sábado, 29 de junho de 2019

As Novas Azeitonas


Recuperemos a nossa terra! - José Jorge Cameira - olivais superintensivos de Beja - Navegantes de Ideias

Parece ficção.
Parece de doidos.
É inconcebível o engenho da inteligência humana direcionada para que uns inventem maldades contra outros para ganhar uns cobres a mais.

Vem isto a propósito de algo novo embora complementar ao negócio envolvente da Azeitona. É um facto agora descoberto que mais parece ficção, e neste modo irei narrar.



Por parecer técnico há um tipo de azeitona que é mais rentável torná-la "de mesa" (todos conhecemos no restaurante e em casa) do que enviá-la para o lagar. É um fruto proveniente do olival intensivo, impregnado de químicos na sua carne. Para a fazer chegar às nossas mesas, há que retirar um certo amargor e adocicá-la qb. Como fazer?

Fazem-se grandes tanques em metal apropriado com capacidade para 5000 ou mais quilos de azeitona. Esses tanques são cheios de água (proveniente de transvases do Alqueva, para não variar) e nessa água é injetado um adocicante que elimina o ácido de cada fruto. Falamos em vários tanques cada um comportando vários milhares de quilos de azeitona.

Ao fim de determinado tempo, bem calculado em função do mínimo de acidez desejável, as azeitonas são retiradas, enfrascadas e enlatadas e entregues para venda ao público.

Falta descrever o mais incrível deste processo. Sei que haverá dificuldade em acreditar. É que esses tanques estão enterrados! Sim, debaixo de terra! Qual a razão? Não sei ao certo. Será pela temperatura estável debaixo da terra? Será para poupar espaço num armazém? Ou para esconder este sistema?
Não sei. Soube-se deste esquema porque quem o pratica desconhecia que teria de pagar uma taxa por aquele tipo de uso de terra.

Recuperemos a nossa terra! - José Jorge Cameira - olivais superintensivos de Beja - Navegantes de Ideias

Conclusão: se cada fruto entra naquele tanque já com duas doses de químico, lá dentro leva um outro para ficar adocicado.
Faz-se no Alentejo, faz parte da destruição dinâmica deste Alentejo, pela grande ganância de uns quantos empresários, sempre com o desdém dos Poderes que decidem, autorizando em nome de elevadas estatísticas a enviar à UE. A saúde das Pessoas, essa ...."logo se vê" !

José Jorge Cameira

Outros artigos do autor: Trágico Alentejo
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Fortes Novas, Alentejo: desenvolvimento ou exterminação?



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3 comentários:

  1. A ganância de alguns homens destrói o que é de todos. Excelente artigo. Obrigada, pela partilha.

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  2. Quando se tem pouco para fazer dizem-se asneiras destas. Um bocadinho de investigação nos manuais de olivicultura fazia falta aos arautos da desgraça que se vão multiplicando atrás do teclado ...

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    1. Muita contenção nos produtos químicos, na poluição do ar, dos solos, da água... do ambiente que é de todos... e não reclamaríamos. Assim, sem ar, sem solo... sem qualidade de vida, falaremos mesmo que a vós nos doa. Devia viver onde vivo e papar com tudo o que nos jogam para cima, sem respeito.

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