terça-feira, 28 de julho de 2015

Defeitos


"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro."
Clarice Lispector

São os defeitos que nos distinguem e singularizam. A perfeição não existe- felizmente, deve ser uma monotonia.
Guida Brito

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Anda


“Anda. Quero roubar-te um beijo antes do primeiro café do dia. Quero trazer o teu abraço no corpo antes de despertar. Quero prolongar o sorriso para todo o dia.
Anda. Um beijo e um café, Quentes.
Bom dia, meu amor.”
Rita Leston

Sentir


"Sentir é estar distraído."
Fernando Pessoa

domingo, 26 de julho de 2015

Tarte de rosas de maçã com licor da Guida Brito








Ingredientes:

massa quebrada

Para o creme :
400 ml de leite
100 ml de vinho branco
3 gemas
1 vagem de baunilha
1 casca de limão, ralada
5 colheres de sopa açúcar
5 colheres de sopa farinha
1 copo de licor de tangerina da Guida Brito (J )
8 maçãs

1- Estenda a massa sobre uma travessa.
2- Bata a farinha, o açúcar, a raspa de limão e um pouco de leite. Junte o restante leite e o vinho.
3- Leve ao fogão e deixe ferver. Desligue e reserve até arrefecer.
4- Corte fatias de maçã.
5- Enrole as fatias de maçã com a forma de rosa ( se eu consegui, você fará lindas flores- looolll)
6- Coloque o creme sobre a massa.

7- Coloque as rosas e polvilhe com amêndoa ou noz ralada.

8- Pincele as rosas com licor de tangerina, da Guida Brito.
9- Leve ao forno, a 180º, até solidificar o creme.

10- Sirva, a tarte, fria.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Não ir embora


UMA DEFINIÇÃO NÃO ENCONTRADA NO DICIONÁRIO - Não ir embora: ato de confiança e amor, comummente decifrado pelas crianças.
 In A Menina que roubava livros




sexta-feira, 17 de julho de 2015

O David- A minha relação com o David




- São do David, professora.
- Hummmm????????
- A professora sabe. Então? A professora adora-o.
( Eu???!!!!??? Adoro-o ???!!!???? Ai! Uma palavra um pouco forte para descrever o que sinto por alguém da classe inimiga: os que batalham do lado de lá porque querem o lado de cá – tudo se me passou pela alembradura – a cachimónia de ideias - menos o vislumbre do rosto ou corpo que transporta, certamente, umas mãos fortes, sensíveis, delicadas e alegres e uma mente surreal, jovem, doce, naif e sonhadora ( a pensar assim mais parece que o amo, chiça…).  Não me
lembro do David, não sei se o adoro, o que é certo: é que o que brota do seu ser é ouro e transluz as cores do arco-íris – aquelas que nos cativam e fazem sorrir. Curiosa, muito curiosa… essa do reconhecer, publicamente (ao que parece/ ainda por cima), que adoro um elemento do sexo oposto… não se afigura ser meu. Será que me esqueci de mim? Dos cuidados que tenho em manter uma boa picardia e de não entregar as botas nem que a vaca tussa? Que terá acontecido? Ter-me-ei perdido ao contornar uma pedra do caminho? Acertaram-me com um limão na testa e fiquei mais ácida do que costume? Seja lá quem for o David… as mãos são experientes e transmitem ternura.)
- Oh! Professora! Então? As árvores da nossa escola? As galinhas?... a professora delira com os trabalhos dele!

(Ahhhhhhh! Pois é: O David! Não, não  conheço o David. Claro que conheço o David! Nunca o vi mas sei-o… claro que adoro o David-  aqui não há picardia,” lembra-me a mim, anos atrás”: um jovem, inicio de carreira, alheio à podridão que se instalou no meio e a troco de quase nada, trabalha- e tão bem- por gosto, cativa e abre quereres em mentes muito jovens que lhes são confiadas- e ainda bem. David, adorei.



Desculpem, esta não é do David! Deixei-vos apenas um cheirinho, ele fez muitas mais!

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Caracóis



O meu aluno Zair, 6 anos.

- Professora, vais ficar assim muito tempo.
- Assim como??!!
- Com os caracóis fugidos.
- Não, querido, amanhã isto passa.
- Ufa!
(Ahahahahahhahaha LOL)

Vamos brincar...


Estes meus alunos...

- Professora, queres brincar?
- Bora!
- Eu sou a mãe, ele é o pai, ela a filha... e tu és a avó.
- Avó??!! Eu?!! Já não brinco. TUDO PARA A SALA!
- Vá lá.... também podes ser a bisavó. Precisamos de uma velha.
- Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Malandra



Na sala de aula.
Um aluno concluiu o trabalho com sucesso. Feliz por ter ultrapassado as suas dificuldades e agradecido pelos meus incentivos, virou-se para mim e disse:
- Malandra, anda cá e dá-me um beijinho.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Como Fazer um gif Animado

Programas Necessários 



- Paint.net(opcional): http://www.getpaint.net/download.html

- PhotoScape: http://download.cnet.com/PhotoScape/3000-2192_4-10703122.html?part=dl-6295843&subj=dl&tag=button


Passo 1

Criar um sequência de varias imagens de dimensões iguais, no Paint.net ou noutro programa de edição de imagem.





Passo 2

Seleccionar a opção "Animação gif" no PhotoScape, e arrastar as imagens para o programa, de forma a ficarem na ordem correta.


Passo 3

Para terminar basta "brincar" um pouco com as opções e guardar.



Produto Final




Como Fazer um gif Animado

Programas Necessários 



- Paint.net(opcional): http://www.getpaint.net/download.html

- PhotoScape: http://download.cnet.com/PhotoScape/3000-2192_4-10703122.html?part=dl-6295843&subj=dl&tag=button


Passo 1

Criar um sequência de varias imagens de dimensões iguais, no Paint.net ou noutro programa de edição de imagem.





Passo 2

Seleccionar a opção "Animação gif" no PhotoScape, e arrastar as imagens para o programa, de forma a ficarem na ordem correta.


Passo 3

Para terminar basta "brincar" um pouco com as opções e guardar.



Produto Final




Cartinha a um vizinho

       Resposta ao bilhetinho encontrado na minha rica (por gostar muito dela) carrinha.
   Caro, Vizinho (suponho que o seja: caracteres com traços masculinos e o assunto sugere que partilhamos a mesma calçada).
Quase que tem razão, quase.



    
Já pensou que eu podia estar mal disposta, cansada, doente, alcoolizada, drogada; o meu dia podia ter sido uma m...; posso ter falta de visão; ser uma naba nas lides do estacione onde eu quero; posso não ter sequer carta de condução; alguém me pode ter feito mal; posso não gostar de fileiras; posso ser difícil de me colocar entre linhas; ou posso simplesmente não ter tomado café. Um dado pode ser “dado” como adquirido (como certo) e dessa certeza não escapo: eu estava a sorrir quando, de forma naba e incompetente, atravessei a grandura da minha companheira de estrada e não respeitei as fileiras brancas que indicam, como se fossemos todos burros (seres não pensantes- o animal não tem culpa) e todos portadores de pouca ética e inválidos no que respeita ao viver em sociedade, onde nos devemos colocar. Embora pequena e pobre criatura, tenho o péssimo hábito de andar sempre a sorrir. Sou de bem com a vida.


    Por incrível que lhe pareça, estacionei a minha companheira de aventuras de forma a possibilitar o estacionamento de outros moradores e não com o intento contrário. Às vezes preocupo-me com os outros, desculpe. Não sei se reparou, ao lado do meu veículo estava um lugar de estacionamento para pessoas portadoras de deficiência ( aqueles seres diferentes cuja mobilidade e falta de acessos os obriga a viver confinados ao espaço casa- por isso nem todos os conhecem ou têm consciência da sua existência). Esse espaço, além de não apresentar dimensões que permitam a utilização pela maioria dessa gentalha – que se pensa com direito a sair da home (não quero repetir a palavra casa) ou visitar amigos- ainda é estreitado pela existência de um balde do lixo fixo e de alguns carros (espero que um seja o seu; quem quer humanos desses na sua calçada?) que, normalmente, ocupam o passeio e vedam a utilização desse lugar para gente com um umbigo tão grande, mas tão grande, que até queria um lugar de estacionamento só para si- quem sabe para ver o sol, sentir o vento ou entrar na home uma vez por ano). Pensei que não eram seres do imaginário e, também eles, tinham o direito de sorrir de lés a lés. Desculpe! Não tornarei a pensar em ninguém que não seja eu. Até porque as dezenas de lugares vazios a 10 metros de distância e o facto de todos termos garagem (graças a deus sem acesso a essa gentinha) não impede que queiramos também o lugar frente à nossa porta, é nosso. Prometo emagrecer (já estou de dieta), encolher mais um pouco (1,50m é muita grandeza) e enfileirar-me entre linhas: estacionarei direito.



    
Desculpe lá...não considera um ato de terrorismo dirigir-se a alguém de forma anónima? Pretende que viva com medo? Não teria sido conveniente e esclarecedor referir a sua hierarquia nas gafes desta calçada? Não acha que teria sido mais feliz se no tempo que me dedicou, de forma rude, tivesse abraçado alguém? E se ao invés do que me enviou me tivesse cumprimentado e dissesse ao que ia? E se me tivesse deixado um bilhetinho simpático.... sei lá:



                       “Flor!

    Já viu como estacionou?

                    Assinado

           João, Duarte, Felismino ou outro: a sua graça."



Eu responder-lhe-ia:



                      "Bom dia, Cravinho.

    Já viu o que está ao lado?"

   E assinava, como assino estas letrinhas. E sorriamos: ficávamos com uma história para contar aos amigos - que, por sua vez, também sorririam. Não fico com medo. É meu intento fazê-lo sorrir, afinal a vida é tão curta para darmos vital importância a duas marcas de tinta desenhadas na estrada.
    Tenha um bom dia e sorria ao ler as minhas letrinhas. Este é um bairro de gente boa e a diversidade colorida dos seus habitantes deve ser motivo de orgulho. Há espaço para nós todos.

Artigo sugerido: 

As novas funções da GNR: esquecer as infrações do trânsito e dedicar-se ao controlo de faturas

                                                                                  Guida Brito


segunda-feira, 6 de julho de 2015

Professora

Situação que ocorreu num dos primeiros dias de aulas, numa turma de primeiro ano - a maioria das crianças tinha cinco anos e apresentava imaturidade a nível de concentração. Aprendi, rapidinho - ahahaha.


A meio da aula:
- Professora, posso fazer uma pergunta?
- Muito rápido que a professora está a explicar...
-- Professora, quando é que se vai embora?
(looooooollllllllllllll)

Histórias da minha vida: a boleia de helicóptero e a passadeira vermelha




Há muitos anos (nem tantos assim - ahahahha) fui da Graciosa a Santa Maria jogar voleibol - sim. Participei nos campeonatos (inacreditável mas verídico). 






Um jogo muito interessante: com lugar cativo no banco, em todos os jogos, quis o destino que uma craque se magoasse. Embora contrariada, lá entrei ao serviço e fiz uma boa jogada revertendo os resultados; as televisões apostaram tudo nesse momento e fizeram uma excelente reportagem - a minha imagem passou e foi visionada, vezes sem fim, para choque dos treinadores e colegas que não me anteviam um futuro risonho no desporto. 


Eu sorri e aproveitei os flaches - únicos na minha vida. Uma história engraçada mas que não termina por aqui - não fosse a minha vida uma sucessão de acontecimentos inexplicáveis. 

Aproveitei a estadia, diverti-me bué com amigos que nunca mais vi: a Elisa, o Leitão, o António Lança e o João Pestana. Na hora do regresso fiquei presa na ilha Terceira. 

Sem barco nem avião que me transportasse à ilha Branca, juntei-me a umas colegas e fomos pedir boleia de helicóptero, na base das Lages. Dois pilotos catitas, musculados e senhores de outros atributos (raridades), completamente estonteados pela beleza das jovens professoras, decidiram, com pompa e circunstância, percorrer as nuvens que nos separavam do destino. 



Chegados ao tão ansiado local: uma grande passadeira vermelha percorria a pista do aeroporto. Eh, lá! Como sabiam que íamos chegar? Não importa, vamos percorre-la. É nossa. 

Ajeitados os cabelos e retiradas algumas ruguinhas dos belos vestidos que nos adornavam: colocámos o melhor sorriso. 

Enquanto a banda, a Presidente da Câmara, os comandantes Do Sei Lá o Quê e as mais importantes personalidades da ilha ocupavam as laterais da rubra estrada que nos esperava. Fui a primeira, com muito glamour dei um passo e parei no cimo, olhei a multidão pensando: pronto! Virei vedeta do desporto. 



Observei os semblantes e cada movimento facial da multidão. Num ápice: a banda parou, tudo especou e rapidamente a Senhora Presidente deu ordem para que se retirassem. Nunca tinha visto tanta gente a fugir de mim- ahahaaha. Alguns atropelaram-se e caíram. Fiquei chocada mas depressa percebi que esperavam Sua EXª o Senhor Presidente da Republica Mário Soares.

 Entre gargalhadas, percorri a bendita passadeira de braço dado com um piloto que decidiu, também ele, aproveitar o solene momento. Jamais esquecerei a Graciosa.

Sorrisos
Guida Brito


domingo, 5 de julho de 2015

Tributo ao IC19

                                O Futuro Ali tão perto

                           
                                                   Tributo ao IC19
  Famosa pelas pontes, poucos conhecem o secretismo que encerro entre sorrisos. Nascida no interior das quentes e gélidas planícies alentejanas; lá, onde o mundo não acontece e a espera leva à morte. Atos impensados de quem não ultrapassou as linhas do horizonte. Ainda hoje me questiono: se estava escrito nos genes ou se uma infância rudimentar me encurralou numa vida plena de aventuras, num corrupio de atos insólitos e delirantes. Provavelmente, o prémio de quem desconhece o medo e desbravou cada um dos bocadinhos do seu caminho. Embora pacata, obediente e sem sal, encerrava (tal como hoje) os mais pirralhos pensamentos. Lembro-me com o sonhar sair de casa, viajar, fumar e ultrapassar a última linha de terra visível do canto do meu quintal. E, era na sombra da velha oliveira que me prometia um sol brilhante. Sonhava com o futuro, o presente era capa que não me servia. Cedo, o audível “Não vás por aí!” se tornou um desejo a concretizar e sinto que o meu futuro aconteceu quando por irreverência o contradisse. 
Ser gente fazia parte do que queria para mim. Sempre me considerei feia. Nem o “Continuas linda!” ou “ Lembro-me de ti, tal como és hoje, portadora de uma beleza incomparável.”, proferido por alguém que não me via há 40 anos (número silabado com dor) me convence ou me altera... bahhhh! Meio selvagem, bicho de mato, pedra nascida onde nem as cabras ousam trepar! Linda sou no meu sentir, no amor aos que me rodeiam, no afago aos que precisam. Linda: sou quando, na minha infantil loucura, decido ir mais além e sempre mais além (nasci no Além Tejo e o rio presente na minha face, sempre, coloriu de bravura os dias da minha vida). Linda sou quando entre sonhos, delinho o futuro e dou voz ao meu querer. Perceberam? Gosto de mim, aquele cá de dentro.
Nunca imaginei que o atrevimento inesperado de rumar à capital para conhecer meia dúzia (eram 7) de cacos de um delicioso Caneco – grupo de escreventes que teima em se gostar, mimar e abreija,r a cada palavra que salta do alto da imaginação e se alapa num ecrã com acesso ao coração - me ruborizasse a fronha, que apresento ao mundo, e irradiasse a minha vida de momentos hilariantes de tão profundo sentir.
Tanta escrita para chegar ao Ic19! Daqui a pouco estão fartos de mim! Mas adiante...
Conhecida pelas múltiplas viagens ao volante dos meus bólides, ninguém imagina: que a capital mais próxima se revela sempre um encalhe - para quem está habituada a não saber para onde vai mas para onde quer ir. 
Sim! Já atravessei muitas vezes a ponte... mas as tropelias sucedem-se sucessivamente. Não tenho má ideia dos condutores lisboetas: se no inicio explodem inexplicavelmente, rapidamente ficam cativos dos sorrisos, beijocas e adeus que, carinhosamente, envio ao primeiro sinal de água entornada.
Sem ajuda dos Canecos e querendo evitar a todo o custo parques de estacionamento ( eu lá saberei porquê), afirmei decidida:
- Carrinha, vamos a Lisboa e atravessamos a ponte- ela estremeceu e eu fiquei feliz.
Embora não tivesse publicado, as minhas intenções, no facebook: todos pareciam saber que a alentejana chegara. Uns paravam, outros esperavam e eu fiz tudo direitinho. Virei corretamente entre vias e vielas até me encontrar a 100 metros do destino. Uma manobra impensada, uma viragem contrária levou-me a conhecer mais uma zona da famosa capital. E agora? Não sei. Decidi apresentar-me , pessoalmente, aos habitantes de tão distinto local. Aproveitei uns semáforos, parei entre muitos, abri o vidro e obriguei (entre aspas) os que me rodeavam a copiar as minhas ações.
- Por favor! Praça de Espanha?
- Ui! Vem de lá!
- Eu sei! Mas gostei tanto que quero retornar- sorri.
- Pois! Mas agora já não consegue...
Mau! Recostei-me (com a tradicional calma) no assento, enquanto enviava gestos de carinho aos que passavam pela esquerda, pela direita e com vontade de passar por cima.
- Que fazemos?- Inquiri com alguma marotice.
- Minha senhora! Quer que eu atravesse o carro, pare o trânsito e você vira para trás?
- Quero- respondi ignorando o pânico do meu simpático meio de transporte.
E assim foi- ahahahhahahahahaahahah- Lisboa parou para me ver passar.
Adoro os lisboetas! Amo esta gente calma, simpática e desenrascada. Na próxima vez, publico no facebook:
" Amanhã, a alentejana atravessa a ponte, 10 horas."
É certo que todos irão gostar de me rever e muitos outros me escoltarão. Obrigada, gente boa.
Publiquei e as benesses não tardaram em chegar: mails com roteiros personalizados (adaptados à alentejana), telefonemas... caminhou mais longe, um simpático habitante local que decidiu acompanhar as minhas travessias sempre que remava até à capital. Provavelmente um colecionador de estampas e cromos ou alguém que, também, encerrava em si a esperança de sentir o sol brilhar. E tantos foram os “para lá” e “para cá” que as pontes se tornaram minhas. Sei-as de cor e salteado - salteado porque aquele piso de ferros quadriculado são o terror da minha doce carrinha.

E foi nestas andanças que o conheci: aquele que me abanaria as estruturas e me faria sonhar com um futuro ali tão perto.
O sol, envergonhado ou sem saber gerir o que adivinhara, chamou a lua que, habituada a arrepios incessantes e ao roçar dos amantes, semeou o caus em quem precisava de um simples raio de sol. E numa velocidade louca, entre aceleras, espera por mim e vira aqui, o telefone transpira:
- Estás no IC19.
Apaixonei-me mesmo ali! Por um mágico local onde todos pareciam aprender a voar, por piscas intermitentes que refletiam as entranhas de quem ainda não sabia amar. Vislumbrei curvas sedutoras, ternura sem fim e fiquei presa por um simples olhar. Qual ponte nem meio ponte! Amei-te ali ao primeiro roçar!
Tal foi a sedução (nunca ninguém me tinha brilhado assim) que decidi percorrer-te antes do tempo ser tempo. Procurei-te em vão. Oh! IC, por onde andas tu? Nem vislumbre do amor que me afaga e seduz. Alcabideche, Paço De Arcos, Linda-a-Velha, portagens e mais portagens... não te vejo, não te encontro, perco-me por ti. Apesar de trocar o trânsito, o sentido e as vias aos que circulam por aí, descobri que nem tudo é Lisboa e o IC nunca vem aqui. Socorro! Homem dos cromos! Preciso de ti! E na sua infinita ternura, sorrindo e de mão dada, leva a princesa a saber a sua estrada. E conto tantas as vezes em que o “Já sei” era tão longe de ti. E claro... o homem das estampas e dos cromos. Sempre o Homem das Estampas e dos Cromos. Obrigada! Já resolvi: o mapa estampado na frente da minha incrível companheira de quatro sapatos, sempre a meu lado pela estrada, levar-me-á até ti:

Homem das Estampas e dos Cromos

Não desistas de mim
Sou alentejana, procuro o IC19, anseio que o meu futuro passe por aí.

Por muito fedelha que seja: nunca imaginaria que o para lá da linha do horizonte, visto da sombra da velha oliveira do meu quintal, era o IC19!

Nós

Somos dois: navegantes de ideias, viajantes incontroláveis, caçadores de sorrisos velejando por onde a brisa nos levar.

Partilhamos: ideias, afagos, o calor dos abraços, ternura, bravura, admiração, pirralhices e ADN – que apresenta falhas de normalidade mas fortes laços de coração.

Abraçamos: ideias, estrelas, nuvens, amigos… a vida.

Coleccionamos: momentos, bons ventos, sorrisos e brilhozinhos no olhar.