domingo, 8 de abril de 2018

O pão de Poia - Maria Vitoria Guerreiro Simões Nobre

Placa do pão
Havia dois,  na minha aldeia de Grandaços:   o da tia Hortense e o da tia Augusta Ferreira.  O forno de poia era o forno onde todas as pessoas da aldeia iam cozer o pão.
Eu lembro-me,  ás 5 da manhã,  a tia Hortense  ia bater às portas:  “podem começar  amassar”.  A minha mãe,  quando acabava de amassar, punha  um bocadinho de massa -  um sinal -  e, quando a massa crescesse e chegasse lá, estava pronta:  leveda.
Tendia-se,   fazia-se  o pão e a tia Hortense  ou  marido, o tio Manel Fernandes, vinham de porta em porta buscar os tabuleiros. Na porta do forno,  já havia mais pessoas com o seu pão em cima do pial, à espera.    Começava- se  a fazer um sinal,  2,  3 … um beliscão  nos pães (para saberem de quem são quando cozidos)…   o pão vai ser deitado no forno.
Mas espera lá: agora  é a  altura das costas,  dos bolinhos  e dos tabuleiros com  o peixe. 
E assim, a tia Hortense e a tia Augusta tinham pão para a semana inteira. Pois, todas as pessoas que ali coziam o seu pão: davam-lhe um e algumas costas.

Forno antigo

Era assim a vida da forneira:    lembrar faz parte de mim. 

Maria Vitoria  Guerreiro Simões  Nobre

O nosso “Muito Obrigada”, à Maria Vitória: pela partilha e pelo carinho.

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Sorrisos 
Guida Brito

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