Está tudo lá; as batas, os mapas, as balanças, os livros, os cadernos, as borrachas, os tinteiros, as provas, o fio de prumo, a mochila do Chico e um frasco (cheinho) de óleo de fígado do bacalhau - segundo a publicidade da época: “contribue de modo milagroso para o desenvolvimento das carnes e dos ossos”.
É uma escola mas confunde-se com uma gaveta de memórias-
onde, religiosamente, arrecadámos o que tanto nos fez feliz.
Até a odiada “menina dos cinco olhos” (palmatória) por ali nos pisca o olho e
relembra travessuras do arco da velha. Eu própria fui corrigida 26 vezes - dita
o meu caderninho dos apontamentos da época.
Pedimos a chave à vizinha e vivi a antítese dos tempos: da
carteira para a mesa da frente - lugar que raramente ocupo na sala (a
aprendizagem requer proximidade e afetos). Experimentei-me e senti o sorriso de
orgulho da D. Raquel e da D. Filomena: fiz tudo direitinho e cheguei ao fim dos
estudos.
Hoje, sou eu que apago o quadro e transmito o que sei com o mesmo
enlevo com que as aprendi. Aconcheguei-me ao tempo em que brincava com a Rosa e
os demais amigos. Ai! A Rosa! A Rosa era a melhor amiga: companheira de
sorrisos e de despique em tons do saber.
Regressei à escola num tempo em que a escola ainda faz
parte de mim. Amei.
Sorrisos
Guida Brito
Eram as escolas de Portugal quando saímos de 4ª clesse com mais conhecimentos que agora no 9º ano
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