Por terras do Alentejo, antigamente, a roupa era lavada, ao domingo, na ribeira. Lembro com saudade: o cheiro dos lençóis e a noite, bem dormida, na cama afofada. Era seca no pasto ou nas velhas pedras que vigiavam a planície. Segunda-feira, era declarado o "dia sem nódoas" e seguíamos frescos e airosos, em amena cavaqueira,logo pela manhã, a caminho da escola.
Mudam-se os tempos, poluem-se as ribeiras e o Mundo gira para um espaço sem volta. Roupa suja: lava-se em casa; usam-se cheiros duvidosos que imitam, de forma longínqua, o que de bom perdemos. Mais coisa, menos coisa: destruímos a realidade e procuramos, em nome do desenvolvimento, imitar o que já não há. Somos seres sem sentido.
No Alentejo, alguns velhos hábitos ainda resistem. Talvez seja isso que faz desta região um espaço de pureza única. O estender roupa ainda prolifera, com encanto, nas janelas, nas portas, nos estendais do quintal... só no Alentejo: sabemos a cor das cuecas da vizinha.
Deixo-vos alguns dos meus registos.
Sugestão de leitura: https://navegantes-de-ideias.blogspot.pt/2018/02/o-lavadouro-de-messejana.html
Sorrisos
Guida Brito
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