quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

A discussão da eutanásia não é mais que o desvio do olhar: omitindo o chocante


Sem sorrisos - Guida Brito -  Navegantes de Ideias

É um tema importante, mas de decisão pessoal. Nenhum de nós, seres pensantes e plenos de todas as faculdades, está perante o sofrimento atroz, que fala mais alto do que o estar junto dos tão amados, que ditaria pensar sobre o assunto. Controvérsia pura, sem a experiência não saberemos responder, nem questionar as nossas convenções pessoais ou o perigo do mascarar assassinatos com interesse vital em alguns bolsos (legalizar o impensável).




O tema, surgido como que do nada e de modo a chocar, não quer mais do que ocultar os meandros obscuros da sociedade portuguesa. Ocuparmo-nos, impedindo a visualização do que de facto diminui a nossa qualidade e dignidade de vida.

Cá para mim, eu que sou pequenina e sem peso que pese na mudança da corrupção nunca antes vista na sociedade portuguesa, há assuntos que o estado não quer que sejam vistos ou falados, assim: tomem lá a eutanásia e desentendam-se com ela; enquanto isso ninguém vê:




- o genocídio do povo alentejano:

- a Dona Rosalina Dimas que doente da poluição foi obrigada a sair de casa sem nada, com a roupa do corpo (nem casa ou subsídio mereceu):

- o povo de fortes que está a ser dizimado pela poluição de um azeite que até dizem que é o melhor do mundo;

- o envenenamento dos alentejanos com os químicos dos olivais, estufas, amendoais e afins;

- os milhões da “princesa” que ninguém os percebe;




- a destruição plena do património histórico e ambiental;

- o adeus aos sobreiros;

- os bancos que vão precisar de novas injeções de quantias astronómicas dos dinheiros do estado;

-que a resolução dos Senhores primeiros ministros permite casarios junto ao mar, no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa vicentina, e legaliza a escravidão;

- que as culturas intensivas vão atingir limites tão superiores ao já impensado que todo o Alentejo será desértico;

- que os bebés nascem nas ambulâncias e  que os médicos, em Portugal, são tão raros como os hospitais;

- o lítio ou sabe o seu futuro:

- o aeroporto do Montijo, cujas aves se preparam para fazer cair  quem lá tentar pousar;
- ….
Posso continuar mas vocês deixam de ler, não é fácil aliar os problemas do dia a dia, pela falta de educação, justiça e serviços de saúde, com a preocupação de uma sociedade que quer isso mesmo (não dar conta da nossa vida inibe intervenções nos setores que as resolveriam).




Eu, euzinha que sou pequenina, e sem peso que pese na mudança do fundamental, lamento que a democracia discretamente se tenha transformado em Oligarquia (A oligarquia é caracterizada por pequeno grupo de interesse ou lobby que controla as políticas sociais e económicas em benefício de interesses próprios.[2] O termo é também aplicado a grupos sociais que monopolizam o mercado económico, político e cultural de um país, mesmo sendo a democracia o sistema político vigente- Wikipédia).

O que sei é que nunca houve um governo tão pouco preocupado com as pessoas, com a sua qualidade de vida, num desrespeito profundo pela Constituição Portuguesa.
Sem Sorrisos
Guida Brito


domingo, 5 de janeiro de 2020

Alentejo: o património desaparecido devido às monoculturas

Sem sorrisos: Navegantes de Ideias





- Na Salvada, nove hectares de importantes vestígios pré-históricos (únicos na Europa);





Sem sorrisos: Navegantes de Ideias

- em Beja, Villas Romanas e Celtas, desapareceram;


- em Monsaraz, olival tradicional arrancado;

- no Monte Novo e na Farisoa, olival tradicional arrancado, sítio romano e Antas afetados;

- na Mesquita, Évora, sítio romano afetado;

- na Casa alta, Redondo, olival intensivo arrancado; no seu lugar já brilha o superintensivo;

- em Aldeias de Montoito, olival tradicional arrancado;

- em Alvalade, montado arrancado;

- no litoral, desapareceu quase todo o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina; as culturas chegam a 5 metros do mar; estende-se para a zona do Algarve e para a serra da vigia;

Sem sorrisos: Navegantes de Ideias

- longe das estradas, a leste do olhar humano, todas as árvores desapareceram ou já se iniciou o seu abatimento e, no seu lugar, restam os solos nus. Existem áreas com 10 quilómetros quadrados sem uma única árvore.




Posso continuar mas penso que o cansará (são milhares de ocorrências comprovadas).

No Litoral Alentejano, a área de cultivo é tão imensa que ocupa toda a faixa entre Vila Nova de Milfontes e Odeceixe (tendo já ultrapassado este limites, até Aljejur, estende-se para a Serra da Vigia, parou, em muitas situações, a cinco metros do mar). No entanto, a faixa livre de plantações situa-se, maioritariamente, entre vinte a sessenta metros do mar e já é notório  alterações na orologia das arribas.




Não esquecer que as arribas e as dunas são a nossa defesa contra o avanço do mar e a consequente salinização, erosão e inutilização dos solos. É irónico transmitir, às nossas crianças e aos caminhantes, o dever de caminhar pelos trilhos existentes e o não arrancar plantas destas zonas (pela sua vital importância) e, ao mesmo tempo, consentir a sua total destruição para uso de uma empresa. Penso que os manuais escolares e os programas que abarcam devem ser alterados: transmitir o contrário que ocorre, com o aval do estado, fará de um professor: um tolo não confiável.




Neste caso, a recente Resolução do Concelho de Ministros que regula o aproveitamento das águas do Mira legaliza todo o desbaste e a existência de escravidão humana. Como se fosse insuficiente, inviabiliza a punição de qualquer empresa que não cumpra o estipulado.

Numa dimensão de centenas de quilómetros, estas culturas levaram ao desaparecimento do Parque Natural do Sudoeste Alentejano (resta uma pequena faixa entre Sines e Vila Nova de Mil Fontes).

Sem qualquer planeamento, os nossos sobreiros, protegidos por lei, são abatidos e as oliveiras milenares vendidas a um euro no OLX e Facebook.

Nem falo das vidas humanas, uma boa investigação e análises fidedignas permitiriam provar que muito dos que partiram adoeceram devido à poluição. Não há qualquer estudo em curso, a economia e o dinheiro interessa muito mais que a vida dos habitantes deste pequeno país que tinha tudo para ser próspero e feliz.

Não mais que a minha opinião, baseada em factos que comprovadamente existiram.

Sem sorrisos
Guida Brito

domingo, 22 de dezembro de 2019

As árvores do Alentejo


Guida Brito; Sem Sorrisos; Navegantes de Ideias

As oliveiras milenares: umas vendem-se no OLX, ao desbarato; outras, são certificadas em Espanha e vendidas para Itália; outras, seguem em camiões para destinos europeus.




Despovoamos o Alentejo de árvores centenárias e milenares, espécies resistentes a doenças e que não necessitam de produtos químicos, e plantamos: OMGs (Organismos Modificados Geneticamente). Relativamente aos olivais superintensivos e hiperintensivos, agrava-se a situação tendo em conta a proveniência das espécies implantadas: oriundas de um país (Espanha) onde uma grave doença das oliveiras impossibilita o uso dos solos.


Sim. Não há dúvida, na minha opinião, que se trata de Organismos Modificados Geneticamente:

- o mesmo foi referido, em entrevista, numa rádio de Beja, por um grupo de agricultores, a escolha desta variedade de oliveiras, implantadas no Alentejo, deveu-se às alterações genéticas das plantas, garantindo que eram o que de melhor se adaptava ao terreno:




- o uso de Glifosato, na região, confirma: este produto químico (em tribunal, noutros países, foi provado que é altamente cancerígeno) mata todas as plantas que não sofreram alterações genéticas, assim, se as espécies de oliveiras, amendoeiras, de fruto, de videiras e outras resistem ao seu uso, comprovam que existiram modificações genéticas;

- a proveniência de Espanha das oliveiras implementadas, também, confirma; segundo o que li, para poder exportar e na tentativa de reverter a grave epidemia, os cientistas espanhóis fazem experiências manipulando cerca de 8000 genomas: uma vez que as inicialmente implantadas, neste país, estão contaminadas.

A tratar-se de OMGs, significa que a lei portuguesa não é mais do que um papel com letras escritas para os estrangeiros e para as empresas; a sua utilização, para além de outros, carecia de consulta pública e rotulagem em conformidade: o que não ocorre.

As árvores centenárias, resistentes a doenças e que não necessitam de produtos químicos, são vendidas, arrancadas ou, simplesmente, queimadas e enterradas. Tal como na Amazónia, longe dos olhares, aparece um caminho, uma clareira é aberta e, aos poucos, todas as formas de vida são mitos; dão lugar a um grande círculo, a outro, a mais outro e, num raio de muitos quilómetros, a vida esvai-se na ganância e do quero para mim tudo o que tens.




Nas serras, na planície, é visível (com exceção para dois ou 3 concelhos) que toda a vegetação desaparece. O Montado (azinheiras e sobreiros) seca de um dia para outro; por vezes, é simplesmente arrancado ou queimado. Nem os Parques Naturais são respeitados, a sua vegetação, espécies únicas e a beneficiar de proteção na lei, é simplesmente decepada.

Muitos olivais e montados são arrancados sem qualquer autorização. No caso dos olivais, por vezes, o futuro comprador (ou outro aparentemente alheio ao negócio) vende as árvores antes de adquirir o terreno. 

Após a venda do terreno, não há culpados: o vendedor não sabe o que aconteceu e o comprador adquiriu o terreno sem árvores. Nestes casos, o arranque das árvores fica a cargo do seu comprador, não havendo, assim, prevaricação por parte dos envolvidos no negócio de compra e venda do terreno.

Os novos contratos já assinados, com empresas estrangeiras, dada a dimensão das áreas que abarcam, levam a crer que nada restará do Alentejo e grande parte do Algarve. Além dos milhares ou milhões de árvores milenares e centenárias arrancadas, já é visível, através de fotografias aéreas, o início da queima ou arranque das que sobejaram. 

É a dor e a morte, por todo o Alentejo.
Sem sorrisos;
Guida Brito


sábado, 21 de dezembro de 2019

Alentejo: alvo fácil da ganância alheia


Sem sorrisos; Guida Brito; Navegantes de Ideias

Os Montes surgiram devido à tentativa de moldagem dos habitantes a novas regras sociais. A fuga dos inadaptados, às exigências de uma sociedade injusta e de elites, fomentou que, aqui e ali, há muito tempo, surgissem pequenas habitações, pertencentes aos homens livres: os Montes alentejanos.






Iniciou-se um novo e nobre povo, cujas características se mantêm até aos dias de hoje: humilde, sábio, respeitador, simples mas livre. Em plena comunhão com a natureza, vivia das ervas da planície e das margens da ribeira, de pequenas hortas e do pastoreio.

Hoje, são, maioritariamente, idosos que ali habitam: alvos fáceis da ganância alheia. Na solidão dos pequenos povoados, a sua voz é abafada e a sua simplicidade apelidada de ignorância. 

Hoje, o povo alentejano vê as novas plantações invadir o perímetro dos povoados, vê-as entrar em casa; vê as águas interditas a uso público e os seus cursos desviados; vê a planície decepada das ervas que aprendeu a usar na sua alimentação; vê as árvores milenares serem vendidas ao desbarato, no OLX; vê os sobreiros e as azinheiras serem arrancadas ou queimadas; sabe as praias contaminadas; chora o ar gorduroso e nauseabundo; sente os químicos que o matam; e, na sua velhice, agasta-se com a nova doença que aqui chegou: o cancro. 

Cala-se envergonhado de uma culpa que não tem.
Sem sorrisos; Guida Brito; Navegantes de Ideias

E, a lei? A lei, nas suas exceções, por vezes, legaliza um genocídio sem precedente; por vezes, não é aplicada. Em nome do desenvolvimento económico, do alto interesse financeiro: ceifa-se, aos poucos, em morte lenta, todas as formas de vida, incluindo as humanas.


Em plena Europa, a dúvida persiste: quem o inflige? Portugal ou Espanha?

Sem sorrisos;
Guida Brito


sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Alentejo: o começo do fim



Sem sorrisos; Guida Brito; Navegantes de Ideias


Ninguém imaginaria que a promessa de água do grande lago Alqueva, à planície seca e árida, fosse o início do fim.






Há cerca de 10 anos, no interior, surgiram as primeiras culturas intensivas de olival (400 árvores por hectare); no litoral, aproveitou-se as águas do Mira, apareceram as estufas e as monoculturas, iniciou-se a decapagem dos terrenos do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. 



Sem sorrisos; Guida Brito; Navegantes de Ideias






Aqui e ali, a vinha, as nogueiras, as amendoeiras, o olival, os brócolos, a salsa (vendida entre 50 a 125 euros/kg)… ficando, sempre, para depois, a chegada da água às torneiras das casas. Hoje, ainda, é água de cor negra e imprópria para uso humano ou animal que corre nas casas do Alandroal.

De forma subtil, foram desaparecendo sobreiros, azinheiras (árvores protegidas por lei), surgiram graves alterações a nível da orologia, foi destruído todo o património ambiental e histórico (arrasadas Villas Romanas e Celtas, importantes vestígios pré-históricos….)… Antas, únicas, aparecem desmembradas na periferia dos terrenos da planície.

Na sede do quero mais e quero para mim o que é de todos, deu-se continuidade a um arraso sem planeamento, sem bom senso, sem vigilância, sem respeito pelos bens comuns e pelos outros seres humanos, sem arrependimentos por parte dos prevaricadores.


O Olival intensivo que exigia muito mais do que o Alentejo lhe podia dar, deu lugar ao superintensivo ( 2000 pseudoárvores) que aspira, no seu caminho, lágrimas de sangue e vidas humanas. Seguiu-se o olival híperintensivo, sem cabimento nem perceção.

Solos mortos

Todos os solos do Alentejo, estão a ser decapados, todas as árvores arrancadas, toda a vegetação desaparece e, no chão daquilo a que chamam oliveiras ou desenvolvimento económico, a terra nua ganha terreno em milhares de quilómetros. Muitos terrenos foram decapados 3 vezes: iniciaram com vinhas, foram arrancadas para dar lugar ao olival intensivo; por sua vez arrancado para dar lugar ao superintensivo (sempre subsidiadas pelo estado e antes que o lucro financeiro fosse uma realidade).

Estão aprovados mais 70 000 hectares (700 quilómetros quadrados) e a triplicação das, incontáveis, centenas de quilómetros quadrados no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, para culturas hiperintensivas, numa região em que a água é insuficiente para o consumo humano e se encontra contaminada com substâncias cancerígenas.

Sem sorrisos
Guida Brito


sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Os animais de estimação



Não dou conta dos caracóis; Guida Brito; Navegantes de Ideias
Estou certa que a grande maioria das pessoas que possuí animais de estimação, os mima, os abraça, os beija, os estrafega…




Estou certa que os perdoam pelo sapato ruído, pela camisa rasgada e até pela mijinha fora do local desejável. 

Estou certa de um amor puro que não olha a horas para a passeata da manhã. 

Estou certa que sem tempo há tempo para um sentar esquecido e um colo de afagos. 

Estou certa de tanto. Estou certa de um amor maior.

Não dou conta dos caracóis; Guida Brito; Navegantes de Ideias


O que não estou certa é se existe algum ser humano a quem atribuem o mesmo número de afagos, de beijos e de estrafegos; o que não estou certa é se existe algum ser humano que beneficie do vosso tempo descansado…  que perdoem da mesma forma… que beneficie de um sentar esquecido e um colo de afagos.



Teremos perdido a capacidade de amar o próximo? Teremos perdido a capacidade de acreditar e querer?

Não dou conta dos caracóis.
Sorrisos;
Guida Brito


terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Dinheiro de gente pobre: não é aceite (Oh! Minha Santa Barbatana!)

Oh! Minha Santa Barbatana! - Guida Brito - Navegantes de Ideias


Muito embora o vento gélido me enrugasse a pele, a ausência de chuva levou-me a transpor o pial da porta. 






Caminhei um pouco e, após contar os cêntimos, decidi colmatar a falta de muitos dias: um café.

Decidida e sorridente (sobejavam dois cêntimos), entrei na tasca mais próxima e, de forma quase cantada, pedi um cafeziiiiiiinhooooo.
Retirei as quase quarenta moedas e coloquei-as no balcão.

Ao entregar-me o café, a senhora, esbaforida, comentou:
- Não vai entregar-me isso.



Confesso que não percebi; meio estupefacta, balbuciei:
- Isto é… dinheiro…
- Não me diga que me vai entregar essa porcaria?

Respirei fundo e pedi paz, calma, luz e bom senso à Minha Santa Barbatana. 

Ela devia estar no dia certo: mesmo sem os habituais andar de joelhinhos, velinhas ou afins concedeu-me cinco minutos de não levantes os caracóis. Sorri e, educadamente, na paz da Santa, respondi:
- Minha senhora, pelo amor da Santa, não quero que aceite esta …#”%6##. Tome lá o seu cafezinho que eu fico com o dinheirinho. E truca: saí, aos saltitos, sorridente como entrei.




Mealheiro: foi o seu destino. É por isso que viajo: gasto noutro país o que aqui não é aceite.

Curiosa, consultei a lei. Segundo o Banco de Portugal:

“o aceitante só está obrigado a receber, num único pagamento, 50 moedas (com exceção do Estado, das instituições de crédito e do Banco de Portugal”

Eu tinha razão; mas quem quer obrigar alguém a aceitar o nosso dinheiro?
Cafés há muitos, sua palerma!

Oh! Minha Santa Barbatana!
Sorrisos;
Guida Brito
(Santa Barbatana é a Santa que me controla e me impede de levantar os caracóis. A minha Santa brincalhona. O seu uso, nos meus textos, tem, unicamente e exclusivamente, essa função. Não pretende diminuir, menosprezar, denegrir outros seres humanos nas suas crenças ou convicções - por todos tenho o maior respeito: crente que na diversidade nos completamos.)



segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Portugal assume que perdeu a independência ou que é a República das Bananas?

Guida Brito; Não dou conta dos caracóis; Navegantes de Ideias


A crer num meio de comunicação televisivo: a 1 de Dezembro comemora-se a Implantação da República. 



Parece que há por ali familiares governativos: sim, daqueles que não pagam deslocações aos funcionários, mas recebem-nos por viverem onde não vivem e por irem onde não vão; no assinar é que está o ganho. Provavelmente, a famosa televisão soube por portas e travessas e deu a notícia em primeira mão.

A falta de referência à Independência e quando se comemora, levou-me a pensar o que há muito temia.

Numa primeira abordagem,  conjugando a ocorrência com  o facto de uma Área de Serviço de Espanha apresentar, num mapa, Portugal como sendo uma província espanhola; com o facto de nos roubarem a água (vedando a sua passagem), com o facto de lhes pagarmos para usarem, no Alentejo, a água do Alqueva;  com o facto de, supostamente, terem invadido o Alentejo, arrancado as nossas árvores e destruído o nosso património histórico e ambiental; e, com o facto de  terem, supostamente, contaminado esta “reticência ponto e vírgula” toda… pensei: somos espanhóis.

Sorri: finalmente, sabia a minha nacionalidade. Pertenço a um país que prometeu dar-nos água lá prós tempos do Natal.

Sorriso que durou pouco tempo, lembrei-me que os Americanos compraram o resto do Alentejo e esgotam o que já não temos com o amendoal. Terão os espanhóis vendido Portugal? A Black Friday e o Dia das Bruxas confirmam.




Os meus caracóis, em estado de sítio, avisaram-me dos abacates, das uvas, das mangas, das alfaces, dos “béries”, da haxixe e do ópio lá prós lados de Messejana… cada qual pertencente a um país diferente. E veio a América, e veio o Japão, e veio a China, e veio a Holanda… não, não; a França… Ai! Minha Santa Barbatana! D. Henrique era um cavaleiro francês… se se lembram disso entram em guerra com Espanha.

Fica a dúvida: os espanhóis ocuparam-nos e venderam-nos aos bocadinhos  ou somos a República das bananas?

Uma coisa é certa: não sabemos quem somos nem quem impera por aqui. Cada um que vem faz o que lhe apetece.

Não dou conta dos caracóis
Sorrisos
Guida Brito


sábado, 23 de novembro de 2019

Alentejo - Crime sem castigo

Coisas da nossa história; José Jorge Cameira; Navegantes de Ideias



Vale de Vargo, Serpa, 1940 - uma estória trágica mas verídica.





Irei contar sem citar nomes, obviamente, embora quase todos os intervenientes já tenham falecido.

Dois residentes e naturais da Aldeia, também cunhados, andavam sempre discutindo, uma guerreia pegada. Naquela tarde de domingo, na taberna frente à Igreja a discussão azedou e até meteu empurrões e insultos.

Um deles, mais nervoso, decidiu acabar com aquela moenga, já chegava de irritações, estava farto e cansado.

Então, falou com uma outra pessoa da Aldeia que sabia ter falta de dinheiro e ofereceu-lhe 20 contos para dar um tiro com a sua caçadeira no cunhado. E disse-lhe: "o meu cunhado costuma vir no comboio até Pias e vem a pé para Vale de Vargo, "esperazo" ali à entrada e rebentas com ele. Faz isso e ganhas os 20 contos".
Uma fortuna naqueles tempos!

Assim aconteceu, exactamente. O homem foi morto, o assassino recebeu o dinheiro e com ele comprou umas casas e uns terrenos na Aldeia, as pessoas de lá até estranharam.



Veio a GNR e prendeu uma outra pessoa que se sabia também ter conflitos com o morto. O cunhado não era suspeito, então, era família, não podia ser ele!
No dia do julgamento em Serpa o Juiz pergunta ao réu:

- Então foi o senhor que o matou?
- Não fui, mas tenho pena não ter sido eu.

O Juiz condenou-o à prisão, mas ao fim de uns meses foi solto por falta de provas.
Era, portanto, um crime sem castigo.

Passaram-se anos e a estória do crime parecia estar esquecida.
Contudo em 1999, quase 60 anos depois da tragédia, num Lar de Serpa houve uma discussão entre 2 idosos internados que eram de Vale de Vargo. 

No meio de um grande alarido, entre os dois, um diz ao outro:
- Ou te calas ou ainda te dou um tiro nos cornos como dei há uns anos ao...!



O outro ouviu e contou aos familiares de Vale de Vargo. Quando o vieram visitar, veio a GNR mas nada puderam fazer, o crime tinha sido cometido havia já muitos anos e, além disso, o idoso e criminoso faleceu passados uns meses de doença.

Recolhida na Aldeia por
José Jorge Cameira
2018


sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Na Argentina, oito em cada 10 crianças apresentam danos genéticos. Será este o futuro do Alentejo?



Sem sorrisos; Guida Brito; Navegantes de Ideias





Não tenham dúvidas: ocorrerá.

Na Argentina, nas zonas de agricultura superintensiva, oito em cada 10 crianças apresentam danos genéticos. É muito precoce esta triste realidade uma vez que, geralmente, esta ocorrência verifica-se na quarta geração. A agricultura industrial, na Argentina, não tem esse tempo.



Tal como no Alentejo, apesar da existência de Decretos lei que o contrariam, o Governo argentino permitiu a plantação em Parques Naturais (os melhores solos) e o uso excessivo de agroquímicos e pesticidas. 

Sem sorrisos; Guida Brito; Navegantes de Ideias



As multinacionais são mais poderosas que os países; e, um Governo que não legisla em função do bem estar e da saúde dos seus cidadãos: só pode ser um Governo corrupto ou um Governo com medo (em minha opinião). Diria, se não fosse bem educada: meia dúzia de bananas gananciosos estragam a vida de milhões.

Se já temos um aumento exponencial de cancros (não admitidos pelo governo), em breve, tal como na Argentina, esta ocorrência não demorará a atingir os nossos bebés. Choraremos o que não fizemos hoje.



Uma realidade que nos espera se continuarmos a consumir os produtos dali provenientes e não reclamarmos o fim deste tipo de agricultura, defendido pelos que lucram (e muito) com o  nosso mal-estar e a degradação da saúde. 

Para que queremos uma economia saudável se for à custa das nossas vidas?

Nos solos do Alentejo, nascem, naturalmente e em grande quantidade, milhares de ervas selvagens comestíveis. 



Será que a economia não melhorava com este recurso natural e saudável? Será que apostando no regresso às terras, das famílias, a sua economia não melhorava? Claro que sim. Não interessa: as multinacionais querem mais e mais e os Governos cedem à corrupção e às mais valias ilícitas (digo eu).

Temos um país de mar, de sol, de recursos renováveis, de alimentos selvagens… teimamos em destruí-lo e em contaminá-lo, gerando a doença e a morte.

Os ordenados são congelados e a exploração do trabalhador é, hoje, a mais grave da nossa história. Todas as classes se queixam e o governo nem os houve; nem lhes dá razão.

Vamos deixar que continue? Não sei se sabem mas este tipo de agricultura, no Alentejo, vai triplicar.

Sem sorrisos
Guida Brito
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