Existia um junto ao fogo da cozinha. Lembro, com saudade,
as rotinas de outros tempos. Na casa da minha avó materna, o madrugar recolhia
as cinzas da noite.
As brasas vivas aguardavam na velha pá enquanto o pincel, elaborado pelas mãos meu avô, mergulhava várias vezes no balde e, suavemente, percorria as paredes da cozinha - todas as manhãs, se pintavam as paredes da cozinha.
De brasa ao centro, as farripas de esteva faziam pegar fogo a três madeiros: um maior (duraria todo o dia) e dois menores e mais estreitos.
As brasas vivas aguardavam na velha pá enquanto o pincel, elaborado pelas mãos meu avô, mergulhava várias vezes no balde e, suavemente, percorria as paredes da cozinha - todas as manhãs, se pintavam as paredes da cozinha.
De brasa ao centro, as farripas de esteva faziam pegar fogo a três madeiros: um maior (duraria todo o dia) e dois menores e mais estreitos.
Na velha
escolateira ou na panela de barro, aquecia a água para o café da manhã (uma mistura de puro com cevada).
Ao lado, a panela de ferro, gorda e preta, iniciava o aquecimento das águas para lavar a loiça ou para o banho de domingo. Se o dia fosse de geada: um velho púcaro transportava, com estremo cuidado, o quebra gelos da pele facial.
Ao lado, a panela de ferro, gorda e preta, iniciava o aquecimento das águas para lavar a loiça ou para o banho de domingo. Se o dia fosse de geada: um velho púcaro transportava, com estremo cuidado, o quebra gelos da pele facial.
A
azáfama não ficava por aqui: grãos ou feijão, um pouco da carne que se retirava
da salga, um fio de azeite e um bom pedaço de toucinho mergulhavam na água de
outra panela de barro - era o início do
jantar que se comia ao almoço. Do café da manhã, restavam as côdeas; num gesto
já inato, guardavam-se, religiosamente, na gaveta da mesa da cozinha - eram para
a menina.
Em casa da minha avó paterna, o ritual do madrugar trazia
consigo adaptações às vivências da casa: já nesse tempo, cada um tinha o seu
horário.
Ao fogo, podíamos, sempre, encontrar cinco panelas de barro: uma para o avô; outra para as mulheres da casa; outra para o Eduardo e para o João; outra para o Arnaldo; outra para o Mário. Ainda havia, por lá, a do café e a pequena panela de ferro.
Ao fogo, podíamos, sempre, encontrar cinco panelas de barro: uma para o avô; outra para as mulheres da casa; outra para o Eduardo e para o João; outra para o Arnaldo; outra para o Mário. Ainda havia, por lá, a do café e a pequena panela de ferro.
Quando a menina abria a porta de casa, arredava-se a tacharia
e colocava-se, no centro, a trempe, a qual segurava uma sertã com azeite a aquecer. A velha faca, gasta pelo
uso, descascava uma grande batata e, bem cortadinha, aos cubos, fritava-se o petisco da netinha.
A Equipa dos Navegantes de Ideias agradece o carinho dos nossos leitores; cada dia mais surpresos face a um número que já nem sabemos ler (Shiiiii! Santa Barbatana). Muito obrigada.
Sugestões de leitura:
https://navegantes-de-ideias.blogspot.pt/2017/08/do-cabo-sardao-ponta-das-barcas-rota.html
Sorrisos
Guida Brito
A Equipa dos Navegantes de Ideias agradece o carinho dos nossos leitores; cada dia mais surpresos face a um número que já nem sabemos ler (Shiiiii! Santa Barbatana). Muito obrigada.
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Sorrisos
Guida Brito
Excelente Guida!Lembro-me desses baldes e desses pincéis, e da azafama do jantar para o almoço.Lembro-me de eu, no dia seguinte ir à da minha prima para ver se tinha sobrado açorda que ela guardava sempre num tacho junto à lareira. Se eu gostava de ir comer a açorda de um dia para o outro. ainda hoje gosto de açorda aquecida!
ResponderEliminarMuito obrigada, Glória. são histórias vivas na memória de quem vive o Alentejo.
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