quinta-feira, 22 de agosto de 2019

VASCO DA GAMA - Detalhes não públicos da 1" Viagem Marítima à Índia, iniciada em 8 Julho de 1497

Coisas da nossa história - Navegantes de ideias



Esta pequena estória com pormenores sórdidos que aconteceram mesmo, tem de ser encarada no tempo em que aconteceram. A educação era outra, o comportamento dos navegadores eram na base da violência para com os seus marinheiros e com outros Povos que encontravam.



Vasco da Gama (VG) foi escolhido para essa viagem por D. João II em detrimento de Bartolomeu Dias e do elegante e conciliador Pedro Álvares Cabral. 

O Rei entendia que com os Muçulmanos de religião "inimiga" não devia haver muito diálogo para encher os porões de especiarias. Toda a violência contra as populações visitadas estava legitimada pelo Rei e até pelo Papa. VG era o capitão ideal para esses desígnios. Era homem experiente, abrutalhado e insensível.






Escolheu a tripulação da nau São Gabriel no basfond lisboeta. Vadios, ladrões, chulos e até presos das cadeias foram seleccionados.

Para as limpezas gerais das naus foram arrebanhadas das ruas de Lisboa crianças vadias e abandonadas de idades entre os 10 e os 15 anos e outras compradas a familias pobres e miseráveis.

VG navegou para Sul e depois para Ocidente para apanhar os melhores ventos ganhando velocidade e a seguir voltando para Nascente até ao então Cabo das Tormentas.

Foi na primeira parte da viagem que aconteceram grandes dramas e até tragédias humanas terríveis.

Dentro da nau, de apenas 20 metros de comprimento por 8 de largura maxima, acotovelavam-se muitos marinheiros, crianças, oficiais e um religioso, Frei Pedro da Covilhã.

No meio do Oceano e já no Hemisfério Sul o alimento começou a escassear, a maior parte apodreceu com a humidade. Imaginemos aquele ambiente vivido durante cerca de 100 dias. As tempestades e os ciclones provocaram estragos nas velas e deitara abaixo o moral e havia desespero. Grassava a fome e até as solas das botas eram disputadas para serem cozinhadas. Sentia-se no ar revolta e desejo de regressar.



Aos marinheiros que morriam de noite de doença eram-lhes arrancados bocados de carne do corpo inerte para matar a fome dos mais desesperados.

As ratazanas alimentavam-se dos mortos e elas por sua vez eram caçadas pelos marinheiros em grandes lutas.

Alguns atiravam-se ao mar, nao suportando tanto sofrimento.

Os marinheiros para se entreterem faziam jogos e os que perdiam ou pagavam ou eram esfaqueados e mortos e logo jogados borda fora. Outros para pagar dívidas de jogo vendiam as esposas e filhas deixadas lá longe na Pátria.



Muitos marinheiros agarravam nas crianças e pela força ou ameaçadas por facas eram sistematicamente seviciadas e violadas. Os seus possuidores vendiam-nas em jogos.

Perante tanta atrocidade muitas das crianças optavam por se darem a marinheiros mais fortes para se sentirem protegidas. Se alguma delas ficava mais ferida e se queixava aos oficiais das sevícias sofridas era imediatamente morta ou atirada viva para o mar.

Que fazia VG perante estas atrocidades ?

O religioso da nau bem reportava a VG o que se passava com essas crianças.

Bruto, apenas respondia, em risada com os oficiais:

--Que encostem o rabo à murada!

No restante, nada fazia. Fingia que nada sabia, nada via. Estava tudo previsto devido as suas experiências em viagens anteriores. Tinha de chegar à India e voltar com os porões cheios de especiarias, não importava o preço a pagar em vidas ou os sacrifícios.

Os horrores atenuaram-se quando a nau arribou à Baía de Santa Helena, uns 200 kms antes do temeroso Cabo das Tormentas, tendo antes VG enfrentado uma sublevação na qual esteve preso, sendo libertado por intervenção do irmão, o comandante de outra nau que estranhou ver VG dirigir-se para Norte em direcção à Pátria.

Naquela Baía foram recebidos por mulheres negras indígenas nuas que aceitaram de boa vontade os avanços sexuais repetidos dos marujos em troca de botões, espelhos e bugigangas. As prolongadas orgias só terminaram quando se aproximaram deles um grupo de homens negros com ar de más intenções.

Carregaram água potável, tinham trocado tecidos e roupas por diversos animais vivos e partiram

cheios de medo na direcção do Cabo das Tormentas, rebaptizado da Boa Esperança por D.Joao II.

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José Jorge Cameira

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