- São do David, professora.
- Hummmm????????
- A professora sabe. Então? A professora adora-o.
( Eu???!!!!??? Adoro-o ???!!!???? Ai! Uma palavra um pouco
forte para descrever o que sinto por alguém da classe inimiga: os que batalham
do lado de lá porque querem o lado de cá – tudo se me passou pela alembradura –
a cachimónia de ideias - menos o vislumbre do rosto ou corpo que transporta,
certamente, umas mãos fortes, sensíveis, delicadas e alegres e uma mente surreal,
jovem, doce, naif e sonhadora ( a pensar assim mais parece que o amo, chiça…). Não me
lembro do David, não sei se o adoro, o
que é certo: é que o que brota do seu ser é ouro e transluz as cores do arco-íris
– aquelas que nos cativam e fazem sorrir. Curiosa, muito curiosa… essa do
reconhecer, publicamente (ao que parece/ ainda por cima), que adoro um elemento
do sexo oposto… não se afigura ser meu. Será que me esqueci de mim? Dos
cuidados que tenho em manter uma boa picardia e de não entregar as botas nem
que a vaca tussa? Que terá acontecido? Ter-me-ei perdido ao contornar uma pedra
do caminho? Acertaram-me com um limão na testa e fiquei mais ácida do que
costume? Seja lá quem for o David… as mãos são experientes e transmitem ternura.)
- Oh! Professora! Então? As árvores da nossa escola? As
galinhas?... a professora delira com os trabalhos dele!
(Ahhhhhhh! Pois é: O David! Não, não conheço o David. Claro que conheço o David! Nunca
o vi mas sei-o… claro que adoro o David- aqui não há picardia,” lembra-me a mim, anos
atrás”: um jovem, inicio de carreira, alheio à podridão que se instalou no meio
e a troco de quase nada, trabalha- e tão bem- por gosto, cativa e abre quereres
em mentes muito jovens que lhes são confiadas- e ainda bem. David, adorei.
Desculpem, esta não é do David! Deixei-vos apenas um cheirinho, ele fez muitas mais!