Os Montes surgiram
devido à tentativa de moldagem dos habitantes a novas regras sociais. A fuga
dos inadaptados, às exigências de uma sociedade injusta e de elites, fomentou
que, aqui e ali, há muito tempo, surgissem pequenas habitações, pertencentes
aos homens livres: os Montes alentejanos.
Iniciou-se um novo e nobre povo, cujas características se mantêm até aos dias de hoje: humilde, sábio, respeitador, simples mas livre. Em plena comunhão com a natureza, vivia das ervas da planície e das margens da ribeira, de pequenas hortas e do pastoreio.
Hoje, são,
maioritariamente, idosos que ali habitam: alvos fáceis da ganância alheia. Na
solidão dos pequenos povoados, a sua voz é abafada e a sua simplicidade
apelidada de ignorância.
Hoje, o povo alentejano vê as novas plantações invadir
o perímetro dos povoados, vê-as entrar em casa; vê as águas interditas a uso
público e os seus cursos desviados; vê a planície decepada das ervas que
aprendeu a usar na sua alimentação; vê as árvores milenares serem vendidas ao
desbarato, no OLX; vê os sobreiros e as azinheiras serem arrancadas ou
queimadas; sabe as praias contaminadas; chora o ar gorduroso e nauseabundo;
sente os químicos que o matam; e, na sua velhice, agasta-se com a nova doença
que aqui chegou: o cancro.
Cala-se envergonhado de uma culpa que não tem.
E, a lei? A lei, nas
suas exceções, por vezes, legaliza um genocídio sem precedente; por vezes, não
é aplicada. Em nome do desenvolvimento económico, do alto interesse financeiro:
ceifa-se, aos poucos, em morte lenta, todas as formas de vida, incluindo as
humanas.
Em plena Europa, a
dúvida persiste: quem o inflige? Portugal ou Espanha?
Sem sorrisos;
Guida Brito
Muito bem!...Margarida
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