quinta-feira, 5 de outubro de 2017

O pequeno almoço



     Adoro viajar; principalmente para sítios onde os sons audíveis não se simplificam e não se traduzem no interior da minha caixa craniana. Um misto de gestos, francês, inglês, alentejano e o talvez exista são suficientes para obter o que não quero. Distar da normalidade de procedimentos ainda é o melhor anti-stress que conheço. Antes do café da manhã, não se faz o que quer que seja- uma aprendizagem que embora consolidada decidi contrariar. Pois...


     Atraída pelo pão de sementes da mesa ao lado, lá estiquei o dedinho- indicando a igualdade de quereres ao dos ocupantes da mesa vizinha. Fotografo a beleza do pedido enlevada pelas cores e  ocupação do espaço. Estranhei a chegada, imediata, dos pombos mas nada me fazia prever o que se seguia à primeira dentada (a falta que um café faz).

     Bebo o primeiro gole do néctar matinal, o olhar sorri e, de forma voraz, arrisco a primeira trincadela. Ai! Minha Santa Barbatana. O visualizado não teve tempo de ser interpretado por um cérebro adaptado ao não os percebo. Aquele sabor a palha indicou que tinha feito mer... ao pedir o não sei. Nem mais, soltaram-se as gargalhadas: larvas, melgas e mosquitos; bichos e bicharoco (esquecendo o grande e gordo gafanhoto): faziam parte do petisco.


     Não adianta reclamar: comê-los é moda e todos pedem aquela mistela em forma do é melhor não comer.


     Meus amigos, quando a fome aperta tudo nos sabe bem. A pior porcaria parece sempre uma ótima iguaria.
      São servidos?


Sorrisos
Guida Brito

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