Fotografia dos solos do Alentejo. |
Partilho convosco (após a autorização do leitor em
causa) uma carta que recebi. O seu escrito teve por base um dos meus artigos:
O fim da planície e a morte do azeite: um dos
maiores crimes ambientais de Portugal
Exma. Sra.:
Tive a sorte e privilégio de ler o seu artigo sobre
o tema acima citado. MUITO OBRIGADO!
Há pouco tempo fui a Beja...e com que tristeza
regressei de lá. Só não vê quem não quer ver. Até mete dó...
Mas o mesmo se passa no Parque Natural do SW
alentejano que, de parque natural, praticamente já só tem o nome...são dezenas
(senão centenas) de hectares cobertos de
plástico.
155 hectares de estufas: uma ínfima parte das estufas do Ex Parque Natural do Alentejo Litoral e Costa Vicentina |
Há uns anos (ainda não havia Parque Natural - agora
também já não há... nem Rota Vicentina),
fiz o percurso de Milfontes a Sagres.
Já dei 2 voltas ao mundo; já vi muitos locais muito
belos. A Costa Vicentina não fica atrás de nenhum deles. Sinceramente, dói
muito cá dentro ver todo o tipo de selvajaria e crimes ambientais que se cometem em nome do "progresso" e da
economia (a talho de foice, digo-lhe que
já traduzi 1 ou 2 contratos de trabalho que os
trabalhadores estrangeiros tem de assinar. Não tenhamos ilusões -
trata-se de escravatura moderna). Por falar em economia, será que alguém já se
deu ao trabalho de quantificar o valor do (pouco) território que nos resta,
ainda intocado? Sei que a Rota Vicentina já atrai 150.000 trekkers/ano, com
tendência para aumentar. Nem calcula o que isso mexeu com a economia local.
Por favor, não deixe de escrever mais e mais sobre
este assunto. Quem sabe, um dia (sou otimista - espero que não seja tarde
demais) alguém com os poderes
necessários para travar isto, acorde...
Mais uma vez, MUITO OBRIGADO!
Leitor devidamente identificado, por questões de
privacidade o seu nome não é partilhado.
Sem sorrisos
Guida Brito
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