segunda-feira, 3 de julho de 2017

Viajar de carro pela Europa

     
     Ao contrário do que se possa pensar é fácil e recomenda-se. Uma aventura ímpar. Há muito que o faço e é o melhor anti-stress que conheço. Existem, no entanto, algumas regras básicas importantes que colocam a nossa segurança num patamar mais alto. Não há pressa de chegar; não há pressa de voltar.  A aventura inicia-se com uma noite bem dormida. Contrariamente à maioria: não utilizo despertadores- acordo quando o descanso o ditar. Nada de acordar muito cedo e conduzir pela fresquinha. Conduzo sem o cansaço de uma noite mal dormida. Acordo, tomo café, um bom pequeno almoço, coloco o meu melhor sorriso e a viagem tem o seu inicio no preciso momento em que fecho a porta de casa. Na estrada, além de saber fazer é importante prever o comportamento do outro: apenas um corpo descansado e uma mente atenta ditam a solução na hora precisa.

        Não faço mais que 150 a 200 Km seguidos: uma paragem, um café e dois dedos de conversa. Não há correrias, nem pressas, há um vivenciar de todos os momentos. Se a viagem for longa escolho, aleatoriamente, uma ou duas povoações para visitar durante o percurso. Andar faz apetecer o conforto do carro e descansa o tão atento que coloco em todos os momentos da condução.
     Em oposição ao pensamento dominante, ser mulher e só constitui um factor positivo. Uma matrícula portuguesa deixa claro o quanto dista de casa e isso angaria, de imediato, olhares de respeito.
         Outra regra básica; paro e descanso antes do primeiro sinal de cansaço- na estrada não se brinca. Chego a que horas chegar: estou de férias e não tenho qualquer tipo de compromisso.

    Ultimamente, viajo com a outra metade da Equipa dos Navegantes de Ideias- o que herdou o ADN de mim; aquele que também colecciona brilhozinhos no olhar. É o copiloto ideal: cumpridor a 100%  da sua tarefa. Não se discute com o condutor e existe um pronto auxílio em todos os pedidos: água, um quadradinho de chocolate e uma reposta imediata ao solicitado. Não há censura, nem sorrisos dúbios: se o condutor pede é porque necessita de auxílio. É também precioso na ajuda com o GPS:  vira aqui ou mais à frente é sempre bem vindo. Uma mais valia imprescindível no centro das grandes cidades; onde impera grande confusão de sinalética, luzes e publicidades.

         O país vizinho é um bom princípio   para iniciantes  do vou com ou sem rota acordada; rumo à satisfação dos “eus” excessivamente repletos de rotinas. As estradas são boas (maioritariamente não pagáveis) e existem muitos destinos de top à distância de dois ou três dias. Como contra: a letra das placas de sinalização é pequena (dimensão inferior ao desejável); e o formato não é dos melhores. No entanto, a máxima de 30Km/h, no interior das povoações, ajuda a efectuar as manobras em segurança e diminui em muito os era por ali.
        Por último, se vai viajar ao volante saiba que vai enganar-se inúmeras vezes e vai seguir por estradas que o não levam ao destino pretendido. E depois? Aproveite veja as vistas; confira se o destino que não era destino não o encontra com um acaso (não os há)  requerido. Não havendo encontros com fadas(os), duendes(endas), príncipes(esas), magnatas(os) ou outros presentes nos sonhos mais recônditos: respire fundo e com calma retome a estrada perdida. Nunca se esqueça: está de férias e é feliz. Sorria.

                     Sorrisos
                Guida Brito



De "Iman de Ti"- exposição de poesia em Sevilha Junho/2017


terça-feira, 27 de junho de 2017

Macaco de Gibraltar


Inesquecível

      Há momentos inesquecíveis: este foi, sem dúvida, um dos mais emocionantes. A ternura do dia não poderia ser melhor representada. Após umas boas centenas de quilómetros de estrada, extenuados mas felizes, chegámos ao topo de Gibraltar e fomos recebidos por uma numerosa e ternurenta família de ladrões e saltibancos. É impossível não sorrir.

Três países (Reino Unido; Espanha e Marrocos)/ Dois continentes (Europa e África)


quinta-feira, 22 de junho de 2017

O segredo do Chapéu de palha

     Prometemos desvendar o grande segredo que encerra este gracioso chapéu de palha. Então, vamos lá fazer render o peixe e prender-vos- vocês aí desse lado- numa boa leitura às minhas palavrinhas. Lembram-se dos meus troquinhos? Claro que se lembram: andam sempre a espreitar o nosso porta-moedas. Pois é, há 16 dias que vivemos com a módica quantia de três euros diários e comprometemo-nos a fazê-lo durante 30 dias. Temos cumprido, integralmente: só publicámos 13 dias devido ao excesso de trabalho no final do ano letivo. A experiência tem sido um êxito: fizemos as contas e gastamos em  cada uma das nossas refeições equilibradas: 0,30€. No entanto, uma das regras do jogo: o dia do meu aniversário não entrava nas contas. E prontosss.... vamos contar: vamos jantar fora e eu precisava de um chapéu. Já sabem. Sabem mas não sabem tudo. Um chapéu é a primeira compra que se faz quando se embarca numa nova aventura. Isso mesmo: há mais surpresas. Sei que vai ser a primeira e única vez que vou fazer 51 anitos e este evento, que só acontece uma vez na vida das pessoas, requer uma comemoração muito especial. Assim sendo, vai que não vai, comuniquei à restante direção que vamos interromper os escritos na etiqueta Nós 2/ 3€ dia/ 30 dias e os próximos cinco dias serão publicados na etiqueta Viagens. Opssss... pois, exato: vamos, sem destino, procurar um restaurante que cative e grande qb para receber toda a equipa do blogue "Navegantes-de-ideias". Partimos sem destino mas com o gosto de talvez passar por Guadix. Sem planos nem programas; com esta equipa nunca se sabe o que pode acontecer. Meia dúzia de trapinhos, uma geleira, uma tenda e plenos de sorrisos vamos à aventura. Não nos perca: diremos tudo.
Sorrisos
Guida Brito

quarta-feira, 21 de junho de 2017

A minha janela



               A minha janela podia ser um dos lugares mais maravilhosos e encantadores do mundo: podia mas não é. Em frente a um pátio era propícia a umas boas serenatas que teimam em não se fazer ouvir; podia ser palco de estrelas mas geralmente está nublado; podia abraçar desejos à mais singela estrela cadente mas, também… podia, podia, podia…nem as fadas pairam por aqui; oiço as discussões dos vizinhos e as brincadeiras das crianças no final da tarde, uma azáfama, um corrupio audível de palavras delirantes e presas nas gargantas dos menos ousados. Aqui, nas traseiras do meu prédio e no pátio da minha janela, as palavras não têm preconceitos: soltam-se e obrigam-nos a dançar, entre sorrisos, na canseira dos afazeres do jantar. Hoje, a vizinhança está calma, cansados da praia não apresentam forças para as habituais frases do fundo da carteira; o espaço foi evadido por alguns petizes que se fazem ouvir
   -Gooooooooooooooloooooooooooooooooo…
  - Portugalllllllllllll marcaaaa. È golo, é golo, é golooooooooooooo… Portugal ganha:1/0
       Pensei recuar no tempo, espreguicei-me nas nuvens e … rapidamente petrifiquei.
  - Vai, vai Ronaldo marca, marca e é g…… Mãeeeeeeeeeee! O Ronaldo não quer marcar.

13ºdia- Nós 2/ 3€ dia/ 30 dias

     
     Desculpem; continuamos a viver com três euros diários mas não temos conseguido fazer-vos chegar as palavrinhas. O final do ano letivo é muito absorvente: não há espaço para respirar.

     Pensámos fazer um arroz xau xau, daí as nossas compras. Não foi uma boa opção: o molho de soja barato era uma boa "jamais devia ter comprado". Senti-me tão enganada que quase, quase, quase que lá fui... Não, não fui porque teria que fazer uma análise detalhada do produto e não sei se saberia todas a palavras a utilizar: era trabalhoso pesquisar as palavras que não pertencem ao nosso dicionário. Shiiiiii.... reticências ponto e vírgula! Barato não pode ser sinónimo de uma boa palavra que não sabemos. Conclusão: engolimos o jantar mas salvámos o almoço do dia seguinte (não levou molho do dito cujo que necessitava de palavreado não constante do nosso livrinho de boas palavras).

     Para as sobremesas e lanches fiz pãozinhos de leite. Como não havia tempo suficiente para os levedar: coloquei-os em forno a 60ª meia hora; levantei a temperatura para 200º e em dez minutos um delicioso cheirinho satisfez o paladar.


     Lamento não vos fazer chegar o recibo: perdi-o. Gastei três euros certinhos e o mealheiro nem se atreveu a ripostar. de olhar cabisbaixo não parece muito feliz.

Sorrisos
Guida Brito

segunda-feira, 19 de junho de 2017