segunda-feira, 10 de julho de 2017

Maré- Cadiz

     Na maré, em Cadiz: proliferam barcos e petizes. Entre as bem audíveis risadas, estes pequenos exploradores sonham tesouros. Um corrupio de Ahs e de gente feliz.
      Sorrisos
Guida Brito

Mi lugar favorito

   
     Gostar muito é tipo um porto de abrigo. Ali, não ouvimos as tempestades nem sentimos o vento frio. Enroscamo-nos de afetos.
     Que vais fazer hoje que te fará feliz?
     Sorrisos
Guida Brito

domingo, 9 de julho de 2017

Arte com gotas

         
Pois, não havia nada que fazer e o calor era intenso. Decidi visitar uma pequena aldeia. Encontrei uma torneira e... claro! Fiquei por ali horas sem fim. Bem sentadinha (estamos no Alentejo) e num pinga aqui, pinga ali: gastei o rolo todo. Consegui o que pretendia: colocar o povoado dentro da gota. Hoje, a escrita é pouca mas sorridente. Façam favor de sorrir.







Sorrisos
Guida Brito

S. Juan del Puerto- El Puerto de Santa Maria – Cadiz- Gibraltar- Jerez de la Fronteira- Sevilha


Um excelente programa para três dias; mil e quinhentos quilómetros e depósito e meio de gasóleo. Para nós foi o tempo ideal: não corremos; não há hora de chegada nem de volta; aproveitamos todos os momentos para sorrir. Até as conversas no habitáculo do carro são inesquecíveis.
Se a ideia era chegar a Guadix, a programação fez apetecer o destino. Sítios incomuns e dormidas em bons parques de campismo por menos de 18€/noite (1 tenda, 1 carro, 1 parcela, 2 pessoas) cheiravam a já lá estar. Vai que não vai às 9h fechámos a portita de casa; 9h10m já sorríamos no café matinal da  esplanada mais próxima.
          - Não conheço Gibraltar- atreveu-se, sorridente, o meu herdeiro de ADN.
          - Nem eu- sorri-lhe, antecipando o que se adivinhara.
          Não foi preciso mais; ambos sabíamos que trocaríamos as voltas a tudo. De Guadix, ficaria um programa futuro em férias sem destino: de este rumaríamos a sul. Shiiiiii… Santa Barbatana! Adoro esta equipa.

          Um café aqui; outro acolá e seguimos em plena cavaqueira por estradas não programadas. A fome ditou a paragem: S. Juan del Puerto. Sob um calor intenso, abrimos a geleira e alapámos o “sim senhor” no passeio mais próximo. Um passeio a pé e confirmámos que a cidade justificou a escolha: um povoado muito interessante para meia dúzia de passadas.
          Aptos para mais uns kms, seguimos rumo a Cadiz. O GPS indicou-nos um bom Parque de Campismo em El Puerto de Santa Maria: duas piscinas, uma excelente praia, limpo, boas parcelas e de baixo custo. Claro que fiquei conhecida no local: nunca conseguia abrir o portão e atravancava o trânsito. Sempre salva pelo simpático guarda noturno: vislumbrava o meu voiture e corria, sorridente, para abrir a cancela. Amigos do coração.
        Meia hora ou pouco mais, foi quanto bastou para dar entrada no parque, montar a tenda e um bom mergulho. Rumámos à linda cidade de Cadiz: um entardecer e uma noite magnífica. 

          Deambulámos pelas ruas e beira-mar e deixámo-nos seduzir por uma boa tapa, numa esplanada. A cidade é linda e acolhedora. As noites são ricas de gentes que ocupam as mil e uma esplanadas. Adoro Cádiz: um museu aberto ao visitante.

          No segundo dia: Gibraltar. Não havia feito qualquer pesquisa sobre o destino e estava um pouco preocupada: no Reino Unido a condução faz-se pela esquerda. Parámos numa estação de serviço antes da chegada e fizemos perguntas. Uma simpática senhora disse ser conhecedora do local e que a condução se fazia pelo contrário ao que nos era habitual. Errado, erradíssimo; esta má informação custou-nos uma fortuna num parque e impediu o conhecimento de metade de Gibraltar. 

      Antes de entregar o carro no parque que antecede a fronteira, fizemos uma paragem na maginal: lindo, lindo. Dali, é possível observar dois continentes (Europa e África) e três países (Espanha, Reino Unido e Marrocos).
Gibraltar é um destino de luxo: quer pela paisagem; quer pelos macacos- meia dúzia de ladrões que nos esperam à chegada do teleférico. Os jovens, os casais parecem bem mais pacatos e com uma vivência mais digna. 

Muito bem organizados sabem o que querem: sem qualquer vergonha ou inibição atacam os recém-chegados abrindo-lhes as mochilas e retirando tudo o que é comestível. 

Se num primeiro assalto conseguiram chiclets; nos restantes, as batata fritas foram a sua preferência. 


O pobre Rui ficou sem a água: as batatas fritas chamam a sede e com mestria roubaram-lhe e abriram uma garrafita. Eu própria gritei mais do que devia numa vã tentativa de se apoderarem dos meus pertences. Ah! Malvados! Não se assustem, são eles que tornam o dia memorável. Aconselho a subida no teleférico e o passeio a pé lá nas alturas: lá onde o céu toca a terra. Não visitei as grutas nem os afins aconselhados: não foram suficientemente sedutores. Embora existam táxis que a preços mais em conta nos levam ao cume, pessoalmente considero imperdível a subida no teleférico. Sem dúvida, Gibraltar é um destino obrigatório.
          Na chegada, muito tardia ao parque de campismo, lá me esperava o meu amigo do coração que correu para a cancela- antes que eu virasse a tecnologia do avesso e tornasse intransitável a beira-mar. Shiiiiiii…. Santa Bar… vocês já sabem. Repitam comigo: Ai! Shiiiiii! Santa Barbatana. E agora sorriam: loooooooolllll.
          Ufa! Só falta contar o regresso. Tarde e más horas (o moço dormia) lá recebi prendinhas e muitos beijinhos de aniversário. Não contei: dormimos de tenda aberta e fui acordada pelos passarinhos. Shiiiiii… Isso mesmo: Ai! Shiiiiii! Santa Barbatana.
          Levantamento da tenda, um pouco mais complicado que a montagem, entrega dos cartões para abertura da cancela(não precisámos; tínhamos o nosso guarda atento) e fizemo-nos ao caminho. 

       Almoço nas ruas de Jerez de La Frontera- amei a cidade. Mais uns quilómetros e paragem em Sevilha. 

        A cidade exige alguma atenção na condução mas é linda. Queríamos um jantar com sevilhanas mas por ser segunda-feira estava quase tudo fechado. Bem… o único aberto estava fechado para nós: os preços eram proibitivos mesmo em dia de “compleprimaveras”. 

         Não nos “infelecitaram”: descobrimos um espaço divinal e o jantar foi memorável. Devido ao incêndio na área de Huelva, contactámos a polícia para saber se estavam livres os acessos a Portugal. Tudo certo, fizemos rumo ao final da etapa. Alegremente (eu), passámos em Pilas e fomos direitinhos a Camas. 


         Abrimos a porta de casa às 2h30m. Fomos felizes- muito mesmo.
Iremos publicar vídeos de fotos das cidades. Esteja atento ao nosso blogue.
Sorrisos

Guida Brito

sexta-feira, 7 de julho de 2017

O lixo - quero desaprender-me


O lixo é um amontoado de tretas que nos enfiaram no cérebro e nos afasta dos afetos. O lixo só existe porque nascemos vazios: deixámos que os outros arrumassem ali a tralha que não precisavam.

Não percebo muito bem a vida; nem o seu fundamento.  Sei que nascemos ao contrário e completamente virados do avesso. Ao invés de nascer de cabeça e vazios de saber: devíamos ter nascido de pé no chão e plenos de saber. Um Eu caminhante com identidade própria. Trazíamos um arsenal de saber nosso e que podíamos selecionar- apagar os ficheiros indesejados.

 Isso impossibilitaria qualquer um de nos enfiar meia dúzia de antitudos pela cachimónia adentro. É que chegamos a determinada época da vida em que estamos de cabeça tão cheia que questionamos: para que quero eu saber isto? E isso? E aquilo? E desaprender é um bico de obra! Depois de isto  estar cheio os gestos ficam teimosos- fazem o que lhes apetece sem comando nem ordem. Tão excessivamente teimosos que apetece parar e não fazer rigorosamente nada: a ver se isto passa e sentimos uma lufada de ar fresco.
Ao longo da vida, enchem-nos a cabeça com minhocas, minhoquinhas - uma entulhada de lixo sem tamanho. De saber dos outros. Enchem-nos de inibidores de sorrisos, entre rotinas carregadas do não devo. Quero lá saber destas tretas! Quero cuspir caroços; saltitar de nuvem em nuvem sob a luz das estrelas; quero sorrir ao vento; quero voar: sonho com uma boleia nas asas de uma gaivota que me transporá para lá do horizonte. Quero sentir-me livre - sem o peso da consciência entupida com o que os outros acharam que eu devia pensar ou fazer. Quero emagrecer dos excessos que depositaram em mim e sentir-me leve de saber. Sinto-me tão cheia que quase não caibo dentro de mim. Pensem comigo: para que quero eu saber passar a ferro (desculpem a asneira)? E lavar a loiça? E limpar a casa? E ir às finanças? E à câmara? E pagar o IRS, o IVA ou outros? E pagar a água, a casa, a luz, o telefone e o passe do moço? E? E...?
        Que fundamento têm as horas, os meses, os anos, as estações? Não basta sorrir com a surpresa de um campo florido ou com o crepitar do lume aceso? Não deviam ser os passarinhos a acordar-me?
          Para que quero eu saber o que devo ou não devo? Para que quero eu saber que os Vossos narizes se torcem e as Vossas línguas começam no corte quando eu cuspo caroços ou sento o rabo no chão para matar a fome? Às vezes, parece que estão a tomar conta de mim e não vivem vida própria.
E os afetos? Já pensaram? Funcionam de forma contrária: nascemos plenos e morremos sós. A maioria parte: uns em busca do não sei o quê; outros porque fizemos isto ou aquilo; outros porque não temos o xpto do carro, da casa e do sei lá que mais.. por milhentos motivos tornamo-nos escassos do que deveríamos encher-nos. Às vezes, queremos um abraço e não há. Verdade?
          Quero tanto desaprender-me e virar-me do avesso. Um dia libertar-me-ei do lixo que depositaram em mim. De cabeça vazia, correrei ao vento empeçonhando uns caracóis que são só meus.
           Hoje (cá está o tempo que não deveria ter aprendido), não deixo só sorrisos: seguem meia dúzia de abraços- afagos sentidos.
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Sorrisos, abraços e beijinhos.

Guida Brito

Rafael de Léon- Exposição de poesia em Sevilha


quarta-feira, 5 de julho de 2017

Professor do 1º ciclo no (quase) final do ano letivo


Domesticador de gaivotas- incrível

     Como sempre, levei pão e fui fotografar as gaivotas. Apareceu uma família e a progenitora incentivou o filhote a colaborar nas fotos. Sorri (como sempre) e fui clicando.  Ao chegar a casa, fiquei fascinada com esta sequência. Observem a mão  do menino. De gigantes a pequenos seres domesticados.