domingo, 30 de junho de 2019

As novas funções da GNR: esquecer as infrações do trânsito e dedicar-se ao controlo de faturas



vaca - Navegantes de Ideias

Uma história caricata, verídica e assustadora: somos perseguidos.

A história passou-se há dias e envolve as minhas flores. Flores??? 
Sim, fiz anos e um prezado cavalheiro decidiu (e muito bem), ao invés de me enviar as plastificadas floritas facebokianas, presentear-me com a mais bela rosa natural – um gesto precioso e digno de registo, podeis copiá-lo.  Ok. Certo. Deixemo-nos disto. Sigo viagem e conto-vos tudo.



Na pressa do não sei onde estou e preciso de uma florista, descobriu-a na azáfama do muito trânsito e longe do estacionamento. Sem pensar, na certeza do é rapidinho, priorizou o meu sorriso e o afago que só lhe fica bem: estaciona em segunda fila, atrofia o trânsito e sai do carro “desvairido” pelo levo-lhe uma flor. Entra na florista e é avisado, no imediato do momento, que a multa é uma certeza. Atira um “leve-me ao carro a mais bela rosa para a mais bela flor”; sai, contrariado, visualizado o meu sorriso a leste do paraíso. 



Senta-se no seu "automobille" e, em tons do pode ser que me safe, enceta conversa com o GNR que lhe acena com o papel multante. Pede aqui, pede acoli e a coisa está preta. Chega a florista, de rosita na mão e o são X euros na voz. O trânsito aumenta, o caus irrompe pela cidade e o GNR grita:
- Minha senhora, onde está a fatura?


Rosa - Navegantes de Ideias


Atrapalhada, a florista sai da rua e entra na loja. O GNR persegue-a: “A fatura, minha senhora”; “A senhora está a fugir ao fisco”. Fez-se silêncio, na rua, e o trânsito congelou mais rápido que os salários dos professores: um GNR abandona o caus do trânsito e dedica-se à grandiosa fuga ao fisco e ao rombo no orçamento que uma rosa (para o mais belo sorriso) pode causar.

E, nesta tragédia grega com dezenas de expetantes, com o GNR no interior da loja, a senhora volta à rua e entrega, ao cavalheiro, o papelito que impede esta monstruosa fuga ao fisco.
O representante da segurança rodoviária não retornou ao local do caus do trânsito, continuou no interior da loja não sabemos a fazer o quê. E o trânsito? Resolveu-se por si: o cavalheiro, feliz e airoso, de rosa no meu sorriso, seguiu a sua viagem e os outros condutores (tontos pela incapacidade de umas boas apitadelas) seguem balbuciando um “O que é esta #”$%?”.

Digo eu, apesar do grandioso sorriso: se calhar, assim no se calhar, vós estais em Marte e não sabeis. Eu fiquei na lua: recebi o que era para mim, coloquei o mais belo sorriso e o valente cavalheiro mudou-se do caus do “O que é esta #”$%?” para o paraíso do “Fi-la feliz”.






Guida Brito

sábado, 29 de junho de 2019

As Novas Azeitonas


Recuperemos a nossa terra! - José Jorge Cameira - olivais superintensivos de Beja - Navegantes de Ideias

Parece ficção.
Parece de doidos.
É inconcebível o engenho da inteligência humana direcionada para que uns inventem maldades contra outros para ganhar uns cobres a mais.

Vem isto a propósito de algo novo embora complementar ao negócio envolvente da Azeitona. É um facto agora descoberto que mais parece ficção, e neste modo irei narrar.



Por parecer técnico há um tipo de azeitona que é mais rentável torná-la "de mesa" (todos conhecemos no restaurante e em casa) do que enviá-la para o lagar. É um fruto proveniente do olival intensivo, impregnado de químicos na sua carne. Para a fazer chegar às nossas mesas, há que retirar um certo amargor e adocicá-la qb. Como fazer?

Fazem-se grandes tanques em metal apropriado com capacidade para 5000 ou mais quilos de azeitona. Esses tanques são cheios de água (proveniente de transvases do Alqueva, para não variar) e nessa água é injetado um adocicante que elimina o ácido de cada fruto. Falamos em vários tanques cada um comportando vários milhares de quilos de azeitona.

Ao fim de determinado tempo, bem calculado em função do mínimo de acidez desejável, as azeitonas são retiradas, enfrascadas e enlatadas e entregues para venda ao público.

Falta descrever o mais incrível deste processo. Sei que haverá dificuldade em acreditar. É que esses tanques estão enterrados! Sim, debaixo de terra! Qual a razão? Não sei ao certo. Será pela temperatura estável debaixo da terra? Será para poupar espaço num armazém? Ou para esconder este sistema?
Não sei. Soube-se deste esquema porque quem o pratica desconhecia que teria de pagar uma taxa por aquele tipo de uso de terra.

Recuperemos a nossa terra! - José Jorge Cameira - olivais superintensivos de Beja - Navegantes de Ideias

Conclusão: se cada fruto entra naquele tanque já com duas doses de químico, lá dentro leva um outro para ficar adocicado.
Faz-se no Alentejo, faz parte da destruição dinâmica deste Alentejo, pela grande ganância de uns quantos empresários, sempre com o desdém dos Poderes que decidem, autorizando em nome de elevadas estatísticas a enviar à UE. A saúde das Pessoas, essa ...."logo se vê" !

José Jorge Cameira

Outros artigos do autor: Trágico Alentejo
Outros artigos sobre o tema: 

O fim da planície e a morte do azeite: um dos maiores crimes ambientais de Portugal



Olivais do Alentejo: o crime é cometido sem medos nem receios


Fortes Novas, Alentejo: desenvolvimento ou exterminação?



Químicos e morte povoam milhões de hectares do Alentejo






quinta-feira, 27 de junho de 2019

A descabida conversa entre um aluno e um professor


Apagar os livros e congelamento dos professores


- Professora, se eu soubesse que era para apagar não tinha trabalhado.
- Meu querido aluno, se eu soubesse que era para congelar não tinha trabalhado.
- Professora, para o ano não nos enganam.


Sorrisos
Guida Brito

domingo, 23 de junho de 2019

Trágico Alentejo



Bem. Se não choveu para esses tempos de falta de chuva foi feita a barragem do Alqueva. Ora a água deste lago está a ser desviada para fins impróprios, ou seja com químico misturado irriga cada árvore, seja olival, vinha e amendoeira de carácter intensivo. 



Estamos a falar de gotejo permanente seguramente em mais de Um Milhão de árvores. Portanto, essa água falta para culturas de produtos agrícolas que são importantes. Quem autorizou, quem defende a continuação desta desgraça?? O Sr Ministro Capoulas Santos - declarou isso publicamente - que fala pelo Governo PS, mandatado pelos seus votantes. Tem de se dizer - estes são cúmplices desta situação. Ou seja, o Alentejo está numa desgraça a todos os níveis, a saúde de cada um irá deteriorar-se.
José Jorge Cameira



sábado, 22 de junho de 2019

Ir à praça, um hábito esquecido: acomodamo-nos em passos certeiros de quem vai, não pensa e não volta feliz



Praça de Vila Nova de Mil Fontes

Pouco conscientes, abandonámos certos hábitos que ampliavam a nossa qualidade de vida. 


Assim no sem querer, na pressa de quem tudo precisa para o ontem, acomodamo-nos em passos certeiros de quem vai, não pensa e não volta feliz. Habituámo-nos, de forma desmedida, aos hipers, aos grandes, aos têm tudo e, de forma “freniqueira”, “calcoreamos” prateleira a prateleira. Sabemos de cor, de forma quase inata, os caminhos do agora promove isto amanhã engoda com aquilo. 
Praça de Vila Nova de Mil Fontes

Permitimos o ficar sem nora, na hora das mudanças no local do gasto. Reclamamos, "asneiramos", certos que a qualidade de vida é o facilitismo do gesto impensado. 
Praça de Vila Nova de Mil Fontes

E eles sabem disso: sabem que se nos sentirmos em casa vamos diretos á prateleira e consumimos o usual; sabem que não vemos e em dia de novidades -  que não nos servem para nada - trocam a organização da casa e tropeçamos no vai comigo, apesar do não quero e não preciso; é barato. E, maioritariamente, papamos disto: meia dúzia de enlatados, uma dúzia de pré-feitos, duas dúzias do vai parar ao lixo e a novidade que nos impingiram no vai com pressa.
Praça de Sines

Praça de Sines

Permitimos o sem sabor e o já está feito.
Voltei ao Mercado, à praça, e fiquei feliz. 
Louro

Polvo

Encontrei os senhores da horta: os tomates sabem a tomate; os pepinos sabem a pepino; os pimentos são pimentos; as beldroegas são campestres; as ameixas e as maçãs não são todas iguais; os frutos têm folhas e não brilham; as batatas não flutuam como nas Provas de Aferição, são batatas e cumprem a sua função… 
Salsa e hortelã

Cravo

Não sei o que pensa a ASAE, não sei o que pesam os hipers, não sei o que vocês pensam, eu sei que amei os sabores e a salsa foi oferecida (só por isso já valeu a pena). Aquilo não tem ponta por onde se pegue, segundo uns moldes que não entendo, mas o sabor! Ai! O sabor!
Cenouras

Batata Doce

Comprei peixe bem fresquinho, azeitonas tradicionais, queijinhos da cabra da vizinha; dei dois dedos de conversa com a senhora das rosas; sorri para o homem do peixe; escolhi o melhor pão (um belo casqueiro alentejano) e voltei feliz.


Fui ao mercado, fui à praça,  amei e sorri.

Flores

 Sorrisos
Guida Brito



As consequências dos Olivais Superintensivos: Fortes Novas

Fortes



Ninguém imaginaria que a promessa de água, do grande lago Alqueva, à planície seca e árida fosse o início do fim.


Hoje, abordamos a consequência do pseudodesenvolvimento nas gentes de Fortes Novas. Alegadamente, fossas a céu aberto e emissão de gazes cancerígenos, por parte das fábricas de transformação do bagaço da azeitona, constituem a causa de um viver muito aquém do limiar aceitável para o ser humano. 

A indignidade maior das consequências das monoculturas surge, de facto,  na localidade de Fortes Novas.  E não sei como a escreva, de forma a transparecer a verdadeira dimensão de tão grande crime que ocorre no meu país. Ali, a morte é um bem conseguido em vida. 

Genocídio no Alentejo: Quem extermina o Povo Alentejano? Portugal ou Espanha?
Fotografia de Artur Pissaro

Definha-se, numa poluição tão intensa que não deixa ver a pessoa com quem dialogamos. São sobretudo idosos, envergonhados e doridos pela morte que chegou quando o coração ainda bate e a mente sabe que não há saída de um crime monstruoso, praticado com o consentimento dos órgãos de poder e de um país que não podia permitir esta aberração. Permanentemente, não há ar.
Assoam e cospem sangue, vivem enclausuradas na poluição que têm dentro de casa.
Genocídio no Alentejo: Quem extermina o Povo Alentejano? Portugal ou Espanha?
Fotografia de Artur Pissaro

No início, durante 10 anos, chamavam-lhe parvos e referiam que o fumo era vapor de água. Os órgãos de poder negavam, os agricultores negavam, as fábricas de transformação do bagaço negavam, as primeiras análises foram efetuadas no único dia do ano em que o vento levou a poluição. Após muita luta, por parte algumas pessoas (muitas choram no anonimato, ameaçadas ou com medo de perder o transporte, à quinta feira, que lhes permite sair da povoação) a fábrica reconheceu que o vapor de água era mais denso e construiu uma nova chaminé. No entanto, esta e as outras duas, visivelmente, continuaram a emitir espessos fumos enegrecendo a vida das pessoas que habitam a 200 metros (134 metros, no caso da Dona Rosa Dimas).

Genocídio no Alentejo: Quem extermina o Povo Alentejano? Portugal ou Espanha?
"Não se consegue viver" - Rosa Venâncio, Fortes, Alentejo

Devíamos combinar um dia e irmos todos, Portugal em massa, a Fortes. Acreditem, quem lá vai não precisa de análises: prefere a morte rápida a ter que respirar aquilo todos os dias, a todas as horas, a todos os minutos, a todos os segundos. É, sem sombra de dúvida, o crime mais hediondo que se possa praticar.


Assoam e cospem sangue, vivem enclausuradas na poluição que têm dentro de casa; evitam a rua porque intensifica estes sintomas e o ardor nos olhos e garganta. Não saem de casa, não convivem com os  vizinhos, não veem outros seres humanos, estão sós, prisioneiros do desenvolvimento económico e da ganância alheia.
Choram doridos, morreram.
Genocídio no Alentejo: Quem extermina o Povo Alentejano? Portugal ou Espanha?
"O meu cuspo é sangue, Quero recuperar a minha saúde" - Rosa Dimas, Fortes, Alentejo

Aplicaram as poupanças de uma vida num Alentejo puro e são; são idosos, viviam da reforma e das hortas; hoje, em fome envergonhada, sem recursos financeiros, estão prisioneiros e é o sangue que lhes sai das entranhas.



Finalmente, em junho de 2018, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) fez análises e deu a conhecer os resultados:
“Poluentes químicos associados a emissões confinadas e difusas”. Na composição química das partículas libertadas pela actividade da fábrica de bagaço de azeitona, foi identificada a presença de “monóxido de carbono, dióxido de enxofre, compostos cancerígenos (hidrocarbonetos policíclicos aromáticos) e outros gases (amoníaco, ácido sulfúrico e sulfureto de metilo”). Um dos gases apresentava valores 40% acima do suportável pelo ser humano. Perante este e outros pareceres, incluindo um do Sistema Nacional de Saúde, foram solicitadas medidas urgentes para que estas pessoas pudessem viver, o fim dos seus dias, com dignidade. Todos os órgãos de poder empurram uns para os outros e nenhum faz ou fez absolutamente nada, desculpando-se com o vizinho: judiando com estas pessoas. E a fonte de toda esta poluição continua trabalhando, indiferente às vidas que arrasta.

Recentemente, o Senhor Ministro da Agricultura reconheceu, pela primeira vez, o horror que ali ocorre. Referiu que ou a fábrica deixava de poluir ou se fechava. Palavras que não viram ações como reflexo. Não houve qualquer ação que devolvesse a vida a estas pessoas.


Para minimizar os efeitos negativos na população, a fábrica perguntou à população: se queriam óculos, uma capela e arranjos na escola primária. A população respondeu: a escola está fechada; não nos falta visão mas sim o ar; não precisamos rezar, são vocês que decidem se temos ou não: ar.


Há umas semanas, ocorreu mais um congresso para se debater este tema; provavelmente ainda não sabem que aquelas pessoas estão a morrer de forma desumana e que era hoje que devia ter acabado a sua agonia.
Genocídio no Alentejo: Quem extermina o Povo Alentejano? Portugal ou Espanha?
"Não nos façam sofrer mais como até aqui. Perdemos saúde e o que construímos ao longo da vida." - José Barrocas, Fortes.

De bradar aos céus, foi a humilhação provocada pelo senhor José Velez, vice-presidente da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo (Drapal), Em conferência, após ouvir o choro destas pessoas, disse-lhes: “desmistificar papões”; “ambiente é fundamental, mas o desenvolvimento é crucial”; “desenvolvimento tem os seus custos e as suas facturas” – ou seja, opino eu, considera aceitável o envenenamento e a morte destas pessoas em troca do desenvolvimento.


Belos políticos, é muito bem gasto os ordenados que lhe pagamos. O à vontade é tanto que nem se inibe de aprovar a doença e a morte de seres humanos, a troco de um desenvolvimento que ocorre não sabemos para quem. Terá, além do ordenado que lhe pagamos, subsídios dos capitais espanhóis envolvidos na fábrica? Algo tem que condicionar o que profere, não acredito que alguém, são mentalmente e livre de palavras empenhadas, possa transmitir concordância com este atentado à vida.
Genocídio no Alentejo: Quem extermina o Povo Alentejano? Portugal ou Espanha?
"Nem podemos estar em casa, dói-me muito." - Maria Joaquina Camacho Caixeirinha

Após o congresso, a APA instalou sensores para realizar novas análises ao ar de Fortes: a fábrica, estava presente aquando foi tomada esta decisão, parou as máquinas. Entretanto, as máquinas das análises ao ar foram desligadas devido à apanha do trigo que emite muitas poeiras; a fábrica soube e, no imediato, aproveitou para trabalhar a todo o gás.


Após o congresso, outra importante medida foi tomada: enviar uma equipa de saúde para analisar a população. Em tons de estou permanentemente no telemóvel, entre mensagens e joguinhos, foi entregue, a cada idoso, um inquérito. Afinal, o estudo não pretendia saber as marcas da doença provocada pela respiração contínua de gases venosos, queria saber se a população era louca, se poderia recorrer ao suicídio e se pretendia matar os que lhe infligem tamanha aberração.
Genocídio no Alentejo: Quem extermina o Povo Alentejano? Portugal ou Espanha?

No Alentejo, brinca-se, judia-se com a dignidade e a vida das gentes.


Genocídio no Alentejo: Quem extermina o Povo Alentejano? Portugal ou Espanha?
Sempre que escrevo emito a minha opinião, após analisar documentos reais e fidedignos.
Ler o artigo na integra:

Genocídio no Alentejo: Quem extermina o Povo Alentejano? Portugal ou Espanha?

Sem sorrisos
Guida Brito


sexta-feira, 21 de junho de 2019

Prova de Aferição do 2º ano: exercício errado passa despercebido aos especialistas e à população portuguesa

Prova de Aferição do 2º ano: exercício errado passa despercebido aos especialistas e à população portuguesa


O  exercício número 15 da Prova de Aferição de Matemática está errado: além da complexidade da Língua Portuguesa, da extensão e do excesso de imagens para crianças de tão tenra idade, as opções disponíveis não respondem à questão.




A flutuação de um objeto depende da sua densidade e da densidade do líquido em que é introduzido. Um objeto flutua se a sua densidade for igual ou menor do que a do líquido em que é introduzido. Em caso contrário, afunda.

No caso em questão, as batatas flutuam na água porque a sua densidade foi alterada quando se juntou o sal; nenhuma das respostas disponíveis inclui esse facto.  A Inês devia concluir que a flutuação da batata depende da densidade do líquido.

Opção A: do líquido usado – está errado retirar essa conclusão; a flutuação de um objeto depende da sua densidade e da densidade do líquido em que é introduzido. Cientificamente, não posso partir de pressuposto errado. Ser líquido é o meio e não a condição para.

Opção B – da massa das batatas - não posso retirar essa conclusão porque foram usadas batatas com massas diferentes.

Opção C – do tamanho da batata - não posso retirar essa conclusão porque foram usadas batatas com tamanhos  diferentes.

Opção D – da altura do líquido – a mesma não alterou os resultados da experiência.

Não havia, assim, nenhuma opção correta. Não podemos esquecer que esta prova se dirigia a crianças de 6/7 anos e  os adultos não conseguiram detetar o erro.

Resumo: os objetos podem flutuar em líquidos ou em gases; a sua ocorrência depende de vários fatores. No caso da flutuação em líquido, existem várias condições para que se verifique; nenhuma delas é ser líquido. Ser líquido é o ambiente onde ocorre e não a variável que influência a ocorrência.


“A flutuação de um objeto depende da sua densidade e da densidade do líquido em que é introduzido. Um objeto flutua se a sua densidade for igual ou menor do que a do líquido em que é introduzido. Em caso contrário, afunda."

Assim, a frase “A flutuação de uma batata num líquido contido numa bacia depende do líquido”:  está incorreta. Ver princípio de Arquimedes.


Se um conteúdo é demasiado complexo para uma faixa etária: não o devo lecionar, aguardo que a criança atinja essa maturidade. Não posso, em caso algum, lecionar o errado. Uma escola leciona, por etapas, o cientificamente correto. Líquido é o meio e não a condição para flutuar.

Ler também: 

Prova de Aferição de Matemática 2º ano: uma prova de e para adultos


Sem sorrisos
Guida Brito


quarta-feira, 19 de junho de 2019

Prova de Aferição de Matemática 2º ano: uma prova de e para adultos


Prova de Aferição de Matemática 2º ano: uma prova de e para adultos

Ainda não percebi qual é o intuito de uma prova de aferição e o que pretende aferir: se a incapacidade da criança; se a incapacidade do professor; se o não quer saber dos pais. 




Não há ponto sem nó e, cá para mim, a coisa vai ficar negra para o lado dos professores: são incapazes de colocar na cabeça das crianças aquilo que o seus 6/7 anos, ainda, limitam em maturidade. É preciso ser consciente que as crianças não frequentam o ensino universitário: criam as bases para que, um dia, o conhecimento seja sólido e usável.

Prova de Aferição de Matemática 2º ano: uma prova de e para adultos


O maior erro do nosso ensino: extensos programas, de grau de dificuldade desfasado da faixa etária a que se dirigem. Exigir o bolo antes de bater os ovos compromete o desenvolvimento, inibe o gosto; desespera o professor e cria ansiedade nos progenitores. Torna-nos, a todos, infelizes. Será isso que se pretende com as Provas de Aferição? Pôr-nos loucos e provar que somos todos incapazes? Na aprendizagem, não posso ocultar passos: todas as etapas são cruciais para um desenvolvimento harmonioso e consolidado - fundamental  na apreensão do saber que se segue.


Prova de Aferição de Matemática 2º ano: uma prova de e para adultos

Uma prova desta natureza, como a de Matemática que hoje foi apresentada a crianças de tão tenra idade, só pode ter sido realizada por alguém que, sentado na sua secretária, não tem experiência de ensino, não fez o seu trabalho ou foi mandado para o não fazer. 

Antes do grau de dificuldade que se apresenta às crianças a nível matemático, há que ser conscientes da exigência a nível da leitura: vocábulos de leitura complexa; exercícios demasiado extensos; excesso de figuras num só exercício; demasiadas alíneas. 

Prova de Aferição de Matemática 2º ano: uma prova de e para adultos



A leitura é crucial para a compreensão; uma criança de 6/7 anos ainda não apresenta a globalização da maioria das palavras, esquece o que leu anteriormente quando esbarra na tentativa de decifração de uma palavra. Não, não vai reler, a extensão é demasiado penosa para o fazer; aquilo dói e tem indicações para terminar o seu trabalho: quer fazer tudo; quer a felicidade e satisfação dos adultos que o acompanham. Regra geral, quando um exercício é extenso ou a linguagem utilizada se  situa fora do seu domínio, fixa a última informação e com ela responde. Responde mal, perdeu informações essenciais.

Prova de Aferição de Matemática 2º ano: uma prova de e para adultos

Nesta faixa etária, a criança ainda revela muitas dificuldades em se orientar no espaço, o excesso de imagens, num só exercício, fá-la perder-se, desorienta-a e incapacita-a de relacionar as informações.

Quando chegamos à Matemática, a criança já tem negativa, esbarrou na exigência desmedida de quem tem muitos anos e sabe escrever para adultos. Ultimamente, é isso que sinto: adultos que elaboram exigências a crianças de 6 /7 anos, como se estas também o fossem. Esquecem que a aprendizagem se constrói como uma casa: primeiro, tenho que criar condições no terreno para implantar os alicerces, adaptados à realidade que quero.

Prova de Aferição de Matemática 2º ano: uma prova de e para adultos

Os profissionais que elaboraram esta indigna aberração, esqueceram-se que, nesta idade, a criança não detém poder de abstração, não consegue relacionar tantas informações, não detém maturidade para a realizar. Necessita da concretização para, um dia, numa idade que não a sua,  aprender a abstrair-se.

Cá por mim, penso assim: as médias nacionais têm demonstrado que a exigência é superior às capacidades da criança. O nosso maior problema é o constante desrespeito pelos nossos alunos: mereciam um ensino adaptado ao que o seu corpo pode dar - desenvolveriam o gosto, o querer, o brio e a satisfação do saber  fazer.

Lanço-vos o desafio: resolver o que hoje foi exigido às crianças de 6/7 anos. Sei que muitos vão errar.

Artigo aconselhado: 

Prova de Aferição do 2º ano: exercício errado passa despercebido aos especialistas e à população portuguesa

Professor: o ópio do povo

Sem sorrisos
Guida Brito


sábado, 15 de junho de 2019

Olivais superintensivos; episódio “E tudo o vento levou”






Num discurso pouco coerente, veiculando dados confusos e que diferem de anteriores palavras, o Senhor Ministro da Agricultura anunciou a limitação da continuidade dos olivais superintensivos (estão na base da maior catástrofe ambiental, histórica e humana, no nosso país). 



De imediato, observou-se uma partilha imensa, pelas redes sociais, das suas palavras – palavras de alívio, de  felicidade, de finalmente, de acreditar no futuro, por parte das incontáveis vítimas do monstruoso sem explicação nem cabimento.

Hoje, para espanto de todos, pela primeira vez, dando o dito por não dito, o Senhor Ministro da Agricultura reconhece a existência de povoações que sofrem de forma cruel e desumana (embora sem coragem para pronunciar o nome de Fortes) e fala sobre o fecho das fábricas de bagaço.


Resumindo o seu discurso emotivo e preocupado: confessa que o Alentejo é terra sem lei mas envia o seu cumprimento e a justiça para um futuro incerto.


Fotografia de Artur Pissarro

Ops! Senhor Ministro, leva 10 anos de atraso para reconhecer que o vapor de água são gazes venenosos,  40% acima do suportável pelo ser humano. Sabe que as  fábricas continuam a laborar? Mais 10 anos para as fechar? Sabe que as pessoas estão doentes (muito) e que ninguém reconhece que os gases, 40% acima do suportável pelo ser humano, são a causa dos cancros, sangue que cospem, problemas respiratórios…? Matámo-los e passamos um paninho de sacudir o pó ou reconhecemos o que lhes causámos? 

E tem conhecimento das substâncias proibidas e cancerígenas (em tão grandes quantidades) nos aquíferos? Esqueceu-se ou  há interesse em jogar ao faz de conta que  não há o que há? 

E as espécies protegidas por lei que foram arrasadas? Onde estão as nossas rochas, tão importantes na luta contra a erosão dos solos? Sabe que todos as britaram? 



O que faz  perante os camiões que continuam a circular, a caminho do muito longe, com as nossas oliveiras milenares? O que acontece a quem arrancou os nossos montados?  E? E? 

E os dois ou três culpados que o senhor reconheceu? Foram condenados? E os outros que o senhor não reconhece? Foram condenados??



Desenganem-se os felizes "partilhadores" da publicidade gratuita ao Senhor Ministro: temos para desbravar o "com a verdade me enganas". Habituámo-nos, ao longo dos últimos anos, a receber o que parece que é  mas depois aquilo não é e o que vem piora.  Em minha opinião, a grande mancha da mesma cor (que preocupa, agora, o nosso “A mando do Prime”) vai dar origem a um sem cor enegrecido nas nossas vidas.

O que já fez Senhor Ministro? Qual foi a palavra que transformou em ação?

Então? Palavras bonitas que enviam o cumprimento para após eleições: são mais um episódio de “E tudo o vento levou”.

Vamos a factos

O representante máximo da EDIA recebeu esta semana os embaixadores dos Estados Unidos, em Barrancos. Mostrou-lhes o laguinho do Alqueva e teceu maravilhas do aqui posso tudo: lá vem o amendoal (mais 700 000 hectares).

Os chineses visitaram Sines, sorriram para a foto, para o Porto e para vinha no Alentejo.

Os canadianos que já começaram a colher a cannabis em Cantanhede querem ampliar, em muito, a sua produção. Onde? Alentejo.


Mais aquilo que a gente não sabe e está escondido nas entre  linhas, teremos um mono-intensivo que parecerá uma prática ambiental sustentável, amante da biodiversidade.

Por que carga de água (que aqui não há) vêm os outros continentes investir num pequeno país, da periferia da Europa, plantar numa região de secas severas? Será que a Espanha vendeu o Alentejo? Cheira-me a invasão camuflada.



Preparem-se que os subsídios da União Europeia são para ir buscar e mais virão: chegarão sorridentes, cativos desta região. O Alentejo não tem futuro e ninguém devolverá a saúde e a vida dos que já morreram; ninguém se responsabilizará pela tragédia já causada; a economia desenvolvida será a estrangeira e bolsos alheios aos interesses do país – nós baixámos as calças perante os tantos que se apaixonaram por esta linda terra.
Para finalizar, deixo a pergunta no ar: “E se alguém bater nos seus filhos? O que faz?”

Mas permite que o envenenem.
Pois, estão a envenena-lo: quando utiliza a água dos aquíferos; quando respira as vaporizações das culturas mono-intensivas; quando utiliza os azeites de preços acessíveis (e sem rótulo indicativo da  proveniência); quando consome o sem sabor (nem cheiro) que prolifera nas estantes do supermercado; quando comer o que pensa que são amêndoas… fica sem recursos e sem futuro (mesmo que tenha feito a escola até ao fim e com diploma do mais alto grau). Não se preocupe, um pouco de cannabis e viverá feliz, num arco-íris ocultador do que não presta.

Não é à toa que, numa região (Alentejo) onde de cancro nem se ouvia falar, hoje morre o Ivo, amanhã morre o Paulo, a Matilde e o João. Precisamos de uma resposta que vá mais além do que anular as festas do bairro. Que a sua memória seja dignificada no “Não quero mais! Acabou aqui!”.

Sem sorrisos
Guida Brito