Pois é! Deixámos
chegar aqui: que pedissem mais do que podemos dar; que nos atafulhassem de
contas; enleámo-nos do que não tem solução e tornámo-nos doentes de expressão
(sem sorrisos – quero eu dizer). Ausentaram-se os risos, os cantos da boca já
não sabem aproximar-se das orelhas; ausentou-se a plena cavaqueira que rodeava
a mesa. Trabalho, escola, deveres, mesa, cozinha, trabalho, escola, deveres, mesa,
cozinha… e ausência de afetos: total ausência de afetos e abraços que não somos
capazes de iniciar. Tornámo-nos seres insatisfeitos e descarregamos no outro:
exigimos o que não damos e fazemo-lo com tanta certeza de razão. Não prestas,
não fazes, não sabes… somos bichos quando devíamos ser gente. Apregoamos uma “missa”
que não doamos e estamos certos: tão certos que escondemos o quanto erramos e
não somos. Não somos errantes: estamos todos carentes. Carentes até de nós.
Nessa tua tão pouco verdadeira aparência: estás
triste? Muda-te; sorri; abraça; elogia; ama e não aceites o que não podes dar.
Sorrisos
Guida Brito
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