sábado, 5 de setembro de 2015

Somos os sorrisos que levamos




Guida Brito; Navegantes de Ideias


 Como todos sabem, adoro os segredos que viajam entre as palavrasno quentinho dos segredos, encaixo-me entre as letrinhas e saboreio o que me faz feliz. 



Não sou fácil de ler, dúbia por natureza só eu sei onde se encontram os meus sorrisos. Penso que acontece o mesmo com todos vós: por esse motivo não escolhemos o livro mais bonito e interpretamos as letrinhas encaixadas no sonho, na aventura, na curiosidade, na história que traduz o nosso eu. Somos os sorrisos que levamos. Hoje, descobri este bocadinho, entrelacei-me  nas nuvens e embarquei num longo voo Partilho convosco. (Guida Brito)

Guida Brito; Navegantes de Ideias




A tarde estava pronta para atravessar o horizonte que nos separa do campo dos sonhos; aquele lugar, imenso, que conhecemos quando o sono nos abre as portas ao país fantástico das estranhas viagens e dos misteriosos encontros. 

O sol já se havia escondido para lá da grande planície amarela, mas- e embora a noite não tardasse – ainda se percebiam as cores quentes e secas do chão… Era assim, em cada entardecer, nesses tempos, muito antes da história acontecer. (Daniel Marques Ferreira, A semente mágica)

Sorrisos
Guida Brito


terça-feira, 1 de setembro de 2015

Parabéns café


Bom dia
Café? Carioca?Cheio? Curto? Com pingo? Italiana? Capuchino? Turco?...
Não! Abatanado.







Parabéns, CAFÉ.

Partindo de princípios racistas, erróneos e contra natura, seria óbvio que sendo (tu) pó, preto e contendo borras: de ti, não esperaríamos outras cousas que não fossem as mais levianas características inerentes à podridão humana.

Não é do meu olhar mas do meu sentir (porque quem olha não vê e apenas quem sente é) que me revelas, entre tamanha aspereza, o mais milagroso dom: de me fazer sorrir ao levantar da pestana - no preciso momento em que penso que, o mesmo, era uma simples miragem alapada num qualquer sonho de quem anseia.


Sendo único, capaz das trevas fazer luz, és a esperança e a consciência de que os futuros se procuram nos mais recônditos, inóspitos e inesperados momentos, nos locais menos férteis dos nossos caminhos.

As aparências iludem, é na escuridão que a semente brota vida.
PARABÉNS, CAFÉ: tens o dom de me fazer sorrir.

Sorrisos
Guida Brito

Histórias da minha vida- como reclamar o que nos é devido.

Navegantes de ideias


Amei esta época da minha vida. Fiz tantas loucuras.Lembrei-me, neste tempo de crise, de uma crise pela qual passei.





Era uma jovem e os jovens tudo podem. Depois três meses sem receber, nem sei porquê, e após muitos pedidos e reclamações restavam-me cerca de 50 escudos, se tanto, na minha rica carteirinha.


Era sexta-feira, bebi um cafezito e comprei um bilhete de autocarro: Ribeira Grande- Ponta Delgada. Entrei na Direção Geral de Educação e sentei-me, faltavam 5 minutitos para a dita fechar. 

Quando inquirida sobre a minha presença, abri a carteirita, mostrei todo o espaço que se encontrava repleto de vácuo e disse:
- Há 3 meses que trabalho sem receber, gastei o último tostão no autocarro, não tenho que jantar nem como voltar para casa. Preciso das devidas mesadas.

- Vamos fechar, volte segunda feira.
- Não tenho como ir, nem como voltar; não se incomode por minha causa. Feche a portita, eu continuarei aqui sentada, segunda-feira sou a primeira a ser recebida.
Voltei, calmamente, para o meu assento.

- Saia lá, minha senhora.
- ...
- Olhe que eu, hoje, estou com pressa: tenho um jantar de amigos.
- Não se preocupe, pode sair. Se restar do seu jantar, por favor, guarde e traga na segunda, eu vou precisar.
Enrolei-me na minha rica mantinha, descalcei os sapatitos e alapei-me.



Veio uma funcionária, mais uma e mais uma... Começaram as promessas,"vamos resolver", "Pode sair que já está"...
- Nã, eu daqui nã saio, nã quero dormir na rua, prefiro dormir aqui. Até fico quentinha, trouxe a minha mantinha. Essa resposta (que o dinheiro estava na conta) já a recebi vezes sem conta e o dinheiro: nada.

As horas iam passando, não sei como não me deram um tiro. Aquilo azedou. E a alentejana nas calmas, sem sapatitos, enrolada na sua mantinha.

Mais ou menos às 20 horas, foi chamada ao local a senhora Diretora Regional. Pobrezita, já estava a jantar em família, pensando iniciar um delicioso fim de semana. Ainda não conhecia os alentejanos.
- Minha senhora, pode ir que já tem o dinheiro na conta.
- Nã, eu daqui nã saio. Essa resposta já a recebi vezes sem conta. Só saio quando o gerente do banco me telefonar a informar que a conta está na conta. 
(...)

Lá recebi um telefonema a informar que a conta tinha a conta certita. Voltei para o meu lugar e tornei e alapar-me.
- Nã! Eu daqui não saio. O gerente tem que me provar que é, de facto, o gerente do banco.

Foi o pânico, a última gota, os gritos, a confusão... E eu sentadinha.

E as horas passavam. 

Perto da meia-noite, recebi o tão esperado telefonema. O senhor gerente teve a gentileza de confirmar a sua identidade, fornecendo-me todos os dados relativos à minha conta, aos quais só eu tinha acesso. Agradeci, calcei os sapatos e nas calmas dobrei a mantinha e saí. "Boa noite e bom jantar para todos." Se não me assassinaram, neste dia, foi por pura sorte.

Pergunto:
hoje, quem aguentaria 3 meses sem receber? É a diferença entre o antes e o presente.

Sorrisos
Guida Brito


Hummmm... saboroso.



Na minha sala, exercícios no quadro.

Elabora uma questão.

P:

R: Eu vivo entre as pedrinhas da calçada.

Resposta do aluno:

Elabora uma questão.

P:

R: Eu vivo entre as pedrinhas da calçada. (Uauuuu! 

Professora, tu és especial.)