A Amazónia está a arder e vai arder até colapsar no
não há nada. A Amazónia está a arder assim como todos os recursos vitais à vida
na Terra; hoje um, amanhã outro, e no fico sentado, na impassividade das gentes
de bem, procura-se vida no espaço e destrói-se o único lugar do Universo com
condições à existência de vida.
Já não sei quem são os culpados: eles (os gananciosos de um pedaço de papel a que chamam dinheiro) ou nós (os chocados sentados, cuja ação se resume ao não quero isto, partilhado, em aparente voz grossa, no virtualismo do Facebook)?
Não seremos nós os verdadeiros culpados? A nossa
inatividade é tão grande que em atos não pensantes, com ar de felicidade: nos
sentamos à mesa para degustar uma boa picanha provinda do Brasil; retiramos do
supermercado um parece bom azeite que tem destruído o Alentejo; comprámos roupa
de algodão até ao desaparecimento do Mar Aral e à contaminação dos solos;
permitimos as centrais nucleares (algumas velhas e rotas na iminência de mais
um grande desastre, como aquela que existe na fronteira de Portugal com
Espanha); compramos os legumes xpto plastificados que não sabem a nada, que provém de áreas protegidas, destroem
recursos vitais e contaminam de forma irreversível o ambiente; permitimos que
seres humanos morram da forma mais degradante no Mediterrâneo; compramos plásticos
mesmo sabendo que eles já nos atulharam e mataram…
Permitimos o fim da Terra a troco de uma promessa que não se concretizará: desenvolvimento – há muito que a palavra é usada e comummente aceite no sentido contrário ao ampliar as condições essenciais à existência de vida na Terra; no sentido contrário à proteção da vida dos nossos filhos.
A destruição que se verifica na atualidade já não tem
retrocesso: existem locais na Terra onde
a vida só será possível daqui a trinta milhões de anos; e mais virão, a uma
velocidade que já é impossível de parar.
A Amazónia está a arder, o planeta
Terra está a morrer e nós estamos todos a ver: chocados, indignados, sentados,
partilhando no Facebook um moralismo correto mas não praticado. Somos nós que ateamos os fogos no consumismo desenfreado e na postura do não penso – permitindo
um desenvolvimento aniquilador da vida na Terra e permissivo do enchimento dos
bolsos de meia dúzia de corruptos que nos atiram areia aos olhos.
A Amazónia está a arder; a Terra está a morrer.
Guida Brito
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