Já parou para deixar passar as ovelhas? |
É aqui que tudo começa: no monte.
No Alentejo, a surpresa espreita os sentidos. A mudança de
pasto das ovelhas é um momento único: há sorrisos, despertados pela pureza
desta terra doce, integra, proba.
Param-se os carros; abrem-se cancelas; e, lá vão as
ovelhas, umas atrás das outras, copiando gestos e posturas que não lhes são
atribuídos. Colorindo, com o seu nobre
tom, e quebrando a inexistente monotonia da paisagem.
De olhar certo e seguro,
seguem o trote da sua antecessora.
Visualizam quereres;
caminham de encontro ao sonho. Acreditam.
Não duvidam, não questionam:
confiam no indubitável encontro com alimento fresco.
Entre passos e galope,
tornam audível um “mé” aqui; outro acolá.
Vão em grupo e são
muitas: se uma vai; a outra copia o passo.
Se uma bale; a outra
confirma.
Um caminho sem entraves é
a sua escolha.
São ovelhas: o rebanho é um lugar seguro.
Embebidos, em êxtase, esperamos,
sem buzinadelas (nem refilices); sorrimos: temos stop porque estão a passar as
ovelhas.
Esperamos…
Esperamos que passem
todas…
Emersos em beleza, seguimos, com o
olhar, as ovelhas.
Sorrimos, felizes, na magia do
momento. Despimos capas; despimos stresses; despimos o que não nos exprime
leveza.
Estamos parados a ver as ovelhas.
Em sintonia de satisfação, na
simplicidade do caminho: fomos tão felizes como as ovelhas.
Reservar hotéis:
Guida Brito
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