domingo, 24 de janeiro de 2016

Porto Palafítico da Carrasqueira




Porto Palafítico da Carrasqueira

 Um porto com sentido


Recuamos no tempo e deixamo-nos levar pelo infinito. Um lugar mágico onde o silêncio faz todo o sentido. Imaginamos as mãos- mãos rudes gastas pelo tempo-  que entre as linhas, o barco e a azáfama, substituem as velhas tábuas que garantem o pão.








Mítico, confirmamos o surreal das histórias paralelas a um povoado quase esquecido. Sentem-se os cheiros, os sabores; sente-se o visível e o invisível; sentem-se as lágrimas, os sorrisos, as esperanças, as vitórias; sente-se o sol e a lua, a calma e as marés… sente-se. É  casto, é digno,  é honesto,  é honrado, é íntegro, é probo; aqui, o sabor apela a sossego e a repouso. 





Aqui, vive-se o beijo onde a terra abraça o mar.


                                            
Sorrisos
               Guida Brito

sábado, 5 de setembro de 2015

Somos os sorrisos que levamos




Guida Brito; Navegantes de Ideias


 Como todos sabem, adoro os segredos que viajam entre as palavrasno quentinho dos segredos, encaixo-me entre as letrinhas e saboreio o que me faz feliz. 



Não sou fácil de ler, dúbia por natureza só eu sei onde se encontram os meus sorrisos. Penso que acontece o mesmo com todos vós: por esse motivo não escolhemos o livro mais bonito e interpretamos as letrinhas encaixadas no sonho, na aventura, na curiosidade, na história que traduz o nosso eu. Somos os sorrisos que levamos. Hoje, descobri este bocadinho, entrelacei-me  nas nuvens e embarquei num longo voo Partilho convosco. (Guida Brito)

Guida Brito; Navegantes de Ideias




A tarde estava pronta para atravessar o horizonte que nos separa do campo dos sonhos; aquele lugar, imenso, que conhecemos quando o sono nos abre as portas ao país fantástico das estranhas viagens e dos misteriosos encontros. 

O sol já se havia escondido para lá da grande planície amarela, mas- e embora a noite não tardasse – ainda se percebiam as cores quentes e secas do chão… Era assim, em cada entardecer, nesses tempos, muito antes da história acontecer. (Daniel Marques Ferreira, A semente mágica)

Sorrisos
Guida Brito


terça-feira, 1 de setembro de 2015

Parabéns café


Bom dia
Café? Carioca?Cheio? Curto? Com pingo? Italiana? Capuchino? Turco?...
Não! Abatanado.







Parabéns, CAFÉ.

Partindo de princípios racistas, erróneos e contra natura, seria óbvio que sendo (tu) pó, preto e contendo borras: de ti, não esperaríamos outras cousas que não fossem as mais levianas características inerentes à podridão humana.

Não é do meu olhar mas do meu sentir (porque quem olha não vê e apenas quem sente é) que me revelas, entre tamanha aspereza, o mais milagroso dom: de me fazer sorrir ao levantar da pestana - no preciso momento em que penso que, o mesmo, era uma simples miragem alapada num qualquer sonho de quem anseia.


Sendo único, capaz das trevas fazer luz, és a esperança e a consciência de que os futuros se procuram nos mais recônditos, inóspitos e inesperados momentos, nos locais menos férteis dos nossos caminhos.

As aparências iludem, é na escuridão que a semente brota vida.
PARABÉNS, CAFÉ: tens o dom de me fazer sorrir.

Sorrisos
Guida Brito

Histórias da minha vida- como reclamar o que nos é devido.

Navegantes de ideias


Amei esta época da minha vida. Fiz tantas loucuras.Lembrei-me, neste tempo de crise, de uma crise pela qual passei.





Era uma jovem e os jovens tudo podem. Depois três meses sem receber, nem sei porquê, e após muitos pedidos e reclamações restavam-me cerca de 50 escudos, se tanto, na minha rica carteirinha.


Era sexta-feira, bebi um cafezito e comprei um bilhete de autocarro: Ribeira Grande- Ponta Delgada. Entrei na Direção Geral de Educação e sentei-me, faltavam 5 minutitos para a dita fechar. 

Quando inquirida sobre a minha presença, abri a carteirita, mostrei todo o espaço que se encontrava repleto de vácuo e disse:
- Há 3 meses que trabalho sem receber, gastei o último tostão no autocarro, não tenho que jantar nem como voltar para casa. Preciso das devidas mesadas.

- Vamos fechar, volte segunda feira.
- Não tenho como ir, nem como voltar; não se incomode por minha causa. Feche a portita, eu continuarei aqui sentada, segunda-feira sou a primeira a ser recebida.
Voltei, calmamente, para o meu assento.

- Saia lá, minha senhora.
- ...
- Olhe que eu, hoje, estou com pressa: tenho um jantar de amigos.
- Não se preocupe, pode sair. Se restar do seu jantar, por favor, guarde e traga na segunda, eu vou precisar.
Enrolei-me na minha rica mantinha, descalcei os sapatitos e alapei-me.



Veio uma funcionária, mais uma e mais uma... Começaram as promessas,"vamos resolver", "Pode sair que já está"...
- Nã, eu daqui nã saio, nã quero dormir na rua, prefiro dormir aqui. Até fico quentinha, trouxe a minha mantinha. Essa resposta (que o dinheiro estava na conta) já a recebi vezes sem conta e o dinheiro: nada.

As horas iam passando, não sei como não me deram um tiro. Aquilo azedou. E a alentejana nas calmas, sem sapatitos, enrolada na sua mantinha.

Mais ou menos às 20 horas, foi chamada ao local a senhora Diretora Regional. Pobrezita, já estava a jantar em família, pensando iniciar um delicioso fim de semana. Ainda não conhecia os alentejanos.
- Minha senhora, pode ir que já tem o dinheiro na conta.
- Nã, eu daqui nã saio. Essa resposta já a recebi vezes sem conta. Só saio quando o gerente do banco me telefonar a informar que a conta está na conta. 
(...)

Lá recebi um telefonema a informar que a conta tinha a conta certita. Voltei para o meu lugar e tornei e alapar-me.
- Nã! Eu daqui não saio. O gerente tem que me provar que é, de facto, o gerente do banco.

Foi o pânico, a última gota, os gritos, a confusão... E eu sentadinha.

E as horas passavam. 

Perto da meia-noite, recebi o tão esperado telefonema. O senhor gerente teve a gentileza de confirmar a sua identidade, fornecendo-me todos os dados relativos à minha conta, aos quais só eu tinha acesso. Agradeci, calcei os sapatos e nas calmas dobrei a mantinha e saí. "Boa noite e bom jantar para todos." Se não me assassinaram, neste dia, foi por pura sorte.

Pergunto:
hoje, quem aguentaria 3 meses sem receber? É a diferença entre o antes e o presente.

Sorrisos
Guida Brito


Hummmm... saboroso.



Na minha sala, exercícios no quadro.

Elabora uma questão.

P:

R: Eu vivo entre as pedrinhas da calçada.

Resposta do aluno:

Elabora uma questão.

P:

R: Eu vivo entre as pedrinhas da calçada. (Uauuuu! 

Professora, tu és especial.)

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A sedução? Ao raiar do primeiro olhar.


Partilho e relembro:sem esperança- nem querer- que os indomáveis, marotos e irresistíveis duplos caracóis assentem no currucuto.

Colecionadora de momentos: amo receber rosas…e  porque são os afagos que devem reinar…
Pisadas  tímidas, radiantes de alegria cantam sorrisos entre flores, duplas, de caracóis A sedução? Ao raiar do primeiro olhar. Cativamos momentos e aventuras sem igual. Na cumplicidade dos afagos é o abraço que domina os indomáveis, irresistíveis e marotos fios de ouro/petróleo que partilhamos no alto do currucuto. Só nós sabemos o nosso abraço. Como se a hora fosse previamente acordada: abrimos os braços e com carinho enlevamo-nos na ternura de quem o precisa. Se soubessem o nosso abraço… shiiii… É caso para relembrar a minha velha frase: “Não gosto de ti: ADORO-TE, fazes-me muito feliz.”
 A rosa brindou as tropelias e, apesar de inseparáveis, marcámos encontro: chá das 5, 12 de junho de 2025.
Ps- "Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante"


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Abriram-se-me os sentidos e coloquei o olhar à espreita.

Há muitos anos deixei esta lembrança na casa de um amigo que a guardou religiosamente. 





Hoje, na hora do reencontro, sorriram-lhe os olhos: “tenho uma prenda para ti”. Do bolso do casaco exala um cheiro a mofo que denota, de imediato, uma antiguidade. 

Abriram-se-me os sentidos e coloquei o olhar à espreita. Persegui cada gesto seu e entre uns dedos da minha idade surgiu um velho papel amarrotado pelo tempo e amarelecido pela espera: “toma, guardei-o para ti”. 

Regressei ao passado, era jovem - muito jovem- trabalhava na ilha Graciosa e sempre sorridente cativava  simpatia e gestos doces. Shiiiiiiii…. o Senhor Florisberto… O senhor Florisberto era o dono do café Floris: passagem obrigatória depois das refeições ou antes das idas ao Moinho (a discoteca mais deliciosa que já conheci)…. Shiiii… o que um simples papelinho envelhecido de afagos avivou na minha memória!



Vai-se lá saber porquê mas o Senhor Florisberto gostava de mim e decidiu honrar-me com um cocktail : Alentejana. Cocktail que beberiquei ao longo da minha estadia na ilha e se bem lembro era o preferido pelo grupo de amigos que percorria os mesmos passos. De forma solene ofereceu-me a receita antes de partir da ilha - inadvertidamente esqueci-o em casa do meu amigo que se interessou pela receita e a recriou. Pensei-o perdido e senti alguma mágoa. Reparto convosco a história e a receita:  Alentejana.
Sorrisos
Guida Brito

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Parada gay Hamburgo - You are just like us






Nós não somos como vós.



    Não. Nós nunca seremos como vós. Cheios de salamaneques, teias de aranha no alto do carapuço e atrás das orelhas: criámos ferrugem nos sentimentos, calcificámos o coração. Inibimos e amachucamos gestos de carinho mas facilmente vos apelidamos de maricas ou discutimos por causa de um café frio. Com gravata, sem gravata, com calção, sem calção, com músculo, sem músculo, com correia, sem correia: de lábios vermelhos, Hamburgo vestiu-se de amor e perfumou-se de ternura. As ruas pintaram-se de olhares brilhantes, abraços dados com o coração e dedos entrelaçados. O que vi em cada virar de esquina aqueceu-me o coração.


    Milhares sairam às ruas e disseram: I Love You. Com uma pontinha (gigante) de inveja: amei ( e não tenho nada que ver com isso, a sexualidade e forma de estar de cada um: a cada um pertence).


Deixo-vos apenas cheirinhos do muito que vi.





    E mais cheirinhos de uma viagem sem igual. Muitos milhares de seres humanos encheram as ruas.







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Sorrisos- Guida Brito em Hamburgo- Parada Gay- Agosto de 2015

Multidão

Foto de Guida Brito- Multidão

Na multidão todos somos ninguém.

Sorrisos- Guida Brito

terça-feira, 28 de julho de 2015

Defeitos


"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro."
Clarice Lispector

São os defeitos que nos distinguem e singularizam. A perfeição não existe- felizmente, deve ser uma monotonia.
Guida Brito