segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Abriram-se-me os sentidos e coloquei o olhar à espreita.

Há muitos anos deixei esta lembrança na casa de um amigo que a guardou religiosamente. 





Hoje, na hora do reencontro, sorriram-lhe os olhos: “tenho uma prenda para ti”. Do bolso do casaco exala um cheiro a mofo que denota, de imediato, uma antiguidade. 

Abriram-se-me os sentidos e coloquei o olhar à espreita. Persegui cada gesto seu e entre uns dedos da minha idade surgiu um velho papel amarrotado pelo tempo e amarelecido pela espera: “toma, guardei-o para ti”. 

Regressei ao passado, era jovem - muito jovem- trabalhava na ilha Graciosa e sempre sorridente cativava  simpatia e gestos doces. Shiiiiiiii…. o Senhor Florisberto… O senhor Florisberto era o dono do café Floris: passagem obrigatória depois das refeições ou antes das idas ao Moinho (a discoteca mais deliciosa que já conheci)…. Shiiii… o que um simples papelinho envelhecido de afagos avivou na minha memória!



Vai-se lá saber porquê mas o Senhor Florisberto gostava de mim e decidiu honrar-me com um cocktail : Alentejana. Cocktail que beberiquei ao longo da minha estadia na ilha e se bem lembro era o preferido pelo grupo de amigos que percorria os mesmos passos. De forma solene ofereceu-me a receita antes de partir da ilha - inadvertidamente esqueci-o em casa do meu amigo que se interessou pela receita e a recriou. Pensei-o perdido e senti alguma mágoa. Reparto convosco a história e a receita:  Alentejana.
Sorrisos
Guida Brito

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