Três ex-militares americanos serviram
os interesses do seu país no Afeganistão. Apaixonaram-se pelo povo e conscientes
das suas dificuldades decidiram apoiar o desenvolvimento da agricultura - esta
é a bandeira da sua firma e o que ajuda o consumidor a decidir-se entre o seu e
outro produto similar.
A consciência descansada que ajudámos ao bem maior, nem
sempre nos encaminha no sentido correto de desenvolver, nos povos, atividades
que garantam o seu sustento. Após uma ideia inicial, desenvolvida com sucesso por
alguns grupos de coração gigante, de desenvolver competências para subsistir (evitando
a exploração e a necessidade de caridade) surgiram milhares de seguidores que,
em nome do bem e do dou isto ou aquilo, nada mais fazem do que tornar escravos
homens livres.
Voltemos aos americanos e ao seu
sentido humanitário: ao serviço da América, no país Afeganistão, constataram a existência
de açafrão – a melhor especiaria do mundo; vendida a preços diamante devido à
sua especificidade de obtenção e recolha. Fizeram uma parceria com os
agricultores locais e criaram uma empresa: obtêm uma grama de açafrão por 8
dólares e vendem-na por 35 dólares.
Cada grama de açafrão requer 150 horas de
trabalho. Antes de financiar o bem através de mãos alheias, há que fazer uso
das nossas capacidades pensantes: dos 8 dólares do custo por grama, um dólar e
pouco paga 150 horas de trabalho e os custos de produção. Não creio que o
desenvolvimento assente nestes ideais; cheira-me a “destruímos e agora usamos” –
cheira-me a regresso ao escravo ocultado em nome do bem.
Se cada um de nós, se envolver,
cada vez mais, na ajuda presente ao seu semelhante, talvez o Mundo seja um
sítio melhor.
Conscientes da história que se repete, indignamente, pelo
Mundo: podemos descartar a situação; podemos enviá-la para o segundo plano das
nossas famosas sinapses; ou, podemos usá-la na consciência do mal que
provocamos por uma ação não intencional. Quando ajudo sem envolvência: financio
criminosos; incito ao enriquecimento indevido; permito a acumulação de capitais;
torno-me mais pobre; e, impeço a ajuda humanitária - por parte daqueles que se doam
de forma a que um pouco da primavera nasça nos mais áridos locais do Mundo.
Sorrisos
Guida Brito
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