As oliveiras milenares: umas vendem-se no OLX, ao
desbarato; outras, são certificadas em Espanha e vendidas para Itália; outras,
seguem em camiões para destinos europeus.
Despovoamos o Alentejo de árvores centenárias e
milenares, espécies resistentes a doenças e que não necessitam de produtos
químicos, e plantamos: OMGs (Organismos Modificados Geneticamente).
Relativamente aos olivais superintensivos e hiperintensivos, agrava-se a
situação tendo em conta a proveniência das espécies implantadas: oriundas de um
país (Espanha) onde uma grave doença das oliveiras impossibilita o uso dos
solos.
Sim. Não há dúvida, na minha opinião, que se trata
de Organismos Modificados Geneticamente:
- o mesmo foi referido, em entrevista, numa rádio
de Beja, por um grupo de agricultores, a escolha desta variedade de oliveiras,
implantadas no Alentejo, deveu-se às alterações genéticas das plantas,
garantindo que eram o que de melhor se adaptava ao terreno:
- o uso de Glifosato, na região, confirma: este
produto químico (em tribunal, noutros países, foi provado que é altamente
cancerígeno) mata todas as plantas que não sofreram alterações genéticas,
assim, se as espécies de oliveiras, amendoeiras, de fruto, de videiras e outras
resistem ao seu uso, comprovam que existiram modificações genéticas;
- a proveniência de Espanha das oliveiras
implementadas, também, confirma; segundo o que li, para poder exportar e na
tentativa de reverter a grave epidemia, os cientistas espanhóis fazem
experiências manipulando cerca de 8000 genomas: uma vez que as inicialmente
implantadas, neste país, estão contaminadas.
A tratar-se de OMGs, significa que a lei portuguesa
não é mais do que um papel com letras escritas para os estrangeiros e para as
empresas; a sua utilização, para além de outros, carecia de consulta pública e
rotulagem em conformidade: o que não ocorre.
As árvores centenárias, resistentes a doenças e que
não necessitam de produtos químicos, são vendidas, arrancadas ou, simplesmente,
queimadas e enterradas. Tal como na Amazónia, longe dos olhares, aparece um
caminho, uma clareira é aberta e, aos poucos, todas as formas de vida são
mitos; dão lugar a um grande círculo, a outro, a mais outro e, num raio de
muitos quilómetros, a vida esvai-se na ganância e do quero para mim tudo o que
tens.
Nas serras, na planície, é visível (com exceção
para dois ou 3 concelhos) que toda a vegetação desaparece. O Montado
(azinheiras e sobreiros) seca de um dia para outro; por vezes, é simplesmente
arrancado ou queimado. Nem os Parques Naturais são respeitados, a sua vegetação, espécies únicas e a beneficiar de proteção na lei, é simplesmente decepada.
Muitos olivais e montados são arrancados sem
qualquer autorização. No caso dos olivais, por vezes, o futuro comprador (ou
outro aparentemente alheio ao negócio) vende as árvores antes de adquirir o
terreno.
Após a venda do terreno, não há culpados: o vendedor não sabe o que
aconteceu e o comprador adquiriu o terreno sem árvores. Nestes casos, o
arranque das árvores fica a cargo do seu comprador, não havendo, assim,
prevaricação por parte dos envolvidos no negócio de compra e venda do terreno.
Os novos contratos já assinados, com empresas estrangeiras,
dada a dimensão das áreas que abarcam, levam a crer que nada restará do
Alentejo e grande parte do Algarve. Além dos milhares ou milhões de árvores
milenares e centenárias arrancadas, já é visível, através de fotografias
aéreas, o início da queima ou arranque das que sobejaram.
É a dor e a morte,
por todo o Alentejo.
Sem sorrisos;
Guida Brito