quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Somos poucos por todo o lado: o euro já se afundou; a moeda somos nós

Guida Brito

Somos tão poucos a desempenhar as funções que deveriam ser de muitos mais que a segurança, a saúde, a educação e a justiça são meras utopias – sinto que concordámos que fossem a moeda de pagamento dos buracos de uma corrupção sem fim à vista.

Esta noite, a residência dos estudantes do ISEL foi assaltada. Alguém entrou nos quartos dos jovens, enquanto estes dormiam, e assustou, de forma muito séria, os jovens que dali dependem para continuar os seus estudos. Para a polícia é mais um caso que seguirá os transmites legais; a urgência de resolução que o caso requeria, necessitava que o número do efetivo destes profissionais que ali trabalham fosse muito superior.





A situação é comum: vamos aos correios e ingressamos na horrível espera da senha “do nunca é a minha vez”; os centros de saúde abarrotam de utentes; nos hospitais, quando temos a sorte de ser aprovado o nosso exame, ou a nossa cirurgia: lá vamos parar à interminável fila do “esperamos que não morra”; na justiça… não sei se rio ou se choro; na educação, o número de profissionais é tão diminuto que é claro que concordámos que as nossas crianças permanecessem sentadas numa cadeira, ao invés de adquirir conhecimentos válidos e consolidados; vamos às finanças e “toca pró espera”. Permitimos doar do nosso temos de vida, como se fossemos eternos e o tempo fosse coisa que sobejasse, num interminável não sei se acontecerá.

Claro que reclamamos! Reclamamos nos correios, reclamamos nas finanças, reclamamos nos bancos; reclamamos na polícia; reclamamos nos centros de saúde… reclamamos na justiça (mentira, aqui já desistimos de fazer valer os nossos direitos): reclamamos e vigiamos de perto os profissionais dos quais dependemos e que, tal como nós, são em número diminuto para desenvolver (ou solucionar) uma exigência desmedida.

Estamos errados por não exigimos, no sítio certo, Direitos que deveriam ser universais. Permitimos e continuamos a permitir que a moeda de pagamento de uma crise sem fim seja aquilo pelo qual batalhamos todos os dias: igualdade, justiça, educação; saúde; tempo com os que amamos… direitos fundamentais. O euro já se afundou; a moeda somos nós.
Sem sorrisos
Guida Brito

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