domingo, 14 de abril de 2019

Olivais do Alentejo: o crime é cometido sem medos nem receios


Alentejo, olivais superintensivos
Olivais milenares carregados em camiões e vendidos fora de Portugal, na calada da noite; dando lugar aos olivais superintensivos.

Aquando da calamidade de Moçambique, assisti orgulhosa à procura incessante de Portugal por um dos seus: um português que se encontrava isolado entre a desumanidade que doía a cada sentir. Um grupo de soldados enfrentou a morte e ultrapassando o impossível fez jus ao que se espera de um país: o não abandono, a sua defesa e a sua proteção. Sou crente que a missão de qualquer governo, além da melhoria da nossa qualidade de vida, é essa.



Infelizmente, se essa é a postura do meu país além-fronteiras, no meu entender (é a minha opinião que veiculo) a mesma não se verifica no seu interior. Assistimos, cada vez mais, a políticas e ações, por parte do governo, que distam do bem-estar e da qualidade de vida do seu povo: a políticas que caminham no sentido contrário à Constituição Portuguesa e que, ao invés de proteger os seus cidadãos, vedam os direitos fundamentais e universais à pessoa humana.

Sim. Falo do Alentejo. Falo do azeite. Falo do azeite, dos legumes pseudobiológicos e dos frangos… Falo num povo singelo que se tornou cobaia e refém da Europa (sempre no meu entender). A devassa e a extinção é tão grande, atingiu proporções tão gigantescas que ninguém sabe a área ocupada.  Espantaram-se com os frangos? Já não como frangos; em meia dúzia de dias assisti ao desaparecimento de um montado secular e viçoso que, inexplicavelmente, adoeceu, morreu e desapareceu, após a compra dos terrenos por parte de uma grande empresa. Não; não são os sobreiros de Alvito nem os que outrora existiam no seio dos olivais superintensivos; são mais uns que até passam despercebidos na enormidade bárbara que ocorre no Alentejo.

Alentejo, olivais superintensivos


Desaparecer misteriosamente, de um dia para outro, parece ser comum às velhas árvores da região. Na calada da noite, olivais milenares e  os recentes olivais intensivos são dizimados ou, conforme comprovam as imagens, carregados em camiões e vendidos fora de Portugal; dando lugar aos olivais superintensivos. Por todo o Alentejo: o crime é cometido sem medos nem receios. As políticas governamentais e a oposição caminham rumo à sua continuidade e à plantação de, além dos milhares de hectares já  existentes, mais 500 quilómetros quadrados desta praga que invadiu o Alentejo. No seu caminho: a devastação plena, até das vidas humanas.

Segundo informações recebidas, o milenar olival da Pêga (tem entre 2500 a 3000 anos) tem um fim próximo. A seu lado, já desapareceram, inexplicavelmente, olivais de grande dimensão

Estou cansada de ouvir os representantes do governo a veicular informações (no meu entender, sempre no meu entender) que são incompletas, desinformativas e acrescentaria mais uns adjetivos, não fosse o bom senso e a forma de ser que anda sempre em mim. Ouvi o Senhor primeiro Ministro  transmitir a informação que o Olival é a cultura que melhor se adapta ao Alentejo e que o mesmo necessita de desenvolvimento.



E, de facto, tem toda a razão do Mundo. Esqueceu-se de dizer ou de verificar se é o Olival que está a ser plantado por terras do Alentejo e a forma como está a ocorrer. Não é, Senhor Primeiro Ministro; não é Olival que por aqui ganha terreno.

Eu explico-lhe: tal como nós, as plantas ganham defesas relativamente às doenças: as oliveiras seculares do Alentejo são organismos muito resistentes e que quase não necessitam de intervenção para produzir a excelência da azeitona;  o que conferia ao azeite português a qualidade do “Melhor do Mundo”. Segundo as informações que me chegaram, de base fidedigna, essas oliveiras são certificadas em Espanha e seguem para Itália. As que ocupam o Alentejo, numa área tão grande que nem o senhor sabe a enormidade dos kms quadrados, são organismos modificados geneticamente e que necessitam de químicos altamente mortíferos para o ambiente e para a vida humana, em quantidades que vão muito além do permitido por lei. São tantas (dez vezes mais ao veiculado como aceite, no site do Ministério da Agricultura) que quase não cabem no terreno e que, no seu caminho, destroem todo o património Ambiental e Histórico, não respeitando a Constituição Portuguesa e, mais grave que isso, espalhando doenças que levarão à extinção humana.

A propósito: os produtos que dali derivam não deviam mencionar que foram obtidos a partir de organismos modificados geneticamente e distar de outras culturas….????? Se eu procurar, estou certa de que encontrarei a lei.

Alentejo, olivais superintensivos


São tantas, mas tantas, que isolam povoações e só param a um metro das casas das pessoas. De que desenvolvimento e benefícios estamos a falar? O desenvolvimento não deveria ter por base a melhoria das condições de vida? Dá dinheiro: a quem e para quê? Para que quero o desenvolvimento e os dinheiros, se morrer aos poucos e ver os meus definharem com um dos muitos cancros que aumentaram, de forma rápida e vertiginosa, no Alentejo?

Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina



Não é preciso ser doutora para ver que nem um inseto se esmaga no para-brisas do carro, ao atravessar os kms das áreas ocupadas por estas culturas (as abelhas, a par de outros, foram considerados os seres vivos mais importantes do planeta: sem eles não há vida); não preciso de análises para saber que o ar de Fortes, de Alvito e de outras regiões adjacentes, é gorduroso e irrespirável, basta lá ir; não preciso de estudos para saber que há alterações a nível da orologia e arranque de sobreiros, basta olhar e ver; não preciso de estudos para saber que que existe uma impermeabilização total nos terrenos do Parque Nacional do Litoral Alentejano… tudo é visível, a olho nu.

E muito lhe escreveria sobre o Tema; não escrevo: o Senhor sabe melhor do que eu que esse pseudodesenvolvimento está a arrasar o Alentejo e, mais grave que isso, a arrasar todas as formas de vida. É culto estudado e com tão grande responsabilidade que jamais descuraria o saber o que se passa no País. Lá estou eu com os pseudos; pois, Desenvolvimento deveria ter por base: a melhoria das condições de vida; o crescimento económico; a preservação dos nossos recursos ambientais, a curto e longo prazo, garantido o direito à vida e as liberdades fundamentais do ser humano. A realidade do Alentejo em muito daí dista.

Alentejo, olivais superintensivos

O que lhe solicito é que cumpra o seu dever de me proteger tal como fez com aquele cidadão, em Moçambique. Quero um ar respirável, quero ver o outro lado da rua, quero água não contaminada, quero a manutenção dos recursos, quero a defesa do Património histórico e ambiental; quero vida no Alentejo e no meu País.

De facto, estou perplexa com o que se passa no meu país. Já houve tempo em que a oposição fazia algum trabalho e isso era eco e regulava, um pouco, as irregularidades, diminuindo em muito os abusos de poder. Esta semana, fui surpreendida pelas declarações do Senhor Gonçalo Valente, Presidente da Distrital de Beja do PSD; li, por aí:

“A Distrital de Beja do PSD sai, em nota de imprensa, em defesa das culturas intensivas e super-intensivas, depois de nas últimas semanas ter reunido com a OLIVUM, ACOS e AABA. Gonçalo Valente, presidente da Distrital de Beja do PSD, afirma que as críticas, relativamente a estas culturas, surgem mas estão “ausentes” de informação documentada (como se fosse preciso um documento para saber que o ar que respiro é gorduroso, dá náuseas e é irrespirável) “segundo Gonçalo Valente, nas culturas intensivas e super-intensivas os pontos “positivos” são superiores aos “negativos” e garante que, tendo em conta as associações auscultadas…”  (www.vozdaplanície.pt)

E, ainda, li “deveras irresponsáveis e extremistas” quando se refere às pessoas que se queixam da privação dos seus direitos (direito a respirar, direito a água potável, direito à saúde… essas coisas que estão em último plano no Alentejo).

Alentejo, olivais superintensivos

Senhor Gonçalo Valente, a ser verdade o que li, o senhor reuniu apenas com a parte da qual o Povo Alentejano se queixa. Não se documentou, não viu, não leu estudos, não se muniu de análises credíveis (nem outras), não ouviu quem se queixa, não ouviu os organismos que alertam para um fim do Alentejo. Foi lá, falou com eles, eles dizem que está tudo bem e o senhor acreditou e chamou-nos irresponsáveis e extremistas.


Como é que o senhor quer ser credível e ser eleito se, num primeiro ato, desrespeita a Constituição? Sim, na minha opinião começou por desrespeitar o primeiro artigo, passou para o nono… e por aí adiante.
 Lembro-lhe:
 Artigo 1.º 
República Portuguesa
 Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

Artigo 9.º 
Tarefas fundamentais do Estado 
São tarefas fundamentais do Estado: 
d) Promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo e a igualdade real entre os portugueses, bem como a efetivação dos direitos económicos, sociais, culturais e ambientais, mediante a transformação e modernização das estruturas económicas e sociais; 
e) Proteger e valorizar o património cultural do povo português, defender a natureza e o ambiente, preservar os recursos naturais e assegurar um correto ordenamento do território; 

 Artigo 10.º 
Sufrágio universal e partidos políticos
2. Os partidos políticos concorrem para a organização e para a expressão da vontade popular, no respeito pelos princípios da independência nacional, da unidade do Estado e da democracia política. 

Artigo 13.º 
Princípio da igualdade 
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

Artigo 24.º 
Direito à vida
 1. A vida humana é inviolável. 


Artigo 25.º 
Direito à integridade pessoal 
1. A integridade moral e física das pessoas é inviolável. 
2. Ninguém pode ser submetido a tortura, nem a tratos ou penas cruéis, degradantes ou desumanos. 


Artigo 26.º 
Outros direitos pessoais 
2. A lei estabelecerá garantias efetivas contra a obtenção e utilização abusivas, ou contrárias à dignidade humana, de informações relativas às pessoas e famílias. 

 Pessoalmente, considero que as pessoas que vivem em Fortes, em Alvito e outros locais estão a ser torturadas, vítimas de maus tratos, vivem em condições cruéis, degradantes e desumanas. Considero que a Vontade popular não é a expressa nas políticas adotadas. Considero que os nossos recursos, o Ambiente e a Natureza não estão a ser defendidos. Considero que a Vida está a ser ameaçada, no Alentejo e no País.

E, infelizmente, não vejo a defesa de um produto que era de excelência. Todos, certamente, se lembram das experiências da escola sobre a densidade dos líquidos. O azeite era espesso, não deslizava com facilidade, tinha sabor a azeite, e, nunca, se misturava com o vinagre. Azeite e vinagre criavam bolhas; água e azeite separavam-se na integra.

Comprei vários azeites e fiz essas experiências:

Alentejo, olivais superintensivos


 - alguns azeites, ao serem misturados com o vinagre, formaram uma espécie de manteiga;

Alentejo, olivais superintensivos


- não consegui nenhum azeite que se separasse, na integra, da água; alguns criaram uma espécie de película branca, entre o azeite e a água; o que será aquilo?

Eu sei que a China e mais não sei quem vão precisar de azeite mas… não estaremos a vender “gato por lebre”? O que lhes vendemos não provém de oliveiras, provém de espécies não portuguesas e que foram alvo de modificações do ADN, portanto organismos transgénicos.   Ainda me questiono: que desenvolvimento temos?

Um desenvolvimento que me faz pagar produtos ao preço do ouro. Já viram o preço da salsa? Entre 50€ a 125€ o kg -a que provêm do Parque Natural do Litoral Alentejano. Salsa? Coentros? Alface? Bróculos? Num Parque Natural? Escrevi tanto que já não há espaço para o Amendoal e para os americanos que vêm a caminho.

Sou alentejana, portuguesas e se a constituição permite que expresse a minha vontade e a minha opinião: sou contra. O Desenvolvimento do Alentejo tem que passar pela recuperação dos seus recursos naturais (e são muitos), com total respeito pela Natureza, pelo Ambiente; pelo Património Histórico e pela vida. Sou contra a destruição do Alentejo, sou contra o arranque de árvores seculares, e sou contra as culturas superintensivas. Sou contra estes crimes e a Constituição Portuguesa também o é.

Conselhos de leitura sobre este tema:

Químicos e morte povoam milhões de hectares do Alentejo


https://navegantes-de-ideias.blogspot.com/2018/01/o-fim-da-planicie-e-morte-do-azeite-um.html

https://navegantes-de-ideias.blogspot.com/2018/02/destruido-todo-o-parque-natural-do.html

Sem sorrisos
Guida Brito




29 comentários:

  1. Respostas
    1. Infelizmente sou obrigado a trabalhar num desses chamados olivais, pois por aqui não há mais nada e tenho filhos para criar, e posso garantir que é muito pior do que se diz.

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  2. Por acaso vive no Baixo Alentejo ou é só alentejana de nascimento? É que para falar é preciso conhecer o estado da arte, não basta apenas a quimica de cozinha e apoiar o politicamente correto.

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    1. e tu vives onde e apoias o quê? fala-me lá então do "estado da arte" e das tuas "químicas de cozinha politicamente incorrectas", wild boy!

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    2. Se há produtos em que, é muito fácil, saber a sua qualidade, o azeite, por ser (e deveria continuar a ser) um produto natural, é talvez o mais fácil de todos! Se considera "arte" ao que se está a fazer no Alentejo, pois claro, todos os artistas têm direito à vida! O que não têm direito, é tirar a vida ao outros ... Faz lembrar a velha "estória", que por cá, no Alentejo se conta:

      - Joãozinho, quanto é 3X7?
      - 21 professora!
      - Muito bem. E 7X3?
      - Hummm … não sei, a professora só mandou estudar a tabuada do 3!
      - Mas é o mesmo Joãozinho!!!
      - Não!!! Não é o mesmo … se a professora comer arroz o que é que caga???
      - Se comer arroz, é óbvio que cago merda Joãozinho!
      - Pois … agora coma merda e veja se caga arroz!

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  3. Até quando, quem manda, vai consentir nesta calamidade?? Quando não houver retorno? Seja com Petições ou outro qualquer meio dever-se-ia fazer ver aos senhores do "poleiro" que estão a destruir todo o Alentejo e que as futuras gerações não têm futuro e não lhes irão perdoar. Mas eles não estão nem aí...

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  4. É lamentavel. É duro conter minha revolta. Vivendo no Brasil,pensei há poucas semanas atras quando revisitei meu pais, refazer anterior passeio pelo belo Alentejo pelo qual se apaixonou minha mulher.Triste escolha. O que vi, o que senti, determinaram que não mais voltarei.ASSASSINARAM, o Alentejo e o assassinaram com as mesmas armas que estão assassinando lentamente o proprio país.Um dos países mais antigos do mmundo,será um dos primeiros a desaparecer.Em breve tempo, Portugal não mais existira como nação autoônoma, soberana, dona de sua propria história. A minha " portugalidade" deixou de ser um bem a transmitir aos meus sucessores e quem diz isoto é um homem que vestiu uma farda, pegou uma arma e saiu pelas matas africanas a defender o " patrimônio da nacionalidade)

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  5. Vamos espalhar a mensagem e aumentar a consciência sobre este problema! Obrigada pela brilhante escrita sobre a situação!

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    1. E o povo continua sereno, pois a única coisa que conta neste rectângulo ibérico é o futebol e a política. E assim, vamos morrendo "felizes" com "estes alimentos" espirituais e físicos.

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  6. Gravíssimo, imoral, criminoso! Próprio de traidores!

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  7. Isso è apura verdade.os golosos destroiem tudo.

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  8. O caminho do desenvolvimento sustentável só pode ser feito por pessoas sérias, quando os portugueses escolhem os governates pelas cores e simpatias não há que esperar por outro resultado.

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  9. É verdade que se fazem centenas de km sem que um insecto se esmague no pará brisas dosnossos carros. Ficamos satisfeitos porque é uma trabalheira removê-los,o que é perfeitamente natural. Mas quando nos recordam que a nossa vida depende da existência destes pequenos seres que fazem a polinização sem a qual as espécies vegetais deixavam de existir ou...ficariam na mão daquelas empresas que acham que devem estar a meio da cadeia alimentar substituindo o papel dos insectos. Quem não ouviu falar já da Monsanto que cria produtos agrícolas estéreis com a conivência dos responsáveis políticos a nível internacional ,que têm o descaramento de proibir até a troca de sementes para nós entregarem nas mãos destes "beneméritos"? As culturas extensivas são culturas assassinas. Diz quem sabe. O Alentejo estará condenado se não abrirmos os olhos,e com ele todos os alentemos deste mundo.Cada um de nós tem que se sentir rresponsável pela destruição do planeta porque de facto... NÃO HÁ PLANETA B

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    1. Parabens pela pertinente observação. É sim uma verdade que se andam centenas de quilômetros sem que qualquer inseto se choque com o parabrisas.Talvez porque nessas mesmas centenas de quilômetros a nossa vista so alcança pequenas oliveiras, raquíticas, que vivez à custa de rios de produtos químicos como se estivessem em uma U.T.I .Não há lugar para abrigo de animais à sua sombra, muito menos de ninhos de pequenos pássaros em seus galhos.Apenas uma visão até aonde a vista alcança de pequenos arbustos que serão engolidos e sacudidos por maquinas até que entreguem seus pequenos frutos sem sabor algum.Pobre Portugal.

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  10. Obrigado pela denúncia destas calamidades! É muito muito grave tudo o que relata. Até onde este país se deixa auto-destruir? Em nome de quê? da ganância?! Então e as associações ambientais o que esperam para denunciar isto? Não há um único partido que leve isto a Assembleia da República?! Este país está a saque!

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  11. Obrigada pelo excelente artigo que escreveu e pela denúncia que faz! Partilhando o seu artigo talvez se consiga que algum partido, movimento de cidadãos ou associações ambientalistas tomem conhecimento da situação e ajam em conformidade!

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  12. Bravo Guida Brito, precisamos muito de vozes como a sua. O nosso Alentejo outrora lamentado por ser esquecido, é agora lamentado porque o Alqueva que deu novas perspectivas aos alentejanos, foi aproveitado pelas máfias do dinheiro, que só veem o lucro desenfreado, à custa da saúde e bem estar das pessoas. Os políticos guiam-se pelo mesmo sistema, esquecendo-se que estão a trair a honestidade e a inteligência. Haja quem denuncie estes atos criminosos.

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  13. Muitos Parabéns... não teria descrito melhor e com tanto sofrimento genuinamente de quem se importa, a degradação, a violação e a exploração que estão a fazer aos Portugueses e a Portugal! Estão a tirar-nos o que melhor temos e a empobrecer-nos para que no futuro sejamos mais um dos povos que perderam o controlo económico, natural, educativo e social nas suas vidas. Um bem haja e espero que escutem a sua voz a tempo!!!!

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  14. gostei de ler conheço muito bem o nosso Alentejo mas não tinha noção de tamanha calamidade e quando essas químicas começarem a chegar ás captações de água de abastecimento público barragens rios e mar ?? mau demais !!

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  15. gostei de ler a sua mensagem como alentejano e conhecer toda a zona dos novos olivais não tinha noção de tal calamidade e quando as quimicas chegarem ás captações de água para abastecimento público barragens ,rios e mar ??

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  16. Como brasileiro posso dizer que riqueza maior do Portugal alentejano não está na capacidade de maior produção de olivas e sim na beleza de sua história e tradições. Estamos num tempo em que as pessoas buscam o Turismo que mostre a essência de onde visita. Os velhos olivais deveriam ter o status de patrimônio nacional e contar com a proteção governamental.

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  17. Quilómetros sem insectos? É mau demais! Não imaginava que tal já se verificasse, muito menos em Portugal.
    Vivo rés vés com o Alentejo, em Setúbal, portanto mesmo ao lado. Prezo bastante essa região tão calma, esse casario branco imaculado, essa plenitude que parece coisa de contos de fadas. Fui criada no campo, todas as minhas costelas gritam liberdade, todo o meu ser grita natureza. Se há lugar onde eu me sinto livre, onde a paz me invade, é no Alentejo. Quando quero descontrair, quando preciso parar e meditar, são as paisagens do Alentejo que invoco, com as suas mais variadas cores, desde os verde dos campos de trigo, até ao dourado do seu amadurecimento. Desde o lilás das erva rastejante nos montados, até ao castanho do outono. Desde o verdejante rebentar, até ao amarelo resplandecente da maturação dos girassóis. Ou ainda o creme a ondular, do dorso das ovelhas que lentamente pastam nos montados, ou malhado rosa e preto dos porcos a esburacar, ou a comerem bolota na sombra dos "chaparros". Perto demais de onde vivo, e tão longe do que alguma vez poderei fazer. Triste, muito triste.
    Também aqui, tão perto e ao mesmo tempo tão longe do Alentejo, as coisas mudaram. Os pássaros quase desapareceram. Aqueles bandos enormes de pardais que por esta altura se esmifravam no casario a tratar da vida, fazendo ninhos, acasalando, brigando pela fêmea que mais lhes despertava o instinto de sobrevivência desapareceram. Os pintassilgos que chilreavam nas árvores despertando o gato mais sonolento do quintal, simplesmente já não se avistam, tal como os verdilhões, piscos, chapins. O declínio da agricultura tradicional, acabou com as sementes para os pardais. O uso dos pesticidas ao acabar com os insectos das hortas, acabou com os pássaros no céu. Assim tal como no Alentejo, também noutras regiões se sente o peso do desenvolvimento cego. Demasiado mau. Quem nos governa sabe, mas como não lhes interessa o amanhã, nem quem cá vai ficar, apenas sentem o cheiro dos euros, e deixam-se levar como se fossem inocentes, como se fosse tudo normal.
    Por aqui, fazem-se dragagens num rio azul, que certamente nunca mais o será. Querem lá saber do povo, ou de quem vive do rio, ou dos golfinhos? Claro que não, querem livrar-se dos contentores em Lisboa, lembraram-se de os por à porya de Setúbal. Também por aqui, um dia destes deixamos de ter além dos pássaros, os peixes, e teremos navios enormes que só servem para os mesmos de sempre lucrarem com as desgraças do povo, o Governo e os capitalistas. Mata-se o Alentejo e os alentejanos, e mata-se o Sado e os setubalenses. Eles lá querem saber de oliveiras centenárias? Eles lá querem saber de golfinhos? Eles lá se importam que morram os alentejanos ou que os setubalenses padeçam de fome? Não. Importante é gastar a água do Alqueva, importante é tirar os contentores da porta deles. Que se lixe o povo, está demasiado idoso, dá demasiada despesa. Deixe-se os latifundiários espanhóis se façam às terras do Alentejo e encham cada centímetro com oliveiras geneticamente modificadas, que a água do Alqueva tem de ser vendida e a Monsanto precisa de vender pesticidas. Que se lixem os alentejanos...
    Assim vamos indo, a passos largos a caminho da destruição de um país, de um povo, que já foi grande, mas que o deslumbre com o poder e o capital, deitou por terra e agora anda sempre na mó de baixo a querer ser grande, mas sem saber ser....

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  18. Estamos de acordo em que o olival superintensivo não é ambientalmente sustentável. Já quanto a oliveiras geneticamnete modificadas, creio que não as há no Alentejo.

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  19. Faz falta um verdadeiro partido ecologista.o apêndice do PCP e o partido dos bobis e tarecos, não servem para nada

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  20. Faz falta por partidos de parte agarrar nos tomates e defender o que é nosso

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  21. SÓ para as Cobranças de "IMPOSTOS" e de coimas ou multas... o Governo é bem diligente e ativo ... e para outras "Propagandas" de falsas iniciativas e Adiamentos... para o resto não ligam patavina ... é o lema do "Sacar enquanto é possível..."!!
    E, para quem esperava pelas Oposições ´barulhentas', populistas, virtuosas e até de insultos... esqueçam, porque agora têm potes de mel a lamber!!!

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  22. Só posso concluir que os governos estão na mãp dos poderosos e têm que lhes fazer a vontade .

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