| Dragoeiro - ilha de Socotra |
Dias depois de ter reservado uma viagem de
camião pela Namíbia, Botsuana e Zâmbia (uma viagem da autoria de Pedro Quirino,
https://africando.pt/; vendida em exclusivo para uma agência de viagens
online) fascinei-me pela frase: “Um dos lugares mais remotos e singulares do
planeta”. Exatamente o meu destino de férias favorito.
| Abutre egipcio - ilha de Socotra |
Assim como, sem saber como, tinha reservado duas viagens com a assinatura do mesmo autor (maravilhoso). Pensei “Guida Brito, isto não vai dar certo”; sim, eu conheço-me de ginjeira e sei que as gafes, os atrasos e os idem aspas fazem de mim uma sua boa companhia.
Socotra Iémen |
Depois da reserva, como é habitual,
pesquisei Socotra, esse lugar onde ninguém vai.
Para minha surpresa, Socotra:
-- hoje, pertence ao Iéman (embora gerida pelos Emirados Estados Unidos) e situa-se no Mar Arábico, perto do Corno de África;
- na época em que a visitei,
apenas um voo humanitário, com saída de Abu Dhabi uma vez por semana, permitia
visitar esta pérola esquecida;
| Árvores garrafa - ilha de Socotra - Iémen |
| Pesca - Socotra - Iémen |
- tal como Madagáscar, cedo se desprendeu do continente africano e a vida
desenvolveu-se seguindo um rumo próprio, uma diversidade única e deslumbrante –
fui conhecer o nunca visto. Sim. Socotra, tão arrebatadora e envolvente,
fará, para sempre, parte da minha caixinha de memórias para que a possa
desfolhar em pleno deleite. São
muitas as histórias e o tão belo não me permitirá escrever um só artigo.
Sabendo-me, reservei a ida para Abu Dhabi com 3
dias de antecedência; encontrar-me-ia com a minha amiga Chris (que conheci na
história que um dia escreverei). Do aeroporto, partiríamos de autocarro para o
Dubai. Como sempre o “em conformidade” não faz parte da minha vida. Eu fiz tudo
direitinho; a Chris perdeu um voo de ligação.
| Árvore garrafa florida |
Claro que me enganei no caminho, centenas de vezes, e fui respondendo que não precisava de ajuda a quem tinha a certeza contrária.
| Dragoeiro - ilha de Socotra - Iémen |
Não vos consigo contar tudo no aqui e agora, terão que
aguardar pelos próximos escritos e pelas muitas fotografias que tentam retratar
o infotografável : que bons foram esses dias.
| Dragoeiro - ilha de Socotra - Iémen |
Agradeço a Maria Rita por autorizar a publicação da foto de capa que, a meu ver, diz tanto da que já foi nossa ilha.
| Dromedário - ilha de Socotra - Iémen |
Não termino sem contar Maria Rita, responsável pelos
momentos mais divertidos e mais carinhosos do grupo. Somos tão diferentes e tão
iguais que até assusta, não sei como foi possível partilharmos o mesmo destino,
na mesma hora e no mesmo grupo.
Talvez nos pudéssemos ter encontrado no Casino
do Mónaco, mas nunca teríamos olhado uma para a outra. Eu,
completamente, fascinada pelas obras dos meus pintores e escultores preferidos,
pedi ao Guarda que me barrou a entrada (por vestir calções e uma camisola tão
sujinha que tive que a virar do avesso): por favor, deixe ver aquelas obras que
tanto amo; faça de conta que não me viu entrar e quando eu chegar ao fim da
sala de entrada, o senhor chama-me e eu saio – o guarda desviou-se e assim vi o
que tanto me fascina. Se
por acaso, Maria Rita estivesse ali: estaria vestida de princesa (jamais me
olharia) e eu só tive olhos para as maravilhosas obras de arte.
| Uma verdadeira obra de arte- árvore garrafa - ilha de Socotra - Iémen |
Penso que este encontro era inevitável:
-
eu levei para o acampamento uma lanterna sem pilhas, Maria Rita levou um lustre
da autoria do arquiteto do lustre da ópera de Reykjavik;
- ambas perdemos as fontes de
iluminação;
- eu adoro contar as minhas gafes em pleno delírio (sou alentejana), Maria Rita envolve-nos em gargalhadas brincando com a sua dificuldade em viver, acampada, no meio do nada;
- a minha facilidade em escolher um WC
inexistente, contrasta com a sua necessidade de levar metade do grupo, com
toalhas e tolhinhas, escondendo-se do não há gente;
- eu lavava-me com areia nas divinais poças e
cascatas, Maria Rita andava sempre muito cheirosa;
- eu perco tudo, Maria Rita perde a bagagem;
- eu viajo sem dinheiro e sem cartões, quando
penso na Maria Rita só me vem à memória um lustre, para uma tenda de campismo,
no meio do nada, desenhado pelo autor do lustre da Ópera de ReiKjavik.
| Floresta de dragoeiros - ilha de Socotra - Iémen |
Obrigada, Maria Rita; pela sua alegria e pelo seu
carinho, sem dúvida que a sua presença, nesta viagem, marcou toda a
diferença. Obrigada, a todos os participantes e ao Pedro Quirino: pela
Vossa paciência do ando tão devagar.
Sorrisos;
Guida Brito ( https://alentejoturismo.pt/a-autora/ )
Ler mais: Eu viajo sem dinheiro e sem cartões



