BUTÃO ou Reino do Dragão é um pequeno País na parte sul do Tibete. É um
território que viveu fechado ao mundo exterior durante séculos.
Os habitantes sempre viveram felizes em comunhão com o que a Natureza lhes
proporcionava.
Marco Polo visitou a região no Séc.13 e constatou isso mesmo.
Os seus líderes durante séculos parece que viviam enfastiados de nada
fazerem e de serem sempre felizes.
A Religião predominante, o Budismo, subdividiu-se em 3 outras, por ínfimos
detalhes de interpretar aquela Religião.
Era esse o motivo para fazerem guerras de vez em quando. Espadas, lanças,
flechas, depois mais Paz. Para quebrar a rotina e o aborrecimento...
Foi neste ambiente que ali se apresentaram por volta do ano 1625 dois
Jesuítas Portugueses, Estevão Cacela e João Cabral.
Nesse tempo interessava ao Rei de Portugal, então Filipe III, a penetração
em novos territórios além-mar para tomar posse deles, inventariar possíveis
riquezas e ao mesmo tempo os Jesuítas em nome da Fé Cristã alargariam o Reino
de Deus, com o apoio do Papa.
Os Jesuítas informaram o Líder Espiritual ou Lama que vinham dum País
pequeno e distante, demorando 12 meses a sua viagem por mar.
O Lama concluíu com lógica que esse País - Portugal - seria uma Ilha,
porque tiveram de viajar de barco, quando todos os viajantes se deslocavam
então por terra.
Para facilitar a sua aceitação e conseguirem os objectivos pretendidos, os
Jesuítas ofereceram ao Lama mosquetes, 2 canhões e pólvora, ficando à
disposição para derrotar os seus inimigos com essas armas.
Fizeram a experiência com um canhão - o barulho do disparo deve ter
aterrado o próprio Lama que pode observar os efeitos de destruição possivelmente contra uma floresta.
O Líder Espiritual filosoficamente comunicou aos 2 Jesuítas portugueses a
sua magnânima decisão:
1) Seria desonesto da parte dele usar aquelas armas numa batalha contra os
seus inimigos, porque estes ainda não as possuíam;
2) Se usasse aquelas armas, ganharia de certeza todas as batalhas, mas o
seu prestígio ficaria manchado perante Buda, porque precisou de ajuda de
Bárbaros para ficar vitorioso nas guerras contra os inimigos.
Os Jesuítas retiraram-se do Butão e ainda hoje é possível ver-se aquele
armamento guardado naquele Reino, inútil como dantes.
José Jorge Cameira
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