As fortes chuvadas que se fizeram
sentir, esta semana, semeou de pedras e blocos rochosos, de grandes dimensões, a
marginal, a rotunda a sul e a estrada que desce a arriba. A descomunal proporção
do que vi, levou-me a questionar: “Porquê?”. Sempre choveu e nunca tinha visto
nada igual.
Decidi visitar o local, após a tragédia que ocorreu.. Não é preciso ser engenheiro para verificar que as fendas verticais e as rochas fragmentadas, desabarão mais dia, menos dia.
Olhei para cima e na beira da falésia encontram-se duas construções:
- uma foi embargada há alguns anos
(mas não demolida) e dista poucos centímetros da arriba; num elevado risco de
queda sobre a marginal; temo por quem ali passar;
- mesmo ao lado, foi aprovado
(pelo menos está a ser construída), uma obra de grandes dimensões; no local
encontra-se uma grua, cujo peso se situa
entre as 60 e 100 toneladas, na sua frente (diria um ou dois metros), na
arriba, encontram-se fendas e um enorme buraco; na parte inferior terras,
rochas e blocos de grandes dimensões continuam a cair. Uma das fendas evidência que toda a arriba rachou (de alto a baixo).
Os quase 100 000 kg da grua
e as inimagináveis toneladas do edifício, na beira de uma arriba instável, deixam
antever uma catástrofe gigantesca.
Quando fotografava o local,
passou uma idosa, estimo ter mais de 80 anos.
- Já viu isto, vai cair. Se já
não era seguro construir ali, agora com as explosões da pedreira (dista cerca
de 400 metros, se tanto, do local), isto vai cair tudo. Devia ver a minha casa,
desde que a pedreira começou a funcionar: racharam todos os mármores e as
paredes da casa.
Pois, nem me lembrara da pedreira. Para a construção do grande Porto, é mais fácil utilizar as rochas da cidade.
Decidi inspecionar o caminho pedestre (desce a arriba) que era uma graça e permitia bons passeios; usado, por muitos, para atividades desportivas; um investimento de milhões.
Nem queria acreditar:
- um dos muros mais altos
encontra-se completamente abaulado, dizendo vou cair;
- todos os muros apresentam
fendas verticais e as rochas, utilizadas na sua construção, evidenciam querer
sair do lugar.
Pergunto-me: será que a proteção civil já inspecionou o local? Será que já encontrou soluções? Vai demolir a construção embargada, que se apresenta em elevada eminência de desabar sobre a avenida? O que vai acontecer com a nova gigante construção à beira do abismo, que apresenta tantas derrocadas e fendas, na sua frente a meio da arriba?
Aquela grua vai manter-se no local? Se ao lado uma obra foi embargada, esta também o vai ser? Vai manter-se? De quem era a construção embargada e de quem é a nova construção, que cresce ali ao lado? E a pedreira? Terá alguma responsabilidade na desgraça que se adivinha?
Sei que uma das casas, na beira do penhasco está à venda por 490 000€: tem vista de mar.
Sem sorrisos;
Guida Brito