quinta-feira, 22 de junho de 2017

O segredo do Chapéu de palha

     Prometemos desvendar o grande segredo que encerra este gracioso chapéu de palha. Então, vamos lá fazer render o peixe e prender-vos- vocês aí desse lado- numa boa leitura às minhas palavrinhas. Lembram-se dos meus troquinhos? Claro que se lembram: andam sempre a espreitar o nosso porta-moedas. Pois é, há 16 dias que vivemos com a módica quantia de três euros diários e comprometemo-nos a fazê-lo durante 30 dias. Temos cumprido, integralmente: só publicámos 13 dias devido ao excesso de trabalho no final do ano letivo. A experiência tem sido um êxito: fizemos as contas e gastamos em  cada uma das nossas refeições equilibradas: 0,30€. No entanto, uma das regras do jogo: o dia do meu aniversário não entrava nas contas. E prontosss.... vamos contar: vamos jantar fora e eu precisava de um chapéu. Já sabem. Sabem mas não sabem tudo. Um chapéu é a primeira compra que se faz quando se embarca numa nova aventura. Isso mesmo: há mais surpresas. Sei que vai ser a primeira e única vez que vou fazer 51 anitos e este evento, que só acontece uma vez na vida das pessoas, requer uma comemoração muito especial. Assim sendo, vai que não vai, comuniquei à restante direção que vamos interromper os escritos na etiqueta Nós 2/ 3€ dia/ 30 dias e os próximos cinco dias serão publicados na etiqueta Viagens. Opssss... pois, exato: vamos, sem destino, procurar um restaurante que cative e grande qb para receber toda a equipa do blogue "Navegantes-de-ideias". Partimos sem destino mas com o gosto de talvez passar por Guadix. Sem planos nem programas; com esta equipa nunca se sabe o que pode acontecer. Meia dúzia de trapinhos, uma geleira, uma tenda e plenos de sorrisos vamos à aventura. Não nos perca: diremos tudo.
Sorrisos
Guida Brito

quarta-feira, 21 de junho de 2017

A minha janela



               A minha janela podia ser um dos lugares mais maravilhosos e encantadores do mundo: podia mas não é. Em frente a um pátio era propícia a umas boas serenatas que teimam em não se fazer ouvir; podia ser palco de estrelas mas geralmente está nublado; podia abraçar desejos à mais singela estrela cadente mas, também… podia, podia, podia…nem as fadas pairam por aqui; oiço as discussões dos vizinhos e as brincadeiras das crianças no final da tarde, uma azáfama, um corrupio audível de palavras delirantes e presas nas gargantas dos menos ousados. Aqui, nas traseiras do meu prédio e no pátio da minha janela, as palavras não têm preconceitos: soltam-se e obrigam-nos a dançar, entre sorrisos, na canseira dos afazeres do jantar. Hoje, a vizinhança está calma, cansados da praia não apresentam forças para as habituais frases do fundo da carteira; o espaço foi evadido por alguns petizes que se fazem ouvir
   -Gooooooooooooooloooooooooooooooooo…
  - Portugalllllllllllll marcaaaa. È golo, é golo, é golooooooooooooo… Portugal ganha:1/0
       Pensei recuar no tempo, espreguicei-me nas nuvens e … rapidamente petrifiquei.
  - Vai, vai Ronaldo marca, marca e é g…… Mãeeeeeeeeeee! O Ronaldo não quer marcar.

13ºdia- Nós 2/ 3€ dia/ 30 dias

     
     Desculpem; continuamos a viver com três euros diários mas não temos conseguido fazer-vos chegar as palavrinhas. O final do ano letivo é muito absorvente: não há espaço para respirar.

     Pensámos fazer um arroz xau xau, daí as nossas compras. Não foi uma boa opção: o molho de soja barato era uma boa "jamais devia ter comprado". Senti-me tão enganada que quase, quase, quase que lá fui... Não, não fui porque teria que fazer uma análise detalhada do produto e não sei se saberia todas a palavras a utilizar: era trabalhoso pesquisar as palavras que não pertencem ao nosso dicionário. Shiiiiii.... reticências ponto e vírgula! Barato não pode ser sinónimo de uma boa palavra que não sabemos. Conclusão: engolimos o jantar mas salvámos o almoço do dia seguinte (não levou molho do dito cujo que necessitava de palavreado não constante do nosso livrinho de boas palavras).

     Para as sobremesas e lanches fiz pãozinhos de leite. Como não havia tempo suficiente para os levedar: coloquei-os em forno a 60ª meia hora; levantei a temperatura para 200º e em dez minutos um delicioso cheirinho satisfez o paladar.


     Lamento não vos fazer chegar o recibo: perdi-o. Gastei três euros certinhos e o mealheiro nem se atreveu a ripostar. de olhar cabisbaixo não parece muito feliz.

Sorrisos
Guida Brito

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Quem te cegou?

      

      Quem te cegou?  As tuas certezas. 
Sorrisos
Guida Brito

Tu és uma gaivota


 Mudar o outro não é o caminho: aprender-te é ensinar-te o que sou. Guida Brito


     “Tu és uma gaivota… E gostamos de ti porque és uma gaivota, uma linda gaivota. Não te contradissemos quando te ouvimos grasnar que és um gato, porque nos lisonjeia que queiras ser como nós; mas és diferente, gostamos que sejas diferente… demos-te todo o nosso carinho sem nunca pensarmos em fazer de ti um gato. Queremos-te gaivota… contigo aprendemos uma coisa que nos enche de orgulho: aprendemos a apreciar, a respeitar e a gostar de um ser diferente… És uma gaivota e tens de seguir o teu destino de gaivota “ in  História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar- Luís Sepúlveda

12º dia-não superado- Nós 2/ 3€ dia/ 30 dias

        O impensável aconteceu: dia não superado. Eu conto tudo. 
     Aos poucos, vão-se esgotando os restos da despensa. Embora escassos, têm permitido o sucesso da meta a que me propus. O arroz, a massa e principalmente o leite, têm sido ingredientes chave. O maior problema vai ser comprar azeite: gordura que não dispenso- é a mais saudável. O que existe em casa deve temperar mais duas ou três saladas. Vamos ter que nos organizar e pensar numa solução. Errar nas contas ou comprar azeite não constitui um problema grave para mim. Podia, facilmente, excluí-lo e isto parecia o que não é. Não quero: quero saber o que é viver assim; quero acabar com o consumismo impensado; quero acabar com os desperdícios; quero fazer valer cada centavo do meu vencimento (descobri que trabalhei muito para conseguir as sobras que foram parar ao lixo); quero preparar o meu filho para um futuro que não sei e torná-lo o mais autónomo e batalhador possível. Sei que existem muitas famílias que vivem com muito menos do que eu- e sem a segurança do posso acabar com isto; gente que vive ao nosso lado e a quem exigimos posturas que só são possíveis a quem não se desvia de determinada forma existencial. O meu filho "leva da brincadeira", entre aspas, uma aprendizagem que só se consolida na experiência. Aprendeu a gerir de forma controlada escassos meios; aprendeu a desenrascar-se; aprendeu que o muito se esgota e o pouco dá para muito; aprendeu a fazer... aprendeu tanto. Adorei o dia em que tinha deixado apenas pão para o lanche; não havia manteiga; não havia queijo; não havia doce; não havia o que normalmente há no mero gesto de abrir o frigorífico. O meu filho não exigiu, não pediu: havia nectarinas, fez doce. Podia dar-vos n exemplos do sucesso desta "brincadeira", entre aspas. Meus amigos, os nossos filhos estão habituados que a água escorre dos dedos da mãe quando a gritam da cadeira do computador ou do lugar, sentado, do sofá. Habituaram-se ao prato na mesa e ao abrir do frigorífico. E, nós entramos na rotina do é mais fácil. Num mundo correrio: facilita satisfazer, cansa contrariar. São hábitos tão "rotinos" que se tornaram inatos e deixaram de ser pensantes. Em 12 dias, o meu filho tornou-se muito mais homem e isso valida: todos os tostões que não gastei e, toda, a trabalheira desta aventura. Não facilitar é o melhor professor que qualquer jovem pode ter.

         Adiante.
     Já sabem: pequenos almoços e lanches baseiam-se no leite, cereais, pão e bolachas (que tenho cozinhado); os almoços provêm das quantidades calculadas, em excesso,  do jantar.
        A hora das compras é a que transborda sorrisos. Hoje, visitei dois supermercados. Primeiro comprei asa de peru- esqueci-me da foto mas consta nas contas. Corri às nectarinas e à couve branca. Sobrava o suficiente (pensava eu) e decidi comprar grãos. Feliz, elaborei um requintado jantar que vai dar para três refeições- já tenho frigorífico; não há problema.
     Cozido de couve e grão. O sumo nunca falta. 
(Vou deixar de escrever, aqui, as receitas: irei colocá-las na etiqueta "Receitas da minha cozinha")

     Após o jantar, fui organizar escritos e talões de gastos; ouvi o resmungar do velho mealheiro e fiquei vermelha como um pimentão: gastara um cêntimo em excesso! Shiiiiii... Santa Barbatana! Atirei-lhe com a caneta e, até hoje, ninguém mais o ouviu: quando não há é para todos.

     Sorrisos
Guida Brito
   

domingo, 18 de junho de 2017

sábado, 17 de junho de 2017

Barulho


Sorrindo

       
      Tenho muito bons alunos. Nem sempre tenho tempo de partilhar os seus escritos mas tenho um enorme orgulho nas suas produções. A grande maioria, escreve e pontua com uma correção invejável e pouco comum nesta faixa etária. Embora, por vezes, me façam sorrir (e muito) com a sua desatenção. São muitas, muitas e muitas, as horas de trabalho que um professor do primeiro ciclo tem que dedicar às avaliações. Noites mal dormidas que sorriem com pequenas distrações dos pirralhitos- aliviam o cansaço.
       Escolher dois espaços públicos de uma planta e referir a sua função- era o desafio. Uma aluna. muito trabalhadora, decidiu falar sobre todos os espaços e escreveu:
      "Na escola aprende-se; na igreja há missa; na papelaria fazem bolos; na câmara ????; e na gelataria há gelados."