Falar de sem o referir:
pois, não é fácil. A ver vamos se nos entendemos e vocês me percebem. Na hora
H, lá corremos de fininho, de cara feia, aflita, rezando e pedido o sorriso
aliviante de quem tudo fez.
O primeiro ufa surge perante a capacidade - e o
alívio – da concretização de gestos do tratar das vestes: hoje, salvámo-nos e
chegámos a tempo. A tempo de colocar no sítio certo o que é nosso mas não
queremos.
Segue-se um quase rufar de tambores: ao expulsar o que nos custou o piar de forma
pouco audível, em andante cruzar de pernas para o manter seguro – impedindo-o
de sair pelo buraquinho. Naquela hora,
somos todos iguais: não há carro, vestes, roupinha da botique “cu noir”,
narizes empinados, poisio num lugar de chefia… que nos diferencie; sentámo-nos
e fizemos, com agrado, o que, muitas vezes, adiamos na esperança que não saia.
Confessem: chegar lá e fazer, fazer muito, é majestoso.
Todos olhamos! Escusam de negar. Todos
olhamos, vemos, miramos e sorrimos. Quanto maior for o produto, maior será a
nossa satisfação. Hoje fiz muito; hoje fiz aguado, hoje fiz líquido, hoje fiz
duro; hoje fiz amarelo, hoje cheirava, hoje não comi sabonete, hoje doeu … as
chamadas conversas de … com toda a razão de ser.
Quer queiramos ou não,
encontramos, nesta hora, a verdadeira dimensão da satisfação: fizemos.
Ontem, meus amigos; comi
beterraba; sabem a sua cor? Memorizam o que comeram no dia anterior? Pois.
Querem que conte? Ao invés do alívio: uma expressão doentia e agoniante, nem as moscas aplaudiram.
Sorrisos
Guida Brito
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