terça-feira, 20 de novembro de 2018

Deslizamento de terras, entre Borba e Vila Viçosa, soterra Portugal e impossibilita o seu resgate

Deslizamento de terras, entre Borba e Vila Viçosa, soterra Portugal e impossibilita o seu resgate

Mármores

Ainda no quente de tão grande tragédia e sendo consciente das não repercussões de mudanças que se requeriam com a urgência do ontem, escrevo. 

Naquela estrada morremos todos, enterrámos a dignidade do ser Português. Infelizmente, deixámos de exigir do estado as suas funções e permitimos que nos enganem como se todos fossemos isentos de sinapses.

 Fiscalidade; garantia e exigência de cumprimento da lei; justiça, proteção, segurança, apoio aos cidadãos, entre outras, são miragens escritas em papéis arrumados nas mais recônditas prateleiras: um vale tudo que não nos retira da miséria e da exploração patronal - em nome de um desenvolvimento que enriquece meia dúzia de cromos que nem portugueses são. Um país que tinha tudo para ser feliz e viver à grande e à francesa. 

Naquela estrada morremos todos; este sequencial de tragédias sucessivas no nosso país, já ditaram que os que morrem e vivem abaixo do limiar da humanidade ali permanecem na solidão do não tenho país. Não haverão culpados de uma tragédia que estava agendada; não haverá aprendizagem; a insegurança continuará.  O meu fim, e o teu, já se iniciou e caminha a passos largos para uma nova tragédia que os restantes não chorarão porque estarão connosco. 


Ainda não se sabe quem faleceu ou quantos ali perderam as vidas e já se iniciou a manipulação da opinião pública de forma a que tudo fique como está: uns morrem e outros esperam apenas mais uns dias – assim o ditam os primeiros comentários dos responsáveis políticos: “a estrada era segura”. Como se fosse preciso um engenheiro e um estudo prolongado no tempo para chegar à conclusão que aquilo já devia ter caído. Qualquer criança, nas suas primeiras palavras, diria perante a imagem: “cai”. 

Os políticos sabem que podem atirar meia dúzia de palavras sem nexo: dividem-se as opiniões; os portugueses calam-se; não haverá responsabilidades; e, o assunto durará até que algo de novo ocorra na vida do Cristiano Ronaldo ou o José regresse a Portugal vestido do gasto dinheiro em futilidades que distraem o povo. 

A tragédia de Borba é muito maior do que a veiculada na comunicação social. Dificilmente encontramos uma investigação que vá além do óbvio e assente nas questões fundamentais. Relembro o grave acidente, com gases, ocorrido em Sines. O assunto foi empolado como se o mérito tivesse resolvido uma situação de nadica de nada. Segundo o veiculado, houve evacuação e as pessoas nunca estiveram em perigo. Mentira: se alguém tivesse ido ao fundo da questão teria percebido que a evacuação foi feita por um elemento da GNR que gritou. Logicamente que, num tão grande bairro, não foi audível e quase todos os habitantes do perímetro ficaram presos no interior, em grande perigo. Nunca tiveram direito a assistência pelas unidades de saúde - apesar dos sintomas de exposição a elevados níveis de gazes mortais. Não há qualquer plano de emergência que seja do conhecimento dos habitantes desta perigosa cidade: qual é o sinal de evacuação? Que medidas devo adotar? Onde nos devemos dirigir? Que caminhos devo escolher em caso de catástrofe? Não sabemos. Este é apenas um mero exemplo do que prolifera pelo país. 

Fico com a sensação que as pessoas são consideradas, pelos nossos governantes, como algo a evitar que exista no nosso país. 

 Voltemos a Borba. A grande maioria das explorações de mármore foram vendidas ou beneficiam de capitais estrangeiros (nós nunca percebemos muito bem o que eles querem dizer). E o que não é nosso, o Governo demite-se da fiscalização e exigência de cumprimento da legislação em vigor. Patrão fora: dia santo no trabalho – foram-se abrindo e abandonando pedreiras; revirando, da forma que apeteceu, em busca do El dourado sem prestar contas ou dar explicações. E, mais grave do que isso, permitiu-se a existência de tão monstruosas e gigantescas “escombreiras” que são, sem sombra de dúvida e como comprovam as imagens que nos chegam, as grandes responsáveis por esta grande tragédia – que se adivinha ser apenas a primeira. Aliás, por pura sorte o espaço onde estão estacionadas as operações de socorro não desabará nas próximas horas. 

 As escombreiras 

Deslizamento de terras entre Borba e Vila Viçosa

Escombreira é o local onde, numa exploração mineira, se acumulam os fragmentos de rocha que não têm interesse económico. As desta região têm milhões e milhões toneladas e são  mais que muitas . A sua existência é tão gravosa que Portugal paga pesadas multas (como se fossemos muito ricos) . Ou seja, não é nosso, não fiscalizamos mas pagamos por um crime ambiental que permitimos que ocorra no nosso pais. O que lucramos com as pedreiras de Estremoz? A morte e dívidas.

Estes depósitos não causam só poluição visual, são responsáveis: pela poluição dos solos, da água e do ar; diminuem, em muito, a esperança de vida dos habitantes; e, aumentam o risco de ocorrência de derrocadas.

As causas da derrocada entre Borba e Vila Viçosa

 Pelas imagens que nos chegam, temos uma pilha de legos, numa zona de explosões, em contacto com água de ph ácido, constituídos por um material (mármore) que se desgasta facilmente porque tem “dureza Mohs” baixa, a segurar uma estrada. E, mesmo ao lado, temos uma (várias) escombreira de milhões e milhões de toneladas que, além da grande depressão no solo e da consequente pressão sobre os adjacentes, altera o seu ph  tornando-o ácido. Com o mármore corroído, é só soprar. Ninguém sabia e aquilo era seguro; e. lá vai o Zé povinho, na pressa do chegar a horas ao serviço, ribanceira abaixo. 

Uns não sabiam; outros consideravam que as estradas não lhe pertenciam; outros, ainda, garantem a segurança:  Portugal soterrou de uma forma que jamais será resgatado. 

Um cenário que vem a repetir-se e, como uma sequência de dominós, vai destruindo o que encontra pelo caminho.

 Lembram-se? 

 1 - Após um incêndio gigantesco que consome dezenas de pessoas e milhares de quilómetros, Portugal retira aos meios de combate aos fogos do local; considera a zona segura e ocorre um novo incêndio que consome, além da área ardida, um número superior de vidas. Os portugueses juntam-se e direcionam as suas poupanças na ajuda às populações. Sabem o que aconteceu? 

O dinheiro não chegou aos que delas necessitavam ; financiou, supostamente, casas de políticos e anda por sítios desaparecidos. Não houve ajudas; não houve ordenamento do território; não houve fiscalização; não houve culpados. O local está a ser, discretamente, ocupado por eucaliptos; daqui a dois anos morrem os que sobraram em incêndios que todos choraremos. 


 2 - O distrito de Beja foi devastado pelos pseudo olivais e outras culturas que vingam sem fiscalização; conseguiu-se a destruição do património histórico e ambiental; isolaram-se populações e entraram dentro da casa das pessoas; os químicos e a poluição que dali advém mata, aos poucos, as vidas humanas da região (supostamente – palavra a que a lei obriga). Supostamente e em minha opinião; a grande tragédia ainda aqui não aconteceu: lentamente vai minando e há boas desculpas que apagam o tão evidente. Sabem quais foram as consequências? Não há culpados nem acusados; as velhas oliveiras resistentes às doenças são certificadas em Espanha e vendidas para Itália; os organismos manipulados geneticamente duplicaram; o espaço ocupado corre engolindo tudo pelo caminho. O Alentejo caminha para a desertificação total. 

Deslizamento de terras, entre Borba e Vila Viçosa, soterra Portugal e impossibilita o seu resgate.


 3 - Fortes vive há 10 anos no seio de tão grande e visível poluição que impede a população de sair à rua, de respirar… mata-os aos pouquinhos. Era vapor de água, dizia a fábrica. Sabem o que aconteceu? 
Não há culpados; foi substituída uma chaminé das três existentes. É muito caro substituir as três - o pessoal que morra devagarinho. Claro que não há estudos nem fiscalização credível e quem fala sobre os assuntos tem que referir: supostamente não saio à rua porque supostamente não consigo respirar. Estamos envoltos num suposto visível e sentido que não serve como prova e depois choramos a morte de mais uns quantos. 


Deslizamento de terras, entre Borba e Vila Viçosa, soterra Portugal e impossibilita o seu resgate.


4 -  Desaparece o Parque Nacional do Sudoeste Alentejano e da Costa Vicentina. Sabem o que aconteceu?  A degradação  continua a expandir-se pelas zonas adjacentes; supostamente, a contaminar os solos e a usar a escravidão no trabalho. 

Deslizamento de terras, entre Borba e Vila Viçosa, soterra Portugal e impossibilita o seu resgate.


5 - O Tejo…. deste tema nem supostamente posso falar. Era suposto não ter acontecido. 

6 - O Sado… nem os lismos ali existem. Era suposto ser um rio.

7 - Entre-os-Rios.... quais as pontes que foram alvo de intervenções? Passei por uma, há poucos dias, atravessa o Tejo e pareceu-me tão insegura.

Contabilizando o dito e o não dito: mais de metade de Portugal desapareceu (não apresenta condições de habitat para qualquer forma de vida). E o que resta, caminha a passos largos para a destruição: Portugal transformou-se num país onde reina a corrupção. E, onde reina a corrupção: não há fiscalização; não há proteção e apoio aos seus habitantes; descura-se a segurança. Em Portugal, morrem pessoas pela incapacidade do estado cumprir a sua função. 

 Deslizamento de terras, entre Borba e Vila Viçosa, soterra Portugal e impossibilita o seu resgate. 
 Sem sorrisos 


segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Está triste?


Pois é! Deixámos chegar aqui: que pedissem mais do que podemos dar; que nos atafulhassem de contas; enleámo-nos do que não tem solução e tornámo-nos doentes de expressão (sem sorrisos – quero eu dizer).  Ausentaram-se os risos, os cantos da boca já não sabem aproximar-se das orelhas; ausentou-se a plena cavaqueira que rodeava a mesa. Trabalho, escola, deveres, mesa, cozinha, trabalho, escola, deveres, mesa, cozinha… e ausência de afetos: total ausência de afetos e abraços que não somos capazes de iniciar. Tornámo-nos seres insatisfeitos e descarregamos no outro: exigimos o que não damos e fazemo-lo com tanta certeza de razão. Não prestas, não fazes, não sabes… somos bichos quando devíamos ser gente. Apregoamos uma “missa” que não doamos e estamos certos: tão certos que escondemos o quanto erramos e não somos. Não somos errantes: estamos todos carentes. Carentes até de nós.
Nessa tua tão pouco verdadeira aparência: estás triste? Muda-te; sorri; abraça; elogia; ama e não aceites o que não podes dar.
Sorrisos
Guida Brito


quinta-feira, 12 de julho de 2018

A matrícula



Ontem, passei horas na oficina: muitas questões, muita papelada, muitos dados, muitas vezes a pergunta ”Qual é a matrícula? Qual é a matrícula? Qual é a matrícula”...  
Respirei de alívio quando o funcionário dos seguros  disse: “pode ir, se precisar de algo mando-lhe uma mensagem”.
Corri, satisfeita, feliz e airosa – o martírio havia terminado. Mal entro em casa, oiço o típico som de “Vocezinha” recebeu uma mensagem. Enfureci ao lê-la: “Posso ligar-lhe? Não tenho a certeza da matrícula.”
Passei-me dos carretos. Confesso: praguejei, praguejei... Oh! Minha Santa Barbatana!
Confesso que ainda praguejava: quando, muito furiosa, decido ligar-lhe. Disse tudo o que me ia na alma em alto e bom som. Não há paciência que aguente! Esgotara todos os meus infindáveis sorrisos.
Silêncio; um silêncio ensurdecedor ouvia-se do lado de lá. Atirei: sim?
Uma voz tímida e envergonhada fez-se ouvir:
- Professora, desculpe… eu…  eu preciso de ajuda com a matrícula (escolar) da minha filha.
Definitivamente: perdi todos os sorrisos, perdi o chão e fiquei sem pinga de sangue.

Vai de férias? https://www.booking.com/index.html?aid=1335611
Sorrisos
Guida Brito

domingo, 10 de junho de 2018

Os animais das nossas ribeiras

Reprodução

Reprodução
                                                                 Sorrisos
                                                              Guida Brito

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Uma alentejana em Lisboa

Capital de Portugal


Conhecida pelas múltiplas viagens ao volante dos meus bólides, ninguém imagina: que a capital mais próxima se revela sempre um encalhe - para quem está habituada a não saber para onde vai mas para onde quer ir.
Sim! Já atravessei muitas vezes a ponte... mas as tropelias sucedem-se sucessivamente. Não tenho má ideia dos condutores lisboetas: se no inicio explodem inexplicavelmente, rapidamente ficam cativos dos sorrisos, beijocas e adeus que, carinhosamente, envio ao primeiro sinal de água entornada.
Sem ajuda dos amigos e querendo evitar a todo o custo parques de estacionamento ( eu lá saberei porquê), decidi:
- Carrinha, vamos a Lisboa e atravessamos a ponte- ela estremeceu e eu fiquei feliz.
Embora não tivesse publicado, as minhas intenções, no facebook: todos pareciam saber que a alentejana chegara. Uns paravam, outros esperavam e eu fiz tudo direitinho. Virei corretamente entre vias e vielas até me encontrar a 100 metros do destino. Uma manobra impensada, uma viragem contrária levou-me a conhecer mais uma zona da famosa capital. E agora? Não sei. Decidi apresentar-me, pessoalmente, aos habitantes de tão distinto local. Aproveitei uns semáforos, parei entre muitos, abri o vidro e obriguei (entre aspas) os que me rodeavam a copiar as minhas ações.
- Por favor! Praça de Espanha?
- Ui! Vem de lá!
- Eu sei! Mas gostei tanto que quero retornar- sorri.
- Pois! Mas agora já não consegue...
Mau! Reencostei-me (com a tradicional calma) no assento, enquanto enviava gestos de carinho aos que passavam pela esquerda, pela direita e com vontade de passar por cima.
- Que fazemos?- Inquiri com alguma marotice.
- Minha senhora! Quer que eu atravesse o carro, pare o trânsito e você vira para trás?
- Quero- respondi ignorando o pânico do meu simpático meio de transporte.
E assim foi- ahahahhahahahahaahahah- Lisboa parou para me ver passar.
Adoro os lisboetas! Amo esta gente calma, simpática e desenrascada. Na próxima vez, publico no facebook:
" Amanhã, a alentejana atravessa a ponte, 10 horas."
É certo que todos irão gostar de me rever e muitos os que me escoltarão. Obrigada, gente boa.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Elvas: simples, arrojada, pacata, serena, sentida

Aqueduto
         É a maior cidade fortificada da Europa e encanta na simplicidade de ser. Simples e arrojada, Elvas  seduz na perfeita simbiose entre o sentir e o surrealismo patente ao olhar. Pacata e serena, Elvas cativa na imensidão de um colorido único e aprazível. Sentida, Elvas borda com ternura sorrisos abertos, francos, justos e sinceros. Elvas: uma cidade imperdível.

Aqueduto
Sorrisos
Guida Brito

sábado, 12 de maio de 2018

I Love You Porto Covo

Nuvem coração

"Acende-se no mar como um desejo
Por trás de mim o bafo do destino
Devolve-me à lembrança do Alentejo"
(Carlos Tê/Rui Veloso)
Sorrisos
Guida Brito

terça-feira, 8 de maio de 2018

A sorte e o azar

Primavera
A sorte e o azar ocorrem em simultâneo. Um amealha, o outro rouba; um encontra comida, o outro perde a vida... 
Sorrisos
Guida Brito

domingo, 6 de maio de 2018

Praia da Foz do Burrinho - fotografando os amigos

Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina
A praia é única. Selvagem, silenciosa: um paraíso. Na areia observamos o excesso de afluência: inúmeras pegadas prendem o olhar. Lontras, aves, raposas e muitos outros animais repartem o extenso areal, as dunas e a areia. A ausência de som impera e o mar abraça, com suavidade, os grandes ilhéus. A ribeira, cansada, encontra o mar.
Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina
Encontrei um amigo; e quando encontramos um amigo: nem ouvimos o vento passar.
Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina

E sempre que encontro um amigo: salta, pula, agora vai para ali: mais ali; de novo... Hoje, não resisti e pedi para partilhar.  Obrigada, Lezita.
Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina

Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina

Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina


Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina

Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina
Sorrisos
Guida Brito