sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Júlio ou Júlia? Orientação Sexual e Identidade de Género

 

 

                               You are just like us                                    

                  Slogan da Parada Gay, em Hamburgo                       “Não. Nós nunca seremos como vós. Cheios de salamaneques, teias de aranha no alto do carapuço e atrás das orelhas: criámos ferrugem nos sentimentos, calcificámos o coração. Inibimos e amachucamos gestos de carinho, mas facilmente vos apelidamos de maricas ou discutimos por causa de um café frio. Com gravata, sem gravata; com calção, sem calção; com músculo, sem músculo; com correia, sem correia: de lábios vermelhos, Hamburgo vestiu-se de amor e perfumou-se de ternura. As ruas pintaram-se de olhares brilhantes, abraços dados com o coração e dedos entrelaçados. O que vi em cada virar de esquina aqueceu-me o coração.”                                                                  Este texto, escrevi-o, há 10 anos. Numa primeira leitura, dá-nos a entender uma mente aberta e de aceitação do outro, mas transmito, exatamente, o contrário: ao utilizar a palavra “maricas” assumo, tal como grande parte da população, que a homossexualidade é uma orientação sexual,   exclusiva dos homens. E o não é. Ao longo do tempo a lei foi-se alterando e a palavra “homossexual” introduziu-se no vocabulário, da maioria das pessoas, sendo cada vez mais aceite, mas excluindo outras formas de orientação sexual, identidade sexual, sexo biológico e expressão de género.    É do conhecimento comum que, a homossexualidade masculina, desde sempre, foi presente, mas calada no quotidiano das relações. Relativamente à mulher, salvo raras exceções, existe uma grande normalidade do abraço, do beijo, do sair juntas ou de dormir juntas… excluindo-as, como se já não bastasse, da forma de ser. Para a sociedade as mulheres são amigas. De contrário, ser-lhe-ão atribuídas frases e gestos muito mais gravosos, que impedem uma vivência mais aberta e mais feliz: “ os homens até entendo, mas o resto…”, como se alguém tivesse culpa por ser quem é.  Em Hamburgo, ignorei, por completo, as letras  garrafais que se faziam sentir, à época: LGBT+; apesar de “Invejar” cada imagem; olhando o homem que me acompanhava e que há muito não sabia percorrer um dos caminhos mais sagrados: o dos afetos (que no fundo não é mais do que sentir e fazer sentir). Quis tanto, naquele momento, um abraço; um afago; um beijo; de fazer sentir e sentir… carinho, afeto, gosto de ti… quis tanto poder, também, demonstrar a minha   heterossexualidade.  Pois… mais uma gafe. Ou não?  A heterossexualidade compreende: cisgénero (o género presente no nascimento); transgénero (não se identifica com o género em que nasceu; “sou mulher mas nasci no corpo de um homem, ou vice-versa”); e, não binário ( não se identifica com nenhum género e não transita entre eles).  Confesso que me perdi, nos milhares de nomes que denominam o tema e decidi apresentar este esquema, da (Enciclopédia Significados)     que simplifica o nosso entendimento. Assim: 

Pelo quadro apresentado, parece-me que a identidade de género,  a orientação sexual e o sexo biológico não são questionáveis: existem. Existem, mas devem-se calar. O maior problema, o que  coloca alguma divergência, é a expressão de género para a sociedade (podes ser, mas fica invisível).  Este artigo, é escrito no seguimento de uma ocorrência numa sociedade masculina. Uma pessoa considerada, pelos seus pares, como homem (chamemos-lhe Júlio), pertencente a uma fração masculina, entrou no local das reuniões, vestido de mulher (chamemos-lhe Júlia), apresentou o cartão de cidadão   para que a empresa/sociedade procedesse às devidas alterações. Ultrapassando o medo “do se o vizinho sabe”, apresentou-se   verdadeira, retirando o capuz da mentira, do medo e da vergonha  “de ser quem sou”. Vamos condenar a coragem de ser a primeira pessoa a levantar-se, dizer ou demonstrar que, há muito, vive incógnita na escuridão? A resposta a esta verdade, a este pequeno/grande passo, pode tornar-nos muito grandes; pode tornar-nos muito pequenos. A verdade é que o Mundo, na mentalidade das suas gentes, se divide em 2 frações: masculina e feminina (ou seja: homens e mulheres). O que significa que não conseguimos aceitar/antever a chegada de um colorido mais alargado e a necessitar de inclusão. Urge, por parte de todos um trabalhar, num esforço constante, para o nosso aperfeiçoamento numa área tão importante e delicada.       Será que a alteração de uma letra e uma cruz no quadrado certo, são de vital importância, se a pessoa continua a ser a mesma? Júlio, já era Júlia antes de se assumir: nasceu Júlia no corpo do Júlio. Seremos os primeiros a incluir ou os primeiros a excluir? Será que o  trabalho, da Júlia, é colocado em causa porque aprendeu o valor da “VERDADE”, Equidade, Liberdade, Igualdade e Fraternidade? Falemos da pessoa, o medo fê-la ocultar a sua transsexualidade (quem assim nasceu, sabe que a mente comum não é empática e pode ser muito violenta, na sua descoberta). A sociedade/empresa que o acolheu não a questionou relativamente a este assunto, nem faria sentido que o fizesse: Júlia iniciou a sua carreira como Júlio (de acordo com o seu sexo biológico). Júlia, numa primeira fase, não se percebeu; numa segunda fase, escondeu-se com medo,   refletiu sobre as suas ações e na interação com o outro, sendo consciente que, as mesmas, são os alicerces fundamentais na construção do seu Eu e  no reflexo com que deve impregnar o Mundo que nos rodeia; numa terceira fase, encarou a verdade (consciente de um penar maior). 

Não sei que outra fase conseguiu ultrapassar, mas, certamente, evoluiu no conhecimento para que a sua verdade e que as suas pegadas impregnassem os que nos rodeiam. Demonstrou atitudes intentas em alterar, na sociedade, posturas menos corretas¸   na tentativa de consolidar uma sociedade perfeita e justa, com fundações profundas e seguras. Expôs, o que não devia ter que explicar, ao Mundo que se quer incluso, livre, fraterno, equitativo…   definiu-se, apresentou a sua verdade, permitindo que os seus pares (minorias) encetassem, também eles, um  caminho verdadeiro, respeitando-se a si próprios.  Esquivou-se ao negrume da solidão, assumiu o seu

Eu e direcionou a sua vontade para propósitos úteis, fomentando a equidade social. Se for expulsa por ser verdadeira, a sua falta, no grupo a que pertence, deixará um buraco, que permitirá um ampliar de ideias contrárias às que defendemos; quebrarão a equidade, a igualdade, a fraternidade e a liberdade; amedrontará minorias que como ela gostariam de ser quem são, sem necessitar da capa que os esconde.  O Mundo já não comporta, apenas, o masculino e o feminino. Que resposta vamos dar à Júlia? Quem terá de se alterar: o grupo a que pertence ou a Júlia? Relembro Rosa Parks que apesar de se encontrar sentada num lugar para negros, foi-lhe dada a ordem de se levantar porque um branco estava de pé. Não se levantou e foi presa, mas a partir desse dia, uma grande maioria de negros, negou sentar-se apenas nos lugares para negros e a levantar-se porque um branco estava de pé.  Rosa Parks foi a primeira.                                                Jesse  Owens   ganhou 4 medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Berlim, demonstrando que as cores não nos definem. Após o seu grande feito, os EUA fizeram um grande jantar em sua homenagem, Jesse foi obrigado a entrar pela porta dos fundos, que servia para os negros. Para existir mudança há que haver o primeiro   que se levanta.  Hoje, é o nosso dia.

 Este meu artigo, não pretende ser uma resposta, mas um contributo  para uma solução justa e perfeita que caminhe em liberdade, fraternidade igualdade e equidade, integrando os que ainda têm que colocar uma capa, para se proteger dos que o não sabem.   Gostaria muito de saber:  quem és tu   para condenar a sexualidade de outro ser humano? Quem és tu para cultivar ideias tão contrárias ao amor, ao carinho, ao respeito e à Paz? E se fosses tu?  Escondias-te ou apresentavas-te verdadeiro? E se for o teu filho ou a tua filha? Que farás? Quem és tu para limitar e intervir na vida do outro?                                                                                                                                                                                                                                   Guida Brito

      

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Viajar com 0 euros da Europa até à Ásia

 


Andava meio agastada, sem poder dar luz aos meus sonhos:  veio o covid, chegaram contas, ultrapassaram-me o excesso do resolve-me… e viajar? Nem um pequeno vislumbre. Mas assim do nada e sem saber como, esvaziam-se 11 ou 12 dias. Boa! Porreiro! Abro o computador e reservei a primeira viagem que vi: a última vaga, num grupo de 12 desconhecidos e como guia um tal de Tiago Brandão. Quando li com atenção descobri que faria o Expresso do Oriente, de Viena até Istambul. A partida estava iminente, atirei umas roupitas para a mochila, separei dinheiros, cartões de crédito, cartão de cidadão, passaporte… prontinha para sair.


Ouvi o som da porta a fechar-se atrás de mim e…não. Não, Guida. Já tens idade para te conheceres:  volta atrás e confere se o cartão de cidadão está na mochila. Bem pensado; bem feito: voltei atrás e abri a mochila. Fiquei feliz, continha tudo o que necessitava. Esqueci o passaporte no fundo e juntei cartões e dinheiro numa só carteira. Arrumei a mochila e saí feliz: pela primeira vez, não faltava nada.

Enquanto todos dormiam, percorri os quilómetros que me separavam do aeroporto; feliz e contente, parei na primeira portagem e procuro a carteira para fazer face ao pagamento… procuro, procuro, procuro… e valha-me tudo o que é sagrado e a Minha Santa Barbatana. A carteira, com a identificação e todos os meios de pagamento, ficara sobre a cama. Comigo tinha 0 euros, 0 formas de pagar o que quer que fosse.

Confesso que nem ouvi as dezenas de buzinadelas dos que não têm tempo para alentejanas; desta vez, nem um beijinho lhes mandei.

- Estou com 0 euros e sem cartões para lhe pagar. – Referi à impaciente senhora das portagens.

- Não faz mal; dou-lhe uma referência e paga por multibanco.

Pequei no papelinho e pensei: “para que quero isto se não tenho multibanco e vou a caminho da Ásia?”

Bem… já que me deixam passar e não posso voltar para trás, sigo em frente e veremos o que sucede na Ponte 25 de Abril.

Pelo caminho, pensei que “não ir” estava fora de questão, mas a solução encontrava-se a 150 km de distância.

Na Ponte 25 de Abril, atiram-me com um papelinho; confesso que nem o li: deixaram-me passar, sem dinheiro, e isso era “ouro sobre azul”.

Bem… o caminho é em frente. Nunca havia viajado nestas condições e os pensamentos ultrapassavam-se a mil à hora; respirei fundo e contei até 10. O passaporte está comigo, a viagem e o alojamento estão pagos, não há dinheiro para comer e beber. Mendigo?

Calminha, pensei que o pior que me podia acontecer era ser repatriada por não ter meios para me sustentar; enquanto isso vou e volto e visito os aeroportos. Vamos em frente.

No aeroporto, ao entregar o carro no parking, achei o preço demasiado elevado… oh! Guida! Tu não tens dinheiro! Caro ou barato não é um problema de força maior. Perguntei ao simpático senhor se o pagamento era efetuado no ato da entrega ou no ato de levantamento.

- Paga quando chegar da sua viagem.

- Ufa! Que bom! Não tenho dinheiro para lhe pagar agora… e, pensando bem, não terei dinheiro quando voltar.

Ele sorriu como quem ouve uma graça, pegou no carro e partiu. Pois, diziam os meus botões: o problema é teu, foste avisado.

Passei por todos os controlos, ninguém questionou a falta de dinheiro; nem quando todo o conteúdo da mochila se espalhou pelo chão e maquinaria. Um grupo de guardas fronteiriços, interrompeu os trabalhos e ajudou a reunir a maioria dos meus pertences (ignorei os cotonetes e o que nem vendido dá uns bons trocos). Agradeci e segui rumo à porta de embarque.

Chegou a hora de me apresentar ao grupo, via Whatsap. Que bom! Ainda não me conhecem e já lhes vou pedir dinheiro.

“Bom dia, estou com um problema. Deixei todo o dinheiro e cartões em casa.”

Silêncio total de todos os que me liam. Pudera! Que rica apresentação!

Não desisto e escrevo mais uma mensagem: “Será que posso transferir dinheiro para a conta de alguém?” (o meu filho, que não dormia preocupado com a mãe que conhecia tão bem, podia fazer isso).

Silêncio. A situação era tão estranha que mais parecia uma burla. Penso que me tornei na pessoa com a qual ninguém quer qualquer tipo de contacto. Tentando criar confiança e demonstrar que, inevitavelmente, sou a vítima perfeita de situações “non sense”; escrevi: “Sei que parece estranho, mas sou alentejana. Vou arriscar e vou para Viena sem um tostão no bolso. Ao chegar, espero que o Tiago possa ajudar.”

Do lado lá, alguém pensava: “Se ela tem um amigo Tiago porque é que ele não a ajuda?” Talvez mais curiosa do que convencida, decide quebrar o eterno silêncio e responde-me. Rapidamente, nos encontrámos e ela percebe que de facto estou numa situação única e inexplicável.

- Quanto precisas?

- Mil euros.

- Mil euros?!!!!! Para que queres tanto dinheiro?

A coisa afinou e o dinheiro cada vez mais longe. Com calma, ponderei, convenci e aceitei os 400 euros que o Rui transferiu no imediato. Nenhum de vós, consegue imaginar a sensação que nos assola nestes momentos. Embora a minha condição financeira continuasse precária: podia comer e beber.

Chegámos a Viena e lá estava o nosso divinal guia.

- Tiago, eu…

- Tiago??? Eu não sou Tiago, sou o Mateus Brandão.

Ui! Ai! Minha Santa Barbatana, terei trocado a viagem? Será este o meu grupo???!!!

Não (ufa), apenas trocara o nome do guia.

- Mateus, preciso de dinheiro – apresentei-me.

 Dinheiro não é problema. – Um doce.

O Rui ia transferindo dinheiro, pagando as contas da mãe, e cinco dias depois era a mais rica do grupo. Emprestava e recebia sem qualquer controle ou resistência: “Precisas? Toma lá!”

No último dia de viagem, encontrei dinheiro nas ruas de Istambul; até na Ásia sabiam que eu precisava de dinheiro. Regressei a casa, rica e com o sorriso de quem vivenciou um dos mais insólitos acontecimentos.

(À Fabi e ao Mateus um Xi coração muito especial e a certeza que encontraram uma amiga para a vida)

Com sorrisos;

Guida Brito

 

 

 


terça-feira, 27 de outubro de 2020

Arribas de Sines em risco de derrocada

 


Construções e explosões na Pedreira, provavelmente, estão na origem de uma derrocada iminente.


As fortes chuvadas que se fizeram sentir, esta semana, semeou de pedras e blocos rochosos, de grandes dimensões, a marginal, a rotunda a sul e a estrada que desce a arriba. A descomunal proporção do que vi, levou-me a questionar: “Porquê?”. Sempre choveu e nunca tinha visto nada igual.


Decidi visitar o local, após a tragédia que ocorreu.. Não é preciso ser engenheiro para verificar que as fendas verticais e as rochas fragmentadas, desabarão mais dia, menos dia. 

Construção embargada.



Olhei para cima e na beira da falésia encontram-se duas construções:

Edifícios, em construção, na beira da falésia.


- uma foi embargada há alguns anos (mas não demolida) e dista poucos centímetros da arriba; num elevado risco de queda sobre a marginal; temo por quem ali passar;



- mesmo ao lado, foi aprovado (pelo menos está a ser construída), uma obra de grandes dimensões; no local encontra-se uma grua, cujo peso  se situa entre as 60 e 100 toneladas, na sua frente (diria um ou dois metros), na arriba, encontram-se fendas e um enorme buraco; na parte inferior terras, rochas e blocos de grandes dimensões continuam a cair. Uma das fendas evidência que toda a arriba rachou (de alto a baixo).

Arribas de Sines em risco de derrocada

Arribas de Sines em risco de derrocada

A imagem dá a entender que as águas passaram por baixo do edifício.


Os quase 100 000 kg da grua e as inimagináveis toneladas do edifício, na beira de uma arriba instável, deixam antever uma catástrofe gigantesca.

Arriba instável.


A nova construção, no beira de uma arriba instável.


Quando fotografava o local, passou uma idosa, estimo ter mais de 80 anos.


- Já viu isto, vai cair. Se já não era seguro construir ali, agora com as explosões da pedreira (dista cerca de 400 metros, se tanto, do local), isto vai cair tudo. Devia ver a minha casa, desde que a pedreira começou a funcionar: racharam todos os mármores e as paredes da casa.

Rachas verticais


Pois, nem me lembrara da pedreira. Para a construção do grande Porto, é mais fácil utilizar as rochas da cidade. 

Decidi inspecionar o caminho pedestre (desce a arriba) que era uma graça e permitia bons passeios; usado, por muitos, para atividades desportivas; um investimento de milhões. 

Vou cair.

Um dos muros mais altos encontra-se completamente abaulado, dizendo vou cair




Nem queria acreditar:


- um dos muros mais altos encontra-se completamente abaulado, dizendo vou cair;

Caminho pedestre que desce a arriba.


- todos os muros apresentam fendas verticais e as rochas, utilizadas na sua construção, evidenciam querer sair do lugar.

Caminho pedestre que desce a arriba, Sines.

Caminho pedestre que desce a arriba, Sines.




Pergunto-me: será que a proteção civil já inspecionou o local? Será que já encontrou soluções? Vai demolir a construção embargada, que se apresenta em elevada eminência de desabar sobre a avenida? O que vai acontecer com a nova gigante construção à beira do abismo, que apresenta tantas derrocadas e fendas, na sua frente a meio da arriba? 

Marginal de Sines

Racha profunda, na frente do edifício, em construção.




Aquela grua vai manter-se no local? Se ao lado uma obra foi embargada, esta também o vai ser? Vai manter-se? De quem era a construção embargada e de quem é a nova construção, que cresce ali ao lado?  E a pedreira? Terá alguma responsabilidade na desgraça que se adivinha?

Sei que uma das casas, na beira do penhasco está à venda por 490 000€: tem vista de mar.

 

Sem sorrisos;

Guida Brito



sábado, 9 de maio de 2020

Reflexão - A Etnia Cigana


A problemática sobre a Etnia Cigana está a incomodar-me.

São Seres Humanos e como tal devem ser totalmente aceites como cada uma das Pessoas Não Ciganas.

O que me incomoda e já me irrita é a quantidade de casos que têm acontecido por todo o País e que envolvem agressões e actos de vandalismo por parte deles com total impunidade. É já em todo o País. Aqui perto de Beja, em Moura, uma Comunidade Cigana recusou-se colectivamente a fazer o Teste de despiste do Covid19. E as Autoridades retiraram-se pura e simplesmente. Não pode ser, é assunto de Saúde Pública. Não é não quererem fazer, é têm de fazer!

O que acontece é que essa Comunidade sente que a Justiça não actua sobre eles. Por isso sentem-se impunes e abusam desmedidamente. A razão destes problemas todos é só e apenas a Justiça. Não age.

Mesmos Direitos, mesmos Deveres!

Sabemos perfeitamente nós, os leigos, que os Agentes de Autoridade, receiam abordá-los porque eles têm armas e bastantes. E disparam, ouve-se. Têm receio e com razão, têm as suas vidas e famílias a protegerem.

Na minha opinião, tem de haver uma solução.

Agir em força e bastante contra situações que alguns deles provocam. Mas tem de ser já, porque a meu haver, está perto de se perder o controle da situação e pode surgir por aí alguma "justiça desesperada" fora da lei.

Tenho dito.

 

José Jorge Cameira.


sábado, 14 de março de 2020

Coronavírus: a verdade

Coronavírus, Guida Brito, Sem Sorrisos, Navegantes de Ideias


Sempre que escrevo, pesquiso e tenho por base pessoas credíveis: é sempre a verdade que pauta a minha forma de ser e o que transmito nos meus escritos.


 Relativamente ao Covid 19, não é fácil pesquisar, pois os governos omitem os números verdadeiros e são esses, os não reais,  que nos são disponibilizados. 


No entanto, pensemos: é muito estranho que a China se decida a construir um hospital de campanha em 10 dias, quando o número de casos rondava a centena de pessoas infetadas (num país onde residem tantos milhões); assim como, noutros países números pequenos dessem origem a medidas drásticas. Uma pandemia decretada, fecho das escolas em toda a Europa e pelo Mundo fora… mas os números a que temos acesso quase que desacreditam a pandemia e nos descansam no “não deve ser tão grave”. 

Os supermercados esvaziam (o papel higiénico vai na frente – sabe-se lá porquê, o vírus dá febre e não cag#$#%%$) mas as pessoas não perderam os hábitos sociais, apenas brincam com cotovelos e “sim senhores” em modos de cumprimento e em tons de gargalhada.



Por algum motivo, as pessoas confiam na minha escrita e são muitos os que me contactam pedindo que escreva verdades ocultadas aos portugueses.

 Desta vez, não foi exceção, vários profissionais de saúde, com medo e de forma incógnita, relataram-me o que o Governo não veicula e a comunicação social não transmite. Relatos idênticos ao último que recebi. 

Uma voz comovida e de choro (confirmo ser um profissional de saúde) pede-me que alerte todos para ficarem em casa e se por algum motivo saírem, ao chegar a casa, desinfetarem-se, incluindo roupas e calçado. Diz ter acesso aos números reais: há milhares de infetados em Portugal e muitas mortes (informações não transmitidas pelo governo). Diz ter acesso a Tacs e exames e, enquanto profissional de saúde, nunca tinha visto algo assim. Refere que o vírus destrói os pulmões em dois dias e que a situação é muito, mas muito, muito mais grave do que aquilo que está a ser transmitido.

A ser verdade (eu acreditei, considero idóneo o último relator), todos os cuidados são poucos e que se “lixe”a diminuição do vencimento, em primeiro lugar a vida: devo proteger-me e proteger os meus; ficar em casa é o nosso lugar seguro.

A ser verdade, todas as medidas tomadas pelo governo foram muito tardias e diminutas para fazer face à realidade. O fecho das escolas, a análise das pessoas com pneumonias internadas em hospitais (que foram contaminando, contaminando),  o fim das visitas a lares, o fecho de sítios públicos… deviam ter sido adotadas aquando do primeiro caso porque os governos já detinham informações acerca da extrema gravidade do vírus. 




Nos milhares de casos já existentes em Portugal (a crer nos profissionais de saúde que ouvi): duas recuperaram, muitos faleceram e os outros não se sabe quais são as sequelas com que terão de viver.
Desinfete-se e fique em casa: cuide si, dos seus e dos que não conhece. Não faça parte da propagação do vírus e da morte dos seus e dos que tiveram o azar de cruzar com o seu rasto.

Sem Sorrisos
Guida Brito



quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

A discussão da eutanásia não é mais que o desvio do olhar: omitindo o chocante


Sem sorrisos - Guida Brito -  Navegantes de Ideias

É um tema importante, mas de decisão pessoal. Nenhum de nós, seres pensantes e plenos de todas as faculdades, está perante o sofrimento atroz, que fala mais alto do que o estar junto dos tão amados, que ditaria pensar sobre o assunto. Controvérsia pura, sem a experiência não saberemos responder, nem questionar as nossas convenções pessoais ou o perigo do mascarar assassinatos com interesse vital em alguns bolsos (legalizar o impensável).




O tema, surgido como que do nada e de modo a chocar, não quer mais do que ocultar os meandros obscuros da sociedade portuguesa. Ocuparmo-nos, impedindo a visualização do que de facto diminui a nossa qualidade e dignidade de vida.

Cá para mim, eu que sou pequenina e sem peso que pese na mudança da corrupção nunca antes vista na sociedade portuguesa, há assuntos que o estado não quer que sejam vistos ou falados, assim: tomem lá a eutanásia e desentendam-se com ela; enquanto isso ninguém vê:




- o genocídio do povo alentejano:

- a Dona Rosalina Dimas que doente da poluição foi obrigada a sair de casa sem nada, com a roupa do corpo (nem casa ou subsídio mereceu):

- o povo de fortes que está a ser dizimado pela poluição de um azeite que até dizem que é o melhor do mundo;

- o envenenamento dos alentejanos com os químicos dos olivais, estufas, amendoais e afins;

- os milhões da “princesa” que ninguém os percebe;




- a destruição plena do património histórico e ambiental;

- o adeus aos sobreiros;

- os bancos que vão precisar de novas injeções de quantias astronómicas dos dinheiros do estado;

-que a resolução dos Senhores primeiros ministros permite casarios junto ao mar, no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa vicentina, e legaliza a escravidão;

- que as culturas intensivas vão atingir limites tão superiores ao já impensado que todo o Alentejo será desértico;

- que os bebés nascem nas ambulâncias e  que os médicos, em Portugal, são tão raros como os hospitais;

- o lítio ou sabe o seu futuro:

- o aeroporto do Montijo, cujas aves se preparam para fazer cair  quem lá tentar pousar;
- ….
Posso continuar mas vocês deixam de ler, não é fácil aliar os problemas do dia a dia, pela falta de educação, justiça e serviços de saúde, com a preocupação de uma sociedade que quer isso mesmo (não dar conta da nossa vida inibe intervenções nos setores que as resolveriam).




Eu, euzinha que sou pequenina, e sem peso que pese na mudança do fundamental, lamento que a democracia discretamente se tenha transformado em Oligarquia (A oligarquia é caracterizada por pequeno grupo de interesse ou lobby que controla as políticas sociais e económicas em benefício de interesses próprios.[2] O termo é também aplicado a grupos sociais que monopolizam o mercado económico, político e cultural de um país, mesmo sendo a democracia o sistema político vigente- Wikipédia).

O que sei é que nunca houve um governo tão pouco preocupado com as pessoas, com a sua qualidade de vida, num desrespeito profundo pela Constituição Portuguesa.
Sem Sorrisos
Guida Brito


domingo, 5 de janeiro de 2020

Alentejo: o património desaparecido devido às monoculturas

Sem sorrisos: Navegantes de Ideias





- Na Salvada, nove hectares de importantes vestígios pré-históricos (únicos na Europa);





Sem sorrisos: Navegantes de Ideias

- em Beja, Villas Romanas e Celtas, desapareceram;


- em Monsaraz, olival tradicional arrancado;

- no Monte Novo e na Farisoa, olival tradicional arrancado, sítio romano e Antas afetados;

- na Mesquita, Évora, sítio romano afetado;

- na Casa alta, Redondo, olival intensivo arrancado; no seu lugar já brilha o superintensivo;

- em Aldeias de Montoito, olival tradicional arrancado;

- em Alvalade, montado arrancado;

- no litoral, desapareceu quase todo o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina; as culturas chegam a 5 metros do mar; estende-se para a zona do Algarve e para a serra da vigia;

Sem sorrisos: Navegantes de Ideias

- longe das estradas, a leste do olhar humano, todas as árvores desapareceram ou já se iniciou o seu abatimento e, no seu lugar, restam os solos nus. Existem áreas com 10 quilómetros quadrados sem uma única árvore.




Posso continuar mas penso que o cansará (são milhares de ocorrências comprovadas).

No Litoral Alentejano, a área de cultivo é tão imensa que ocupa toda a faixa entre Vila Nova de Milfontes e Odeceixe (tendo já ultrapassado este limites, até Aljejur, estende-se para a Serra da Vigia, parou, em muitas situações, a cinco metros do mar). No entanto, a faixa livre de plantações situa-se, maioritariamente, entre vinte a sessenta metros do mar e já é notório  alterações na orologia das arribas.




Não esquecer que as arribas e as dunas são a nossa defesa contra o avanço do mar e a consequente salinização, erosão e inutilização dos solos. É irónico transmitir, às nossas crianças e aos caminhantes, o dever de caminhar pelos trilhos existentes e o não arrancar plantas destas zonas (pela sua vital importância) e, ao mesmo tempo, consentir a sua total destruição para uso de uma empresa. Penso que os manuais escolares e os programas que abarcam devem ser alterados: transmitir o contrário que ocorre, com o aval do estado, fará de um professor: um tolo não confiável.




Neste caso, a recente Resolução do Concelho de Ministros que regula o aproveitamento das águas do Mira legaliza todo o desbaste e a existência de escravidão humana. Como se fosse insuficiente, inviabiliza a punição de qualquer empresa que não cumpra o estipulado.

Numa dimensão de centenas de quilómetros, estas culturas levaram ao desaparecimento do Parque Natural do Sudoeste Alentejano (resta uma pequena faixa entre Sines e Vila Nova de Mil Fontes).

Sem qualquer planeamento, os nossos sobreiros, protegidos por lei, são abatidos e as oliveiras milenares vendidas a um euro no OLX e Facebook.

Nem falo das vidas humanas, uma boa investigação e análises fidedignas permitiriam provar que muito dos que partiram adoeceram devido à poluição. Não há qualquer estudo em curso, a economia e o dinheiro interessa muito mais que a vida dos habitantes deste pequeno país que tinha tudo para ser próspero e feliz.

Não mais que a minha opinião, baseada em factos que comprovadamente existiram.

Sem sorrisos
Guida Brito