domingo, 16 de julho de 2017

Geraldos- Castro Verde- aqui, nasceu Portugal


     
Geraldos- com toda a certeza: aqui nasceu Portugal. Embora os historiadores de discordem e cada um puxe o rabo à sua sardinha, não existem dúvidas. Contado de boca em boca, o património oral confirma-o. E, numa época em que não existiam aviões, comboios ou meios locomotivos de transporte rápido, pergunto: se o D. Afonso Henriques andava muito a sul (sonhando e combatendo a ampliação do condado) como iria realizar a Batalha de Ourique a norte? Não faria sentido. Seja como for, este local é mítico: deixe-se encantar.







Lá prós lados de Castro Verde, existe um pequeno povoado… Não; lá prós lados de Castro Verde existe um Monte- sendo que Monte é menos que aldeia; pode englobar uma ou muitas casas; isola-se de tudo e ninguém os percebe muito bem- os Montes resistem aos tempos que o tempo é tudo o que têm. 

    
 O que Vos vou falar, conheço muito bem: foi a terra que me viu nascer, no tempo em que pertencia à parteira a tarefa de nos fazer vir ao mundo. 



    
 Contrariamente à maioria, não se situa num sítio alto, nem próximo da corrente de água (ribeira). Afastou-se da normalidade e é numa quase cova, ou cerro muito baixo, que o podemos encontrar; embora apresente algumas ladeiras. Dista 3,5 km de Castro Verde; tem 169 habitantes e perdeu-se no tempo; num tempo que o mantém. Não encontrei estudos que revelassem onde obtêm o sustento os seus habitantes. A maioria, penso eu, é reformada e cuida das lides de casa e da rua: dois dedos de conversa para perguntar à vizinha se está bem. É lindo. Nunca, por lá, vi turistas ou curiosos. Quem lá vai, vai com algum intento. É, no entanto, um lugar surreal que faz parte do Alentejo que não é litoral. 



     
Comecemos pelo nome: Geraldos. Não, leu mal. Escreve-se com e e lê-se com i. Já não me lembro a lenda que o meu avô me contava e que justificava a exceção à Língua Portuguesa. Lembro-me de outras, contadas à lareira enquanto comia as duras coidinhas- religiosamente, para mim ,guardadas na gaveta da mesa da cozinha; por vezes, eram as bolotas assadas as companheiras de estórias.



Contava o meu avô que aqui começou Portugal, em 25 de julho de 1143. Uma História contada de boca em boca e que aprendeu por via oral.
Quando D. Afonso Henriques aqui chegou, numa tentativa de conquistar território aos Mouros, assentou praças no Cerro do Covão. Na calada da noite, um seu mensageiro descobriu serem cinco os reis Mouros e muitos os que lhe eram fiéis- eram tantos que seria impensável um ataque dos diminutos homens daquele que um dia seria rei. Grande Homem, o Nosso D. Afonso Henriques mandou que cada guerreiro, seu, acendesse sete fogueiras. Os Mouros tiveram medo da imensidão de gentes, que pensaram, e não atacaram. Em modo surpresa, numa noite bem escura: dormiam os mouros quando Afonso Henriques se decidiu pela conquista imediata. Rolaram tantas cabeças e tanto sangue escorreu que, durante três dias, vermelha era a cor da ribeira. Foi na descida do Cerro de S. Pedro das Cabeças que apareceu, ao Nosso futuro rei, Jesus Cristo feliz com a conquista; contou-lhe que ali começaria Portugal. D. Afonso Henriques, cansado e extenuado, desceu do seu cavalo branco, ajoelhou-se e jurou mandar construir uma capela; num reconhecimento ao que, de facto,  aconteceu. E os montes de Ourique (a povoação mais próxima da época) foram palco do começo do Mui Nobre Portugal.





Este mui belo povoado continua perdido no tempo: reina a paz. Alentejo não é Litoral (embora também o seja); Alentejo é uma imensidão de ser na sua profundeza. A sua beleza; as mãos que inventam; as mentes que sabem; as folgas; os jantares que se consomem ao almoço; as histórias; as gentes; a calma; os enchidos; as acelgas; as beldroegas; as tangarinhas, as açordas; as vinagradas; as atubras… justificam um desvio ou o ir com desígnio: ao chegar a Castro Verde, vire em direção a Mértola; e, logo ali à frente, desvia-se para São Pedro das Cabeças.


Aconselho um passeio a pé pelo Monte e pelas terras que o rodeiam. 



    Se for atento, pode por ali encontrar muitos vestígios do passado: ocupação romana e muçulmana. Peça orientação a um dos seus habitantes para visitar a Fonte Santa. Suba ao alto de S. Pedro das cabeças: a capela é linda e a vista o coração alcança. Observe o rochedo (infelizmente, agora privado e sem acesso ao público) que guarda em si as provas da estadia de D. Afonso Henriques por estas paragens: nele encontra-se gravado a pata do cavalo do rei, o prato, o guardanapo e os talheres. Respire fundo e sinta a magia; está num lugar mítico: aqui nasceu Portugal- assim o conta o património oral.  Procure na encosta fósseis de plantas (abundam). Desça o Monte e passeie a pé pela ribeira de Cobres- lugar de antigas pescarias e de romaria quando a velha ponte fica submersa. 




 Garanto: a viagem vale muito a pena. Fique com as fotos de um lugar mágico- foi aqui que começou Portugal, assim o conta o património oral.


















Local: Geraldos
Freguesia: Castro Verde
Concelho: Castro Verde
Distrito: Beja

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Sorrisos
Guida Brito
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sexta-feira, 14 de julho de 2017

Sines- há poças na marginal


     Pois é, há poças na marginal e eu não lhes resisto.  Volta e meia e ando por ali. Amanhã começam as Tasquinhas (festa gastronómica) e só falta saber a que horas lavam a rua: quero duplicar o castelo. Tenho algumas fotos com a sua duplicação na água da rotunda mas quero-o mais perto e isolado. Hei de (não é erro; é a nova grafia, shiiii... digam vocês) conseguir. Tenho algumas ideias mas cortaram-me a água onde provavelmente o conseguia. Partilho convosco as fotos de hoje.


           Sorrisos
       Guida Brito

Iquie?

     Penso que responde por Iquie- ainda não consegui perceber as letras da sua identidade. Habitante de Sines, não nutre especial adoração por mim: ama os meus calcanhares que não retribuem tão nobre sentimento. Tem medo de gatos e é do sexo masculino. Se é simpático, não o sabemos: inibido em demonstrar atos ou expressões de alegria. Não se lhe conhece amores ou desamores mas marca insistentemente todos os territórios. Provavelmente, é uma alma solitária; ou talvez não. Hoje, cacei-o com a objetiva. Conhece-o?

Sorrisos
Guida Brito

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Sines


     Sines é uma cidade lindíssima e tem sempre uma pocinha para fotografar.  O meu sonho é conseguir fotografar o castelo numa poça: lá chegarei. Por ora, fico feliz com apanhados impensáveis. Não é fácil fotografar a arriba em duplicado: isto foi o melhor que consegui. Não é o que sonho mas dá para sorrir.



Sorrisos
Guida Brito

Pequenina, sou muito pequenina

     Gosto de ser muito pequenina: é isso que faz de mim uma Mulher muito grande.
Sorrisos
Guida Brito

⛵ Eu e o café


     Sou mundialmente conhecida (penso eu) pela necessidade de bebericar um café pela manhã. Não sei o motivo mas sei que todos gostam de ver esta minha pequena (grande) necessidade satisfeita. Um café imediato ao levantar da pestana e: o meu herdeiro de ADN agradece; os vizinhos respiram; o bairro sorri; em Sines o Sol brilha e os céus pintam-se de alegria. Eu? Se bebo café: sorrio; se o não bebo: o mundo desmorona contrariamente ao devagarinho.
Este filme ajusta-se, na perfeição, ao meu perfil de funcionamento no raiar do primeiro olhar.
Sorrisos
Guida Brito

quarta-feira, 12 de julho de 2017

As 20 mais belas fotos de gaivotas

     A equipa dos Navegantes de Ideias decidiu conhecer a famosa Ilha do Pessegueiro. Aqui, estas aves são rainhas: presentes em todos os momentos e em todas as fotos. Eu adoro gaivotas e aproveito sempre que o posso fazer. Sou conhecida por "menina das gaivotas" (forma como sou abordada pelos pescadores). Levo pão e já sei que estes bicharocos me perseguem e consigo captar bons momentos. Hoje, não foi preciso: presentes em todos os passos deliciaram com as acrobacias aéreas. Captei 802 momentos especiais (Ai, ai! Shiiiiii! Santa Barbatana). O difícil não foi registá-los: difícil foi escolher. Um dia de sorrisos; e muitos.
Se gostar: partilhe as minhas gaivotas.




















Sorrisos
Guida Brito

terça-feira, 11 de julho de 2017

A casa mais bonita do mundo- Alentejo

     A casa mais bonita do mundo tem tem uma escadinha para o sonho e onde quer que a gente vá: há sempre um bocadinho de céu. Fica no Alentejo, à beira mar plantada. Tem um pouco de tudo e pouco de nada. Em bocadinhos de querer foi embrulhada.
Sorrisos
Guida Brito

S. Torpes

     Hoje, amanheceu assim: maré vazia, pouco vento e a apetecer uma caminhada à beira mar. A água estava divinal. Meia dúzia de sorrisos para começar o dia. Conhecem a praia de S. Torpes? Entre Sines e Porto Covo.