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sábado, 9 de maio de 2020

Reflexão - A Etnia Cigana


A problemática sobre a Etnia Cigana está a incomodar-me.

São Seres Humanos e como tal devem ser totalmente aceites como cada uma das Pessoas Não Ciganas.

O que me incomoda e já me irrita é a quantidade de casos que têm acontecido por todo o País e que envolvem agressões e actos de vandalismo por parte deles com total impunidade. É já em todo o País. Aqui perto de Beja, em Moura, uma Comunidade Cigana recusou-se colectivamente a fazer o Teste de despiste do Covid19. E as Autoridades retiraram-se pura e simplesmente. Não pode ser, é assunto de Saúde Pública. Não é não quererem fazer, é têm de fazer!

O que acontece é que essa Comunidade sente que a Justiça não actua sobre eles. Por isso sentem-se impunes e abusam desmedidamente. A razão destes problemas todos é só e apenas a Justiça. Não age.

Mesmos Direitos, mesmos Deveres!

Sabemos perfeitamente nós, os leigos, que os Agentes de Autoridade, receiam abordá-los porque eles têm armas e bastantes. E disparam, ouve-se. Têm receio e com razão, têm as suas vidas e famílias a protegerem.

Na minha opinião, tem de haver uma solução.

Agir em força e bastante contra situações que alguns deles provocam. Mas tem de ser já, porque a meu haver, está perto de se perder o controle da situação e pode surgir por aí alguma "justiça desesperada" fora da lei.

Tenho dito.

 

José Jorge Cameira.


segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Petição Pública pela Eletrificação e Modernização da Linha do Alentejo, como uma prioridade de interesse nacional

Jose Jorge Cameira; Defendamos a nossa terra!; Navegantes de Ideias

Por considerar importante, partilho a petição. Eu já assinei.



"Reafirmando a validade da “Estratégia de Acessibilidade Sustentável do Alentejo nas ligações Nacional e Internacional”, avançada pela Plataforma Alentejo, a Comissão Dinamizadora de AMAlentejo apresenta e apela às subscrição da presente Petição Pública, a qual sublinha, como prioridade, em termos de investimento de interesse para todo o Alentejo e para o País, a urgente eletrificação e modernização da Linha do Alentejo, para permitir velocidades elevadas de 250 Km/hora, possíveis com o recurso aos comboios Alfa Pendular.

Os trabalhos do Professor e Investigador da Universidade do Algarve, Manuel Tão, que o Estudo Técnico da REFER, de Maio de 2015, comprova plenamente, (disponíveis em www.amalentejo.pt Estudos) demonstram a importância estratégica da Linha Ferroviária do Alentejo para o País e para todo o Alentejo, pelo que consideramos tratar-se de um investimento a que se impõe dar início imediato, devendo as candidaturas aos fundos de coesão ser apresentadas ainda no quadro do PT2020.

O Alentejo corre o risco de deixar de ser território de objetivo 1, e Portugal não pode perder a oportunidade, única, de fazer estes investimentos com comparticipações de 85% a fundo perdido, garantidos pelos fundos de coesão europeus."

Para ler mais e assinar a petição, clique: AQUI



José Jorge Cameira


domingo, 3 de novembro de 2019

CIGANOS e outras MINORIAS - A minha Opinião sobre este assunto


ciganos - José Jorge Cameira - Navegantes de Ideais


Eis um problema grave da Cidade de Beja (e não só). Porque não é encarado de vez.
É verdade que temos de aceitar as Culturas diferentes da nossa, da maioria das pessoas.





É verdade que temos de aceitar a Cultura das Minorias Étnicas, sejam quais forem e temos várias no nosso País.

A nível da UE há regulamentos específicos de proteção e apoio de todas as Minorias, inclusive nos aspectos financeiros.

A recíproca e a interação das Culturas é qualquer coisa de fantástico numa Sociedade moderna e virada para um Futuro de Paz e Harmonia.

Algumas minorias nomeadamente a Cigana ou Romani sofreram grande repressão no passado. No Regime Nazi centenas de milhares deles pereceram nas câmaras de gás. Em Portugal no Regime Fascista foram enormemente brutalizados. Recentemente em França o ex Pr Sarkozy expulsou-os para a Romênia a troco de 100€ por pessoa.

Ainda em Portugal no Governo de António Guterres foi lhes concedido - como também às restantes minorias - o Rendimento Mínimo Nacional, havendo contudo de contribuírem algo para a Sociedade, o que nunca foi cumprido.
Assim sendo e abordando ainda que superficialmente, o que falha?



Quanto a mim é tão simplesmente isto - a Justiça e o seu exercício não funcionam e não só para as Minorias. Ou seja - o usufruto dos Direitos corresponderem ao cumprimento dos Deveres.

Quantos casos conhecemos nós de certos crimes cometidos em que os prevaricadores vão para casa ou são simplesmente soltos? Ou porque não cometeram o crime em flagrante delito ou porque o Código Penal assim o permitiu.

Não citarei os abusos à Liberdade cometidos após o 25 de Abril de 1974 que "tiveram uma certa lógica" extensivo a todos os Cidadãos.
O problema é e continuará a ser a Justiça ou a falta dela. Só isto.

Vejam só este exemplo actual.
Um indivíduo de uma qualquer Minoria agride um Professor, agride um Bombeiro. Rouba. Trafica dinheiro. Escraviza Pessoas. Que lhes acontece? Termo de Identidade ou nem isso.

Quando  houver um princípio de Justiça seria de imediato "Prisão Preventiva" e a inerente condenação seria com trabalho e nunca em regime de "pensionato tudo incluído".

Até lá continuará a ser tudo mais do mesmo, fomentando sempre em sectores menos esclarecidos a Xenofobia e o Racismo.
José Jorge Cameira.
Beja, 03 Novembro 2019
(foto do Diário do Alentejo)


sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Culturas Intensivas – SOLUÇÃO - Olival-Amendoal-Vinha-Romaneiras


Culturas Intensivas – SOLUÇÃO - Olival-Amendoal-Vinha-Romaneiras


Muitos denunciam os Crimes que estas culturas originam na Saúde Humana e no Ambiente que se repercutem para o Futuro, para as Gerações Vindouras.




Trata-se de culturas cujos produtos transportam veneno para as nossas mesas.

Há que tomar medidas. Já.

Quais?

-- Sem medo proceder ao ARRANQUE sistemático de TODO esse Olival.

-- Estabelecer métodos de recuperação das terras pré-estéreis.

Como proceder com os Investidores e Empresários donos dessas terras já sem essas culturas?






- Reconverter o modo de produção nessas suas terras, aproveitando as instalações de rega já instaladas.

Em vez de culturas envenenadas, produzir produtos agrícolas tradicionais para Alimentação Humana e Animal usando água do Alqueva que para isso foi idealizado.

ARRANQUE do OLIVAL INTENSIVO.

Pelo Olival Tradicional!
José Jorge Cameira

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

O Sino que a aldeia não tinha - Aguiar


Recuperemos a nossa terra! - José Jorge Cameira - Navegantes de Ideias

ESTÓRIA VERÍDICA DO ALENTEJO - AGUIAR, Distrito de ÉVORA



Nos anos 60 (1960 e tal) a aldeia AGUIAR, no início do Distrito de Évora tinha muita fama de ser comunista. É que os Trabalhadores refilavam muito com os donos dos latifúndios de centenas ou mesmo milhares de hectares de terras existentes à volta da Povoação - queriam mais salário, estranportes até à aldeia... ora isso no tempo da Outra Senhora era coisa grave. 

Por isso a Diocese não mandava para lá nenhum Padre ou não fosse ele ficar também comunista ou era por castigo desse povo ser tão herege. Mas um dia um Sacerdote mais afoito ofereceu-se ao Bispo para "cristianizar" essas gentes desencaminhadas do Divino Redil. E lá foi ele para o sertão, isto é, para o Alentejo.

Encontrou uma Igreja limpa e a brilhar. Por aqui as Gentes do Sul costumam caiar as casas uma vez por ano. Isso então não falha!
Mas faltava-lhe o SINO. A Diocese não forneceu nenhum, porque não havia Padre para chamar os fiéis e também porque era parte do castigo para aquelas Almas desavindas. Não era preciso, nem mereciam!
Este Senhor Prior lá se foi aguentando e o horário da Missa, Terço era por passa-palavra. Casamentos havia poucos ou nenhuns, porque aqui o costume era ajuntarem-se, o Povo era pobre, assim não se gastava dinheiro em bodas e festanças de um dia!


Mas mulheres gostavam de se ir confessar, ou melhor, desabafar a um senhor padre que até era jeitoso. Desabafavam as suas diabruras de fêmeas, havia confiança absoluta porque o que diziam na Confissão não podia ser divulgado e ...tem de se dizer, o Senhor Prior era para elas um belo pedaço de homem, sendo bem olhado pelos buraquinhos do confessionário! Sempre lavadinho e penteado, unhas limpas. Nada parecido com os respectivos companheiros, sempre transando a suadouro do trabalho dos campos, quando não era também os cheiros mijalosos das vacas, ovelhas, cabritos e suínos !
Desse modo o Reverendo foi sabendo os pecados da Freguesia e à força do tempo, foi conhecendo o ambiente da aldeia.


Um dia uma Comissão de Moradores foi falar com o Padre, manifestando-lhe o desejo de terem um SINO no alto do campanário, tal como todas as aldeias em redor. Desconfio eu, à distância do tempo, que a intenção não era lá muito pela fé, mas sim para os trabalhadores do campo ouvirem de longe o toque de recolher a casa, coisa que não agradava lá muito ao latifundiário ou ao seu feitor lacaio.  


-- O Senhor Bispo diz que não tem dinheiro para dar um sino. Assim sendo, a única solução é o Povo fazer uma subscrição e eu mesmo me encarrego de ir a Lisboa comprar um sino de bronze, um bem bonito, com uma cruz e nome da nossa Aldeia.


Assim foi. Passados uns meses, essa tal Comissão de Moradores foi entregar ao Senhor Padre uma boa mão cheia de notas a fim de ele comprar o tal sino.


E lá foi o Ministro de Deus até Lisboa com o bolso da batina atafulhado das notas.
Passou-se um mês, dois meses...e nada de sino nem de padre.
Já o Povo desconfiava de marosca, quando numa bela manhã de domingo, ali junto ao Largo da Aldeia pára uma camioneta e o chauffer pergunta ao primeiro aldeão:
-Aqui é que é Aguiar? Trago aqui um caixote pesado com ordens para deixar aqui na Aldeia...
Depressa se espalhou a notícia pela Aldeia e gritaram uns para os outros:



                    - CHEGOU O NOSSO SINO!

Aquilo foi uma correria de todo o Povo para verem o seu SINO. Ninguém quis ficar em casa. Todos queriam assistir ao abrir do pesado caixote!


Não havia maneira de abrir o caixote, tão bem pregado ele estava. Mas diziam: isto abana muito! Sino não pode abanar, é pesado!
Com uma alavanca conseguiram tirar as tábuas cimeiras e após removerem o papelão protector, eis que fica destapada a mercadoria:

Então não é que o caixote estava completamente cheio de CORNOS? Isso mesmo: cornos de carneiros, de bodes, de bois...às dezenas, qual deles o mais torcido!

Bem. Nunca nenhuma pessoa do Mundo foi tão injuriada e difamada como esse Padre. Era filho disto, filho daquilo, cabrão, filho de uma folha de alface, paneleiro...
Até o ameaçaram com juras que se voltasse à Aldeia seria CAPADO das partes inúteis!

O caixote cheio de cornos ali ficou especado ao sol uma porção de dias, à vista de todos. E o pior era que os carros e camionetas que passavam pela Aldeia eram obrigadas a olhar o caixote, estava rente à estrada...

Depressa o Povo converteu o acontecimento em brincadeira.
As mulheres, durante a semana, passavam pelo caixote e diziam umas às outras:
-Olha... aqueles ali parecem os do teu homem!
-Pelo menos é o mais bonito par de cornos, os do teu nem cabem no caixote !

Ainda hoje, volvidos quase 70 anos, se alguém passa pela aldeia e pergunta pelo sino a algum habitante, de certeza que é corrido à pedrada !

Recolha de José Jorge Cameira

(foto da Wikipedia)



terça-feira, 20 de agosto de 2019

Conheça o José Jorge Cameira



José Jorge é o autor de "Recuperemos a nossa terra!", nos Navegantes de Ideias. Brevemente, iniciará a etiqueta "Coisas da nossa história".





"Sou Jorge Cameira tenho origens nos Concelhos de Penamacor e do Sabugal. Vivo em Beja desde Abril de 1970 quando me apresentei contrariado no RI3 onde estive 34 meses de farda n° 3.

Pelo contacto com levas sucessivas de jovens soldados recrutas aqui do Baixo Alentejo fui apreendendo com muita curiosidade a Cultura do Povo Alentejo. No dia de voltar a ser civil perguntei-me: para onde vou se aqui há Gente boa, o ar é bom, o comer e o buber é do melhor? E tudo fica logo ali !



E fiquei por cá, faz quase 50 anos. Então aqui gozei e sofri ao lado e com os Alentejanos, vi nascer 3 filhos no Hospital de Beja. Vi de perto a desejada transformação das "Relações de Produção", afeiçoei-me ao que foi a Reforma Agrária e por isso tornei-me ideologicamente socialista, à busca disso até hoje. Sempre que posso retrato este ALENTEJO, com palavras ou imagens. Espero que me aceitem criticamente."

José Jorge Cameira
Beja
Para saber mais sobre o escritor clique AQUI.

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                                                                     Trágico Alentejo


                                                  As Novas Azeitonas




                                    A minha Escola Primária (1955/1958)




           As filosofias Nazis e outras de Extrema Direita avançam por toda a Europa







        


domingo, 28 de julho de 2019

A Minha Vida Militar em Beja - Os Recrutas Caboverdianos no RI3 (1972)

Recuperemos a nossa terra!

Naquele tempo mandava no Rectângulo o Sr Marcelo Caetano, outro seguidor salazarento em modo soft.
Decorriam as 3 Guerras em África e o que decidiu este  governante?




Para manter o espírito colonial que existia ordenou que viessem de Cabo Verde cerca de 100 jovens caboverdianos fazer a recrutar à Metrópole, isto é, à Mãe-Pátria. Para onde iriam fazer essa recruta? Tinha de ser para um quartel com clima quente semelhante ao de Cabo Verde. Assim prantaram-se no RI3 em Beja os tais 100 jovens caboverdianos.

Era vê-los na cidade, todos morenos, vestidos com a farda nº 3. Mas coitados sem um tostão nos bolsos para comprar qualquer coisa nem mesmo para um copo de vinho. A instrução no quartel durante o dia para eles era fácil, o pior era a seguir ao toque de ordem. A maior parte ficava na caserna (com beliches) da 3' Companhia, só conversando, cantar nada pois não tinham violas.



 
Comer cachupa, ou beber vinho fermentado de ananás, nada. Falavam crioulo, uma salganhada com algum português misturado. E era só PAIGC para aqui e pr'ali. Com o decorrer dos dias a "sodade" aumentava, longe da família, alguns já casados e com filhos. Começaram as desobediências, até agressões contra os Instrutores, fossem sargentos ou oficiais. Faltas de respeito eram permanentes a ponto de ninguém poder entrar nas instalações da 3' Companhia. Foi então que eu entrei nesta cena. 

O Capitão Rosa (falecido em Angola em condições algo estranhas) chamou-me e disse-me: você já esteve em África, é assim moreno como eles, vá tomar conta deles, veja se consegue acalmar aquela gente! E lá fui estar com eles, nem sabendo bem o que fazer. Tinha mãos livres para fazer o que quisesse desde que eles se acalmassem.



Lá na camarata comecei a jogar às cartas com eles, a sueca, etc. Arranjei uma viola que estava abandonada na Messe dos Oficiais. Levei linguiças e pão do armazém do quartel, os galões davam-me força para levar à vontade. É óbvio que também me diverti com esta situação pois comi petiscos deles, ouvi as mornas e as coladeras que não conhecia. A coisa acalmou e o 2' Comandante Palma Ferro mandou-me regressar à minha Companhia original, a nr 2.

Mas voltaram as revoltas do recrutas caboverdianos! Era a mim que eles queriam, mais ninguém. Os Comandantes do RI3 que não queriam ouvir falar em revoltas mandaram-me ter com eles outra vez. Chegou o fim da instrução da recruta e o pior veio a seguir para aqueles jovens. Cada um teve de ir para a uma Especialidade noutro quartel do País e a seguir mobilizados para a guerra para as diversas províncias ultramarinas mas nunca para Cabo Verde, onde não havia guerra.



Alguns talvez até todos foram mobilizados para uma das três frentes. Comecei então a receber aerogramas de muitos deles escrevendo sobre detalhes das suas amarguras.
Uma estória verdadeira que aconteceu mesmo às portas de Beja!

José Jorge Cameira.
Beja, 17 de Junho 2019


Clique para ler os outros episódios:
Uma ida para o Alentejo - estórias que marcam (parte I)

Uma ida para o Alentejo - estórias que marcam (parte II)

Outros artigos do autor:

A minha Escola Primária (1955/1958)

As filosofias Nazis e outras de Extrema Direita avançam por toda a Europa


Concelhos de leitura:


quinta-feira, 25 de julho de 2019

Uma ida para o Alentejo - estórias que marcam (parte II)


Recuperemos a nossa terra! - José Jorge Cameira - Navegantes de Ideias

Beja, 1972
Decorria a Guerra no Ultramar e um dia pranta-se no RI3 em Beja (nesse ano eu já era Alferes Miliciano) um Capitão de Infantaria do Quadro, iniciais do nome ES. Tinha vindo da Guerra na Guiné onde viu e terá provocado horrores. Estava descompensado. Nervoso, alterado, metia medo.




Reuniu os Oficiais Milicianos mais antigos para uma palestra sobre a guerra em África.
Disse isto mais ou menos:
-- Sei que neste quartel os Senhores Oficiais refilam muito, são muito exigentes, até falam contra o governo, a indisciplina é geral, sei que houve uma revolta contra o nosso Comandante Coronel Camilo Delgado.




-- Se sabem que não vão ser mobilizados, se são patriotas, porque não se oferecem para serem mobilizados para a guerra?
-- Alguém se oferece, ou alguém já se ofereceu?
Ora eu que estava condenado a ser rechamado para a tropa dali a 2 anos, graduado em capitão e ir para a guerra, tinha-me oferecido com mais dois Oficiais para reentrar na vida militar mas com um estratagema de evitar ir para um dos 3 conflitos no Ultramar. Ganhava mais uns bons trocos e um valente passeio de borla e bem acomodado.



Então respondi ao Capitão ES:
-- Eu ofereci-me, meu Capitão!
-- Muito bem...ora aqui temos um camarada com amor à Pátria, um verdadeiro  patriota, um exemplo para todos!

-- Então diga-nos para que províncias das nossas em África se ofereceu?
-- Meu capitão, em primeiro lugar ofereci-me para Macau, a seguir Timor, depois S. Tomé e Príncipe e por fim Cabo Verde.

O Capitão começou a espumar e gritou-me:
-- Seu cobarde, traidor, ponha-se daqui para fora da sala...acabou a reunião, senhores!
O mês para ser mobilizado seria em Outubro de 1974. Não aconteceu, sabe-se porque.

José Jorge Cameira.
Clique para ler os outros episódios:

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27 Junho 2019

A minha Escola Primária (1955/1958)


As filosofias Nazis e outras de Extrema Direita avançam por toda a Europa


Concelhos de leitura:




domingo, 21 de julho de 2019

Uma ida para o Alentejo - estórias que marcam (parte I)


Recuperemos a nossa terra! - José Jorge Cameira - Navegantes de Ideias

Beja, 18 de Abril de 1970
Este o dia que cheguei pela primeira vez a Beja, portanto já fez 49 anos.
Vim revoltado. Desanimado e desacorçoado.



Como Militar recente que era,embora Miliciano não profissional, tinha acabado a Especialidade em Lamego e estava anotado que desejava ser colocado em 1º Lugar no Quartel de Infantaria de Castelo Branco. Ou pelo menos em Penamacor na Companhia Disciplinar, só a 17 kms da minha Aldeia, o Vale da Senhora da Póvoa.
Recebo em casa a Guia de Marcha pelo correio e estava lá bem claro:
 - Deve apresentar-se em 12 de Abril deste ano 1970 no RI3 em Beja.



Um choque para mim e dos grandes!
Mas não me apresentei. E logo no dia dos meus anos, nem pensar, estão doidos ou que?!
Fui para Castelo Branco. No Regimento da Cidade disse ao Comandante:
--Meu Coronel, quero ficar aqui no seu Regimento. Tenho amigos na cidade, estive a estudar 2 anos no ISA, a minha namorada Alexandra mora na cidade  e é perto da minha aldeia, a minha casa da família.
Não podia ser, tinha de ir para Beja, disse-me o Senhor Coronel.
--Olhe que terá problemas maus se não se apresentar, com a Tropa não se brinca, bem sabe, e estamos em Guerra...
Tinha apenas a ideia que Beja era longe. Para além, muito para lá, um deserto. Vir de fim de semana a casa era impossível pela distância. Então decido:
--Não vou para Beja. Fico na Aldeia. Que se lixe a tropa!



O meu Avô que foi militar em Timor e Moçambique avisou-me dos perigos de não ir. Conselhos de uns e de outros, ameaças disto e daquilo, lá me convenceram então a ir para a lonjura do Alentejo com fama de muito calor. Pensei com os meus botões:
--Mal chegue a esse tal RI3 meto logo o pedido de transferência para Castelo Branco ou para Penamacor.
Assim me resolvi a abalar, mais confortado com esta ilusão.
Mas havia um problema. Tinha de me apresentar no dia 12 em Beja e já era dia 18 e estava numa boa na aldeia.
Podia ser preso mal chegasse, seria considerado desertor, apesar de ter umas lindas divisas douradas de Aspirante nos ombros e uma boa nota no final de Curso.
Vou à Senhora dos correios da aldeia e digo-lhe:
--Senhora Saudade ponha-me aqui o carimbo do dia 17 no envelope para não ser preso.
Assim fez, mudando os números no carimbo.
Após não sei quantas mudanças de comboios, pranto-me em Beja no RI3, ainda por cima um quartel no campo e fora da cidade.
Vou apresentar-me ao Comandante do Quartel, o Coronel Henrique Callapez Martins. Que me diz de imediato:
--Nesta Guia diz que tinha de se apresentar aqui no Regimento no dia 12 e hoje é dia 20. Portanto está preso por deserção!
Quase borrado de medo, estendo-lhe tremendo o envelope que ele olha atentamente a data da carimbandela, analisa-a contra o Sol e responde-me com ar de coronel:
--Perante este carimbo, já não fica preso, está justificado o seu atraso.



--Este País no interior ainda está muito atrasado. Os dias que esta Guia levou a chegar até si, valha-me deus !
-- Ah...estou a ver aqui sua nota de Curso, muito boa...por isso vai comandar a 2ª Companhia que não tem Capitão.
Acho que nesse momento caguei-me mesmo nas calças!
--Meu Coronel, quero pedir transferência para Castelo Branco ou Penamacor!
--Sentidooo !! Eu dei-lhe autorização para falar?

(Fim da 1ªparte)

José Jorge Cameira
27 Junho 2019
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domingo, 14 de julho de 2019

A minha Escola Primária (1955/1958)



É exactamente aquela foto como era o edifício da minha Escola na aldeia Vale da Senhora da Póvoa, a uns 14 kms de Penamacor. Hoje é a sede da Junta de Freguesia, mas modernizada.
O meu Professor chamava-se José Maria Ladeira era natural da Moita, aldeia a 5 kms já no concelho do Sabugal.




O interior da Escola tinha na parede á nossa frente a foto de Salazar e um crucifixo. A cadeira e a escrivaninha do Professor era no fundo da sala, no canto esquerdo. Nós, alunos, dividíamo-nos em frente ao professor em filas de carteiras, cada uma para dois alunos. Éramos só rapazes, a Escola das Raparigas era no fundo do Povo, lado oposto da nossa, que era no Cimo do Povo. Fora da Escola mas dentro do espaço com gradeamento à volta havia uma grande árvore que nós subíamos nos recreios e era vulgar darmos trambolhões com os empurrões lá em cima entre nós. Fazer as necessidades ou "baixar as calças" era fora, detrás da Escola, a uns 200 metros de distância onde foi há muitos anos o cemitério da aldeia. Limpávamos o rabo a uma pedra, sempre com cuidado não tivesse ela já sido usada antes. 


O Professor era mau, ruim e uma besta. Um selvagem.
Por tudo e por nada, à mais pequena falha, asneira ao ler ou a fazer uma conta era no mínimo duas reguadas, sempre dadas com força, parecia ter-nos ódio. Até a régua, pesada e grossa, com buracos, tinha cor amarela encardida do suor das nossas mãos. 

Com a dor chorávamos, soluçávamos com descrição senão levávamos mais. Púnhamos as mãos doridas entre as pernas, com o calor aliviava. Mas a dose de reguadas podia-se repetir durante o dia.


Se um aluno não levava pelo menos um par de reguadas, nesse dia respondia tudo certo, o professor chamava-o e dizia-lhe:
- Tu hoje não as levaste, pois não? Dá cá as mãos. - E levava só duas reguadas, uma sorte.

Levei muitas reguadas sempre por não saber a tabuada, outras por brincadeira. Lembro-me de uma vez estalar os dedos das mãos e o professor levanta se com a régua e pergunta:
- Quem é que partiu a pedra ? 

Pedra, a ardósia.Todos se riram e o professor sentindo-se gozado arreou-me e com força.

Além da palmatória, havia as varas de marmeleiro. O Professor gostava delas ainda verdes porque não partiam com as caroladas nas cabeças dos alunos. Onde ele as arranjava, essas varas? As raparigas das nossas idades - entre os 7 e os 10 anos - ao domingo iam longe da aldeia onde havia marmeleiros, escolhiam uma vara forte e comprida e metiam-na no domingo à noite por baixo da porta de entrada da nossa Escola.
O Professor quando as via, os olhos brilhavam de satisfação, fazia-as zunir e dizia, vitorioso:
- Esta é das boas, vai durar.

Ele era mau, ruim que nem cornos.
Os pais não queriam que os filhos fossem à Escola. Porque nas suas courelas sempre ajudavam a tocar o burro à volta da nora, apanhar fruta, essas coisas miúdas. Mas o Professor Ladeira exigia que fossem à Escola então lá iam.
Mas diziam normalmente ao professor sobre o filho, quando o encontravam na rua:
- Casque-lhe que ele é mandrião só quer é jogar à bola na eira, é um bardino, dê-lhe, só se perdem as que caiem no chão.

Um dia. ele, após sair à tarde da Escola, viu ali perto um homem zangado a bater no seu burro.
- O' Ti Joaquim, não faça isso, qu' inda mata o burro!
E levou resposta, esse professor malvado:
- Pior faz vossemece todos os dias a bater nos mocinhos, até mete dó.

Para terminar.
Há tempos fui fazer a minha árvore genealógica. Então não é que fui descobrir que a besta daquele Professor era meu parente? A mãe dele era prima direita do meu Avô !

José Jorge Cameira
Beja, 10 Julho 2019
Outros escritos do autor, em: Recuperemos a nossa terra!