Farisoa, olival tradicional arrancado, sítio romano e Antas afetados;

- na Mesquita, Évora, sítio romano afetado;

- na Casa alta, Redondo, olival intensivo arrancado; no seu lugar já brilha o superintensivo;

- em Aldeias de Montoito, olival tradicional arrancado;

- em Alvalade, montado arrancado;

- no litoral, desapareceu quase todo o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina; as culturas chegam a 5 metros do mar; estende-se para a zona do Algarve e para a serra da vigia;

Sem sorrisos: Navegantes de Ideias

- longe das estradas, a leste do olhar humano, todas as árvores desapareceram ou já se iniciou o seu abatimento e, no seu lugar, restam os solos nus. Existem áreas com 10 quilómetros quadrados sem uma única árvore.




Posso continuar mas penso que o cansará (são milhares de ocorrências comprovadas).

No Litoral Alentejano, a área de cultivo é tão imensa que ocupa toda a faixa entre Vila Nova de Milfontes e Odeceixe (tendo já ultrapassado este limites, até Aljejur, estende-se para a Serra da Vigia, parou, em muitas situações, a cinco metros do mar). No entanto, a faixa livre de plantações situa-se, maioritariamente, entre vinte a sessenta metros do mar e já é notório  alterações na orologia das arribas.




Não esquecer que as arribas e as dunas são a nossa defesa contra o avanço do mar e a consequente salinização, erosão e inutilização dos solos. É irónico transmitir, às nossas crianças e aos caminhantes, o dever de caminhar pelos trilhos existentes e o não arrancar plantas destas zonas (pela sua vital importância) e, ao mesmo tempo, consentir a sua total destruição para uso de uma empresa. Penso que os manuais escolares e os programas que abarcam devem ser alterados: transmitir o contrário que ocorre, com o aval do estado, fará de um professor: um tolo não confiável.




Neste caso, a recente Resolução do Concelho de Ministros que regula o aproveitamento das águas do Mira legaliza todo o desbaste e a existência de escravidão humana. Como se fosse insuficiente, inviabiliza a punição de qualquer empresa que não cumpra o estipulado.

Numa dimensão de centenas de quilómetros, estas culturas levaram ao desaparecimento do Parque Natural do Sudoeste Alentejano (resta uma pequena faixa entre Sines e Vila Nova de Mil Fontes).

Sem qualquer planeamento, os nossos sobreiros, protegidos por lei, são abatidos e as oliveiras milenares vendidas a um euro no OLX e Facebook.

Nem falo das vidas humanas, uma boa investigação e análises fidedignas permitiriam provar que muito dos que partiram adoeceram devido à poluição. Não há qualquer estudo em curso, a economia e o dinheiro interessa muito mais que a vida dos habitantes deste pequeno país que tinha tudo para ser próspero e feliz.

Não mais que a minha opinião, baseada em factos que comprovadamente existiram.

Sem sorrisos
Guida Brito

domingo, 22 de dezembro de 2019

As árvores do Alentejo


Guida Brito; Sem Sorrisos; Navegantes de Ideias

As oliveiras milenares: umas vendem-se no OLX, ao desbarato; outras, são certificadas em Espanha e vendidas para Itália; outras, seguem em camiões para destinos europeus.




Despovoamos o Alentejo de árvores centenárias e milenares, espécies resistentes a doenças e que não necessitam de produtos químicos, e plantamos: OMGs (Organismos Modificados Geneticamente). Relativamente aos olivais superintensivos e hiperintensivos, agrava-se a situação tendo em conta a proveniência das espécies implantadas: oriundas de um país (Espanha) onde uma grave doença das oliveiras impossibilita o uso dos solos.


Sim. Não há dúvida, na minha opinião, que se trata de Organismos Modificados Geneticamente:

- o mesmo foi referido, em entrevista, numa rádio de Beja, por um grupo de agricultores, a escolha desta variedade de oliveiras, implantadas no Alentejo, deveu-se às alterações genéticas das plantas, garantindo que eram o que de melhor se adaptava ao terreno:




- o uso de Glifosato, na região, confirma: este produto químico (em tribunal, noutros países, foi provado que é altamente cancerígeno) mata todas as plantas que não sofreram alterações genéticas, assim, se as espécies de oliveiras, amendoeiras, de fruto, de videiras e outras resistem ao seu uso, comprovam que existiram modificações genéticas;

- a proveniência de Espanha das oliveiras implementadas, também, confirma; segundo o que li, para poder exportar e na tentativa de reverter a grave epidemia, os cientistas espanhóis fazem experiências manipulando cerca de 8000 genomas: uma vez que as inicialmente implantadas, neste país, estão contaminadas.

A tratar-se de OMGs, significa que a lei portuguesa não é mais do que um papel com letras escritas para os estrangeiros e para as empresas; a sua utilização, para além de outros, carecia de consulta pública e rotulagem em conformidade: o que não ocorre.

As árvores centenárias, resistentes a doenças e que não necessitam de produtos químicos, são vendidas, arrancadas ou, simplesmente, queimadas e enterradas. Tal como na Amazónia, longe dos olhares, aparece um caminho, uma clareira é aberta e, aos poucos, todas as formas de vida são mitos; dão lugar a um grande círculo, a outro, a mais outro e, num raio de muitos quilómetros, a vida esvai-se na ganância e do quero para mim tudo o que tens.




Nas serras, na planície, é visível (com exceção para dois ou 3 concelhos) que toda a vegetação desaparece. O Montado (azinheiras e sobreiros) seca de um dia para outro; por vezes, é simplesmente arrancado ou queimado. Nem os Parques Naturais são respeitados, a sua vegetação, espécies únicas e a beneficiar de proteção na lei, é simplesmente decepada.

Muitos olivais e montados são arrancados sem qualquer autorização. No caso dos olivais, por vezes, o futuro comprador (ou outro aparentemente alheio ao negócio) vende as árvores antes de adquirir o terreno. 

Após a venda do terreno, não há culpados: o vendedor não sabe o que aconteceu e o comprador adquiriu o terreno sem árvores. Nestes casos, o arranque das árvores fica a cargo do seu comprador, não havendo, assim, prevaricação por parte dos envolvidos no negócio de compra e venda do terreno.

Os novos contratos já assinados, com empresas estrangeiras, dada a dimensão das áreas que abarcam, levam a crer que nada restará do Alentejo e grande parte do Algarve. Além dos milhares ou milhões de árvores milenares e centenárias arrancadas, já é visível, através de fotografias aéreas, o início da queima ou arranque das que sobejaram. 

É a dor e a morte, por todo o Alentejo.
Sem sorrisos;
Guida Brito


sábado, 21 de dezembro de 2019

Alentejo: alvo fácil da ganância alheia


Sem sorrisos; Guida Brito; Navegantes de Ideias

Os Montes surgiram devido à tentativa de moldagem dos habitantes a novas regras sociais. A fuga dos inadaptados, às exigências de uma sociedade injusta e de elites, fomentou que, aqui e ali, há muito tempo, surgissem pequenas habitações, pertencentes aos homens livres: os Montes alentejanos.






Iniciou-se um novo e nobre povo, cujas características se mantêm até aos dias de hoje: humilde, sábio, respeitador, simples mas livre. Em plena comunhão com a natureza, vivia das ervas da planície e das margens da ribeira, de pequenas hortas e do pastoreio.

Hoje, são, maioritariamente, idosos que ali habitam: alvos fáceis da ganância alheia. Na solidão dos pequenos povoados, a sua voz é abafada e a sua simplicidade apelidada de ignorância. 

Hoje, o povo alentejano vê as novas plantações invadir o perímetro dos povoados, vê-as entrar em casa; vê as águas interditas a uso público e os seus cursos desviados; vê a planície decepada das ervas que aprendeu a usar na sua alimentação; vê as árvores milenares serem vendidas ao desbarato, no OLX; vê os sobreiros e as azinheiras serem arrancadas ou queimadas; sabe as praias contaminadas; chora o ar gorduroso e nauseabundo; sente os químicos que o matam; e, na sua velhice, agasta-se com a nova doença que aqui chegou: o cancro. 

Cala-se envergonhado de uma culpa que não tem.
Sem sorrisos; Guida Brito; Navegantes de Ideias

E, a lei? A lei, nas suas exceções, por vezes, legaliza um genocídio sem precedente; por vezes, não é aplicada. Em nome do desenvolvimento económico, do alto interesse financeiro: ceifa-se, aos poucos, em morte lenta, todas as formas de vida, incluindo as humanas.


Em plena Europa, a dúvida persiste: quem o inflige? Portugal ou Espanha?

Sem sorrisos;
Guida Brito