segunda-feira, 3 de abril de 2017

Como é que uma mulher bonita, como tu, não tem namorado?

      
     Como é que uma mulher bonita, como tu, não tem namorado?
     Algum defeitinho tenho que ter - respondi irreverente.


     Tenho muitos, pensei cá para mim; não é um: são muitos. O meu maior problema é este nariz de carácter arrebitado, lutador e que não se inibe em ser. Maroto e atrevido acha que o ferro de engomar e a cozinha estão a léguas do ser feliz e do se te amo ”não tenho que fazer prova disso nas rugas da tua camisa”. Aliás, tenho a certeza que as rugas da tua camisa não estão “nem aí” para o que sinto por ti. Tal e qual com os tachos, eles jamais se atreverão a ripostar um: “tenho o cú queimado”. Calam-se e ficam quietinhos na gaveta da cozinha (pudera, estão na cozinha logo são amados). Amor não pode ser isso: um papel que se espera que a mulher cumpra; um servilismo sem tamanho. Não adianta um “eu faço outras coisas, retribuo de outra forma”. 

Não! Não há nada que me faça feliz se tiver que duplicar o horário das horas infelizes. Amor significa duplicar a felicidade e não diminuí-la. Não quero uma mão que vem se eu lavar a loiça da cozinha. Não quero um sexo que acontece porque não há rugas na chata da camisa. Eu não visto camisas! Não compro roupa que precise de tal ferramenta que me faz tão infeliz. Também não gosto de esperar  devido à tua “super importante profissão”. A tua é tão importante como a minha e a minha desenvolvo-a com esmero e profissionalismo; o meu trabalho será sempre “5 estrelas”, garanto sucesso, faço-o com gosto mas não te chateio - resolvo os problemas: não os passo para ti, nem invento meia dúzia de nadas que me impeçam de te abraçar.

     Quero natureza, abraços, mimos, gosto de ti, sorrisos, viagens e meia dúzia de nadas que apenas justificam o gosto de estar ali. Quero  esquecer as horas e lembrar-me, a toda a hora, o que é ser feliz. Quero esquecer que o mundo existe e caminhar nas nuvens. Quero tão pouco. Quero um pão na mesa e horas infindáveis de afetos. Não quero nada; quero apenas que existas; que um dia esbarre contigo numa qualquer esquina;  quero saber que não desististe de mim. Quero abraçar-te, mimar-te, dar-te todos os afetos que te fazem feliz; quero saltar, sorrir e fazer com os teus dias sejam curtos para ser vividos. E quero que pagues com juros (até ao último tostão) essa história do ser louco e por ti. Quero-te ali no improvável e na loucura do inesperado. Não quero um papel corriqueiro trajado de coisa nenhuma. 
Quero um pouco do nada que sabe ser feliz.



Sorrisos

Guida brito

4 comentários:

  1. Quem não tem histórias de vida para contar. Das minhas, extraí que não há bela sem senao. Para tudo! Tudo o que se disse até agora, é fruto da busca incessante da felicidade, do amor, do sexo, da amizade, da companhia, do companheirismo. Ainda não encontrei satisfação permanente em nada do muito que faça. Mas não consigo ficar sentado à soleira da porta duma qq aldeia linda a contar os dias que faltam. Vamos morrer sozinhos. E se até lá não puxarmos alguma parte da felicidade para perto de nós, não nos desculpemos com os erros de terceiros. Vivamos o dia a dia em construção.

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