terça-feira, 27 de junho de 2017

Macaco de Gibraltar


Inesquecível

      Há momentos inesquecíveis: este foi, sem dúvida, um dos mais emocionantes. A ternura do dia não poderia ser melhor representada. Após umas boas centenas de quilómetros de estrada, extenuados mas felizes, chegámos ao topo de Gibraltar e fomos recebidos por uma numerosa e ternurenta família de ladrões e saltibancos. É impossível não sorrir.

Três países (Reino Unido; Espanha e Marrocos)/ Dois continentes (Europa e África)


quinta-feira, 22 de junho de 2017

O segredo do Chapéu de palha

     Prometemos desvendar o grande segredo que encerra este gracioso chapéu de palha. Então, vamos lá fazer render o peixe e prender-vos- vocês aí desse lado- numa boa leitura às minhas palavrinhas. Lembram-se dos meus troquinhos? Claro que se lembram: andam sempre a espreitar o nosso porta-moedas. Pois é, há 16 dias que vivemos com a módica quantia de três euros diários e comprometemo-nos a fazê-lo durante 30 dias. Temos cumprido, integralmente: só publicámos 13 dias devido ao excesso de trabalho no final do ano letivo. A experiência tem sido um êxito: fizemos as contas e gastamos em  cada uma das nossas refeições equilibradas: 0,30€. No entanto, uma das regras do jogo: o dia do meu aniversário não entrava nas contas. E prontosss.... vamos contar: vamos jantar fora e eu precisava de um chapéu. Já sabem. Sabem mas não sabem tudo. Um chapéu é a primeira compra que se faz quando se embarca numa nova aventura. Isso mesmo: há mais surpresas. Sei que vai ser a primeira e única vez que vou fazer 51 anitos e este evento, que só acontece uma vez na vida das pessoas, requer uma comemoração muito especial. Assim sendo, vai que não vai, comuniquei à restante direção que vamos interromper os escritos na etiqueta Nós 2/ 3€ dia/ 30 dias e os próximos cinco dias serão publicados na etiqueta Viagens. Opssss... pois, exato: vamos, sem destino, procurar um restaurante que cative e grande qb para receber toda a equipa do blogue "Navegantes-de-ideias". Partimos sem destino mas com o gosto de talvez passar por Guadix. Sem planos nem programas; com esta equipa nunca se sabe o que pode acontecer. Meia dúzia de trapinhos, uma geleira, uma tenda e plenos de sorrisos vamos à aventura. Não nos perca: diremos tudo.
Sorrisos
Guida Brito

quarta-feira, 21 de junho de 2017

A minha janela



               A minha janela podia ser um dos lugares mais maravilhosos e encantadores do mundo: podia mas não é. Em frente a um pátio era propícia a umas boas serenatas que teimam em não se fazer ouvir; podia ser palco de estrelas mas geralmente está nublado; podia abraçar desejos à mais singela estrela cadente mas, também… podia, podia, podia…nem as fadas pairam por aqui; oiço as discussões dos vizinhos e as brincadeiras das crianças no final da tarde, uma azáfama, um corrupio audível de palavras delirantes e presas nas gargantas dos menos ousados. Aqui, nas traseiras do meu prédio e no pátio da minha janela, as palavras não têm preconceitos: soltam-se e obrigam-nos a dançar, entre sorrisos, na canseira dos afazeres do jantar. Hoje, a vizinhança está calma, cansados da praia não apresentam forças para as habituais frases do fundo da carteira; o espaço foi evadido por alguns petizes que se fazem ouvir
   -Gooooooooooooooloooooooooooooooooo…
  - Portugalllllllllllll marcaaaa. È golo, é golo, é golooooooooooooo… Portugal ganha:1/0
       Pensei recuar no tempo, espreguicei-me nas nuvens e … rapidamente petrifiquei.
  - Vai, vai Ronaldo marca, marca e é g…… Mãeeeeeeeeeee! O Ronaldo não quer marcar.

13ºdia- Nós 2/ 3€ dia/ 30 dias

     
     Desculpem; continuamos a viver com três euros diários mas não temos conseguido fazer-vos chegar as palavrinhas. O final do ano letivo é muito absorvente: não há espaço para respirar.

     Pensámos fazer um arroz xau xau, daí as nossas compras. Não foi uma boa opção: o molho de soja barato era uma boa "jamais devia ter comprado". Senti-me tão enganada que quase, quase, quase que lá fui... Não, não fui porque teria que fazer uma análise detalhada do produto e não sei se saberia todas a palavras a utilizar: era trabalhoso pesquisar as palavras que não pertencem ao nosso dicionário. Shiiiiii.... reticências ponto e vírgula! Barato não pode ser sinónimo de uma boa palavra que não sabemos. Conclusão: engolimos o jantar mas salvámos o almoço do dia seguinte (não levou molho do dito cujo que necessitava de palavreado não constante do nosso livrinho de boas palavras).

     Para as sobremesas e lanches fiz pãozinhos de leite. Como não havia tempo suficiente para os levedar: coloquei-os em forno a 60ª meia hora; levantei a temperatura para 200º e em dez minutos um delicioso cheirinho satisfez o paladar.


     Lamento não vos fazer chegar o recibo: perdi-o. Gastei três euros certinhos e o mealheiro nem se atreveu a ripostar. de olhar cabisbaixo não parece muito feliz.

Sorrisos
Guida Brito

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Quem te cegou?

      

      Quem te cegou?  As tuas certezas. 
Sorrisos
Guida Brito

Tu és uma gaivota


 Mudar o outro não é o caminho: aprender-te é ensinar-te o que sou. Guida Brito


     “Tu és uma gaivota… E gostamos de ti porque és uma gaivota, uma linda gaivota. Não te contradissemos quando te ouvimos grasnar que és um gato, porque nos lisonjeia que queiras ser como nós; mas és diferente, gostamos que sejas diferente… demos-te todo o nosso carinho sem nunca pensarmos em fazer de ti um gato. Queremos-te gaivota… contigo aprendemos uma coisa que nos enche de orgulho: aprendemos a apreciar, a respeitar e a gostar de um ser diferente… És uma gaivota e tens de seguir o teu destino de gaivota “ in  História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar- Luís Sepúlveda

12º dia-não superado- Nós 2/ 3€ dia/ 30 dias

        O impensável aconteceu: dia não superado. Eu conto tudo. 
     Aos poucos, vão-se esgotando os restos da despensa. Embora escassos, têm permitido o sucesso da meta a que me propus. O arroz, a massa e principalmente o leite, têm sido ingredientes chave. O maior problema vai ser comprar azeite: gordura que não dispenso- é a mais saudável. O que existe em casa deve temperar mais duas ou três saladas. Vamos ter que nos organizar e pensar numa solução. Errar nas contas ou comprar azeite não constitui um problema grave para mim. Podia, facilmente, excluí-lo e isto parecia o que não é. Não quero: quero saber o que é viver assim; quero acabar com o consumismo impensado; quero acabar com os desperdícios; quero fazer valer cada centavo do meu vencimento (descobri que trabalhei muito para conseguir as sobras que foram parar ao lixo); quero preparar o meu filho para um futuro que não sei e torná-lo o mais autónomo e batalhador possível. Sei que existem muitas famílias que vivem com muito menos do que eu- e sem a segurança do posso acabar com isto; gente que vive ao nosso lado e a quem exigimos posturas que só são possíveis a quem não se desvia de determinada forma existencial. O meu filho "leva da brincadeira", entre aspas, uma aprendizagem que só se consolida na experiência. Aprendeu a gerir de forma controlada escassos meios; aprendeu a desenrascar-se; aprendeu que o muito se esgota e o pouco dá para muito; aprendeu a fazer... aprendeu tanto. Adorei o dia em que tinha deixado apenas pão para o lanche; não havia manteiga; não havia queijo; não havia doce; não havia o que normalmente há no mero gesto de abrir o frigorífico. O meu filho não exigiu, não pediu: havia nectarinas, fez doce. Podia dar-vos n exemplos do sucesso desta "brincadeira", entre aspas. Meus amigos, os nossos filhos estão habituados que a água escorre dos dedos da mãe quando a gritam da cadeira do computador ou do lugar, sentado, do sofá. Habituaram-se ao prato na mesa e ao abrir do frigorífico. E, nós entramos na rotina do é mais fácil. Num mundo correrio: facilita satisfazer, cansa contrariar. São hábitos tão "rotinos" que se tornaram inatos e deixaram de ser pensantes. Em 12 dias, o meu filho tornou-se muito mais homem e isso valida: todos os tostões que não gastei e, toda, a trabalheira desta aventura. Não facilitar é o melhor professor que qualquer jovem pode ter.

         Adiante.
     Já sabem: pequenos almoços e lanches baseiam-se no leite, cereais, pão e bolachas (que tenho cozinhado); os almoços provêm das quantidades calculadas, em excesso,  do jantar.
        A hora das compras é a que transborda sorrisos. Hoje, visitei dois supermercados. Primeiro comprei asa de peru- esqueci-me da foto mas consta nas contas. Corri às nectarinas e à couve branca. Sobrava o suficiente (pensava eu) e decidi comprar grãos. Feliz, elaborei um requintado jantar que vai dar para três refeições- já tenho frigorífico; não há problema.
     Cozido de couve e grão. O sumo nunca falta. 
(Vou deixar de escrever, aqui, as receitas: irei colocá-las na etiqueta "Receitas da minha cozinha")

     Após o jantar, fui organizar escritos e talões de gastos; ouvi o resmungar do velho mealheiro e fiquei vermelha como um pimentão: gastara um cêntimo em excesso! Shiiiiii... Santa Barbatana! Atirei-lhe com a caneta e, até hoje, ninguém mais o ouviu: quando não há é para todos.

     Sorrisos
Guida Brito
   

domingo, 18 de junho de 2017

sábado, 17 de junho de 2017

Barulho


Sorrindo

       
      Tenho muito bons alunos. Nem sempre tenho tempo de partilhar os seus escritos mas tenho um enorme orgulho nas suas produções. A grande maioria, escreve e pontua com uma correção invejável e pouco comum nesta faixa etária. Embora, por vezes, me façam sorrir (e muito) com a sua desatenção. São muitas, muitas e muitas, as horas de trabalho que um professor do primeiro ciclo tem que dedicar às avaliações. Noites mal dormidas que sorriem com pequenas distrações dos pirralhitos- aliviam o cansaço.
       Escolher dois espaços públicos de uma planta e referir a sua função- era o desafio. Uma aluna. muito trabalhadora, decidiu falar sobre todos os espaços e escreveu:
      "Na escola aprende-se; na igreja há missa; na papelaria fazem bolos; na câmara ????; e na gelataria há gelados."

11º dia- Nós 2/ 3€ dia/ 30 dias

     Não se altera o que nos faz feliz: um mergulho antes do almoço é renovador. Embora em tempo curto, o momento já é uma certeza.
    O dia foi normal dentro da nossa anormalidade de gastos: três euros são os nossos gastos diários. Sorrindo e somando momentos. Ser feliz é uma forma de estar na vida: os sorrisos dependem do nosso querer.

Pequeno almoço- iogurte, leite, cereais, pão, doce e manteiga. Idem aspas para os lanches.


 Almoço- o peixe, no forno, acompanhado de salada e com uma bela sopa. O meu pão ficou divinal.
 Ampliámos as propriedades da salada acrescentando, à diversidade de legumes, cebolinho picado(da horta da nossa janela).


     Antes do jantar, passámos nas compras. A necessidade, urgente, de cereais levou-nos à primeira escolha. Passagem pelo talho: uma das promoções veio-nos parar às mãos. Acertámos o preço com cenouras: olha a balança; olha a frutaria; olha a balança; olha a fru...

     Jantar


     Entrecosto no forno e arroz branco. Para acompanhar: usámos o cor de laranja do fruto pintado.

     Contas feitas: 0.06€ para o mealheiro.
     Sorrisos
Guida Brito

quinta-feira, 15 de junho de 2017

10º dia- Nós 2/ 3€ dia/ 30 dias

        Hoje, a escolha foi peixe- a ideia é uma alimentação a preços idiotas mas equilibrada. O principal é provar que conseguimos sobreviver com os cêntimos que gastamos em café e afins ou que esquecemos nos fundos dos bolsos dos casacos. Nós por cá, estamos a sobreviver ( não é a palavra certa: fazemos uma alimentação correta) com a modesta quantia de três euros diários. Fizemos as contas e, surpreendentemente, concluímos que gastamos menos de trinta cêntimos por refeição. Com o que poupamos iremos de férias a preços, também eles, idiotas.
      A melhor hora do dia: a hora das compras. Comprei quatro batatas mas só usei três. Os tomates ajudam no sabor, nos sumos e nas saladas. O movimento entre a frutaria e a balança deveu-se ao pimento. Shiiii! Santa Barbatana.
     Advinham-se problemas com o azeite e os cereais- necessitamos de nos organizar para dar certo. O dia foi calminho.
     Pequeno almoço- um pouco de tudo o que há em casa - os sconnes desaparecem a uma velocidade vertiginosa. 
     Almoço- as iscas: as minhas foram consumidas após um belo mergulho na Lagoa.
      


     Jantar- carapau no forno.  Azeite qb no fundo, a batata, o peixe, uma cebola, dois tomates e metade do pimentinho. Que pena que não existia pão para a sopinha! Sumo: sempre. 
     Sobremesa- não havia doce mas o Rui fez um de nectarina. Sconnes com doce.
     Lanches- cereais, leite e sconnes.

     Recordam-se do fermento: utilizei-o na massa do pão. Vejam a diferença: belo e alentejano.


Contas feitas e sobrou 0.01€: mealheiro. 


Sorrisos
Guida Brito

O João sonhador- simplesmente tocante: acrescento eu.

     Era uma vez um menino chamado João e ele sonhava muito. Nos seus sonhos, ele era polícia, bombeiro, astronauta... Em casa, no verão, ele dormia muito: portanto, ele sonhava muito.
     Um dia, foi à rua e encontrou o seu melhor amigo, o Rodrigo, e começaram a falar:
    - Então, como é que estás?
    - Estou bem- respondeu o Rodrigo.
    - Ando a sonhar muito.
    - Oh! Mas tenho que ir rápido.
    E, assim, o João voltou a casa, comeu e dormiu, sonhou e acordou. E sonhou muito. Agora, o seu passatempo é sonhar.

Homem de Ferro (8 anos).

Onde quer que estejas, Rodrigo, o amigo continua a sonhar-te- beijinhos, Guida.



Guida- Zaine (10 anos)


Beijas o meu amor
Beijo o teu coração

Cantas a música do meu olhar
Canto o teu desejo

Acordas as minhas cores
Acordo o teu coração
Zaine

(Zaine, estou tão feliz: acordou o teu gosto pela escrita, pela leitura e pelo desenho. E que belo acordar! Beijinhos. Guida)

Ementa do dia



      Mimos... especialidade da casa, prato único da ementa: pegadas de carinho bilateral.

Sorrisos
Guida Brito

quarta-feira, 14 de junho de 2017

9º dia- A lagoa- Nós 2/ 3€ dia/ 30 dias


     A foto não é de hoje: é de amanhã. As iscas, ainda, não foram compradas. Voltei a cometer o habitual descuido de passear a máquina sem cartão e queria assinalar o regresso a um velho hábito: um mergulho à hora de almoço. Troquei-vos as voltas e postei uma foto do dia que há-de vir. Pronto; já sabem: fiz uma corridinha, um bom mergulho e um bom almoço (salada russa; lembram-se? Igual ao jantar de ontem). Regressei ao trabalho, meio molhada mas a Lagoa estava divinal. Chamo a isto: qualidade de vida com os meus  três euros diários. Fico feliz em partilhar que consumi 0.30€ de almoço, após um mergulho, numa Lagoa sem igual.

     Vamos às compras
      Descobri um supermercado onde é possível comprar fruta e legumes com o meu, muito escasso, vencimento. Comprei muitas nectarinas (estas, sim, estavam em promoção e sem enganos). A manteiga está no fim: aos saltaricos até à promoção. Optei pelo fígado: acessível e um excelente alimento. Restavam alguns cêntimos, apaixonei-me por um quarto de couve e um tomate. Surpreendentemente sobrou 0.17€. Fui gastá-los e comprei mais um tomate- não posso ter dinheiro. A couve partida é mais cara do que a inteira mas acabamos por lucrar (o muito sobeja e vai para o lixo; o pouco permite muita variedade à mesa).
      Ementa
      Pequeno almoço- cereais  (estão quase no fim), leite e torradas- que ninguém vive sem café: já sabem.
       Almoço- salada russa- claro, o que jantámos.

                                                   (a sopa que fiz dá para oito doses)


                                        (fiz quatro doses)
      

       Jantar- sopa, iscas com excelente salada; sumo de tomate e cenoura.
                                         (fiz duas doses iguais a esta)
           Sobremesa- sconnes com doce de tomate; gelatina (havia uma na despensa) com nectarina e batido de abacate.
       
               Lanches- sconnes com doce e manteiga.

       Fiz mais sconnes- são ótimos para lanches.
      Contas feitas e sobram três cêntimos: mealheiro e estou quase de férias.
     

Sorrisos
Guida Brito

terça-feira, 13 de junho de 2017

8º dia- O fruto cor de laranja- Nós 2/ 3€ dia/ 30 dias



     Ementa
Pequeno almoço- leite com cereais e uma torrada.
Almoço- sopa, febras (sobras do jantar) e salada.
Lanche- bolachinhas, pão com manteiga e metade de um pêssego.
                                                                Fiz quatro porções iguais a esta.
     Jantar- salada russa com delícias do mar e ovo; sumo de tomate, pepino e cenoura; fiz uma bela sobremesa: sconnes com doce de tomate e abacate.
     Havia um frasco de grãos, um pouco de massa, tomate, pepino, cenoura, alface, temperado com azeite e já está. De um pacote, sobraram três delicias do mar- servirão para enriquecer outra salada.

   Na deliciosa hora de ir às compras, deparei-me com uma promoção de delícias do mar: escolha certa. Comprei iogurtes mas esqueci-me de os fotografar: são seis e sem açúcar. Ainda há bastante pão (o pão alentejano tem a vantagem de se poder guardar quatro ou cinco dias). Comprei farinha porque o dinheiro é suficiente e não quero que se esgote em casa- posso fazer pão, bolo, bolachas ou sconnes. Seguiram-se ovos: só há dois nos fundos da gaveta. E já se adivinha: um vai que não vai e volta até à balança para adquirir dois tomates. Fiz as contas e sobravam dezanove cêntimos: não me apeteceu retomar o andamento para fruta- preguicite derivada de uma oferta. 
     Sente-se e descanse, intervale, comente com a família: eu conto tudo.
     Enquanto andava nas compras, procurei fermento padeiro. Não o encontrei mas lembrei-me que ando completamente tonta. O fermento é o mais fácil de fazer em casa. Faz-se um pouco de massa de pão e deixa-se, durante vários dias, na prateleira do armário. Usa-se na massa do pão e reserva-se, sempre, uma parte para o próximo pão. E pronto: não preciso voltar a fazer- receita da minha avó. A minha doce avozinha fazia pão para um mês que guardava numa arca. Lembro-me da tigela do fermento na bancada da cozinha.
      O fermento foi a minha primeira actividade noturna.

Seguiram-se os sconnes. São fáceis, rápidos e muito baratos. 

Receita: fiz metade.
500 gramas de farinha
1 colher, de chá, de sal
5 colheres de sops de açucar
40g de mateiga
1 ovo
Numa tigela misture a farinha, o fermento e o açúcar. Abra uma cavidade e junte manteiga, leite e o ovo.
Mexa rapidamente.
Unte o tabuleiro com manteiga e polvilhe com farinha.
Faça montinhos.

Vai ao forno a 200º C


Ficaram muito bons mas pegaram ao tabuleiro. Hoje (estou um dia atrasada nas publicações) repeti mas antes de polvilhar a farinha untei o tabuleiro com manteiga. Ficaram excelentes.

      No verão passado, a equipa dos Navegantes de Ideias perambulou, de mochila às costas, pela Irlanda e fizemos esta descoberta magnífica: sconnes com doce e natas. Nós por casa, tínhamos  doce de tomate. E as natas? Lembrei-me do abacate cor de laranja. Opssss! Não sabem a história. Vou contar. Mão no queixo e ouvidos atentos. Chame a família: eles vão querer ouvir. Um senta-se no colo e os outros puxam uma cadeira. Calma que eu espero: ainda estou a escolher as letras.
     Bora, todos atentos; adiante. 
     Uma amiga perguntou.me:
     - Agora, muito a sério: queres alguma coisa cá da hortinha?
   Até os cêntimos cintilaram escondidos na carteira. Os meus olhos transpareceram riqueza e zás. Os dedos escreveram... adivinhem? Qual é o material mais dispendioso do planeta? Ah? SALSA. 
     - Quero SALSA.
     - Pedes logo a única coisa que não temos.
     Caramba! Claro! Que tola! Quem é que tem SALSA? Ninguém. Têm medo de ser roubados e todos são pobres para a possuir. Sim. Guida, ter SALSA é sinónimo de ser multimilionário. Se ela tivesse salsa estava perdida numa qualquer ilha particular no seu iatezinho.
        Em modo de redimição. atirou-me?
      - Mas temos tanto: pepinos, tomates, alface, abacates...
      - Abacate, quero um abacate.
    Combinada a quantidade e a oferta prometi a escrita- um escolher atento das letrinhas que lhe fizesse merecimento.
     De manhã, lá estava o saquinho à minha espera. Meio apressada, atirei-lhe o olhar e vi cor de laranja. Coloquei na bagageira do carro e pensei: ficou traumatizada com o verde da salsa e pintou-me os frutos de cor de laranja. Só mais tarde descobri quatro belos abacates e duas grandes laranjas. Uiiii! Tanta fruta: vou baixar o orçamento cá da casa.
     Conclusão: fiz os sconnes e não tinha natas. Não faz mal: os ditos com doce de tomate e o fruto cor de laranja que fica da cor da salsa, no prato, é tão cremoso que recorda o branco das natas. E cá está ele.

    Fechámos os olhos e o paladar fez-nos reviajar pela Irlanda: sentimo-nos na sua famosa costa ,Giant's Causeway- onde degustámos os melhores.
      Conta feita:

Mealheiro: 0.19€.
Riu-se: partilhe.
Sorrisos
Guida Brito

O que fazer com 0.30€? Vamos a contas.

   

     Quando iniciámos esta brincadeira (parecia num primeiro olhar) nunca imaginámos angariar tantos sorrisos nem deliciarmo-nos com tantas surpresas. Apesar do risco, pensámos que o caminho seria: os enlatados. Isso significaria que não alcançaríamos o fim- impensável uma alimentação baseada num contranatura ou no pouco saudável. Na primeira refeição, descobrimos que os enlatados são demasiado caros e só passando fome concluiríamos uma menos de metade do desafio.  De imediato, iniciámos uma alimentação saudável, equilibrada e variada. Garanto-vos que não comprei nenhum alimento extra, relativamente aos que constam nas faturas, e que existia em casa, única e exclusivamente, o que publiquei. Hoje foi dia de, num lugar sentado, fazermos contas à vida. As nossas conclusões:
     - a nossa alimentação é muito equilibrada, muito variada e saudável. Melhorou.
         - continua, igualmente, saborosa.
     - respeitamos o horário das refeições e contrariamente aos anteriores hábitos saboreamos cinco refeições. Não tenho falado muito nos lanches mas eles têm sido consumidos. Melhorou.
      - o nosso pequeno almoço é mais reforçado e muito variado: torradas, pão, doce de fruta, bolachas, iogurtes, leite, cereais... até salada. Anteriormente, era muito mais pobre.
     - temos sempre sobremesa: bolachas, pudim ou metades de fruta. Inovação na nossa vida alimentar.
     Estando ambos tão satisfeitos e conscientes que não precisamos de mais, decidimos fazer cálculos. Agora, sentem-se e leiam d-e-v-a-g-a-r. Fechem a boca e segurem-na para que não entre mosca. Preparados? 
      Fazemos cinco refeições diárias, cada um. Um total de 10 refeições.
        Gasto 3€ para comprar 10 refeições o que significa... gastamos t-r-i-n-ta c-ê-t-i-m-o-s em cada refeição. E ainda: se o mealheiro engordou.... Fizeram contas? Exato. Comemos com menos de trinta cêntimos por refeição.
      A nossa surpresa foi tão grande. E ainda há quem diga que um euro não dá para nada? Cá em casa servimos três refeições e reservamos para férias um excedente grandioso.
Surpreendeu-se: partilhe. Obrigada.

 Sorrisos
Guida Brito

segunda-feira, 12 de junho de 2017

7º dia- Nós 2/ 3€ dia/ 30 dias

   
       Um domingo calminho; o pequeno almoço foi idêntico ao do dia anterior. Ao levantar da pestana: um café e os sorrisos são o sol do dia. Ainda há frango para o almoço  mas uma salada disfarça o sabor repetitivo.
     Hoje, apeteceu-nos pão alentejano. Tinha pensado fazer uma sopa com os legumes que comprei ontem; achei uma ótima ideia uma boa sandes para o jantar. Comprei a carne da promoção: quatro febras grandes- almoço e jantar garantidos. Reservei 1.50€ para a padaria e aos saltaricos da frutaria para a balança e vice versa volta atrás, consegui um tomate. Entre sorrisos saboreei o doce que renovaria à noite. E prontos: comprinhas feitas. 
         Jantar
       Fiz doce de tomate. Já sabem a receita: 4 colheres de açúcar por fruto e um pouco de água. Vai ao fogão e é rapidinho. Estes doces são uma delicia e enquanto arrumo a loiça ficam prontos.


     Sopa- refoguei meia cebola, um dente de alho e  três cenouras. Acrescentei água, duas batatas, cebolinho, alface e o resto dos agriões. Depois de passado, chegou a hora de ir parar ao tacho um caldo de carne e o feijão verde laminado.

     
       Sandes- febra "grelhassada" (para variar) adornada com alface e um pouco de alho. Acompanhada com um belo sumo de tomate com pepino. 

     Apresentam-se as contas. Não há a da padaria (não dão o tichet) mas já sabem que foi 1.50€ de pão.

            
            Já fizeram a soma? Quanto reservei para as férias? 0.05€. 
         Numa das mensagens trocadas sobre as finanças cá da casa, perguntaram-me: E onde vais de férias? Este ano, pela primeira vez, Os Navegantes de Ideias vão separados. O elemento mais novo já as tem marcadas. E as minhas? Bem... sou a única ir e última a saber: não escolho o destino, escolho as mais baratas. Provavelmente compro-as, pego na mochila e corro até um dos aeroportos mais próximos. Não vou conseguir gastar só três euros por dia. Não quero ir à cozinha e, como tenho comprovado no meu blogue, é muito mais económico realizar as refeições do que comprar enlatados. Aliás, este desafio vai a bom porto porque não compramos enlatados nem comidas pré-feitas- para mim, é um facto surpreendente. Pode ser o próximo desafio aqui no blogue: contas diárias das minhas férias.
      P.S.- Confessem: pensaram que este desafio ia dar errado. Mais um dia superado.
                                                       Sorrisos
                                                     Guida Brito