domingo, 30 de junho de 2019

As novas funções da GNR: esquecer as infrações do trânsito e dedicar-se ao controlo de faturas



vaca - Navegantes de Ideias

Uma história caricata, verídica e assustadora: somos perseguidos.

A história passou-se há dias e envolve as minhas flores. Flores??? 
Sim, fiz anos e um prezado cavalheiro decidiu (e muito bem), ao invés de me enviar as plastificadas floritas facebokianas, presentear-me com a mais bela rosa natural – um gesto precioso e digno de registo, podeis copiá-lo.  Ok. Certo. Deixemo-nos disto. Sigo viagem e conto-vos tudo.



Na pressa do não sei onde estou e preciso de uma florista, descobriu-a na azáfama do muito trânsito e longe do estacionamento. Sem pensar, na certeza do é rapidinho, priorizou o meu sorriso e o afago que só lhe fica bem: estaciona em segunda fila, atrofia o trânsito e sai do carro “desvairido” pelo levo-lhe uma flor. Entra na florista e é avisado, no imediato do momento, que a multa é uma certeza. Atira um “leve-me ao carro a mais bela rosa para a mais bela flor”; sai, contrariado, visualizado o meu sorriso a leste do paraíso. 



Senta-se no seu "automobille" e, em tons do pode ser que me safe, enceta conversa com o GNR que lhe acena com o papel multante. Pede aqui, pede acoli e a coisa está preta. Chega a florista, de rosita na mão e o são X euros na voz. O trânsito aumenta, o caus irrompe pela cidade e o GNR grita:
- Minha senhora, onde está a fatura?


Rosa - Navegantes de Ideias


Atrapalhada, a florista sai da rua e entra na loja. O GNR persegue-a: “A fatura, minha senhora”; “A senhora está a fugir ao fisco”. Fez-se silêncio, na rua, e o trânsito congelou mais rápido que os salários dos professores: um GNR abandona o caus do trânsito e dedica-se à grandiosa fuga ao fisco e ao rombo no orçamento que uma rosa (para o mais belo sorriso) pode causar.

E, nesta tragédia grega com dezenas de expetantes, com o GNR no interior da loja, a senhora volta à rua e entrega, ao cavalheiro, o papelito que impede esta monstruosa fuga ao fisco.
O representante da segurança rodoviária não retornou ao local do caus do trânsito, continuou no interior da loja não sabemos a fazer o quê. E o trânsito? Resolveu-se por si: o cavalheiro, feliz e airoso, de rosa no meu sorriso, seguiu a sua viagem e os outros condutores (tontos pela incapacidade de umas boas apitadelas) seguem balbuciando um “O que é esta #”$%?”.

Digo eu, apesar do grandioso sorriso: se calhar, assim no se calhar, vós estais em Marte e não sabeis. Eu fiquei na lua: recebi o que era para mim, coloquei o mais belo sorriso e o valente cavalheiro mudou-se do caus do “O que é esta #”$%?” para o paraíso do “Fi-la feliz”.






Guida Brito

3 comentários:

  1. Parabéns, o artigo está muito bem escrito. Adoro o seu humor para comentar casos vergonhosos. Um tristeza o que se passa no nosso país: corrupção sem pena e exploração do povo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Concordo. E muitas vezes, na tentativa de esconder a verdade comentam os artigos fazem crer que estamos todos bem. Somos explorados numa terra sem lei. Ontem recebi uma carta do tribunal para pagar 265£ porque não recebi a carta das scuds ou sei lá como se chama. Um euro e pouco resultou nesta quantia abismosa: FDP. Devia escrever sobre isso Guida.

      Eliminar
  2. Com certeza o senhor agente da GNR, achou mais importante zelar pelo nosso fisco, do que, multar um coração apaixonado. Seja como for, esse militar deveria ser transferido. Era bom e necessário, pessoas dessas para os lados da assembleia da República. Quem sabe ... a corrupçao diminui-se ...

    ResponderEliminar