domingo, 14 de abril de 2019

Olivais do Alentejo: o crime é cometido sem medos nem receios


Alentejo, olivais superintensivos
Olivais milenares carregados em camiões e vendidos fora de Portugal, na calada da noite; dando lugar aos olivais superintensivos.

Aquando da calamidade de Moçambique, assisti orgulhosa à procura incessante de Portugal por um dos seus: um português que se encontrava isolado entre a desumanidade que doía a cada sentir. Um grupo de soldados enfrentou a morte e ultrapassando o impossível fez jus ao que se espera de um país: o não abandono, a sua defesa e a sua proteção. Sou crente que a missão de qualquer governo, além da melhoria da nossa qualidade de vida, é essa.



Infelizmente, se essa é a postura do meu país além-fronteiras, no meu entender (é a minha opinião que veiculo) a mesma não se verifica no seu interior. Assistimos, cada vez mais, a políticas e ações, por parte do governo, que distam do bem-estar e da qualidade de vida do seu povo: a políticas que caminham no sentido contrário à Constituição Portuguesa e que, ao invés de proteger os seus cidadãos, vedam os direitos fundamentais e universais à pessoa humana.

Sim. Falo do Alentejo. Falo do azeite. Falo do azeite, dos legumes pseudobiológicos e dos frangos… Falo num povo singelo que se tornou cobaia e refém da Europa (sempre no meu entender). A devassa e a extinção é tão grande, atingiu proporções tão gigantescas que ninguém sabe a área ocupada.  Espantaram-se com os frangos? Já não como frangos; em meia dúzia de dias assisti ao desaparecimento de um montado secular e viçoso que, inexplicavelmente, adoeceu, morreu e desapareceu, após a compra dos terrenos por parte de uma grande empresa. Não; não são os sobreiros de Alvito nem os que outrora existiam no seio dos olivais superintensivos; são mais uns que até passam despercebidos na enormidade bárbara que ocorre no Alentejo.

Alentejo, olivais superintensivos


Desaparecer misteriosamente, de um dia para outro, parece ser comum às velhas árvores da região. Na calada da noite, olivais milenares e  os recentes olivais intensivos são dizimados ou, conforme comprovam as imagens, carregados em camiões e vendidos fora de Portugal; dando lugar aos olivais superintensivos. Por todo o Alentejo: o crime é cometido sem medos nem receios. As políticas governamentais e a oposição caminham rumo à sua continuidade e à plantação de, além dos milhares de hectares já  existentes, mais 500 quilómetros quadrados desta praga que invadiu o Alentejo. No seu caminho: a devastação plena, até das vidas humanas.

Segundo informações recebidas, o milenar olival da Pêga (tem entre 2500 a 3000 anos) tem um fim próximo. A seu lado, já desapareceram, inexplicavelmente, olivais de grande dimensão

Estou cansada de ouvir os representantes do governo a veicular informações (no meu entender, sempre no meu entender) que são incompletas, desinformativas e acrescentaria mais uns adjetivos, não fosse o bom senso e a forma de ser que anda sempre em mim. Ouvi o Senhor primeiro Ministro  transmitir a informação que o Olival é a cultura que melhor se adapta ao Alentejo e que o mesmo necessita de desenvolvimento.



E, de facto, tem toda a razão do Mundo. Esqueceu-se de dizer ou de verificar se é o Olival que está a ser plantado por terras do Alentejo e a forma como está a ocorrer. Não é, Senhor Primeiro Ministro; não é Olival que por aqui ganha terreno.

Eu explico-lhe: tal como nós, as plantas ganham defesas relativamente às doenças: as oliveiras seculares do Alentejo são organismos muito resistentes e que quase não necessitam de intervenção para produzir a excelência da azeitona;  o que conferia ao azeite português a qualidade do “Melhor do Mundo”. Segundo as informações que me chegaram, de base fidedigna, essas oliveiras são certificadas em Espanha e seguem para Itália. As que ocupam o Alentejo, numa área tão grande que nem o senhor sabe a enormidade dos kms quadrados, são organismos modificados geneticamente e que necessitam de químicos altamente mortíferos para o ambiente e para a vida humana, em quantidades que vão muito além do permitido por lei. São tantas (dez vezes mais ao veiculado como aceite, no site do Ministério da Agricultura) que quase não cabem no terreno e que, no seu caminho, destroem todo o património Ambiental e Histórico, não respeitando a Constituição Portuguesa e, mais grave que isso, espalhando doenças que levarão à extinção humana.

A propósito: os produtos que dali derivam não deviam mencionar que foram obtidos a partir de organismos modificados geneticamente e distar de outras culturas….????? Se eu procurar, estou certa de que encontrarei a lei.

Alentejo, olivais superintensivos


São tantas, mas tantas, que isolam povoações e só param a um metro das casas das pessoas. De que desenvolvimento e benefícios estamos a falar? O desenvolvimento não deveria ter por base a melhoria das condições de vida? Dá dinheiro: a quem e para quê? Para que quero o desenvolvimento e os dinheiros, se morrer aos poucos e ver os meus definharem com um dos muitos cancros que aumentaram, de forma rápida e vertiginosa, no Alentejo?

Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina



Não é preciso ser doutora para ver que nem um inseto se esmaga no para-brisas do carro, ao atravessar os kms das áreas ocupadas por estas culturas (as abelhas, a par de outros, foram considerados os seres vivos mais importantes do planeta: sem eles não há vida); não preciso de análises para saber que o ar de Fortes, de Alvito e de outras regiões adjacentes, é gorduroso e irrespirável, basta lá ir; não preciso de estudos para saber que há alterações a nível da orologia e arranque de sobreiros, basta olhar e ver; não preciso de estudos para saber que que existe uma impermeabilização total nos terrenos do Parque Nacional do Litoral Alentejano… tudo é visível, a olho nu.

E muito lhe escreveria sobre o Tema; não escrevo: o Senhor sabe melhor do que eu que esse pseudodesenvolvimento está a arrasar o Alentejo e, mais grave que isso, a arrasar todas as formas de vida. É culto estudado e com tão grande responsabilidade que jamais descuraria o saber o que se passa no País. Lá estou eu com os pseudos; pois, Desenvolvimento deveria ter por base: a melhoria das condições de vida; o crescimento económico; a preservação dos nossos recursos ambientais, a curto e longo prazo, garantido o direito à vida e as liberdades fundamentais do ser humano. A realidade do Alentejo em muito daí dista.

Alentejo, olivais superintensivos

O que lhe solicito é que cumpra o seu dever de me proteger tal como fez com aquele cidadão, em Moçambique. Quero um ar respirável, quero ver o outro lado da rua, quero água não contaminada, quero a manutenção dos recursos, quero a defesa do Património histórico e ambiental; quero vida no Alentejo e no meu País.

De facto, estou perplexa com o que se passa no meu país. Já houve tempo em que a oposição fazia algum trabalho e isso era eco e regulava, um pouco, as irregularidades, diminuindo em muito os abusos de poder. Esta semana, fui surpreendida pelas declarações do Senhor Gonçalo Valente, Presidente da Distrital de Beja do PSD; li, por aí:

“A Distrital de Beja do PSD sai, em nota de imprensa, em defesa das culturas intensivas e super-intensivas, depois de nas últimas semanas ter reunido com a OLIVUM, ACOS e AABA. Gonçalo Valente, presidente da Distrital de Beja do PSD, afirma que as críticas, relativamente a estas culturas, surgem mas estão “ausentes” de informação documentada (como se fosse preciso um documento para saber que o ar que respiro é gorduroso, dá náuseas e é irrespirável) “segundo Gonçalo Valente, nas culturas intensivas e super-intensivas os pontos “positivos” são superiores aos “negativos” e garante que, tendo em conta as associações auscultadas…”  (www.vozdaplanície.pt)

E, ainda, li “deveras irresponsáveis e extremistas” quando se refere às pessoas que se queixam da privação dos seus direitos (direito a respirar, direito a água potável, direito à saúde… essas coisas que estão em último plano no Alentejo).

Alentejo, olivais superintensivos

Senhor Gonçalo Valente, a ser verdade o que li, o senhor reuniu apenas com a parte da qual o Povo Alentejano se queixa. Não se documentou, não viu, não leu estudos, não se muniu de análises credíveis (nem outras), não ouviu quem se queixa, não ouviu os organismos que alertam para um fim do Alentejo. Foi lá, falou com eles, eles dizem que está tudo bem e o senhor acreditou e chamou-nos irresponsáveis e extremistas.


Como é que o senhor quer ser credível e ser eleito se, num primeiro ato, desrespeita a Constituição? Sim, na minha opinião começou por desrespeitar o primeiro artigo, passou para o nono… e por aí adiante.
 Lembro-lhe:
 Artigo 1.º 
República Portuguesa
 Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

Artigo 9.º 
Tarefas fundamentais do Estado 
São tarefas fundamentais do Estado: 
d) Promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo e a igualdade real entre os portugueses, bem como a efetivação dos direitos económicos, sociais, culturais e ambientais, mediante a transformação e modernização das estruturas económicas e sociais; 
e) Proteger e valorizar o património cultural do povo português, defender a natureza e o ambiente, preservar os recursos naturais e assegurar um correto ordenamento do território; 

 Artigo 10.º 
Sufrágio universal e partidos políticos
2. Os partidos políticos concorrem para a organização e para a expressão da vontade popular, no respeito pelos princípios da independência nacional, da unidade do Estado e da democracia política. 

Artigo 13.º 
Princípio da igualdade 
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

Artigo 24.º 
Direito à vida
 1. A vida humana é inviolável. 


Artigo 25.º 
Direito à integridade pessoal 
1. A integridade moral e física das pessoas é inviolável. 
2. Ninguém pode ser submetido a tortura, nem a tratos ou penas cruéis, degradantes ou desumanos. 


Artigo 26.º 
Outros direitos pessoais 
2. A lei estabelecerá garantias efetivas contra a obtenção e utilização abusivas, ou contrárias à dignidade humana, de informações relativas às pessoas e famílias. 

 Pessoalmente, considero que as pessoas que vivem em Fortes, em Alvito e outros locais estão a ser torturadas, vítimas de maus tratos, vivem em condições cruéis, degradantes e desumanas. Considero que a Vontade popular não é a expressa nas políticas adotadas. Considero que os nossos recursos, o Ambiente e a Natureza não estão a ser defendidos. Considero que a Vida está a ser ameaçada, no Alentejo e no País.

E, infelizmente, não vejo a defesa de um produto que era de excelência. Todos, certamente, se lembram das experiências da escola sobre a densidade dos líquidos. O azeite era espesso, não deslizava com facilidade, tinha sabor a azeite, e, nunca, se misturava com o vinagre. Azeite e vinagre criavam bolhas; água e azeite separavam-se na integra.

Comprei vários azeites e fiz essas experiências:

Alentejo, olivais superintensivos


 - alguns azeites, ao serem misturados com o vinagre, formaram uma espécie de manteiga;

Alentejo, olivais superintensivos


- não consegui nenhum azeite que se separasse, na integra, da água; alguns criaram uma espécie de película branca, entre o azeite e a água; o que será aquilo?

Eu sei que a China e mais não sei quem vão precisar de azeite mas… não estaremos a vender “gato por lebre”? O que lhes vendemos não provém de oliveiras, provém de espécies não portuguesas e que foram alvo de modificações do ADN, portanto organismos transgénicos.   Ainda me questiono: que desenvolvimento temos?

Um desenvolvimento que me faz pagar produtos ao preço do ouro. Já viram o preço da salsa? Entre 50€ a 125€ o kg -a que provêm do Parque Natural do Litoral Alentejano. Salsa? Coentros? Alface? Bróculos? Num Parque Natural? Escrevi tanto que já não há espaço para o Amendoal e para os americanos que vêm a caminho.

Sou alentejana, portuguesas e se a constituição permite que expresse a minha vontade e a minha opinião: sou contra. O Desenvolvimento do Alentejo tem que passar pela recuperação dos seus recursos naturais (e são muitos), com total respeito pela Natureza, pelo Ambiente; pelo Património Histórico e pela vida. Sou contra a destruição do Alentejo, sou contra o arranque de árvores seculares, e sou contra as culturas superintensivas. Sou contra estes crimes e a Constituição Portuguesa também o é.

Conselhos de leitura sobre este tema:

Químicos e morte povoam milhões de hectares do Alentejo


https://navegantes-de-ideias.blogspot.com/2018/01/o-fim-da-planicie-e-morte-do-azeite-um.html

https://navegantes-de-ideias.blogspot.com/2018/02/destruido-todo-o-parque-natural-do.html

Sem sorrisos
Guida Brito




quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Somos poucos por todo o lado: o euro já se afundou; a moeda somos nós

Guida Brito

Somos tão poucos a desempenhar as funções que deveriam ser de muitos mais que a segurança, a saúde, a educação e a justiça são meras utopias – sinto que concordámos que fossem a moeda de pagamento dos buracos de uma corrupção sem fim à vista.

Esta noite, a residência dos estudantes do ISEL foi assaltada. Alguém entrou nos quartos dos jovens, enquanto estes dormiam, e assustou, de forma muito séria, os jovens que dali dependem para continuar os seus estudos. Para a polícia é mais um caso que seguirá os transmites legais; a urgência de resolução que o caso requeria, necessitava que o número do efetivo destes profissionais que ali trabalham fosse muito superior.





A situação é comum: vamos aos correios e ingressamos na horrível espera da senha “do nunca é a minha vez”; os centros de saúde abarrotam de utentes; nos hospitais, quando temos a sorte de ser aprovado o nosso exame, ou a nossa cirurgia: lá vamos parar à interminável fila do “esperamos que não morra”; na justiça… não sei se rio ou se choro; na educação, o número de profissionais é tão diminuto que é claro que concordámos que as nossas crianças permanecessem sentadas numa cadeira, ao invés de adquirir conhecimentos válidos e consolidados; vamos às finanças e “toca pró espera”. Permitimos doar do nosso temos de vida, como se fossemos eternos e o tempo fosse coisa que sobejasse, num interminável não sei se acontecerá.

Claro que reclamamos! Reclamamos nos correios, reclamamos nas finanças, reclamamos nos bancos; reclamamos na polícia; reclamamos nos centros de saúde… reclamamos na justiça (mentira, aqui já desistimos de fazer valer os nossos direitos): reclamamos e vigiamos de perto os profissionais dos quais dependemos e que, tal como nós, são em número diminuto para desenvolver (ou solucionar) uma exigência desmedida.

Estamos errados por não exigimos, no sítio certo, Direitos que deveriam ser universais. Permitimos e continuamos a permitir que a moeda de pagamento de uma crise sem fim seja aquilo pelo qual batalhamos todos os dias: igualdade, justiça, educação; saúde; tempo com os que amamos… direitos fundamentais. O euro já se afundou; a moeda somos nós.
Sem sorrisos
Guida Brito

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Nunca mais é sábado!

Guida Brito


Nunca mais é sábado!

Nunca mais é a hora de almoço!
Nunca mais é o fim do trabalho!
Nunca mais é sexta!
Nunca mais é fim de semana!
Nunca mais é fim do mês!
Nunca mais chegam as férias!
Nunca mais acabo aquilo!
Nunca mais vem a reforma!
Nunca mais...



Regionalismos em excesso para expressar a carência de viver. Desejamos, sistematicamente, um tempo que ainda não chegou.
Viver é algo que projetamos realizar no futuro. 
Tempo para viver só existe um: hoje.
Sorrisos
Guida Brito

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Vivia debaixo dos meus pés


Guida Brito

Vivia debaixo dos meus pés, junto à porta, na calha por onde escorrem as águas. Hoje, dia de limpeza, acordou dos sonos de inverno e deu ares da sua graça. Embora incomodada, pousou, diria sorridente, para a fotografia.

Guida Brito


Sorrisos
Guida Brito

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Os 3 americanos - uma história verdadeira para ler no Natal

Nepal

     Três ex-militares americanos serviram os interesses do seu país no Afeganistão. Apaixonaram-se pelo povo e conscientes das suas dificuldades decidiram apoiar o desenvolvimento da agricultura - esta é a bandeira da sua firma e o que ajuda o consumidor a decidir-se entre o seu e outro produto similar.
     A consciência descansada que ajudámos ao bem maior, nem sempre nos encaminha no sentido correto de desenvolver, nos povos, atividades que garantam o seu sustento. Após uma ideia inicial, desenvolvida com sucesso por alguns grupos de coração gigante, de desenvolver competências para subsistir (evitando a exploração e a necessidade de caridade) surgiram milhares de seguidores que, em nome do bem e do dou isto ou aquilo, nada mais fazem do que tornar escravos homens livres.
     Voltemos aos americanos e ao seu sentido humanitário: ao serviço da América, no país Afeganistão, constataram a existência de açafrão – a melhor especiaria do mundo; vendida a preços diamante devido à sua especificidade de obtenção e recolha. Fizeram uma parceria com os agricultores locais e criaram uma empresa: obtêm uma grama de açafrão por 8 dólares e vendem-na por 35 dólares.
     Cada grama de açafrão requer 150 horas de trabalho. Antes de financiar o bem através de mãos alheias, há que fazer uso das nossas capacidades pensantes: dos 8 dólares do custo por grama, um dólar e pouco paga 150 horas de trabalho e os custos de produção. Não creio que o desenvolvimento assente nestes ideais; cheira-me a “destruímos e agora usamos” – cheira-me a regresso ao escravo ocultado em nome do bem.
     Se cada um de nós, se envolver, cada vez mais, na ajuda presente ao seu semelhante, talvez o Mundo seja um sítio melhor. 



     Conscientes da história que se repete, indignamente, pelo Mundo: podemos descartar a situação; podemos enviá-la para o segundo plano das nossas famosas sinapses; ou, podemos usá-la na consciência do mal que provocamos por uma ação não intencional. Quando ajudo sem envolvência: financio criminosos; incito ao enriquecimento indevido; permito a acumulação de capitais; torno-me mais pobre; e, impeço a ajuda humanitária - por parte daqueles que se doam de forma a que um pouco da primavera nasça nos mais áridos locais do Mundo.



Seja e faça feliz

Sorrisos

Guida Brito

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

A Beleza e o nariz do boneco de neve

As palavras não se definem


Uns sorriem perante o sonho da Beleza de um bonito cartão de Natal, repleto de neve e de um querer que povoa os sonhos. Aconchegam-se no cantinho do “saber-me-ia tão bem”:  o crepitar da lareira; o cheiro do derreter do queijo; a cenoura do velho boneco de neve; o homem das barbas que faz  jus ao “portei-me bem”; as risadas das crianças; o saco vermelho que me fará feliz

Outros… bem ,outros agoniam e vivem, por um fio, no lado inimaginável e não visível dos nossos quereres. Na neve, o frio gélido queima as extremidades mais sensíveis e invade a vida destruindo sonhos.  O movimento aparenta excessivo cansaço e a Beleza anseia despertar num cantinho ao sol. Querer, aqui, será, somente, sobreviver ao momento infindável da agonia. 

O que é, de facto, a Beleza? As palavras não se definem; nem nos definem. São os atos perante o imprevisível que espelham o nosso ser. A beleza é um ato – o ato de partilhar o nosso bem-estar e o aconchego do  nosso quentinho;  a temperatura amena que envolve: impedido que o Olhar se sobreponha ao Ver (abraçando os dois lados conclusivos da experiência).

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

1º ciclo - para refletir



O que se exige aos alunos e professores do primeiro ciclo: é  excessivamente violento, desadequado e desnecessário. Um dia, haverá coragem política para privilegiar o saber, o querer, a felicidade e o gosto. No entanto, há que ser conscientes que iremos pagar muito caro os erros do presente.
Um povo infeliz e inculto é um povo morto - será essa intenção subjacente ao evidente errado?

Sem sorrisos
Guida Brito


terça-feira, 27 de novembro de 2018

Os sinais de trânsito do distrito de Coimbra e a lei portuguesa - o som do nada, um ano após os incêncios



Sinal de trânsito português
Decreto-Lei n.º 44/2005 de 23 de Fevereiro: “Sobre os sinais de trânsito ou na sua proximidade não podem ser colocados quadros, painéis, cartazes ou outros objectos que possam confundir-se com os sinais de trânsito ou prejudicar a sua visibilidade ou reconhecimento, ou ainda perturbar a atenção do condutor.”

Visitei, recentemente, as zonas que foram engolidas pelos monstruosos incêndios que ocorreram há um ano. Choquei perante as imagens que captavam o meu olhar. 

Cada um de nós sabe o que o indigna e que desculpas consegue alvitrar para esconder o som do nada; eu não consigo calar, em mim, o som da dor alheia. 

Se me chocaram as múltiplas estradas (únicas para o acesso às povoações) em risco de derrocada (devido a terem sido, um dia, brasa): gritei perante a incógnita do nome das povoações heroínas  -   sobreviveram ao monstro e choram os afetos que cedo partiram; praguejei (confesso) toda a sinalização rodoviária. 

Como posso compreender que mais de um ano após tanto desespero, a ajuda ainda não tenha chegado? 

Os sinais de trânsito do distrito de Coimbra e a lei portuguesa


Sinais de trânsito portugueses
Decreto-Lei n.º 44/2005 de 23 de Fevereiro – “Este é um objectivo mobilizador de toda a sociedade portuguesa e um importante desafio a vencer. Mas, para assegurar a realização deste objectivo, é necessária uma actuação eficaz a vários níveis, como a educação contínua do utente, a criação de um ambiente rodoviário seguro e a consagração de um quadro legal eficaz.”


Sinais de trânsito portugueses

Decreto-Lei n.º 44/2005 de 23 de Fevereiro: “Os sinais de perigo indicam a existência ou a possibilidade de aparecimento de condições particularmente perigosas para o trânsito que imponham especial atenção e prudência ao condutor.”


Foto Guida Brito
Decreto-Lei n.º 44/2005 de 23 de Fevereiro: “Os sinais de trânsito devem obedecer às características definidas no presente Regulamento no que respeita a formas, cores, inscrições, símbolos e dimensões, bem como aos materiais a utilizar e às regras de colocação.”

Sinais de trânsito portugueses
Decreto-Lei n.º 44/2005 de 23 de Fevereiro: “As cores utilizadas nos sinais verticais devem respeitar as coordenadas cromáticas constantes do quadro XIX, em anexo.Artigo 65.º”


Incêndios 2017
Decreto-Lei n.º 44/2005 de 23 de Fevereiro: “Os sinais devem ser colocados de forma a garantir boas condições de legibilidade das mensagens neles contidas e a acautelar a normal circulação e segurança dos utentes das vias.”


Incêndios 2017
 Decreto-Lei n.º 44/2005 de 23 de Fevereiro : “…a segurança rodoviária e a prevenção dos acidentes constitui uma das prioridades do XV e XVI Governo Constitucional.”
Foto Guida Brito
Decreto-Lei n.º 44/2005 de 23 de Fevereiro: “A sinalização turístico-cultural destina-se a transmitir aos utentes indicações sobre locais, imóveis ou conjuntos de imóveis e outros motivos que possuam uma especial relevância de âmbito cultural, histórico-patrimonial ou paisagístico.”

Foto Guida Brito
Decreto-Lei n.º 44/2005 de 23 de Fevereiro: “Os sinais devem ser colocados de forma a garantir boas condições de legibilidade das mensagens neles contidas e a acautelar a normal circulação e segurança dos utentes das vias.”


Foto Guida Brito
Decreto-Lei n.º 44/2005 de 23 de Fevereiro: “… em toda a União Europeia, por dia, morre mais de uma centena de pessoas por força de acidentes rodoviários. Na verdade, nas últimas décadas, a Europa foi um espaço de desenvolvimento económico e social que permitiu uma progressiva melhoria das condições de vida aos seus cidadãos com o acesso a bens que há pouco mais de cinquenta anos eram inacessíveis à esmagadora maioria dos seus habitantes.”

Cumprir a legislação, também, deveria ser uma obrigação de um estado que se quer de direito.
Sem sorrisos
Guida Brito

Deixa-me dizer-te, cara amiga...

Deixa-me dizer-te, cara amiga...

Deixa-me dizer-te, cara amiga, que as tuas atitudes  não dignificam a nossa amizade (nem a ampliam): muito pelo contrário.




Sempre revelei muitas dificuldades em entender a aparente casualidade do intento; sou crente, incondicional,  que o que não nos serve não se doa: recicla-se.
Sorrisos
Guida Brito





sexta-feira, 23 de novembro de 2018

O "Eu Não Sabia” é verdade.- falamos do abatimento da estrada entre Borba e Vila Viçosa


Imagem do Google Eathe
“Eu Não Sabia” esta é a frase mais recorrente: sempre que Portugal se encontra perante uma tragédia. E, eu acredito em absoluto na veracidade da mesma. Claro que não sabiam, são meros reflexos da pornografia que deixámos que se instalasse no nosso país.

Certificamo-nos, no imediato, após a audição da mera frase, que os nossos responsáveis políticos não cumprem as funções para as quais foram eleitos e não têm a obrigatoriedade de cumprimento da legislação (que legislaram) - em legítima defesa não posso, nunca, invocar o desconhecimento da lei ou das funções que o meu cargo requer (isto é básico). Como posso compreender que um político não conheça o seu concelho, distrito ou país? O que é que lá está a fazer? Em que consiste a sua  atuação? E, quais são as funções de um político que desconhece o seu território e as suas gentes?

Acredito que, mais uma vez,  perante a tragédia: não haverá culpados. E a justiça estará certa: NÂO HÀ CULPADOS”.

Li muito do que se escreveu e, tal como vós, estou com a cabeça a latejar perdida nos nomes e nas passagens do disto e daquilo. Percebi que a ilegalidade e a insegurança estavam presentes há tantos, e tantos, anos que a solução foi passar as responsabilidades de capela em capela e mudar os nomes às coisas – sempre beneficiando as grandes empresas (claro) passando para último plano as vidas humanas. São tantas as entidades envolvidas que ficamos conscientes do dinheiro que esbanjamos, em vencimentos, que apenas nos encaminha para a morte.

Penso que qualquer político que refira o desconhecimento da realidade, desta região, não deveria ter iniciado funções - pelo que li, esta frase abarca a maioria dos existentes em Portugal.

Nunca haverá culpados, perante qualquer tragédia, porque a legislação e as mudanças são efetuadas com o único fim de se perder o fio à meada (isenção de culpas por desconhecimento do prevaricador) e beneficiar o amealho de dinheiros por parte de meia dúzia. A nossa legislação e as mudanças sistemáticas nunca resolveram qualquer problema do nosso país: ampliaram-nos.
Sem sorrisos
Guida Brito