sábado, 10 de março de 2018

Aljustrel

Campos alentejanos
     Conhecida pela mina, a vila de Aljustrel foi, durante muito tempo, para a maioria, sítio de passagem em andar apresado. 

Oliveira
         Nunca eu, por ali, havia passado; com exceção para a última carreira que fazia a ligação estudantil, entre Beja e os povoados do distrito. 
Igreja
    Decidi-me, aventurei-me e fiquei deslumbrada. 
paisagem
       Jamais, jamais sonhei a beleza de tão recôndido lugar. 
Vila
       Deixo-vos um cheirinho que, certamente, vos despertará quereres e vos guiará entre ruas e ruelas.
Nossa Senhora do Castelo



Marco geodésico

 Nossa Senhora do Castelo

 Nossa Senhora do Castelo

 Nossa Senhora do Castelo


Estátua
Sorrisos
Guida Brito

quinta-feira, 8 de março de 2018

Soneto para a Mulher

Mulher de calções
       Ele vinha tão feliz, com o conseguido, e eu fiquei tão encantada que nem vi o que emendar. Disse-lhe: "Eu não faria melhor e não encontro nada que precise de correção ou remendo". Ele: voou, pulou, riu e gritou- looolll. Amanhã, escreverá de novo e com muito querer. Por vezes, nós, os adultos, caímos no erro de ver e valorizar o que é menos importante. 
Poema

Soneto de Mulher


camões - adaptação

A Mulher é arte que cresce sem crescer;
É um Sentimento que se sente sem sentir;
É chama que arde sem arder;
É amor que foge sem fugir;

É resistência que não resiste;
É uma estrela que brilha sem se ver;
É uma alma amada e triste;
É um pensamento forte que forte não sabe ser;

Uma flor que nunca floriu;
Alguém que nunca se viu;
Um sorriso que sorri

Uma presença que não está presente;
Valentia desvalente
É o universo de amor que eu só sei de cor!

Maili (9anos)

terça-feira, 6 de março de 2018

Roupa estendida

cuecas
     
Por terras do Alentejo, antigamente, a roupa era lavada, ao domingo, na ribeira. Lembro com saudade: o cheiro dos lençóis e a noite, bem dormida, na cama afofada. Era seca no pasto ou nas velhas pedras que vigiavam a planície. Segunda-feira, era declarado o "dia sem nódoas" e seguíamos frescos e airosos, em amena cavaqueira,logo pela manhã, a caminho da escola.


Alentejo
      Mudam-se os tempos, poluem-se as ribeiras e o Mundo gira para um espaço sem volta. Roupa suja: lava-se em casa; usam-se cheiros duvidosos que imitam, de forma longínqua, o que de bom perdemos. Mais coisa, menos coisa: destruímos a realidade e procuramos, em nome do desenvolvimento, imitar o que já não há. Somos seres sem sentido.
Mulher a estender roupa
   
  No Alentejo, alguns velhos hábitos ainda resistem. Talvez seja isso que faz desta região um espaço de pureza única. O estender roupa ainda prolifera, com encanto, nas janelas, nas portas, nos estendais do quintal... só no Alentejo: sabemos a cor das cuecas da vizinha.

Panos de cozinha

 Deixo-vos alguns dos meus registos.

Panos de cozinha



Calças e avental

Piçarras

Namorados
Sorrisos
Guida Brito

domingo, 4 de março de 2018

O Inverno chegou ao Alentejo

estrada
     Choveu no Alentejo e os campos vestiram-se de verde: há muito que o pasto chorava o cheiro a terra molhada. 
Estrada, verde e céu
     A Natureza não se fez de rogada e vestiu-nos o olhar de plena sedução. Por aqui, respira-se os tons da alegria e o saber de uma primavera que não se demora.
Campo e céu
 As imagens falam por si: cative-se.
Campo verde e céu com nuvens



Estrada molhada

Cavalo no campo
 Ops!!!!!! Desculpem.
Cavalo a fazer chichi
Guida Brito

sábado, 3 de março de 2018

Camões- numa escola do Alentejo

Tulipa
Há quatro anos que os meus alunos escrevem poesia. Iniciaram a sua escrita aquando da aprendizagem da primeira letrinha: a letra i.  Escrever com amor e ilustrar: deu voz aos quereres de gente miúda. Hoje, decidi explicar o que é um soneto. Apresentei Camões: apaixonaram-se. Jamais esperaria as magníficas adaptações do soneto "Amor é fogo que arde sem se ver". Partilho o poema da Violeta, nove anos,

Amor é água que cresce do céu

Amor é água que cresce do céu
É o que nós sentimos dentro de nós
É um profundo abraço vindo do mar
Começa a crescer quando lhe tocamos

É um beijo vindo do coração
É um poder que permite dar a mão
É nunca ficar triste, só contente
Um acontecimento especial entre nós

É querer estar livre, viajar neste mundo
Abraçar quem vence a um vencedor
É ter quem nos beija e abraça

Mas cuidar desta vida deve ser do pior
Então, volto a perguntar
O que é o amor?

(Violeta, 9 anos, 4ºano)

Sorrisos
Guida Brito

sexta-feira, 2 de março de 2018

Messejana - a vila azul e branca


 Igreja
São muitas as histórias que fazem com que a Vila de Messejana seja sobejamente conhecida do povo português. No entanto: são poucos os que já visitaram esta linda vila alentejana. Em tons de azul e branco cativa na sua simplicidade. 
rua

Um azul da cor do céu e um branco nuvem: intercalam-se criando fantasia e sedução. Mística e singela: integra a simplicidade do interior alentejano. 
Casas com barra azul e branca
Um "bom dia" ou um "de quem é filha?" recebem-nos à chegada e confirmam a simplicidade de gentes afáveis. 

rua da igreja

Sem dúvida: este, é um dos mais belos povoados (quer pelas suas cores; quer pela simpatia das suas gentes; quer pelas rendas que adornam paredes; árvores e postes de eletricidade; quer pelas igrejas; quer pelo património urbanístico; quer...). 
Poste de telefone com renda

Messejana tem tudo: até a graça de uma história, de uma praia. Messejana, não é a vila praia. Messejana é a vila azul e branca: catita, airosa e sedutora.
Igreja

Rendas em poste de eletrecidade

Leia também: https://navegantes-de-ideias.blogspot.pt/2018/02/o-lavadouro-de-messejana.html

Sorrisos
Guida Brito

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Um Alentejo doído pela seca


Barragem seca



Estamos na fase final do inverno: não há verde e apenas meia dúzia de capitosas flores teimam em florir. A vegetação das margens dos cursos de água encontra-se seca;  os açudes e as barragens esqueceram a sua serventia.  
Barragem seca

Predominam as cores outonais e o cinza faz esquecer a constante mudança da paisagem alentejana. Não há verdes poemas e o sol espreita, raramente entre as nuvens, almejando que o arco-íris refrate a sua cor. 
Seca no Alentejo

Perdi a esperança: as campainhas, os bunhos, as “escravaninhas”, as primaveras, as orquídeas selvagens e restante vegetação empurram a primavera para os tons de 2019 (quiçá).  Um Alentejo doído pela seca; um Alentejo sem cor.
Seca no Alentejo

Guida Brito


domingo, 25 de fevereiro de 2018

O Lavadouro de Messejana

tanques de lavar a roupa
Outrora, o poço e o lavadouro eram o centro de vida da aldeia. Entre o corrupio dos gaiatos, lavava-se a roupa e a vida alheia. Lavavam o olhar as jovens casadoiras, enternecidas com a insistência e as piruetas motoqueiras do jovem mais atrevido. Do alvorecer ao anoitecer, chegavam quartas, roupas, namoros e dois dedos de conversa. O lavadouro de Messejana é um dos mais bonitos do Alentejo: encerra, certamente, em si, memórias dos tempos que já lá vão. Um Alentejo com história.
poço e tanques de lavar a roupa


Sorrisos
Guida Brito

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Nógado - doce tradicional alentejano.



Prato verde com doce

Uma receita com origem na tradição Árabe. Elaborada com frutos secos, fazia as delícias de miúdos e graúdos. No Alentejo, mãos sábia e mentes persistentes desafiam a pobreza da região: farinha e folhas de laranjeira conferem sabores únicos e enriquecem a mesa. Na minha casa, existe uma receita com muitos séculos: ponderei e decidi mantê-la na família. É tão velha que ainda utiliza como unidade de medida a casca de ovo.  
Doce em folha de laranjeira


A que vos apresento é fácil de fazer e em nada perde sabor.
Ingredientes

Massa
- 350 g de farinha de trigo

- 1 pitada de sal

- 3 ovos

- raspas de limão ou laranja

- 1 colher de sopa de banha


Para fritar a massa:

- azeite


Outros:

- 10 dl de mel

- folhas de laranjeira
Nógado em folha de laranjeira


Confecção:
1. Junta-se à farinha os elementos acima mencionados. 

2. Amassa-se tudo muito bem; tendem-se uns rolinhos finos  que se  cortam em pedaços muito pequenos. 

3. Deixe levedar em sítio quente. 

4. Fritam-se em azeite bem quente.

5. Junta-se a massa frita ao mel em ponto de rebuçado. 

6. Depois de bem misturado, deita-se sobre as folhas de laranjeira.

Ao comer, dê pequenas trincas na folha de laranjeira: complementa o sabor.

Sorrisos
Guida Brito