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sexta-feira, 18 de outubro de 2019

João Pedro Pais à conversa com António Jorge - no dia do novo album "Confidências"



Navegantes de Ideias

A culpa é e será sempre do Bruce Springsteen.
Eu e o João Pedro Pais somos fãs do “Boss” ponto – não confundir com especialistas ou profundistas. E por um mero acaso das nossas vidas, ambos tivemos a sorte e o privilégio de privar com o autor de “Born In The USA”. 



 
Bruce (que recentemente celebrou 70 anos de vida) tem novo disco. A propósito, eu e o João Pedro encontramo-nos dias depois da edição de “Western Stars”. Alinhamos as faixas do álbum por ordem de preferência e já que ali estávamos arrisquei, João isto tinha muito mais graça se à medida que fossemos ouvindo o álbum fizéssemos uma minipartida de ping-pong – pergunta daqui resposta daí. Parece-te bem?

 - “Parece-me lindamente. “
 
João Pedro és um jovem quarentão, com 20 anos de uma carreira feita de uma dezena de discos e várias centenas de espetáculos dentro e fora do país e, quase meio milhão de discos vendidos. Para além da muito bem-sucedida carreira, és um dos nomes mais acarinhados e seguidos pelo público português.
Quando se quer muito e se trabalha muito, consegue-se?


- “Mais do que ter conseguido chegar cantando e rindo até aqui, convivendo com o público e as vendas dos discos, tudo passa mais por uma questão de carácter e identidade, e é também esta a razão que vou chegando no meu vagar até onde estou. Tenho um imenso respeito e afeto pela reciprocidade dos outros que me fazem e querem bem.”

“Em termos pessoais sinto que dependo de vários fatores:
Talento, raça ou carisma - um deles terei com certeza, caso contrário não conseguiria passar a mensagem nem chegar às pessoas. As rádios e as televisões são parte integrante e fundamental da divulgação do músico e suas canções, bem como as redes sociais que hoje criam pontes entre quem cria e quem consome. É um trabalho em conjunto.”

Em 1997, ano de edição do álbum estreia terias em ti todos os sonhos do mundo?

- “Tinha e tenho, assim como todas as incertezas! Nada é garantido; nada é um dado adquirido. Sonho intensamente acordado, e o meu pensamento continua a ser uma grande cidade com trânsito em hora de ponta.”



 
Eu sei que 1 de junho de 2014 é uma data particular para ti. Que memórias guardas desse dia?

- “Sim, é definitivamente um dia especial. Fiz o meu melhor concerto no Rock in Rio perante milhares de pessoas e nesse dia conheci o Bruce Springsteen. Nesse dia, também eu fui criança de corpo e alma, e trago comigo esse momento até hoje.” -  ri-se de orelha a orelha.

Tens também toda uma outra carreira feita no desporto – de alguma maneira foste buscar ensinamentos quer à disciplina, quer aos sucessos e insucessos da alta competição?

- “Sem dúvida. Sou ex-atleta de luta olímpica, detenho ainda a melhor classificação de um Português num campeonato do Mundo de seniores - Martigny -Suíça 1989- 8 lugar, em 16 lutadores.
Continuo ainda com o meu treino diário junto da geração mais nova., e isso é que faz de mim o homem nas canções. O desporto ensinou-me a estar, perder e ganhar, e a respeitar quem está à minha frente.”




Por esta altura já tínhamos ouvido e discutido meia dúzia das novas canções do Boss e a conversa estava boa.
Bola do lado de cá.
A família, o teu filho Salvador e os amigos serão sempre a tua ancora?


- “José Saramago, disse numa das suas intervenções, referindo-se à família. O desporto ensinou-me a estar, perder e ganhar, e a respeitar quem está à minha frente.”
tive sempre consciência de que o rapaz quer zarpar e desbravar caminho - e a ligação da âncora vai-se desprendendo. O mesmo acontece em relação aos ditos ou chamados amigos.”

 Hoje 18 de Outubro de 2019 é mais um dia especial; editas “Confidências (de um homem vulgar), o teu novo álbum. Como apresentarias este disco ao teu público?

- “O álbum terá o melhor do que consegui fazer até então. Descrevo-o como intenso, forte e frágil - nas palavras e na sonoridade.”

Um músico/compositor e autor como o João Pedro Pais é sempre aquilo que escreve?


- “Inevitavelmente! Quando compomos, o que escrevemos e musicamos é também de carácter autobiográfico.”

Em fundo ouve-se a sedutora “Moonlight Hotel”, a última canção do novo álbum. Voltamos a partilhar “There Goes my Miracle”.
João Pedro, partilhar é hoje primordial?

- “Partilhar é, ou devia ser a essência da humanidade - principalmente para os mais desprovidos de quase tudo.
E refiro-me a um abraço, a comida, a água, a um teto, a sorrisos, a uma palavra, a um poema, a uma canção, a um afeto, a um gesto de generosidade, e a um trabalho digno. E isto não só não é utópico, como é simples de concretizar.  O problema está e estará sempre nos que para além de não quererem saber, se esquecem repetida e propositadamente de que, o mundo em que vivem é igual ao de todos nós.”

Abraço João Pedro e muito obrigado -long life to Bruce

AJ


segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Conheça o António Jorge

António Jorge - Navegantes de Ideias

Alfacinha de gema e benfiquista por devoção, descobriu Lisboa à `pendura” do popular 28 da Carris, com os amigos – sempre com os amigos. Os livros entram tarde na sua vida e, a escrita ainda mais. 



Mas entre a luz dos primeiros e o atrevimento e o prazer da segunda, andaram sempre os filmes, a fotografia, a música e o mar.
Obviamente a  família, os amigos (os mesmos do 28), e a Comunicação - porque sim e, porque se “navegar é preciso”, partilhar é hoje fundamental.

António Jorge é o responsável pela etiqueta "À conversa com António Jorge", nos Navegantes de Ideias. Clique nas fotografias para ler os artigos do autor:

Bruce Springsteen 
à conversa com António Jorge

Bruno Ferreira (Levanta-te e ri)
sentado à conversa com António Jorge,
na Lagoa de Santo André





Miguel Gameiro à conversa com António Jorge

Bruce Springsteen à conversa com António Jorge


à Conversa com António Jorge; Navegantes de Ideias

“Bruce revela-se – mostra-se, talvez como há muito não o fazia. Confessa-nos que afinal é possível pacificarmo-nos com o passado e olhá-lo de frente – e fez um dos discos mais bonitos da sua carreira; um dos mais cinemáticos de sempre.”




Não há muitos discos que me batam assim – que me levem de imediato não só para zonas longínquas e mal iluminadas dentro de mim, mas também para lugares feitos de sonhos e paisagens de asfalto, sem linhas de horizonte.

As canções do novo “Western Stars” revelam um Bruce springsteen que deixa para já, as guitarras e de novo a E Street Band, para se sentar num calejado banco e, de frente para nós, do alto dos seus 69 anos de vida desfiar um leque de narrativas e personagens que vão surgindo devagar – ao sabor da sua voz grave -, e de acordo com a importância de cada uma delas.




Bruce continua a gostar muito do velho oeste e a admirar as lutas das classes norte-americanas mais desfavorecidas, mas neste novo álbum está claramente mais em paz consigo, com os seus e com os outros – que somos todos nós. 

E este é um tempo de elevação. Não há a força braçal americana, não há filas de desempregados nem duelos de cowboys. Há um Bruce narrador de conversas feitas à volta de mesas de madeira patinadas pelo velho Bourbon e, de paisagens coloridas de azul e laranja, pinceladas a espaços por redondos rolos de feno.




Ancorado numa sonoridade de quase filigrana, Bruce revela-se – mostra-se talvez como há muito não o fazia. Confessa-nos que afinal é possível pacificarmo-nos com o passado e olhá-lo de frente – e por isso fez um dos discos mais bonitos da sua carreira; um dos mais cinemáticos de sempre. 

Seja percorrida a galope num dócil puro-sangue lusitano, sentado na caixa de uma velha pick-up ou no selim de uma clássica e pesada pasteleira, a Costa Alentejana está agora ainda mais bonita – porque acabou de receber um magnífico conjunto de excelentes histórias que vão juntar-se a todas as outras que por lá ouvimos e vivemos. E, estas são contadas á maneira do velho Bruce.




A foto regista o final de um pequeno encontro em Lisboa, em 2016.
- Achas que podemos fazer uma selfie?
- “ya -sorrindo”
- Para mim é a foto de uma vida.
- “a sério? Tira duas; assim vives duas vidas”
- e eu tirei

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Miguel Gameiro à conversa com António Jorge


À conversa com Antonio Jorge - Navegantes de Ideias

“As mulheres têm sido de facto as grandes timoneiras deste mundo, pelos vários papeis que desempenham e pela forma como cuidam. Ainda se vivem tempos sombrios no que toca ao seu desrespeito.”




A ida ao restaurante “https://www.facebook.com/alegriabymiguelgameiro/” foi por mim várias vezes adiada devido a lugares mais comuns e menos simpáticos do tipo, “Miguel para a semana é que é” ou ainda “desculpa, tenho andado a correr”. Mas hoje foi dia - ali no Estoril, com vista para o emblemático Casino local. À hora marcada o Miguel Gameiro lá estava e, para não variar, tinha consigo (como sempre) o contagiante sorriso, que felizmente não é imagem de marca – é naturalmente dele.

 - Miguel, como é que se cozinha uma boa canção?

Da mesma forma que se cozinha um bom prato. Com os ingredientes certos para despertar sentimentos

- Estar na cozinha do “Alegria” a preparar iguarias para quarenta pessoas ou estar no palco perante quarenta mil pessoas. Qual destes dois desafios exige mais de ti?

Ambos são momentos de partilha de emoções. O que difere é apenas o local e o número de pessoas. Também se partilham emoções num prato.




- Esta tua mais recente missão de nos acarinhar o estômago e a mente é uma paixão recente?

Não. Já conta com alguns anos mas só tem sido conhecida do público mais recentemente.

- “Maria”, o teu mais recente disco é claramente um tributo às mulheres? São elas as grandes timoneiras do mundo?

As mulheres têm sido de facto as grandes timoneiras deste mundo, pelos vários papeis que desempenham e pela forma como cuidam. Ainda se vivem tempos sombrios no que toca ao seu desrespeito. E não estamos a falar somente de países pouco desenvolvidos. Continua a existir um machismo perigosamente silencioso entre as sociedades mais desenvolvidas com desfechos profundamente tristes.

À conversa com Antonio Jorge - Navegantes de Ideias

- Foste desafiado a escrever uma canção (uma canção fantástica) para a Mariza. Contaram-me que atendeste o telefone disseste imediatamente que sim desligas-te e, pensaste “e agora?”. Lembraste desse momento?

Lembro-me perfeitamente. Encontrava-me a gravar os videoclips do meu segundo disco a solo. Foi um misto de euforia, orgulho e de responsabilidade.





- Parte dos lucros  do álbum “Maria” revertem para a Associação EVITA – cancro hereditário https://pt-pt.facebook.com/evitacancro/ . Sempre que podes é para ti ponto de honra estar ao lado de nobres causas?

Existirão poucas coisas que façam mais sentido do que dar e fazer pelos outros. Tirando isso não poderemos existir apenas para procriar e fazer carreiras.

- Duas boas razões para eu vir esta noite jantar ao “Alegria”?

Bons momentos à mesa e comida boa;)
- Obrigado Miguel, abraço grande e até já.
AJ

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terça-feira, 9 de julho de 2019

Jair Bolsonaro podia ter dito quase tudo; menos o que disse

À conversa com António Jorge


Vivemos e continuamos a produzir tempos em que vale quase tudo – e cada vez mais  a palavra “vale” tem um papel ora de intruso ora de alívio de consciência – mas vale o que vale. E depois existe o gosto (não me refiro ao popular like digital, mas ao sabor da coisa) e a ignorância.  E, se o primeiro não se discute, dizem, já a segunda não devia ser permitida.






Jair Bolsonaro podia ter dito quase tudo; menos o que disse.

Podia ter dito por exemplo que, com João Gilberto nasceu toda uma nova maneira de fazer música. Que João deu modernidade à música, que criou a sua filigrana e, que Caetano e Chico são o que são porque houve João. Que o autor de “Chega de Saudade” tirou as gorduras à Bossa Nova e a espalhou mundo fora e que, de alguma forma representava a generosidade em toda a sua plenitude.

O recém eleito presidente do Brasil podia inclusivamente ter ido mais longe: muito mais longe e dizer que “o seu violão era uma verdadeira orquestra” e que João Gilberto deu toda uma nova identidade ao Brasil. 

Se tudo isto falhasse, como falhou,  porque quase tudo vale o que vale, podia  ter citado Caetano Veloso “ninguém com tão pouco transformou tanto” ou mais institucionalmente  Marcelo Rebelo de Sousa, presidente das republica portuguesa – “quem viveu essa época, e mesmo quem não a viveu, não esquece a novidade de João Gilberto, nem o seu legado”.

Jair Bolsonaro podia ter dito quase tudo, menos o que disse – “era uma pessoa conhecida. Nossos sentimentos à família, tá ok?”.
Vale o que vale é certo, mas é que os ignorantes também têm um coração.
AJ
Outros artigos do autor:

Bruno Ferreira (Levanta-te e ri) sentado à conversa com António Jorge, na Lagoa de Santo André




terça-feira, 2 de julho de 2019

Bruno Ferreira (Levanta-te e ri) sentado à conversa com António Jorge, na Lagoa de Santo André



Há alguns bons anos e, mais ou menos por acaso tive a sorte e o privilégio (com alguns dos meus melhores amigos) de tropeçar num dos mais belos lugares do país. A Lagoa de Sto. André. Contrariando o ditado “não voltes onde foste feliz” foi precisamente aqui, onde uma das maiores lagoas nacionais se junta uma vez por ano (aquando da abertura da Lagoa ao mar) ao infinito manto atlântico, que me sentei à conversa com Bruno Ferreira – um alentejano com muita pinta.

O Bruno http://brunoferreiraonline.com/ imitador de vozes, actor, locutor e executante de pelo menos mais quatro instrumentos chegou à hora marcada, avançando desde logo “olha que eu sou mais Baixo Alentejo”. Sem luzes, sem camaras e sem vozes de acção, a conversa começou. Lá mais em baixo a incessante partida e chegada das ondas foi compondo a banda sonora- excelente, diga-se!   


   
- Já te aconteceu ires ao médico e a primeira coisa que dizes é: doutor oiço vozes?

O problema seria deixar de as ouvir! (risos) Na realidade já fui várias vezes ao médico por causa das vozes, mas nunca por me queixar de as ouvir. Por norma tem a ver com não as conseguir reproduzir (a essas vozes, e à minha, inclusive), esse é o meu drama. Rouquidão, afonia, tosse, e coisas do género. Por isso mesmo estou muito bem escudado. Tenho o meu exército de otorrinos composto pelo Prof. Mário Andreia, e pela Dr.ª Clara Capucho. São os dois melhores do País e, por isso, tenho passado bem. Eu e as minhas vozes.



Sentado à conversa com António Jorge - Navegantes de Ideias


- O humor em Portugal está de boa saúde e recomenda-se? E o Alentejo – nomeadamente o Baixo?


Relativamente ao humor, parece-me que sim. Basta ver a proliferação de humoristas que têm despontado nos últimos anos em Portugal. O estranho seria, aliás, que num País com uma tão elevada taxa de políticos a que chamaria de “humoristas acidentais”, não se produzisse humor com base, justamente nesse facto. Os canais generalistas dão, quase todos, atenção ao humor; os canais não generalistas igualmente, e na internet, então nem se fala, já para não referir as salas de espectáculo onde cada vez mais existem shows de comédia com lotação esgotada.

Juntar o Baixo Alentejo à pergunta sobre o humor só pode tratar-se de uma questão de humor negro. Aquilo a que se chama actualmente um “roast”, que é um evento de comédia muito específico, onde um indivíduo, neste caso uma região, é alvo de piadasinsultos, produzindo, através disso, humor. Em bom rigor aquilo que se passa no Baixo Alentejo, em termos de políticas nacionais, no limite, far-nos-á rir. Para não termos de chorar. Uma região, que corresponde grosso modo ao Distrito de Beja, e que exporta 1.4 mil milhões de euros todos os anos, contribuindo para a alavancagem económica Nacional de que o Governo tanto se gaba tem vindo a ser, propositadamente, colocada à margem do desenvolvimento do restante País.

É uma terra de gente maioritariamente idosa, sofrida, isolada, com carências de assistência médica e de segurança e, a isto, o Estado, e os governos, têm respondido com silêncio. Um silêncio ensurdecedor a todos os níveis, como se esta gente não pagasse impostos como os restantes portugueses; como se não produzissem a bem da economia Nacional; como se, em resumo, não fossem cidadãos portugueses de pleno direito. É um crime de lesa-pátria o que tem sido feito com o Baixo Alentejo por parte dos últimos Governos da Nação; é uma segregação a que se assiste mês após mês, de há décadas a esta parte.

- Queres dizer-me o que é o movimento #bejamerece+?

O Movimento de Cidadãos Beja Merece Mais é, como o nome indica, uma forma de manifestação democrática, apartidária, mas que conta com o apoio de todos os partidos, e que tem na sua essência uma emanação da sociedade; das suas forças vivas, dos habitantes de uma região que se cansaram de uma classe política que lhes voltou costas e que, assim, resolveram lutar pelo que deveriam ter por direito próprio, mas que lhes é privado por parte de quem tem a responsabilidade de lhes garantir essa condição: de cidadãos.

O Movimento original, Beja Merece, surgiu em 2011 e tinha como objectivo a luta pela manutenção e melhoria da ligação de caminho-de-ferro Beja-Lisboa-Beja-Funcheira. Em resumo, não só que essas ligações se mantivessem, bem como a linha fosse electrificada e o material circulante fosse renovado. Já nesses anos houve uma petição que chegou à Assembleia da República. Infelizmente nada aconteceu e a linha continua decrépita com uma automotora a gasóleo dos anos 50 do século passado que, quando não se avaria, se atrasa.


Sentado à conversa com António Jorge - Navegantes de Ideias

Anos depois o Movimento Beja Merece voltou com um Mais e dedicou-se a mais causas: continuou a questão da electrificação da linha de caminho-de-ferro; acrescentaram-se os acessos rodoviários – Beja está ligada a Lisboa por um velho e perigoso caminho disfarçado absurda e pomposamente de IP (8), quando não reúne nenhuma das características para que seja considerado um Itinerário Principal. Acresce a isto que existem cerca de 15 quilómetros de auto-estrada (A26, que deveria ligar Sines a Beja, cruzando com a A2 em Grândola) terminados há 2 anos, mas que teimam em não abrir ao público, estando a degradar-se ao lado do tal caminho venho e esburacado onde têm de circular ambulâncias por entre tráfego normal, que tenta debelar filas de pesados, carroças, motos, máquinas agrícolas o que acaba por provocar inúmeros acidentes com a sempre trágica perda de vidas.

Mas o BMM também exige que o Aeroporto de Beja seja utilizado. Justificadamente. Não falamos apenas de passageiros, (quando Lisboa e Faro – logo o País – perdem, diariamente e em conjunto, dezenas de voos por falta de capacidade, sendo que Beja, a meia distância de ambos, poderia ser um aeroporto de retaguarda), mas de matérias-primas: não só o escoamento para a Europa dos produtos provenientes da fortíssima agro-indústria do Baixo Alentejo, mas como plataforma de ligação ao Porto de Sines, o maior de águas profundas da Europa. E também por isso são precisos os acessos rodo e ferroviários de que o Baixo Alentejo não dispõe e tanto precisa, e que nenhum governo - seja de direita ou de esquerda – ousou, sequer, autorizar.



Junta-se a saúde e o Hospital e Beja cada vez mais depauperado. O Ministério da Saúde está, agora, a querer cortar o cordão umbilical; a identidade das futuras gerações de Baixo Alentejanos, proibindo os nascimentos em Beja e obrigando as grávidas a viagens de 80, 100, 150 quilómetros, pelos seus próprios meios, até ao hospital de Évora, para aí darem à luz. Isto serve para esvaziar Beja (e Portalegre) e assim justificar um investimento de 300 milhões num chamado hospital central do Alentejo em Évora – redundante - porque a pouca distância dos hospitais centrais de Lisboa. É a estocada final no Baixo Alentejo. E é contra tudo isto que luta o BMM. Em maio do 2018 foi entregue uma segunda Petição na AR, desta vez com 26.101 assinaturas. Já fomos ouvidos por uma Comissão Parlamentar de Economia e Obras Públicas; reunimo-nos com todos os grupos parlamentares, e no dia 5 de julho teremos a discussão e votação dos pedidos da Petição do Movimento BMM. A ver vamos.

- O número de rolas e cegonhas no aeroporto de Beja continua a ser superior ao de aviões?

Talvez esteja equiparado ao número de aviões, uma vez que o Aeroporto de Beja é a “casa” da Hyfly, uma empresa de renting aeronáutico, e que decidiu (apenas por ser privado…) investir no Aeroporto de Beja. É lá, aliás, que está estacionado o maior avião do mundo, o Airbus A380, apenas e só porque não consegue aterrar em mais nenhum aeroporto de Portugal Continental. Também foi o Aeroporto de Beja que, em 2018, permitiu que o avião da companhia aérea cazaque Air Astana aterrasse em segurança, quer para a tripulação, quer para a população no solo, depois de horas de expectativa e incerteza.

É pena que o Aeroporto de Beja seja tratado como uma anedota pelo País. Porque está lá o dinheiro do País que, esse sim, foi tratado como uma anedota. Não porque não devesse ter sido investido no aeroporto de Beja; mas porque tendo aí sido investido, o mesmo precisa, agora, dos tão desejados acessos rodo e ferroviários.



Para terminar, e respondendo directamente à questão: muitos mais pássaros e passarões, terá o Aeroporto do Montijo, do que todos os aviões que obriguem a voar para lá. Trata-se de uma região lacustre, um estuário, uma reserva natural que serve de ponto de passagem a centenas de milhares de aves migratórias – muitas delas de grande porte, outras ainda espécies protegidas - em trânsito do norte de África para a Europa, e vice-versa, sendo que muitas são espécies que nidificam no local e que representarão enorme perigo para as turbinas dos aviões que o Governo, à força e por teimosia, quererá a voar para lá.

- A tua passagem no Diário do Alentejo deu-te tarimba para as tuas escritas?

Sempre escrevi. Já quase não me recordo de mim não escrevendo. Comecei ainda em miúdo, em concursos como os do Clube Amigos Disney e outros, onde ganhava bastantes prémios, depois nos concursos do DN Jovem, do Diário de Notícias, até que há uns 20 anos lancei o meu primeiro livro, de contos, “Bocas de Mentol”, pela Editorial Minerva. Depois escrevi para várias publicações, como a Revista Vidas, a Mais Alentejo, o Diário do Alentejo, entre várias colaborações esporádicas a convite de outras publicações. O DA foi onde escrevi durante mais tempo. Foram quase 9 anos. O meu primeiro livro de crónicas, “A Vida é um Cogumelo Verde”, da Editores do Rio, foi quase todo ele composto por esses textos. Estou a preparar outro para o fim deste ano que, em breve, darei a conhecer.


Sentado à conversa com António Jorge - Navegantes de Ideias


- Para além de escreveres – e muito bem -, fazes imitações e dobragens. O que é que para ti é mais difícil; dobrar ou imitar?

Quer um trabalho, quer outro, faço-os com o maior dos gostos. Ainda ontem estive a dobrar o próximo filme Angry Birds 2, onde continuo a interpretar o Chuck, o pássaro amarelo. Foram 5 horas de estúdio muito bem passadas, com muitas gargalhadas à mistura (e mais de 3 litros de água bebida!), porque felizmente tenho essa enorme sorte de adorar aquilo que faço. Por outro lado, as imitações são outra área de que gosto muito. O último trabalho que fiz foi o vídeo promocional para a Netflix, onde imitei a voz do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Da mesma forma que as locuções de publicidade me dão muito gozo. O meu último trabalho foi para a campanha dos 50 anos do Jumbo, onde interpreto uma voz de locutor antigo, a “puxar” ao Fernando Pessa. Resumindo, sou um felizardo. Nunca me queixo da segunda-feira.

 - À nossa! Tchim tcim e obrigado por teres vindo – e por me teres contado tanto. Já estou a fazer like na tua página do Facebook.
Boa (sorrisos): obrigado!

AJ