sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Passarinho de Portugal- quando os sonhos se transformavam em verdade

Este ano, fui à feira de Castro. Somos feitos de memórias; queria reavivar os sorrisos  que antecediam este evento e perduravam no quanto ficava bela com os brincos (iguaizinhos aos da personagem principal da novela), com as botas ou outras modas que nos chegavam em dia tão especial. 
Um dia tão significativo, na vida do Alentejo, que obrigava ao retorno dos que dali partiram em busca de sobejo- um excesso ao gasto inerente ao dia a dia. Encontrei tanto do que me transportava ao surreal dos momentos de magia que não consigo, num só texto, transmitir  o muito deste sentir alentejano: vou fazê-lo devagarinho. Hoje é dia de Passarinho.

Primeiro comprava a galinha (só de pensar sinto o salivar provocado por tão divinal repasto) e, numa corridinha, ia à tenda dos brinquedos- local de passagem várias vezes ao dia. Lembram-se? De madeira, com muitos vidros e repletas de fantasia. Aqui, os sonhos transformavam-se em verdade. As bonecas, os sofás, as camas, os divãs de metal…. Shiiiii! Santa Barbatana! E aquelas rodinhas que nos acompanhavam chilreando por todos os cantos e ruelas? 
Os moços escolhiam motas, carros e bolas; eu? Não. Vistoriava os tratores e corria para a bonecagem tentando decidir: qual dos sonhos se transformava em verdade. Sonhávamos baixinho e, assim, a magia fazia parte da nossa realidade. Talvez seja esse o segredo do ser feliz.

Com sorte, em ano de boas colheitas, podíamos comprar um Passarinho e, nos dias seguintes, era certo e sabido que aquilo acabava em castigo: o mesmo era recolhido e guardado no alto da prateleira da cozinha (por cima da chaminé).  Inacessível devido à nossa altura mas visível em tons de “alembradura”: “não te quero molhada e só tocas a partir do fundo da rua da vizinha- quando fores ao poço buscar água”.
Encontrei-os na feira. O Passarinho de Portugal é  um Apito d’ Água, um instrumento musical em barro, feito na roda de oleiro. Enche-se com água e através do sopro conseguimos o som de um passarinho de verdade. Claro que parei por ali  e dei dois dedos de conversa com a sua artesã. Muito simpática,  contou-me histórias e prontificou a ser filmada,  fotografada; autorizando a divulgação das imagens. Ora oiçam:


Aconselho uma visita à página:  www.facebook.com/passarinhosportugal/
Sorrisos

Guida Brito

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