domingo, 27 de outubro de 2019

Encontros em Miyajima, a ilha sagrada


Miyajima, a ilha sagrada, Japão, Viagens, Navegantes de Ideias
Cansada, quase de rastos, no fim das forças, sob um calor intenso, após vários quilómetros a percorrer a deslumbrante Ilha de Miyajima (Japão), vislumbro duas senhoras de traje insólito.





Miyajima, a ilha sagrada, Japão, Viagens, Navegantes de Ideias

Apesar das reclamações, intensas, do mais jovem dos Navegantes, fi-lo esperar, esqueci que já não conseguia caminhar e alterei a rota, na esperança de as fotografar. 

Miyajima, a ilha sagrada, Japão, Viagens, Navegantes de Ideias


Não me fiz de rogada e arrisquei a fotografia. Viram-me, sorriram, obedeceram aos meus gestos e colocaram-se aqui, ali e acolá. 


Miyajima, a ilha sagrada, Japão, Viagens, Navegantes de Ideias


Não falávamos a mesma língua, o inglês não era nossa pertença, mas isso não impediu a amizade dos gestos sentidos: trocámos nomes, trocámos emails.





Miyajima, a ilha sagrada, Japão, Viagens, Navegantes de Ideias

Percebi, espero não estar enganada, que o seu traje era típico da zona de Tóquio. Inclinámo-nos, muitas vezes, numa troca de afetos, de respeito e agradecimentos à boa moda Japonesa. 

Miyajima, a ilha sagrada, Japão, Viagens, Navegantes de Ideias

Um momento que não esquecerei e que, hoje, partilho convosco.

Sorrisos
Guida Brito


quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Baleia-Anã deu à costa, em Sines

cetáceos - Costa alentejana - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias

Esta manhã, mais um cetáceo deu à costa no areal da Costa do Norte, em Sines. Desta feita, uma baleia-anã. 


 
A baleia-anã é residente em Portugal, pelo que pode ser observada regularmente nas nossas águas, durante todo o ano. 
 cetáceos - Costa alentejana - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias

Esta pequena baleia pode ser encontrada em zonas pelágicas afastadas da costa e em águas costeiras com profundidades inferiores a 200 m. 


cetáceos - Costa alentejana - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias

O Instituto de Conservação da Natureza e a Câmara Municipal de Sines vão remover o animal e proceder à sua incineração. 


 cetáceos - Costa alentejana - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias
É muito estranho, a quantidade de cetáceos encontrados na costa algarvia e, essencialmente, na costa alentejana.

cetáceos - Costa alentejana - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias

 Mais estranho é o facto de não serem autopsiadas para determinar a causa da sua morte, tendo em conta tão elevado número na região.

cetáceos - Costa alentejana - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias

Por duas vezes, ouvi, em conversas que não me eram dirigidas (e não sei qual o seu.fundamento) que estas mortes se deviam a experiências com explosivos que ocorriam ao largo da costa portuguesa. Será???? Algum de vós viu ou ouviu algo? Com que fundamento se fariam experiências com explosivos?

cetáceos - Costa alentejana - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias

A baleia-anã demonstrava sinais de ter ficado presa numa rede; no entanto, as feridas estavam em estado de cicatrização.

 cetáceos - Costa alentejana - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias


 Do seu interior, pela boca e pela zona pélvica saia sangue, dando a entender (a alguém leigo na matéria) que a causa de morte estaria relacionada com feridas interiores.

cetáceos - Costa alentejana - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias

Seja qual for a causa de morte destes cetáceos (baleias e golfinhos), seria importante autopsiar para determinar o que tem matado estes animais e se as causas são comuns. Se não cuidarmos do nossos mares... um dia, comeremos dinheiro e areia.

 cetáceos - Costa alentejana - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias
Sem Sorrisos
Guida Brito
Ler também:  Baleia-comum morta, em praia de Sines

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Barragem de Morgavel: quanta chuva será necessária para repor os níveis ?

Alentejo em seca extrema - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias

A seca extrema e severa é uma realidade que se vive Alentejo. A níveis nunca antes vistos, as barragens não são mais que umas pequenas poças de água podre e imprópria.





Alentejo em seca extrema - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias


 Fui visitar a barragem de Morgavél: a terra nua é, hoje, estrada dos incrédulos perante tamanha ausência de vida. 
Alentejo em seca extrema - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias

Quanta chuva será necessária para repor os níveis de outrora? – É a pergunta que se impõe.

Alentejo em seca extrema - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias

Por aqui, dizem, vão avançar as monoculturas (olivais e fins) que têm destruído todo o Alentejo.

Alentejo em seca extrema - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias

Quanto tempo tem o Alentejo? – É, outra, pergunta que se impõe.

Alentejo em seca extrema - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias


Veja o vídeo (impressiona).


Mais fotografias.


Alentejo em seca extrema - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias

Alentejo em seca extrema - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias

Alentejo em seca extrema - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias


Alentejo em seca extrema - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias


Alentejo em seca extrema - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias


Alentejo em seca extrema - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias



Alentejo em seca extrema - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias


Alentejo em seca extrema - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias


Alentejo em seca extrema - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias


Alentejo em seca extrema - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias


Alentejo em seca extrema - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias



Alentejo em seca extrema - Sem sorrisos - Navegantes de Ideias

Sem sorrisos
Guida Brito


sexta-feira, 18 de outubro de 2019

João Pedro Pais à conversa com António Jorge - no dia do novo album "Confidências"



Navegantes de Ideias

A culpa é e será sempre do Bruce Springsteen.
Eu e o João Pedro Pais somos fãs do “Boss” ponto – não confundir com especialistas ou profundistas. E por um mero acaso das nossas vidas, ambos tivemos a sorte e o privilégio de privar com o autor de “Born In The USA”. 



 
Bruce (que recentemente celebrou 70 anos de vida) tem novo disco. A propósito, eu e o João Pedro encontramo-nos dias depois da edição de “Western Stars”. Alinhamos as faixas do álbum por ordem de preferência e já que ali estávamos arrisquei, João isto tinha muito mais graça se à medida que fossemos ouvindo o álbum fizéssemos uma minipartida de ping-pong – pergunta daqui resposta daí. Parece-te bem?

 - “Parece-me lindamente. “
 
João Pedro és um jovem quarentão, com 20 anos de uma carreira feita de uma dezena de discos e várias centenas de espetáculos dentro e fora do país e, quase meio milhão de discos vendidos. Para além da muito bem-sucedida carreira, és um dos nomes mais acarinhados e seguidos pelo público português.
Quando se quer muito e se trabalha muito, consegue-se?


- “Mais do que ter conseguido chegar cantando e rindo até aqui, convivendo com o público e as vendas dos discos, tudo passa mais por uma questão de carácter e identidade, e é também esta a razão que vou chegando no meu vagar até onde estou. Tenho um imenso respeito e afeto pela reciprocidade dos outros que me fazem e querem bem.”

“Em termos pessoais sinto que dependo de vários fatores:
Talento, raça ou carisma - um deles terei com certeza, caso contrário não conseguiria passar a mensagem nem chegar às pessoas. As rádios e as televisões são parte integrante e fundamental da divulgação do músico e suas canções, bem como as redes sociais que hoje criam pontes entre quem cria e quem consome. É um trabalho em conjunto.”

Em 1997, ano de edição do álbum estreia terias em ti todos os sonhos do mundo?

- “Tinha e tenho, assim como todas as incertezas! Nada é garantido; nada é um dado adquirido. Sonho intensamente acordado, e o meu pensamento continua a ser uma grande cidade com trânsito em hora de ponta.”



 
Eu sei que 1 de junho de 2014 é uma data particular para ti. Que memórias guardas desse dia?

- “Sim, é definitivamente um dia especial. Fiz o meu melhor concerto no Rock in Rio perante milhares de pessoas e nesse dia conheci o Bruce Springsteen. Nesse dia, também eu fui criança de corpo e alma, e trago comigo esse momento até hoje.” -  ri-se de orelha a orelha.

Tens também toda uma outra carreira feita no desporto – de alguma maneira foste buscar ensinamentos quer à disciplina, quer aos sucessos e insucessos da alta competição?

- “Sem dúvida. Sou ex-atleta de luta olímpica, detenho ainda a melhor classificação de um Português num campeonato do Mundo de seniores - Martigny -Suíça 1989- 8 lugar, em 16 lutadores.
Continuo ainda com o meu treino diário junto da geração mais nova., e isso é que faz de mim o homem nas canções. O desporto ensinou-me a estar, perder e ganhar, e a respeitar quem está à minha frente.”




Por esta altura já tínhamos ouvido e discutido meia dúzia das novas canções do Boss e a conversa estava boa.
Bola do lado de cá.
A família, o teu filho Salvador e os amigos serão sempre a tua ancora?


- “José Saramago, disse numa das suas intervenções, referindo-se à família. O desporto ensinou-me a estar, perder e ganhar, e a respeitar quem está à minha frente.”
tive sempre consciência de que o rapaz quer zarpar e desbravar caminho - e a ligação da âncora vai-se desprendendo. O mesmo acontece em relação aos ditos ou chamados amigos.”

 Hoje 18 de Outubro de 2019 é mais um dia especial; editas “Confidências (de um homem vulgar), o teu novo álbum. Como apresentarias este disco ao teu público?

- “O álbum terá o melhor do que consegui fazer até então. Descrevo-o como intenso, forte e frágil - nas palavras e na sonoridade.”

Um músico/compositor e autor como o João Pedro Pais é sempre aquilo que escreve?


- “Inevitavelmente! Quando compomos, o que escrevemos e musicamos é também de carácter autobiográfico.”

Em fundo ouve-se a sedutora “Moonlight Hotel”, a última canção do novo álbum. Voltamos a partilhar “There Goes my Miracle”.
João Pedro, partilhar é hoje primordial?

- “Partilhar é, ou devia ser a essência da humanidade - principalmente para os mais desprovidos de quase tudo.
E refiro-me a um abraço, a comida, a água, a um teto, a sorrisos, a uma palavra, a um poema, a uma canção, a um afeto, a um gesto de generosidade, e a um trabalho digno. E isto não só não é utópico, como é simples de concretizar.  O problema está e estará sempre nos que para além de não quererem saber, se esquecem repetida e propositadamente de que, o mundo em que vivem é igual ao de todos nós.”

Abraço João Pedro e muito obrigado -long life to Bruce

AJ


segunda-feira, 14 de outubro de 2019

A doença da moda


Cancro - Navegantes de Ideias

- De que morreu?
- Da doença da moda.




Não foram necessárias mais palavras para perceber que o cancro, de forma aniquiladora e sem réstia de tempo, fez mais uma vítima. E, um a um, na solidão do ser vítima de um todo tão grande vamos perecendo, incapazes de nos unirmos no Basta. Em sua defesa, limitamo-nos a partilhar meia dúzias de laços pelo Facebook e afins, rezando (sabe-se lá a quem) pela recuperação dos que já perderam a luta. 

É sempre na casa do vizinho que a dita começa; e, isso remete-nos para o egoísmo do temos que aproveitar os momentos antes que o tarde seja presente. Quando chega ao nosso lar, os outros fazem o mesmo: partilham meia dúzia de laços e correntes duvidosas e, durante uns dias, o negro invade os murais, contrastando com o azul que de profundo pouco tem. Um a um, vamos sucumbindo incapazes de adotar ações válidas que inibam o que o causa.

Posso falar do Alentejo (é a zona que conheço) mas sei que a situação se estende a todo o país: a morte da mãe Natureza. 

Por aqui, deu-se descrédito à razia dos campos; à poluição dos aquíferos, à contaminação dos solos, à contaminação do ar, ao desaparecimento da fauna e da flora… Não temos rios saudáveis, não temos água, as florestas estão a ser dizimadas, as abelhas diminuem drasticamente… aos poucos, temos perdido o que é essencial à sobrevivência. 

Dizem eles (os que lucram em demasia com o defunto) “o desenvolvimento é crucial, as consequências são inevitáveis e há que fazer face à necessidade de resposta alimentar da população mundial”. Como se o que produzimos com a carrada de químicos proibidos e em quantidades superiores ao suportável, fosse parar à Etiópia ou a um país de pobreza extrema. 

Não vai, não! É vendido a países chamados desenvolvidos, a preços do despejam-nos os bolsos, numa guerra do parece que é barato e o excedente vai parar ao lixo. Ao lixo! 

Deixamo-nos enganar porque os umbigos cresceram em demasia e a inveja, a superioridade, a chefia, o carro de amostra e a roupa do aparente dominam, num consumismo desenfreado, a sociedade portuguesa.


Adoro “o desenvolvimento é crucial”: quem quer este tipo de desenvolvimento que arrasa com as condições essenciais à vida?



E, depois, acrescentam a modos de inocência “a economia, a economia, a economia, o défice, o défice….”. Desculpem? Será a economia mais importante que a vida na Terra? Será o dinheiro mais importante do que a vida dos nossos filhos? 

Será o dinheiro transformável em ar, em peixe ou em água?

Numa região, onde do cancro nem se ouvia falar: hoje, parte um; amanhã, parte outro; são tantas as famílias que aderiram à doença da moda que já nos devia ter feito pensar e já nos devia ter tirado o rabo do lugar, para tentarmos mudar o rumo do fim que se adivinha.

Na nossa pequenez, permitimos a dor na vida do outro, esquecendo que a solidão nos consumirá amanhã.

Lembram-se de Fortes Novas? Continua oculta debaixo da fumaça que observa na imagem. 

Um povo que o permite é um povo morto. 
Assim, somos nós.

Sem sorrisos
Guida Brito


sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Culturas Intensivas – SOLUÇÃO - Olival-Amendoal-Vinha-Romaneiras


Culturas Intensivas – SOLUÇÃO - Olival-Amendoal-Vinha-Romaneiras


Muitos denunciam os Crimes que estas culturas originam na Saúde Humana e no Ambiente que se repercutem para o Futuro, para as Gerações Vindouras.




Trata-se de culturas cujos produtos transportam veneno para as nossas mesas.

Há que tomar medidas. Já.

Quais?

-- Sem medo proceder ao ARRANQUE sistemático de TODO esse Olival.

-- Estabelecer métodos de recuperação das terras pré-estéreis.

Como proceder com os Investidores e Empresários donos dessas terras já sem essas culturas?






- Reconverter o modo de produção nessas suas terras, aproveitando as instalações de rega já instaladas.

Em vez de culturas envenenadas, produzir produtos agrícolas tradicionais para Alimentação Humana e Animal usando água do Alqueva que para isso foi idealizado.

ARRANQUE do OLIVAL INTENSIVO.

Pelo Olival Tradicional!
José Jorge Cameira

domingo, 22 de setembro de 2019

HISTÓRIA - AÇORES : Acontecimento Verídico em 1581 na Ilha Terceira


Navegantes de Ideias
Depois da Batalha de Alcácer Quibir e desaparecido o Rei D. Sebastião, colocou-se a questão da sucessão ao Trono de Portugal. O Rei interino era Cardeal e idoso.




O Candidato lógico por via do seu casamento era o Rei de Espanha, um tal Filipe II, o que acarretaria por inerência a perda da Independência de Portugal.
Apareceu, contudo, um Candidato ao Trono, D. António Prior do Crato, que em desespero de causa conseguiu reunir muitos apoiantes.


As contendas militares que se seguiram fracassaram todas em todo o Território Nacional, ressalvando a Ilha Terceira nos Açores, que insistiam em ter D. António como futuro Rei de Portugal. E assim foi: D. António foi proclamado Rei de Portugal nos Açores, enquanto que no Continente o Rei era espanhol, Filipe I de Portugal, mas Filipe II em Espanha

Em Espanha, os rumores da insubordinação dos Terceirenses era tema nacional daí que o Rei Filipe resolveu enviar uma Nau bem armada e artilhada com 1000 soldados comandada por Pêro Valdez para dominar a situação e acabar com toda aquela "palhaçada" naquela ilha perdida no Atlântico.

No dia 25 de Julho de 1581, a Nau "pranta-se" na Baía de Salga, perto de Porto Judeu na Ilha Terceira.




Quando os soldados começam a trepar a íngreme costa, apareceu no cume da colina uma mulher de nome BRIANDA PEREIRA que não cessava de gritar repetida e histericamente "Estamos por Dom António", provocando uma risada geral nos mais de 1000 soldados espanhóis!

Estava a soldadesca invasora já a meia encosta e a Brianda continuava com a tal gritaria, eis que a população escondida para lá do cume solta na direção deles e pela ravina abaixo todos os bois e vacas recrutados na Ilha com belos e pontiagudos chifres, provocando o caos total: fácil imaginar-se a aflição e o desespero daqueles espanhóis correndo de volta para os botes da praia, contudo muitos deles sofrendo nos quartos traseiros valentes marradas perpetradas por aguçados cornos.

 Muitas mortes aconteceram entre esses soldados vestidos com pesadas armaduras, porque além de ser pisados pelos "patriotas bovinos" com valentes cornadas, também se atropelaram entre eles, num "salve-se quem puder"! 

Para agravar o caos instalado, um grupo de 32 terceirenses, pastores e agricultores, armados com paus, facas, pedras e outras semelhantes terríveis armas, atacaram as tropas filipinas, tingindo as rochas e as águas do mar com a cor vermelha de sangue hispânico...

Nos dias seguintes, houve grandes festanças na Ilha Terceira: o Governador português da Ilha, Ciprião, marchou por Angra do Heroísmo com as bandeiras espanholas abandonadas, perante o gáudio e troça das populações.

Gozou-se aqueles momentos, mas foi sol de pouco dura porque ganhou-se essa batalha, mas afinal a guerra foi perdida...

 
História verídica recolhida por

José Jorge Cameira

Beja, 16 Março 2013


sábado, 14 de setembro de 2019

BUTÃO-A visita de Portugueses no Séc.XVII



BUTÃO ou Reino do Dragão é um pequeno País na parte sul do Tibete. É um território que viveu fechado ao mundo exterior durante séculos.




Os habitantes sempre viveram felizes em comunhão com o que a Natureza lhes proporcionava.
Marco Polo visitou a região no Séc.13 e constatou isso mesmo.

Os seus líderes durante séculos parece que viviam enfastiados de nada fazerem e de serem sempre felizes.

A Religião predominante, o Budismo, subdividiu-se em 3 outras, por ínfimos detalhes de interpretar aquela Religião.

Era esse o motivo para fazerem guerras de vez em quando. Espadas, lanças, flechas, depois mais Paz. Para quebrar a rotina e o aborrecimento...

Foi neste ambiente que ali se apresentaram por volta do ano 1625 dois Jesuítas Portugueses, Estevão Cacela e João Cabral. 

Nesse tempo interessava ao Rei de Portugal, então Filipe III, a penetração em novos territórios além-mar para tomar posse deles, inventariar possíveis riquezas e ao mesmo tempo os Jesuítas em nome da Fé Cristã alargariam o Reino de Deus, com o apoio do Papa.

Os Jesuítas informaram o Líder Espiritual ou Lama que vinham dum País pequeno e distante, demorando 12 meses a sua viagem por mar.

O Lama concluíu com lógica que esse País - Portugal - seria uma Ilha, porque tiveram de viajar de barco, quando todos os viajantes se deslocavam então por terra.

Para facilitar a sua aceitação e conseguirem os objectivos pretendidos, os Jesuítas ofereceram ao Lama mosquetes, 2 canhões e pólvora, ficando à disposição para derrotar os seus inimigos com essas armas.

Fizeram a experiência com um canhão - o barulho do disparo deve ter aterrado o próprio Lama que pode observar os efeitos de destruição possivelmente contra uma floresta.

O Líder Espiritual filosoficamente comunicou aos 2 Jesuítas portugueses a sua magnânima decisão:




1) Seria desonesto da parte dele usar aquelas armas numa batalha contra os seus inimigos, porque estes ainda não as possuíam;

2) Se usasse aquelas armas, ganharia de certeza todas as batalhas, mas o seu prestígio ficaria manchado perante Buda, porque precisou de ajuda de Bárbaros para ficar vitorioso nas guerras contra os inimigos.

Os Jesuítas retiraram-se do Butão e ainda hoje é possível ver-se aquele armamento guardado naquele Reino, inútil como dantes.


José Jorge Cameira
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Turmas de Elite – o apartheid nas escolas portuguesas

Sem Sorrisos - Navegantes de Ideias


Em postura recorrente, os alunos portugueses foram catalogados “em bons” e “menos bons” e separados por turmas. A legislação é contrária à sua existência mas ao abrigo da autonomia e flexibilidade dos Agrupamentos de Escolas, foram constituídas e têm o aval do Ministério da Educação (provavelmente, esqueceu-se das leis que elaborou e aprovou).





Em meu entender: um retrocesso, sem precedentes, na garantia dos direitos das crianças e dos direitos humanos.

Portugal, mesmo pertencendo à ONU, demorou muito tempo a adotar (e muito mais a aplicar) leis inclusivas, presentes na Declaração dos  Direitos Universais das Crianças. No entanto, conseguiu acolher, no seu seio, crianças tradicionalmente excluídas, adotando uma educação integrada que respondia às necessidades educativas de todas as crianças. Foi um processo muito longo, conseguiu-se uma escola inclusiva.

Sem Sorrisos - Navegantes de Ideias


Deste modo, a escola inclusiva foi uma realidade (embora, em muitos casos, existisse carência de técnicos que o Ministério não disponibilizou): num todo colorido e diversificado, individualizaram-se e personificaram-se estratégias educativas, promoveram-se competências universais que permitiram a autonomia e o acesso à condução plena da cidadania por parte de todos.

Uma nova escola lecionava, de forma prática, as noções de cidadania, tolerância, respeito pelo outro, partilha, interajuda… Aos poucos, foi sendo claro que não há mais saber ou menos saber: há saberes diferenciados e se o meu bom é o teu mau, ajudo-te; tu farás o mesmo com o teu bom que é o meu calcanhar de Aquiles.

Sem Sorrisos - Navegantes de Ideias


Integrámos as crianças tradicionalmente excluídas; hoje, retiramos os outros. Não é um regresso ao passado?


Para mim, separar as crianças com base em “capacidades cognitivas ou capacidades de trabalho” é uma atitude racista mascarada de pureza. 

Todos aprendemos através da experiência e uns com os outros: se os alunos com mais dificuldades ficam privados da aprendizagem com os seus pares; os outros também o ficam; e, ambos, apresentarão graves lacunas a nível da aceitação, da tolerância, do respeito pelo outro, da partilha...
Relembro um dos Direitos Universais das Crianças

"Princípio X
- A criança deve ser protegida contra as práticas que possam fomentar a discriminação racial, religiosa, ou de qualquer outra índole. Deve ser educada dentro de um espírito de compreensão, tolerância, amizade entre os povos, paz e fraternidade universais e com plena consciência de que deve consagrar as suas energias e aptidões ao serviço de seus semelhantes."

Apartheid é uma palavra africana que significa "separação", ou "o estado de ser separado"; ao separar os alunos com base nas suas características mentais ou de trabalho, estamos a recriar cenários que, no passado, foram permissivos de privação de direitos, de injustiças, de dor, de milhões de mortes. 



Será que o Mundo não consegue viver sem elites?

Temo o dia de amanhã: o dia em que se acentuar a intolerância; o dia em que as universidades escolherão os “bons”; o dia  em que as empresas escolherão os “bons”, o dia em que os “bons” têm que comprar uma redoma para se proteger das incapacidades dos outros (estou a ser irónica); o dia em que os “bons” não aguentam, o dia em que os “bons” falham, temo as atitudes dos “bons” e dos “menos bons”.

Pergunto:
- se “O Programa do XXI Governo Constitucional estabelece como uma das prioridades da ação governativa a aposta numa escola inclusiva onde todos e cada um dos alunos, independentemente da sua situação pessoal e social, encontram respostas que lhes possibilitam a aquisição de um nível de educação e formação facilitadoras da sua plena inclusão social. Esta prioridade política vem concretizar o direito de cada aluno a uma educação inclusiva que responda às suas potencialidades, expectativas e necessidades no âmbito de um projeto educativo comum e plural que proporcione a todos a participação e o sentido de pertença em efetivas condições de equidade, contribuindo assim, decisivamente, para maiores níveis de coesão social.”; qual é o cabimento legal para a existência destas turmas que separam ao invés de incluir, integrar?

- se a lei é bem explicita ao referir “Afasta-se a conceção de que é necessário categorizar para intervir”; o que são estas turmas que separam crianças com base nos “bons” e “menos bons”, com base “nas capacidades intelectuais e de trabalho”?

E muito mais existe na lei, no bom-senso e nas convenções internacionais que Portugal assinou e se comprometeu a cumprir que são contrariadas com a existência de turmas que separam as crianças, com base nas suas caraterísticas físicas e psíquicas.

Pergunto, ainda:

Não são os anos letivos que separam as crianças com base nas aprendizagens apreendidas e nas que já lhes foram lecionadas; então, para que necessitamos de mais categorias?

Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994). “O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em todos os alunos aprenderem juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentem”

Sem sorrisos
Guida Brito