Havia dois, na minha aldeia de Grandaços: o da tia Hortense e o da tia Augusta
Ferreira. O forno de poia era o forno
onde todas as pessoas da aldeia iam cozer o pão.
Eu lembro-me, ás 5 da manhã,
a tia Hortense ia bater às portas: “podem começar amassar”.
A minha mãe, quando acabava de
amassar, punha um bocadinho de massa - um sinal -
e, quando a massa crescesse e chegasse lá, estava pronta: leveda.
Tendia-se, fazia-se o pão e a tia Hortense ou
marido, o tio Manel Fernandes, vinham de porta em porta buscar os
tabuleiros. Na porta do forno, já havia mais pessoas com o seu pão em cima
do pial, à espera. Começava- se a fazer um sinal, 2, 3 …
um beliscão nos pães (para saberem de quem
são quando cozidos)… o pão vai ser
deitado no forno.
Mas espera lá: agora é a altura
das costas, dos bolinhos e dos tabuleiros com o peixe.
E assim, a tia Hortense e a tia
Augusta tinham pão para a semana inteira. Pois, todas as pessoas que ali coziam
o seu pão: davam-lhe um e algumas costas.
Era assim a vida da forneira: lembrar faz parte de mim.
Maria Vitoria Guerreiro Simões Nobre
O nosso “Muito Obrigada”, à Maria Vitória: pela partilha e pelo carinho.
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Sorrisos
Guida Brito
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